terça-feira, 15 de janeiro de 2013

PAIXÕES TRISTES DESPOTENCIALIZAM A VIDA

A violência dos assassinatos, das mortes nos acidentes de trânsito, das negligências com a vida, da banalização da morte, da corrupção, do abandono de menores, das agressões às mulheres, do racismo, entre tantas outras formas de violência, já bastam para nos entristecer profundamente e nos envergonhar. Será que basta? Parece que não, tal o esforço dos meios de comunicação para amplificar os acontecimentos tristes com a ampla e bem explorada divulgação. Tão ampla que nenhum acontecimento triste ou trágico que ocorre em qualquer parte do mundo fica sem ganhar enorme visibilidade.
Muitos ainda são reproduzidos insistentemente no facebook.

Contamina-se a vida com o medo, ampliam-se as paixões tristes. Quanto mais isso é produzido, reproduzido, mais aumenta o medo e a inércia. Menos ações coletivas e mais cercas, grades, armas, guardas, câmaras e isolamento. Mais isolamento, mais perigo!

É pertinente lembrar  Espinosa que tinha muita razão ao afirmar que as paixões tristes nos despotencializam. Medo, desconfiança, ódio, ressentimento, remorso, tristeza...nos fazem encolher e produzem sociedades doentes, violentas. A gente vê isso nos atiradores e no belicismo da sociedade norte americana ou na sociedade israelita, tão intolerante com o mundo árabe, tão armada e tão violenta e em toda parte, nos modos de vida que produzem e reproduzem a violência.
Leiamos Espinosa, comentados por Deleuse:

"Espinosa oferece uma imagem da vida positiva e afirmativa, em detrimento dos simulacros com os quais os homens se contentam. Não só os que com  eles se comprazem, mas tamnbém o homem cheio de ódio  à vida, envergonhado da vida, o homem da autodestruição que multiplica os cultos à morte,que faz a união sagrada do tirano e do escravo, do sacerdote, do juis e do guerreiro, sempre prestes a encurralar a vida, a mutilá-la, assassiná-la lenta ou bruscamente, que a recobre ou a sufoca com leis, propriedades, deveres, impérios, eis o diagnóstico que Espinosa faz do mundo, esta traição do universo e do homem."(Deleuze, 2002: Espinosa, filosofia prática. Pág. 18. Edit.Escuta)

É preciso produzir alegria, divulgá-la, reproduzi-la: alegrias das paixões alegres. As alegrias da partilha, da frugalidade, da simplicidade, dos cuidados com as crianças, com a terra, com as águas, com os todos os seres vivos. As alegrias da fraternidade, do perdão, da arte, e de tudo o que potencializa a vida.