quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Presentão de Natal

No dia 25 de Dezembro de 1976, dia de Natal, foi o único que não passamos com a grande familia. O motivo: o mais maravilhoso possível. Nasceu nossa primeira filha, a querida Lúcia. Que presentão! Bem cedo senti as primeiras contrações e, marinheiros de primeira viagem, pegamos a mala, Irineu e eu, e a pé, fomos, devagarinho, ao hospital de Ibirubá, onde morávamos. Mas o parto ainda estava longe. Durante o dia, lá ficamos, baixados, esperando, esperando. Logo após o meio dia chegou minha irmã Eliza, ficou comigo no Hospital, enquanto o Irineu foi comprar uma torta e cerveja (pra eles, é claro|) e festejaram o Natal no quarto do hospital. Rimos muito e quando as dores apertaram fui para a sala de parto. Médico? não havia. O médico que me atendeu durante a gestação,deixou claro que só não me atenderia no dia de Natal e a pilantrinha, já começou aprontando: resolveu nascer nesse dia. Aí, sem ser examinada por ninguém, chamaram o plantonista, que estava em casa e me levaram ao bloco cirúrgico. Ele nem me examinou. Fez cezariana. Até hoje não sei se era necessário. Fiquei frustrada, queria muito parto normal.
Mas que alegria! Que emoção! Sempre quis ter filhos e com os outros tres, todos bem-vindos e amados, a emoção foi sempre muito forte e as alegrias de te-los continua muito grande.
A Lúcia foi o maior presente que já ganhei em todos os natais. Ganhei da natureza! E ela é uma mulher maravilhosa: generosa, gentil, afetiva, carinhosa... e com muita sensibilidade humana e social.Não consigo expressar tudo o que sinto por ela, mas é muuuuuito grande meu afeto, meu amor. O Natal sempre me faz voltar ao tempo, impossível não lembrar, e rir daquele dia, tão inusitado!
Este ano o Natal, foi menos cansativo, alegre, modesto, com a natureza, por conta da genorosidade de dois amigos queridos: marilú e Dilmar. Agora estamos nos preparando para nos reunirmos, acampados, lá no Rincão de Lourdes, na beira do rio Picó, com a família Dalmaso, que reúne tres gerações. É muita confusão, cantoria, comilança, bete-papo, choro (ao lembrar os já falecidos). Mas é maravilhoso! Tudo na simplicidade da velha casa, onde meu companheiro e seus irmãos se criaram. Minha sogra também se chamava Lúcia e é por isso, também, que colocamos esse nome em nossa primeira filha, foi a pedido dela, que era uma pessoa iluminada, como nossa Lúcia.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

As contradições da "Festa de Natal".

É verdade que a comemoração de Natal tem bons momentos, para muita gente: encontros, presentes, comilança, viagens, etc.
Mas que cansaço!
Hoje meus comentários sobre o Natal serão amargos, não porque eu tenha queixas pessoais, mas é o conjunto do que fazemos com essa data, que me chateia. Claro, na minha percepção crítica.Respeito outras opiniões.
Primeiro, o Natal é a festa para o Capitalismo. O deus Mercado é mais lembrado que o Deus Menino. É o Mercado que conquista mais adeptos. A mensagem de amor, de fraternidade, de partilha e de comunidade, do protagonista principal, Jesus Cristo, fica submersa no consumismo exagerado de quem pode e na frustração de quem não pode.
Bem, mas isso não é novidade. Creio que não existiria capitalismo, sem o Cristianismo. Ambos floresceram no mundo ocidental (cristão)e suas ideologias. Claro, isso é polêmico e fica a afirmação para quem quiser pensar, falar e escrever à respeito. Eu concluí dessa forma.
Segundo: a festa natalina vira preocupação, ansiedade, pressão e tensão. Ter que presentear, ter que escolher, decidir, gastar.O chato é o caráter de quase obrigação que, com o tempo, foi se transformando. O dinheiro disponível, para a maioria, nunca é suficiente. E a gente acaba pedindo desculpas pelo presente "mixuruca". Que chato!
Ah, e os preços disparam. Um quilo de nozes ou castanha chega a custar 80,00, é um assalto! Não compro, é um desaforo! As frutas, carnes, bebidas, tudo fica mais caro. Quanto exagero!A gente gasta, se cansa e engorda. Mais sacrifício para depois das festas. O depois é longo e chato: meses pagando contas, controlando peso e lembrando, é claro.
Quarto: assistir a "bondade" infinita e muuuuito sincera das campanhas da RBS e suas comparsas, para presentear os pobres, que só são lembrados nessa época e que são um prato cheio, para oportunizar a demonstração pública do lado social e humanitário da mídia e da elite. São tristes as cartinhas das crianças ao Papai Noel, pedindo, aquilo que deveria ser garantido o ano todo à dignidade humana: água encanada, piso no banheiro, rancho básico, leite, conta de luz quitada, etc., etc. E as familias ganhadoras expostas publicamente. Que humilhação!
Os mesmos que defendem a propriedade privada sem limites, a acumulação e o lucro, a exploração do trabalho, são os que promovem as campanhas "humanitárias". E pior, não são eles que "dão" os presentes, a campanha é para sensibilizar para que nós sejamos os doadores, que façamos a caridade.
Quinto: aturar os conselhos e instruções sobre os cuidados e condutas que devemos adotar nas festas, as receitas e as propagandas instigadoras ao consumo, algumas de muito mau gosto.
E, para encerrar, vem o Balanço da mídia depois das festas: as mortes no trânsito, as brigas, os baleados e assassinados, os afogados, o montante das vendas, dos lucros, dos empregos,...Pronto acabou!
Fiquemos com as lembranças boas.
Não posso me queixar: não gastei demais, passei o dia de Natal com meus filhos e seus namorados, com minha mãe e com meus amigos Dilmar e Marilú, que nos receberam em sua casa. Almoçamos no meio do mato ao som de uma cachoeira. Tudo muito simples, cantamos, rimos, trocamos presentes.( detalhe: todos acertaram nos meus presentes, que bom, adorei!) Mesmo assim, não evitamos um certo exagero nas comilanças. Também engordei, também terei algumas contas pra pagar. O lado triste é que foi a primeira vez que passamos o Natal sem a presença dos irmãos, cunhados, sobrinhos (as). Senti falta, doeu. Mas posso ir ao encontro de todos nos 12 meses de 2010, que desejo, de coração, sejam cheios de alegria, de encontros afetivos, de bons relacionamentos, de saúde e de muuuuuuito amor. É meu desejo a todos os familiares e amigos e aos inimigos também. Amém!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pausa

Olá, andei dando uma pausa. Pretendo retomar minhas tentativas de escrever. Andei atrapalhada com minhas costuras, que não deram certo, com leituras que me deixaram confusas, acompanhando a conferência do meio ambiente em Copenhague, que me deixaram mais desiludida e furiosa com o comportamento dos"ricos" poluidores, principalmente com o tal Obama, que tem se mostrado populista, demagogo, fraco. Uma "merda" de governo.Ufa, fiquei sem fôlego! E o Lula tem razão ao falar "merda", porque é isso que vai ficar o planeta, cada vez mais, com a irresponsabilidade dos dirigentes globais mais poluidores e mais ricos. Alguns jornalistas de bosta, se escandalizaram com a palavra merca, pronunciada por Lula, mas não disseram nenhuma palavra que mostrasse indignação ou mesmo preocupação, com o procedimento covarde e irresponsável dos que, na conferência, cobraram dos pobres compromisso, livrando-se de firmar qualquer acordo que, de fato, resultasse em avanço para garantir sustentabilidade ao planeta. A elite mundial é canalha mesmo e é por isso que o planeta corre o risco de se transformar numa grande MERDA, mesmo. Estou triste e furiosa, por isso vou parar. Desculpem o desabafo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Dia de ação global sobre mudanças climáticas

Dia 12 deste mes, em vários países do mundo vão acontecer Vigílias iluminadas nas praças e locais públicos, com o chamado: "O mundo quer um acordo pra valer", na conferência de Copenhague (COP 15). É uma boa idéia, alguém sabe se em Santa Maria vai ter algo assim? Que bom se o Circuito Fora do Eixo organizasse isso!
Se todos os jovens do mundo fossem para as ruas com suas bandas, poderiam gritar contra a guerra e na defesa do Planeta. É urgente que se organize ações globais contra esse nosso modo de vida tão predador. Os dados são alarmantes.Os cientistas dizem que se as metas de redução de emissão de gases forem cumpridas, o planeta vai aquecer só mais um grau em 20 anos,dois graus acima do normal, porque um grau já subiu. Com dois graus a mais, o planeta já sofrerá com uma "febre" em seu organismo. Mas se as metas não forem cumpridas e seguir como está, a temperatura vai subir 4 graus. Aí é febrão, e febrão vira convulsão. É a morte de milhares de espécies vivas, o mar vai subir muito e desaparecerão milhares de cidades. É morte de multidões de seres humanos. Precisamos agir!

Obama e a guerra

Já disse que o Obama tem me decepcionado. Está se revelando um populista, demagogo, só conversa porque, na prática, está dando continuidade às políticas antigas. Mantém o bloqueio a Cuba, instala bases militares na América Latina, e, pasmem, está enviando mais 10.000 soldados ao Afganistão. O que vão fazer lá? Matar, matar, matar...esse é um ato terrorista. E depois criticam o Chaves, o governo do Irã...

Música e Cultura

Terminou o festival Macondo Circus, música e cultura urbana. Que pena que acabou! Foi muuuuuuuito bom. Faziam muitos anos que eu não participava de algo assim: na praça, com a juventude,crianças, idosos, sem pagar, ter a oportunidade de ouvir, ao vivo, boa música. Ouvir, brincar, pular, cantar junto, rir. Me renovei! Matei a saudade de minha juventude.
E tinha muito mais: arte de rua, artistas de rua (grafite, xilogravura). Tinha artesanato, de muito bom gosto. E tudo isso se misturava com os cheiros das bancas que vendiam pastéis, cucas, doces,etc.,do Projeto Cooesperança, que não fazia parte do evento, mas que lá estava, todas as noites do festival.
Participei em tres noites e em nenhuma testemunhei qualquer ato ou gesto de agressão, grosseria, irritação de quem quer que seja. Gente boa! Noites lindas!
Numa dessas noites, deixamos de ouvir uma banda e fomos ao teatro 13 de maio para assistir e interagir com a peça de teatro "Uma pausa entre Duas Notas", do grupo Arte na Roda, da escola Municipal Sete de Setembro de Vila Rosa, Restinga Seca, que conhecemos bem, pois moramos 22 anos lá perto, juntamente com alunos da EMAET, sob coordenação da Prof. Nice. Uma beleza! Parabéns para a professora e pra toda a turma, que era bem grande, umas 40 pessoas. O tema era a natureza e era pura expresasão corporal, sem texto, mas muito envolvente.
Eperamos que o Macondo Circus, o Macondo Lugar continuem articulados com o circuito Fora do Eixo, que promoveu o evento e que proporcionem a Santa Maria novas oportunidades de arte ao alcance de todos.
Teve apresentações de teatro nos intervalos das Bandas, o que achei muito legal. A turma é muito boa, mas para apresentar na praça, ao ar livre, talvez tenham que aderir a algum recurso de tecnologia, porque nem tudo a gente conseguia ouvir. Valeu, parabém a todos que participaram.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

DESCOBRINDO SANTA MARIA

Eduardo Galeano, aquele escritor uruguaio que escreveu Veias Abertas da América Latina, diz que despertou para a poesia e para a escrita, nos bares de Montevidéu, observando as pessoas e ouvindo. Muito mais ouvindo, mas para isso é preciso ter tido tempo. Diz ele: "Mas os cafés típicos de Montevidéu pertenciam a uma época que não existe mais. Pertenciam a um tempo no qual havia tempo para perder tempo".
Pois é, eu não tinha tempo e nem inspiração para escrever. Passei muito tempo trabalhando e militando politicamente. Agora quero ter tempo e tento escrever, é um novo aprendizado. Cada texto é um parto.
Falo isso para dizer que, se não escrevo mais, é pela minha dificuldade porque Santa maria tem me dado muitos motivos para escrever. Tenho descoberto uma cidade fértil, que tem oferecido, de graça, teatro, dança, cinema, música, arte. E gente nas ruas, muita gente para conversar, observar e ouvir, como aconselha o Galeano. Fazem 4 meses que estamos residindo nesta cidade e não estamos conseguindo acompanhar tudo o que gostaríamos e temos saído muito, curtido muito, mas na hora de escrever, a produção é pobre. Mas vou contando, aos poucos. Podia falar dos estudantes, dos camelos, dos operários das construções. Mas o que tem me comovido são os índios de Santa Maria.
Os índios tem feito parte do cotidiano de Santa maria. Quem caminha pela cidade pode observá-los e observar as pessoas. Estas passam, com tanta indiferença e naturalidade pelos índios, índias, crianças índias de todos os tamanhos e idades, pobres, sentados no chão das calçadas, vendendo seus trabalhos artesanais. Eles,os legítimos donos das terras de nosso país, não aprenderam e não se prepararam para viver na dependência da moeda, do mercado, tentam ganhar dinheiro com seu artesanato. Empobrecidos, expulsos das matas pelo latifúndio, pelo agronegócio e pela especulação imobiliária, fazem cestos e pequenas réplicas de animais selvagens, como onças e tatus (em extinção) . Alguém me perguntou: " mas será que esses índios só sabem fazer isso para ganhar dinheiro?" Não, sabem muito, ou sabiam: sabem das matas, das ervas, dos bichos, das águas, do poder de cura das plantas,...mas para ganhar dinheiro no nosso sistema de mercado, dependente da moeda, sabem pouco".
Integrá-los à nossa cultura, substituir sua cultura, torná-los capazes de competir no sistema capitalista, é impossível. São as vítimas aceitas, o custo social do nosso modelo de civilização e de desenvolvimento. Isso é encarado com naturalidade e é cruel e injusto. Mais cruel é a nossa indiferença, nossa passividade, nossa desumanização para com eles. Termino com uma poesia do Galeano:

O IMPOSTO GLOBAL

O amor que passa, a vida que pesa, a morte que pisa.
Há dores invisíveis, e é assim mesmo, e não tem jeito.
Mas as autoridades planetárias acrescentam dor à dor, e ainda por cima nos cobram por esse favor.
Em dinheiro pagamos, a cada dia, o imposto do valor agregado.
Em infelicidade pagamos, a cada dia, o imposto da dor agregada.
A dor agregada se disfarça de fatalidade do destino, como se fossem a mesma coisa a angústia que nasce da fugacidade da vida e a angústia que nasce da fugacidade do emprego.

LA MISMA LUNA

Nestas noites de luar ( que ninguém deve se descuidar de observar, curtir e namorar ), lembrei-me de compartilhar com vocês o lindo filme que vimos.
La Misma Luna ( A mesma lua) é um drama, produzido no México e EUA, sob a direção de Patrícia Riggem, que aborda uma situação dramática, vivida por uma imigrante ilegal mexicana, nos Estados Unidos, longe de seu filho, que ficou com a avó, no México.
O menino,de 9 anos, com a morte da avó, decide entrar ilegalmente nos E. Unidos a procura da mãe. Bem, não vou contar a história, mas é um filme que aborda a situação dos mexicanos ilegais, das perseguições feitas pela polícia americana e da exploração a que são submetidos, mas o que comove é a solidariedade entre os imigrantes, a coragem de Rosário, a mãe do menino, interpretada pela atriz Kate del Castilo e a coragem, inteligência, solidariedade do menino Carlitos, interpretado por Adrian Alonso.
Ambos contaram com a ajuda de outros mexicanos corajosos e solidários. Muito bonito!
O filme me fez refletir, que a globalização deixou completamente livre a circulação dos capitais e tem tentado impedir os trabalhadores de andar livremente pelo mundo. Para estes, as fronteiras se fecham, erguem-se novos muros, novas legislações impeditivas, cresce a repressão e multiplicam-se os dramas humanos. Os Estados Unidos tem dificultado muito a vida dos estrangeiros, que vão em busca de trabalho. Pudera, os trabalhos, que antes eram desprezados pelos americanos, porque sujos, pesados, cansativos, agora são disputados, pois o desemprego, por lá, já chega a 10%. E não é só nos Estados Unidos, também na Europa cresce o xenofobismo, o fascismo e a rejeição aos africanos, latinos e outros povos, que são vistos como concorrentes e com preconceitos. Mas, voltando ao filme, eu recomendo aos que gostam de se emocionar. O Irineu e o meu filho Pedro viram comigo e gostaram. Eu e o Pedro choramos.