sexta-feira, 22 de julho de 2011

ASSESSORIA PEDAGÓGICA

Dia vinte deste mes, eu e o Irineu estivemos em Rosário do Sul, num trabalho de assessoria pedagógica a duas escolas estaduais.
De manhã, um uma das escolas, abordamos a questão do Ensino Médio, sob a ótica da legislação, das sugestões do MEC para possíveis alterações curriculares e das perspectivas do atual governo do Estado, ainda em discussão.

Obviamente que contextualizamos a temática em relação às transformações no processo produtivo e às demandas sociais e do trabalho.
Foi muito debatido, com boa participação dos professores.

Partindo dos Arts. 35 e 36 da atual LDB, que trata dos objetivos e finalidades do Ensino Médio, na Educação Básica, lembramos que as funções propedêuticas ( base para a continuidade dos estudos), de preparação para o trabalho, de formação para a cidadania e de conhecimentos tecnológicos, não podem ser estudadas de forma estanques e fragmentárias, pois estão interligadas e devem ser trabalhadas levando em conta os aspectos fundamentais do mundo hoje que é a cooperação e a comunicação, com todas as abrangências que as TCI( Tecnologias da Informação e Comunicação) proporcionam, na atualidade.

Como dar conta dessas dimensões? É possível a escola preparar para as demandas do trabalho? Para que tipo de trabalho é necessário preparar?
Impossível não constatar a crise da instituição escolar e não identificar a inadequação da mesma às necessidades e anseios dos sujeitos da realidade contemporânea.

As escolas estão muito empenhadas em construírem cursos técnicos, mas sabem os desafios que isso significa para o atual processo de produção e de trabalho, tão flexíveis, principalmente considerando o sucateamento físico das escolas e a defasagem tecnológica das mesmas, bem como a precária situação salarial dos profissionais da educação básica.

À tarde, em outra escola, o tema foi sobre Avaliação Emancipatória. Debatemos a temática tratando de algumas questões fundamentais. Partimos das seguintes perguntas e sobre ela construimos o debate:
1- Nossa educação é emancipatória?
2- Para que modelo de sociedade a instituição escolar que conhemos foi concebida?
3- Que avaliação foi concebida para a escola tradicional, que ainda temos?
4- Que mudanças ocorreram e estão ocorrendo e que demandam mudanças na escola?
5- Que características teria uma educação emancipatória?
6- Que características teria uma avaliação emancipatória?
Levamos escrito um bom material sobre essas questões e, é claro, as questões são polêmicas e significaram gatilhos para continuar estudando e debatendo.

Fio um dia exaustivo, mas gratificante, pois a gente constatou, mais uma vez, que apesar das hitóricas realidades adversas, os educadores resistem, fazem acontecer e realizam atividades emancipatórias com a comunidade escolar.
Agosto e setembro temos outros desafios, por isso continuaremos estudando e registrando as boas experiências que testemunhamos.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EDUCAÇÃO

Tenho estado ausente do meu blog. Realmente para uma professora aposentada ando muito ocupada. Gosto que seja assim.

Gosto de cuidar da casa, modificar, para melhorar, o lugar das coisas (livros, roupas, objetos), fazer pão e experimentar sabores variados, caprichar no almoço, principalmente se sei que algum dos meus filhos estiver presente, pois tenho prazer em recebê-los com alguma comidinha gostosa.
Gosto de cuidar das roupas da casa e costurar. Esta última tarefa tenho abandonado um pouco, pois não há tempo para tudo isso e ainda fazer as leituras que preciso fazer.

Também é preciso sobrar tempo pra dançar, caminhar, ir no Boteco do Rosário, visitar algumas pessoas, cuidar da minha mãe e ajudar, modestamente, nossa filha caçula nos trabalhos do mestrado. Ajudar problematizando, fazendo leituras para debater com ela. Claro que quem ganha mais com isso somos nós. Digo nós porque tudo isso que estou falando acontece quase sempre a dois: eu e o Irineu.

Ando com a agenda cheia, amanhã vamos a São Francisco de Assis debater com aquela comunidade sobre EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Eu fui convidada, porque sou mais conhecida, mas o Irineu vai compartilhar comigo essas tarefas, preparamos juntos. Na segunda estaremos numa escola de S.Maria com o mesmo tema, na quarta-feira em Rosário do Sul em duas escolas,refletindo com os professores sobre o Ensino Médio e sobre Avaliação. Esses dois temas são bem mais complexos.

Amanhã vamos dizer coisas do tipo:
- desenvolvimento não é a mesma coisa que crescimento econômico. Que o crescimento do PIB não significa a garantia da redução da pobreza e nem do crescimento do emprego, na atualidade.

- que se no passado buscava-se o crescimento econômico através dos distritos industriais, acreditando que o desenvolvimento vinha com a vinda de indústrias, hoje isso não se sustenta mais e, a bem da verdade, regiões inteiras nunca foram contempladas com o desenvolvimento através do moldelo industrial.
O modelo de crescimento através de incentivos e até guerras fiscais para trazer indústrias aos municípios não tem se mostrado sustentável de forma nenhuma. Grandes empresas ganham incentivos fiscais, isenções de impostos, terreno, dinheiro público e sem mais nem menos vão embora, deixando devastação ambiental, desemprego, quebrando as pequenas redes de apoio construídas em função da fábrica. Isso aconteceu recentemente em Parobé, com a saída da Azaléia, que lá se instalou com dinheiro e incentivos públicos.

Vamos afirmar que o desenvolvimento sustentável dependerá das capacidades de estabelecer relações de cooperação nos territórios produtivos, a partir dos APL (arronjos produtivos loais), e a sustentabilidade virá da mobilização social, de cada município ou região, por meio de políticas públicas locais, distribuição de renda, identidade territorial, níveis de urbanidade, de conhecimentos tácitos (invenção, política de formação) infraestrutura de aprendizagens, e de comunicação, participação constituinte e democrática da população e dos empreendedores e de todos com os órgãos governamentais e institucionais.

Vamos dizer que a redução das desigualdades, é condição para crescimento sustentável, através da acessibilidade sobre os bens fundamentais à vida e também sobre os bens avançados, tais como telefonia, internet, crédito, transporte, conhecimentos.

Vamos falar das características da produção hoje, na sociedade pós-industrial e da inadequação dos atuais currículos escolares para o processo produtivo contemporâneo.
Serão debates complexos, mas entendemos que são imprescindíveis.

Sairemos bem de madrugada, pois teremos que estar em São Francisco as oito e trinta da manhã. Amigos, filhos, irmãos, sobrinhos que espiam meu blog, torçam por esse trabalho, ele faz parte de nosso modo atual de ser militante, é trabalho voluntário, esforço de estudar, conversar e compartilhar o que certamente não inventamos, pois é o resultado da contribuição de muita gente que pensa, troca experiências, troca informações. É rede social, da qual fazemos parte.