quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Presentão de Natal

No dia 25 de Dezembro de 1976, dia de Natal, foi o único que não passamos com a grande familia. O motivo: o mais maravilhoso possível. Nasceu nossa primeira filha, a querida Lúcia. Que presentão! Bem cedo senti as primeiras contrações e, marinheiros de primeira viagem, pegamos a mala, Irineu e eu, e a pé, fomos, devagarinho, ao hospital de Ibirubá, onde morávamos. Mas o parto ainda estava longe. Durante o dia, lá ficamos, baixados, esperando, esperando. Logo após o meio dia chegou minha irmã Eliza, ficou comigo no Hospital, enquanto o Irineu foi comprar uma torta e cerveja (pra eles, é claro|) e festejaram o Natal no quarto do hospital. Rimos muito e quando as dores apertaram fui para a sala de parto. Médico? não havia. O médico que me atendeu durante a gestação,deixou claro que só não me atenderia no dia de Natal e a pilantrinha, já começou aprontando: resolveu nascer nesse dia. Aí, sem ser examinada por ninguém, chamaram o plantonista, que estava em casa e me levaram ao bloco cirúrgico. Ele nem me examinou. Fez cezariana. Até hoje não sei se era necessário. Fiquei frustrada, queria muito parto normal.
Mas que alegria! Que emoção! Sempre quis ter filhos e com os outros tres, todos bem-vindos e amados, a emoção foi sempre muito forte e as alegrias de te-los continua muito grande.
A Lúcia foi o maior presente que já ganhei em todos os natais. Ganhei da natureza! E ela é uma mulher maravilhosa: generosa, gentil, afetiva, carinhosa... e com muita sensibilidade humana e social.Não consigo expressar tudo o que sinto por ela, mas é muuuuuito grande meu afeto, meu amor. O Natal sempre me faz voltar ao tempo, impossível não lembrar, e rir daquele dia, tão inusitado!
Este ano o Natal, foi menos cansativo, alegre, modesto, com a natureza, por conta da genorosidade de dois amigos queridos: marilú e Dilmar. Agora estamos nos preparando para nos reunirmos, acampados, lá no Rincão de Lourdes, na beira do rio Picó, com a família Dalmaso, que reúne tres gerações. É muita confusão, cantoria, comilança, bete-papo, choro (ao lembrar os já falecidos). Mas é maravilhoso! Tudo na simplicidade da velha casa, onde meu companheiro e seus irmãos se criaram. Minha sogra também se chamava Lúcia e é por isso, também, que colocamos esse nome em nossa primeira filha, foi a pedido dela, que era uma pessoa iluminada, como nossa Lúcia.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

As contradições da "Festa de Natal".

É verdade que a comemoração de Natal tem bons momentos, para muita gente: encontros, presentes, comilança, viagens, etc.
Mas que cansaço!
Hoje meus comentários sobre o Natal serão amargos, não porque eu tenha queixas pessoais, mas é o conjunto do que fazemos com essa data, que me chateia. Claro, na minha percepção crítica.Respeito outras opiniões.
Primeiro, o Natal é a festa para o Capitalismo. O deus Mercado é mais lembrado que o Deus Menino. É o Mercado que conquista mais adeptos. A mensagem de amor, de fraternidade, de partilha e de comunidade, do protagonista principal, Jesus Cristo, fica submersa no consumismo exagerado de quem pode e na frustração de quem não pode.
Bem, mas isso não é novidade. Creio que não existiria capitalismo, sem o Cristianismo. Ambos floresceram no mundo ocidental (cristão)e suas ideologias. Claro, isso é polêmico e fica a afirmação para quem quiser pensar, falar e escrever à respeito. Eu concluí dessa forma.
Segundo: a festa natalina vira preocupação, ansiedade, pressão e tensão. Ter que presentear, ter que escolher, decidir, gastar.O chato é o caráter de quase obrigação que, com o tempo, foi se transformando. O dinheiro disponível, para a maioria, nunca é suficiente. E a gente acaba pedindo desculpas pelo presente "mixuruca". Que chato!
Ah, e os preços disparam. Um quilo de nozes ou castanha chega a custar 80,00, é um assalto! Não compro, é um desaforo! As frutas, carnes, bebidas, tudo fica mais caro. Quanto exagero!A gente gasta, se cansa e engorda. Mais sacrifício para depois das festas. O depois é longo e chato: meses pagando contas, controlando peso e lembrando, é claro.
Quarto: assistir a "bondade" infinita e muuuuito sincera das campanhas da RBS e suas comparsas, para presentear os pobres, que só são lembrados nessa época e que são um prato cheio, para oportunizar a demonstração pública do lado social e humanitário da mídia e da elite. São tristes as cartinhas das crianças ao Papai Noel, pedindo, aquilo que deveria ser garantido o ano todo à dignidade humana: água encanada, piso no banheiro, rancho básico, leite, conta de luz quitada, etc., etc. E as familias ganhadoras expostas publicamente. Que humilhação!
Os mesmos que defendem a propriedade privada sem limites, a acumulação e o lucro, a exploração do trabalho, são os que promovem as campanhas "humanitárias". E pior, não são eles que "dão" os presentes, a campanha é para sensibilizar para que nós sejamos os doadores, que façamos a caridade.
Quinto: aturar os conselhos e instruções sobre os cuidados e condutas que devemos adotar nas festas, as receitas e as propagandas instigadoras ao consumo, algumas de muito mau gosto.
E, para encerrar, vem o Balanço da mídia depois das festas: as mortes no trânsito, as brigas, os baleados e assassinados, os afogados, o montante das vendas, dos lucros, dos empregos,...Pronto acabou!
Fiquemos com as lembranças boas.
Não posso me queixar: não gastei demais, passei o dia de Natal com meus filhos e seus namorados, com minha mãe e com meus amigos Dilmar e Marilú, que nos receberam em sua casa. Almoçamos no meio do mato ao som de uma cachoeira. Tudo muito simples, cantamos, rimos, trocamos presentes.( detalhe: todos acertaram nos meus presentes, que bom, adorei!) Mesmo assim, não evitamos um certo exagero nas comilanças. Também engordei, também terei algumas contas pra pagar. O lado triste é que foi a primeira vez que passamos o Natal sem a presença dos irmãos, cunhados, sobrinhos (as). Senti falta, doeu. Mas posso ir ao encontro de todos nos 12 meses de 2010, que desejo, de coração, sejam cheios de alegria, de encontros afetivos, de bons relacionamentos, de saúde e de muuuuuuito amor. É meu desejo a todos os familiares e amigos e aos inimigos também. Amém!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pausa

Olá, andei dando uma pausa. Pretendo retomar minhas tentativas de escrever. Andei atrapalhada com minhas costuras, que não deram certo, com leituras que me deixaram confusas, acompanhando a conferência do meio ambiente em Copenhague, que me deixaram mais desiludida e furiosa com o comportamento dos"ricos" poluidores, principalmente com o tal Obama, que tem se mostrado populista, demagogo, fraco. Uma "merda" de governo.Ufa, fiquei sem fôlego! E o Lula tem razão ao falar "merda", porque é isso que vai ficar o planeta, cada vez mais, com a irresponsabilidade dos dirigentes globais mais poluidores e mais ricos. Alguns jornalistas de bosta, se escandalizaram com a palavra merca, pronunciada por Lula, mas não disseram nenhuma palavra que mostrasse indignação ou mesmo preocupação, com o procedimento covarde e irresponsável dos que, na conferência, cobraram dos pobres compromisso, livrando-se de firmar qualquer acordo que, de fato, resultasse em avanço para garantir sustentabilidade ao planeta. A elite mundial é canalha mesmo e é por isso que o planeta corre o risco de se transformar numa grande MERDA, mesmo. Estou triste e furiosa, por isso vou parar. Desculpem o desabafo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Dia de ação global sobre mudanças climáticas

Dia 12 deste mes, em vários países do mundo vão acontecer Vigílias iluminadas nas praças e locais públicos, com o chamado: "O mundo quer um acordo pra valer", na conferência de Copenhague (COP 15). É uma boa idéia, alguém sabe se em Santa Maria vai ter algo assim? Que bom se o Circuito Fora do Eixo organizasse isso!
Se todos os jovens do mundo fossem para as ruas com suas bandas, poderiam gritar contra a guerra e na defesa do Planeta. É urgente que se organize ações globais contra esse nosso modo de vida tão predador. Os dados são alarmantes.Os cientistas dizem que se as metas de redução de emissão de gases forem cumpridas, o planeta vai aquecer só mais um grau em 20 anos,dois graus acima do normal, porque um grau já subiu. Com dois graus a mais, o planeta já sofrerá com uma "febre" em seu organismo. Mas se as metas não forem cumpridas e seguir como está, a temperatura vai subir 4 graus. Aí é febrão, e febrão vira convulsão. É a morte de milhares de espécies vivas, o mar vai subir muito e desaparecerão milhares de cidades. É morte de multidões de seres humanos. Precisamos agir!

Obama e a guerra

Já disse que o Obama tem me decepcionado. Está se revelando um populista, demagogo, só conversa porque, na prática, está dando continuidade às políticas antigas. Mantém o bloqueio a Cuba, instala bases militares na América Latina, e, pasmem, está enviando mais 10.000 soldados ao Afganistão. O que vão fazer lá? Matar, matar, matar...esse é um ato terrorista. E depois criticam o Chaves, o governo do Irã...

Música e Cultura

Terminou o festival Macondo Circus, música e cultura urbana. Que pena que acabou! Foi muuuuuuuito bom. Faziam muitos anos que eu não participava de algo assim: na praça, com a juventude,crianças, idosos, sem pagar, ter a oportunidade de ouvir, ao vivo, boa música. Ouvir, brincar, pular, cantar junto, rir. Me renovei! Matei a saudade de minha juventude.
E tinha muito mais: arte de rua, artistas de rua (grafite, xilogravura). Tinha artesanato, de muito bom gosto. E tudo isso se misturava com os cheiros das bancas que vendiam pastéis, cucas, doces,etc.,do Projeto Cooesperança, que não fazia parte do evento, mas que lá estava, todas as noites do festival.
Participei em tres noites e em nenhuma testemunhei qualquer ato ou gesto de agressão, grosseria, irritação de quem quer que seja. Gente boa! Noites lindas!
Numa dessas noites, deixamos de ouvir uma banda e fomos ao teatro 13 de maio para assistir e interagir com a peça de teatro "Uma pausa entre Duas Notas", do grupo Arte na Roda, da escola Municipal Sete de Setembro de Vila Rosa, Restinga Seca, que conhecemos bem, pois moramos 22 anos lá perto, juntamente com alunos da EMAET, sob coordenação da Prof. Nice. Uma beleza! Parabéns para a professora e pra toda a turma, que era bem grande, umas 40 pessoas. O tema era a natureza e era pura expresasão corporal, sem texto, mas muito envolvente.
Eperamos que o Macondo Circus, o Macondo Lugar continuem articulados com o circuito Fora do Eixo, que promoveu o evento e que proporcionem a Santa Maria novas oportunidades de arte ao alcance de todos.
Teve apresentações de teatro nos intervalos das Bandas, o que achei muito legal. A turma é muito boa, mas para apresentar na praça, ao ar livre, talvez tenham que aderir a algum recurso de tecnologia, porque nem tudo a gente conseguia ouvir. Valeu, parabém a todos que participaram.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

DESCOBRINDO SANTA MARIA

Eduardo Galeano, aquele escritor uruguaio que escreveu Veias Abertas da América Latina, diz que despertou para a poesia e para a escrita, nos bares de Montevidéu, observando as pessoas e ouvindo. Muito mais ouvindo, mas para isso é preciso ter tido tempo. Diz ele: "Mas os cafés típicos de Montevidéu pertenciam a uma época que não existe mais. Pertenciam a um tempo no qual havia tempo para perder tempo".
Pois é, eu não tinha tempo e nem inspiração para escrever. Passei muito tempo trabalhando e militando politicamente. Agora quero ter tempo e tento escrever, é um novo aprendizado. Cada texto é um parto.
Falo isso para dizer que, se não escrevo mais, é pela minha dificuldade porque Santa maria tem me dado muitos motivos para escrever. Tenho descoberto uma cidade fértil, que tem oferecido, de graça, teatro, dança, cinema, música, arte. E gente nas ruas, muita gente para conversar, observar e ouvir, como aconselha o Galeano. Fazem 4 meses que estamos residindo nesta cidade e não estamos conseguindo acompanhar tudo o que gostaríamos e temos saído muito, curtido muito, mas na hora de escrever, a produção é pobre. Mas vou contando, aos poucos. Podia falar dos estudantes, dos camelos, dos operários das construções. Mas o que tem me comovido são os índios de Santa Maria.
Os índios tem feito parte do cotidiano de Santa maria. Quem caminha pela cidade pode observá-los e observar as pessoas. Estas passam, com tanta indiferença e naturalidade pelos índios, índias, crianças índias de todos os tamanhos e idades, pobres, sentados no chão das calçadas, vendendo seus trabalhos artesanais. Eles,os legítimos donos das terras de nosso país, não aprenderam e não se prepararam para viver na dependência da moeda, do mercado, tentam ganhar dinheiro com seu artesanato. Empobrecidos, expulsos das matas pelo latifúndio, pelo agronegócio e pela especulação imobiliária, fazem cestos e pequenas réplicas de animais selvagens, como onças e tatus (em extinção) . Alguém me perguntou: " mas será que esses índios só sabem fazer isso para ganhar dinheiro?" Não, sabem muito, ou sabiam: sabem das matas, das ervas, dos bichos, das águas, do poder de cura das plantas,...mas para ganhar dinheiro no nosso sistema de mercado, dependente da moeda, sabem pouco".
Integrá-los à nossa cultura, substituir sua cultura, torná-los capazes de competir no sistema capitalista, é impossível. São as vítimas aceitas, o custo social do nosso modelo de civilização e de desenvolvimento. Isso é encarado com naturalidade e é cruel e injusto. Mais cruel é a nossa indiferença, nossa passividade, nossa desumanização para com eles. Termino com uma poesia do Galeano:

O IMPOSTO GLOBAL

O amor que passa, a vida que pesa, a morte que pisa.
Há dores invisíveis, e é assim mesmo, e não tem jeito.
Mas as autoridades planetárias acrescentam dor à dor, e ainda por cima nos cobram por esse favor.
Em dinheiro pagamos, a cada dia, o imposto do valor agregado.
Em infelicidade pagamos, a cada dia, o imposto da dor agregada.
A dor agregada se disfarça de fatalidade do destino, como se fossem a mesma coisa a angústia que nasce da fugacidade da vida e a angústia que nasce da fugacidade do emprego.

LA MISMA LUNA

Nestas noites de luar ( que ninguém deve se descuidar de observar, curtir e namorar ), lembrei-me de compartilhar com vocês o lindo filme que vimos.
La Misma Luna ( A mesma lua) é um drama, produzido no México e EUA, sob a direção de Patrícia Riggem, que aborda uma situação dramática, vivida por uma imigrante ilegal mexicana, nos Estados Unidos, longe de seu filho, que ficou com a avó, no México.
O menino,de 9 anos, com a morte da avó, decide entrar ilegalmente nos E. Unidos a procura da mãe. Bem, não vou contar a história, mas é um filme que aborda a situação dos mexicanos ilegais, das perseguições feitas pela polícia americana e da exploração a que são submetidos, mas o que comove é a solidariedade entre os imigrantes, a coragem de Rosário, a mãe do menino, interpretada pela atriz Kate del Castilo e a coragem, inteligência, solidariedade do menino Carlitos, interpretado por Adrian Alonso.
Ambos contaram com a ajuda de outros mexicanos corajosos e solidários. Muito bonito!
O filme me fez refletir, que a globalização deixou completamente livre a circulação dos capitais e tem tentado impedir os trabalhadores de andar livremente pelo mundo. Para estes, as fronteiras se fecham, erguem-se novos muros, novas legislações impeditivas, cresce a repressão e multiplicam-se os dramas humanos. Os Estados Unidos tem dificultado muito a vida dos estrangeiros, que vão em busca de trabalho. Pudera, os trabalhos, que antes eram desprezados pelos americanos, porque sujos, pesados, cansativos, agora são disputados, pois o desemprego, por lá, já chega a 10%. E não é só nos Estados Unidos, também na Europa cresce o xenofobismo, o fascismo e a rejeição aos africanos, latinos e outros povos, que são vistos como concorrentes e com preconceitos. Mas, voltando ao filme, eu recomendo aos que gostam de se emocionar. O Irineu e o meu filho Pedro viram comigo e gostaram. Eu e o Pedro choramos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Visita do Presidente do Irã ao Brasil

A coluna OPINIÃO DA RBS do Diário de hoje tem o título: O EMISSÁRIO DA INTOLERÂNCIA. A coluna tem a pretensão de induzir qual deve ser o comportamento do governo brasileiro em relação a visita de Ahmadinejad. Menciona diversas supostas posições do Presidente do Irã, que considera negação aos princípios mais elementares dos Direitos Humanos. Diz literalmente que o Sr. Ahmadinejad "mantém o mundo sob a permanente ameaça nuclear".
Ora, me poupem! Claro que não precisamos concordar com a suposta pena de morte para homossexuais, entre outras idéias que não concordamos e que devemos publicizar nossa posição, mas daí a achar que é do Irã que vem a ameaça nuclear e os ataques aos direitos humanos, é muita hipocrisia. Sou da opinião que todos os países que possuem armas nucleares e de destruição em massa, devem destruí-las ( se é que isso é possível) e NÃO USÁ-LAS JAMAIS, antes de querer exigir qualquer coisa, nesse sentido, de outros países que não as tem. Se o Irã é ameaça, o que dizer do massacre de civis palestinos, realizado por Israel,diante dos olhos do mundo, neste ano? E a Invasão e mortes realizadas pelos Estados Unidos no Afganistão e no Iraque, com a utilização de armas de efeito radioativo, que tem matado e gerado câncer em crianças, mulheres e idosos? E onde estão as armas de destruição em massa do Iraque? Não foram encontradas, mas mesmo assim, milhares de cidadãos, civis, foram mortos, com esse pretexto. Isso sim, é ameaça concretizada! O Presidente do Irã é o emissário da intolerância? Não esteve aqui o presidente de Israel, que tem sido TÃO INTOLERANTE com os palestinos? Não li nenhuma recomendação sobre as intolerâncias e a periculosidade de Israel. Quanta hipocrisia! Ainda bem que o Presidente Lula é bem lúcido e sabe separar o joio do trigo e tem demonstrado competência e liderança no trato das questões internacionais!

sábado, 21 de novembro de 2009

Os estragos das chuvas

Aos sábados o Irineu e eu costumamos ir ao Centro de Comercialização da Medianeira, onde os agricultores Familiares vendem seus produtos. Ali, a gente encontra de tudo um pouco, para a alimentação da familia e ainda pode-se admirar e comprar artesanato da região. Tem verduras, frutas da estação, queijos, massas, pães, cucas, bolos, mel, melado, temperos, flores, galinha de colônia, salames, (embutidos em geral), geléias, etc. Além disso é um passeio e a gente sempre encontra conhecidos e amigos e conversa com os produtores sobre a qualidade dos produtos, sobre as dificuldades e progressos. Torcemos muito por esses agricultores familiares.
Hoje fomos lá para abastecer-nos para a semana. Ficamos tristes. O setor de verduras estava precaríssimo. Dava pena de ver o que restou depois da chuvarada! Numa banca, conversei com a trabalhadora rural sobre as alfaces, brócolis, rúcula, agrião, que haviam na semana anterior e ela me respondeu triste: " apodreceu embaixo d'água. E todas as bancas estavam muito precarizadas. Os preços também subiram. A gente pode sentir rapidamente o quanto a agricultura familiar é vulnerável. Por isso, creio, esses trabalhadores sempre precisarão de mais apoio, pois trata-se da comida que chega à nossa mesa.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Piso salarial ou teto, para professores e brigadianos.

A Governadora Ieda remeteu à AL projeto de Lei sobre remuneração ao magistério e Brigada Militar. Sobre a Brigada Militar não conheço direito a situação, só sei que a categoria não foi ouvida e que tem problemas, como no magistério.
No nosso caso (do magistério) é o mais sacana dos projetos que algum governo já enviou. Por que? Porque a curto prazo seduz boa parte da categoria, que, desesperada, vai dobrar o valor do mísero salário que recebe. Isso é tentador e humanamente compreensível que esses milhares de professores desejem que o projeto seja aprovado, mesmo sacrificando o futuro.
No entanto, todos os professores, da ativa e aposentados, que estejam recebendo acima de 1.500,00 não terão reajuste algum e não se sabe quando o terão. O projeto de lei não foi debatido com a categoria para que pudesse ser construído alternativas de preservação da carreira, mantendo estímulo à formação e qualificação. O Plano de Carreira, pelo que se ouviu do projeto, simplemente desaparece. Na verdade, se os 1.500,00 fosse piso, deveria ser contemplado com os benefícios da carreira, incidindo sobre ele os percentuais do Plano de Carreira. Isso seria muito mais do que a categoria reivindica. É claro que não se trata de piso, mas de TETO salarial.
Óbvio que, para teto, é um valor muito reduzido, para dedicação exclusiva. Quem se aposentou, depois de 25 ou 30 anos de serviço, fez especialização, dedicou-se, isso é um mau salário e, certamente, não dá conta do sustento digno da familia.
Com o projeto, Ieda institui e meritocracia, com o 14º salário por produtividade e já se sabe que isso vem junto com a implementação do ensino unificado, padronizado, com a utilização das Cartilhas. (já estão havendo treinamentos com os supervisores escolares sobre isso). Os professores TERÃO que seguir as cartilhas, pois sobre os seus conteúdos o Estado vai realizar a avaliação externa e identificar a tal de produtividade de cada professor. Isso está na contramão da LDB que indica que os Projetos Pedagógicos devem ser construídos pela comunidade escolar, considerando as especificidades de cada região ou comunidade. Muitas direções e professores vão gostar pois é mais comodo. Já vem tudo pronto.
Por outro lado, essa proposta pedagógica (se é que se pode chamar isso de pedagógico) está defasada em relação à atual tendência dos modos de produção. Essa proposta é Taylorista, segue a lógica da linha de montagem, já em declínio. Deixa-nos sem saber o que fazer. As perspectivas são muito ruins para a educação e para a categoria, que, certamente, sairá dividida, enfraquecida e sem vontade de estudar e de se aperfeiçoar. Precisamos derrotar o PSDB nas eleições ( e seus aliados) porque eles são, sob todos os aspectos, um retrocesso, a volta do entreguismo, do autoritarismo e da subordinação aos ditames do Capital e do Mercado. Precisamos encontrar a estratégia para continuar lutando. A greve, provavelmente, será difícil, exatamente porque muitos precisam urgentemente desse dinheirinho, mesmo sacrificando a carreira.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Eu vi o deboche ao grito dos pobres

Quarta-feira de manhã, ao cruzar a Praça Saldanha Marinho, deparei-me com uma mobilização de moradores das vilas periféricas de Santa Maria, clamando por melhor atendimento à saúde. Estavam com um caminhão de som e um coordenador explicava os motivos da manifestação. Moradores seguravam faixas, queixando-se da falta de médicos nos postos e de outros tipos de negligência, com o atendimento à saúde pública. Estavam presentes pessoas que fazem tratamento contra a Anseniase, conversei com algumas. Haviam muitas mulheres e crianças.
As alegações dos moradores eram muito pertinentes. Pareceu-me uma justa e digna mobilização por um direito fundamental, garantido em Lei.
Sobre isso, li no jornal de hoje (Diário de Santa Maria), que o Secretário de Saúde e vice-prefeito José A. Farré, recusou-se a recebe-los, alegando que não era uma manifestação séria.
Pergunto-me: por que não era séria? Será por que, visivelmente era uma manifestação de gente pobre, modestamente vestida, composta, na sua maioria, de mulheres e crianças?
O que me espantou foi a reação de populares que passavam: Houve gente que desviou o caminho para não passar pelos manifestantes. Dois guardas municipais comentaram com uma senhora e comigo, que aquelas crianças deveria estar na escola e "não aprendendo a fazer baderna". Outro senhor que varria a rua, falou em voz alta, para quem quisesse ouvir: "daqui a pouco esses vagabundos vão acabar presos". As pessoas que passavam, estudantes, senhoras, senhores (gente bem vestida) passavam, riam, sacudiam a cabeça de forma negativa e alguns criticavam a manifestação.
Pensei: O que há de errado com a manifestação? Ou há algo errado com esses populares, tão indiferentes às causas de defesa da vida? A que grau de desumanização ou de decepção se chegou para que uma reivindicação tão pertinente, tão necessária, seja percebida como baderna de gente desocupada? Continuo pensando e ainda não entendi. Alguém pode me ajudar a entender?

20 anos da derrubada do Muro de berlin

Esta semana a grande imprensa divulgou a comemoração dos 20 anos da derrubada do Muro de Berlin, que separava a Alemanha Ocidental (capitalista) da Oriental (socialista). Falaram no significado desse acontecimento, símbolo de libertação, de democratização do mundo, do avanço da humanidade, etc. etc. Ouvi alguns depoimentos de antigos moradores de Berlin Oriental e da decepção com as atuais condições de vida (desemprego, insegurança, etc.) e do muro invisível que ainda separa os moradores das duas Alemanhas.
Fiquei pensando por que os meios de comunicação do atual e hegemônico modo de vida, comandado pela total liberdade de Mercado, não falam dos muros do Capitalismo? Só para citar dois: O muro vergonhoso da Cisjordânia, imposto por Israel (com apoio dos Estados Unidos e seus comparsas) aos Palestinos, estes submetidos a humilhante precariedade de vida. Tanta é a opressão que até a água é racionada, por imposição de Israel.
E o muro que separa fronteiras do México com os Estados Unidos? O capital financeiro, as transnacionais, podem transitar livremente por todos os países, sem muros, sem respeitar fronteiras. Por que a livre circulação de pessoas não é permitida? O Capital não tem Pátria, não tem fronteiras, mas às pessoas, erguem-se muros.
Mas aí pensei também em outros muros, e cercas: as cercas do latifúndio, que separam os sem-terra e minifundiários das grandes extensões de terras, tomadas por estrangeiros, grileiros, banqueiros...e que tem provocado tanta pobreza e violência! E os muros impostos pela discriminação, pela intolerância, pela desigualdade econômica, social e cultural? Lembrei-me até de um muro construido num bairro de classe média de Santa Maria, para se separarem e se "protegerem" dos pobres das ocupações! E tem ainda os muros subjetivos, daqueles que não toleram o diálogo, as singularidades, as diferenças, a pluralidade.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

SOBRE O ATO DE FALAR E ESCREVER

Confesso, tenho dificuldades para transformar o "verbo" em "texto". Assim como a maioria dos professores eu falo muito e escrevo pouco. Nas escolas, muitas práticas significativas são realizadas e deixam de ser compartilhadas porque não são registradas.
Mesmo quando os professores participam de congressos e seminários, pode-se constatar que pouquíssimos fazem anotações. Observei, nos meus 30 anos de magistério que, de modo gera, os professores não gostam de falar em público. Quando falam, então? Na sala de aula. Aí é o seu espaço e aí eles teem dificuldades de deixar que outros falem.
Há uma queixa geral dos professores sobre a desatenção e excesso de barulho (conversas) em sala de aula, por parte dos alunos. Há professores que exigem silêncio e não dão chance ao diálogo.
Há momentos que o silêncio é reflexão, é a voz que ainda não se transformou em fala, porque silêncio e diálogo parecem estar relacionados.
Mas assusta-me o silêncio da omissão, da submissão, o silêncio que sufoca, que consente porque sufoca a vontade de gritar.
É absurdo pensar o ser humano sem a palavra, sem que possa expressar seus desejos, sem que possa intervir e dialogar.
É grande o número de estudantes que ingressam na escola falantes, alegres, curiosos, comunicativos, perguntadores e ao longo de anos de escolarização, vão perdendo a alegria, não gostam de ler, nem de escrever e muito menos de falar em público. A maioria se expressa com dificuldades. A escola é capaz de realizar essa façanha! Não haverá, aí, um tipo de violência institucionalizada? A de não permitir a liberdade de falar?
Mas o que é uma prática pedagógica que promove o diálogo?
Certamente o professor terá de coordenar esse processo para realimentar curiosidades, instigar pesquisas e argumentações, debater e resolver problematizações, etc. e isso só poderá acontecer se o diálogo constituir-se como negação do silêncio imposto, respeito às diversidades, desejo de conhecer, ouvir e aprender, apreço pelos saberes dos educandos, incentivo à oralidade, à manifestações de emoções, de opiniões, de afetos.

OBAMA ESTÁ DECEPCIONANDO

Escutei um comentário na TV, que em 28 de outubro passado, na Assembléia Geral da ONU, 187 países rejeitaram o embarco econômico dos Estados Unidos à Cuba. Votaram a favor do embargo, além dos EUA, Israel (como era de se esperar) e Palan (um pequeno país da Micronésia, no Oceano Pacífico). Não consigo entender, por que o Obama ainda mantém esse embargo? Quem o pressiona? Pensei que Obama tivesse apoio interno e internacional suficiente para tomar atitudes que não podem mais esperar. Estou decepcionada.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ESTOU INDIGNADA

A notícia de que a UNIBAN expulsou a estudante de jornalismo, GEISY VILLA NOVA ARRUDA, de 20 anos, porque usou mini-vestido e foi agredida por uma TURBA de moralistas, fascistas, machistas, estupradores em potencial, foi uma atitude ilegal, preconceituosa, estimuladora da violência contra a mulher. Essa medida da UNIBAN, mostra que a instituição só pode produzir TURBA, pois, ao invés de transformar o episódio em debates formativos, pune a vítima, age de forma ilegal, comete discriminação, estimula a agressão contra a Mulher. Usei mini-saia durante toda minha juventude e nunca me senti ameaçada. Uma das características do machismo extremo é o de culpar a mulher pelo seu corpo. Cochas, nádegas e seios, seriam os responsáveis pelos estupros. Ainda persiste, infelizmente, as atitudes de culpabilização das mulheres, para justificar atos de violência. Eu cheguei a dizer que as lutas feministas estavam se esvaziando, com a igualdade de direitos e de respeito à condição feminina. Acho que me enganei.
Que bom que o MEC vai apurar os fatos e instaurar processo Administrativo em relação à UNIBAN. Espero que o MEC seja rigoroso com a instituição.

sábado, 7 de novembro de 2009

Não perca seu tempo de vida

Fiquei sabendo que no prédio em que moro, no mesmo andar do meu apartamento, mora uma jornalista da RBS. A jovem passou por mim e outra moradora e nos saudou. A moradora, com a qual eu conversava, ficou muito admirada quando manifestei não conhecer a repórter, pois ela é apresentadora do Jornal do Almoço. Percebi em suas palavras, uma discreta crítica por não assistir o Jornal do Almoço. Aí ponderei que não o assisto, por ele ser no horário do almoço e procuramos preservar esse momento de preocupações com notícias ruins e trágicas, que é o que mais é veiculado. "Não olhamos televisão durante o almoço".
Ela admirou-se e ponderou sobre a necessidade da gente estar atualizado. Tentei explicar que o almoço, acompanhado das pessoas que nos são caras, é dos poucos momentos que temos a oportunidade de olhar e prestar atenção nas pessoas:ouvir, perguntar, às vezes atualizar assuntos do cotidiano, ou apenas saborear, sentir o prazer do alimento e de estarmos juntos. É um tempo que é nosso, é tempo de nossa vida.
A televisão tem capturado esse tempo, ela precisa de nossa atenção, para que possamos assistir as propagandas. Os patrocinadores precisam que a gente assista suas propagandas, querem vender seus produtos e obter lucros.
Quando assistimos televisão, entregamos nosso precioso tempo de convivência. Por isso não assisto todos os telejornais e duvido da veracidade de muitas informações, do modo que são divulgadas. Para me informar, opto por alguns jornais e algumas assinaturas e escolho os programas de televisão que desejo ver (entre as poucas opções que nos são ofertadas), sem roubar o tempo que posso estar com as pessoas que convivem comigo, ou que nos visitam.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Da minha janela, eu vi...

Eu estava costurando e minha máquina fica de frente para a janela. Posso observar o que acontece na rua. Bem no entroncamento entre a Av. Liberdade e a Venâncio Aires tem uma sinaleira. Eram nove e meia, o sinal estava fechado e eu havia observado a pequena fila de carros esperando o sinal abrir. De repente os carros avançaram, quase em disparada, com o sinal ainda fechado. Pessoas corriam em direções opostas, uns fugindo das esquinas da sinaleira e outros chegando em direção à mesma. Um homem vinha atravessando a Venâncio, pasta na mão, voltou correndo, dirigiu-se ao carro, entrou e saiu em disparada, com o sinal ainda fechado. Pensei, " o que será que está acontecendo?" Parece que enlouqueceram?
Aí ouvi gritos: "pega ladrão, pega ladrão!" E vi subindo a Venâncio quatro rapazes levando fardos de bebidas, pareceu-me um fardo de cerveja de latinha e os outros fardos de refrigerante. Corriam sudindo a Venâncio e logo atrás tres homens de camisa azul, todas do mesmo tom, em disparada atrás dos larápios. Outros dois homens também subiram correndo, querendo ajudar, creio eu. De fato, daí a alguns minutos desceram todos, menos os ladrões, com os fardos de bebidas, recuperados. Aí observei que junto ao bar que existe na Av. Liberdade, haviam dois caminhões de bebidas estacionados, abastecendo o bar, que atende pelas grades. Ninguém entra no bar. Dá a impressão que os proprietários estão presos e da prisão atendem as pessoas. Tenho visto, a tardinha, trabalhadores tomando sua cachacinha e refri, na rua, do lado de fora do bar. Isso me impressionou desde o dia em que conheci e comprei no referido bar. Hoje, acho que os ladrões resolveram assaltar os caminhões de bebidas, já que é difícil assaltar o bar, tão gradeado!
Não entendi a razão de todo mundo correr desatinado. Será que estavam com medo de tiroteio, de balas perdidas? Afinal, é o que o casal Bonner e seus colegas dos telejornais falam todas as semanas. A cena era cômica, apesar da tragédia que é, as pessoas se descontrolarem pelo medo. Podia ter acontecido um acidente na sinaleira, pois que ninguem respeitava mais nada. Foram cinco minutos mas fiquei refletindo todo o dia.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

UM PROJETO SOCIALISTA PARA O BRASIL

Dia 21 de outubro passado, esteve em Santa maria, a convite do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, que foi do PT, desde sua fundação e que hoje é pré-candidato à Presidência da República, pelo PSOL.
O Irineu e eu fomos convidados para ouvir o Plínio e debater sobre UM PROJETO SOCIALISTA PARA O BRASIL. Isso nos interessou, mas tanto o Plínio, como os outros "socialistas" que se manifestaram, dedicaram a maior parte do tempo de fala para falar mal e desconstituir o Governo Lula, elegendo-o o principal adversário, na luta pelo socialismo.
Elencaram, obviamente, todas as mazelas, para a humanidade e para o Planeta, decorrentes do Capitalismo. Todas pertinentes.
Sobre o socialismo, toda a discussão foi baseada nas antigas dicotomias homogeneizadoras, que deixam de contemplar a diversidade de situações e de possibilidades, que poderiam ser construídas, para se contrapor ao Capitalismo. Segundo eles, só o socialismo pode ser alternativa ao capitalismo, seja lá o que isso possa significar. Ouvimos afirmações do tipo:"o socialismo só é viável se o capitalismo estiver plenamente desenvolvido e o Brasil atingiu essa condição". Que entendimento podemos ter dessa afirmação? Ela parece admitir que o capitalismo é uma necessidade! A pergunta inevitável é: será possível, pela via da tomada do Estado, implantar um modelo socialista, como alternativa ao capitalismo?
Outra questão: não será o Capitalismo, além de um modelo econômico, também um modo de vida, hoje hegemônico? é possível suprimir, via poder estatal, o Sujeito Capitalista? Sujeito proprietário e apropriador, individualista, competidor, consumista, predador e produtivista? Esse é o sujeito que sustenta e propaga o capitalismo! Ou seja: todos nós.
Pensávamos que iríamos debater o uso "socialista" das terras, do comum da humanidade (solo, ar, águas, códigos genéticos, linguagens, conhecimentos, comunicação, etc.), além dos sagrados direitos de comer, vestir, morar, produzir cultura, entre outros temas tão urgentes como a violência, a xenofobia, a homofobia, as diversas formas de intolerância, etc. Tudo isso e muito mais, precisamos reiventar, para construir novos modos de vida, não capitalista.
Continuar falando em Socialismo, a partir da tomada de poder do Estado, nas antigas categorias sociais, tal como a classe assalariada (lógica adotada no debate) nos instiga a perguntar: queremos, ainda, patrão, exploração, subordinação, dependência, hierarquia, burocracia...? Outros mundos são possíveis, mas só quem pode construí-los somos todos nós, todos os dias, o Poder Constituindo da Multidão.

"UM PROJETO SOCIALISTA PARA O BRASIL"

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Romaria do Silêncio e Orações"

Li no Diário de Santa Maria, de hoje, que na tradicional Romaria da Medianeira, os organizadores vão apresentar inovações: na procissão da Catedral ao Altar Monumento "...o trajeto será de silêncio e oração". Não haverá cantos, como no ano passado. O texto não explica porque. Cantar não é orar? A celebração e as homenagens a Maria, nossa mãe, não merecem cantos? Não entendi e creio que a Romaria ficará mais triste.
A prefeitura promete um show na chegada da Santa (papel picado e fogos). Muuuuuito criativo e muito religioso! Será para agradar os turistas? Afinal, "é a romaria que projeta Santa Maria para o Brasil", segundo João Trevisan. Tá mal Santa Maria, pensei que talvez fosse por ela ser um Centro Universitário. Mas o turismo religioso é um dos objetivos da Romaria, segundo os organizadores. O Mercado, a gente sabe, capturou a fé e não é de agora. Bem, pelo menos a Prefeitura promete fortalecer a equipe de limpeza e isso a natureza e nós todos agradecemos. Boa Romaria para quem gosta de romarias e para quem tem fé.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Teatro: Pé de Pilão

Hoje, segundo os noticiários, a temperatura esteve em torno dos 36 graus. O maior calor dos últimos 64 anos. Isso não impediu que o Irineu, eu, minhas filhas Lúcia e Silvana fossemos ao teatro ver a opereta Pé de Pilão, de Mário Quintana, sob direção de Mário Ballentini. Não lembro os nomes dos outros artistas, mas gostaria de parabenizá-los. Muito bonito. São artistas completos: encenam, contam história com muita expressão corporal e facial, cantam afinadíssimos, tocam. Tudo com uma armonia, uma alegria, um bom-humor... O público? Eram crianças, na sua maioria. Creio que Irineu e eu éramos os mais velhos. Mas rimos e nos deliciamos com a reação da gurizada. Davam gargalhadas e faziam comentários. Muito atentos, educados, sintonizados. Reagiam conforme eram instigados: bater palmas no compasso da música, silenciar quando necessário para ouvir as vozes... Quem disso que criança não se concentra, não é disciplinada? Claro que é difícil, nas nossas escolas, poder oferecer diariamente, momentos tão criativos, mas é bom observar que criança sabe o que tem qualidade. Penso que o teatro, a música, a dança, o desenho, a pesquisa sobre as curiosidades, bem como as perguntas, a oratória, devem ser sempre incentivados, multiplicados. Os governos devem investir dinheiro na arte, torná-la mais acessível,pois nem todos podem ir a teatro. É caro, para a maioria. Não por culpa dos atores, eles precisam viver e, sabe-se, vivem modestamente. Precisa dinheiro público e particular também.; E não é só para que as crianças assistam teatro, mas para que façam teatro e outras tantas formas criativas e inventivas. Vale a pena e as crianças agradecem. É revolucionário tudo o que tirar as crianças da frente da televisão, tirar da inércia, Sair da posição de espectador e se for para ser espectador que seja com algo de qualidade, como o que vimos hoje. Valeu!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Hoje falei do nascimento da Letícia e não posso deixar de lembrar que meu sobrinho Rodrigo também foi abençoado com o nascimento de seu filho Augusto. Vi as fotos, é lindo.!Parabéns aos pais, avós, tios, tia, primos. Todo nosso carinho e nossa solidariedade para que consigam criar, educar e tornar o Augusto um ser amado e feliz.
Acabei de ler no Diário de Santa Maria sobre o processo de eleição de diretores. Amanhã teremos os resultados. Esse é sempre um processo muito disputado, repleto de conflitos e se parece muito com os outros tipos de eleições da nossa democracia representativa. Me chamou a atenção, na página 32 (Geral), a frase escrita abaixo das fotos dos candidatos Tarcisio e Tavares (do Maneco). A frase diz o seguinte: "Tarcísio(amarelo) e Tavares, candidatos da maior escola da cidade, optaram por campanha limpa". Gente, é possível optar por campanha que não seja limpa? A gente sabe que isso acontece, mas do jeito em que foi colocado, parece natural optar por campanha "suja". A frase contem uma naturalidade espantosa. Campanha limpa É OBRIGAÇÃO e não opção. Creio que é muito preocupante as sucessivas reeleições. Graças a um projeto de Iara Wortman, aprovado pela Assembléia Legislativa, isso tem sido possível. Por que se relegem? Bem, são muitos os mecanismos de quem está na direção, de se articular, agradar, favorecer...para conseguir a reeleição. Não acho bom, criam-se verdadeiras equipes de burocratas dentro das escolas. Todo o sistema eleitoral brasileiro coloca limite para as reeleições, no caso dos executivos. O cargo de diretor, é um cargo executivo, no nosso sistema de gestão das escolas. Retornar às aulas é muito salutar para educadores e educandos.
Hoje, pela manhã, eu e minha mãe (84 anos) fomos visitar a Patrícia no Hospital Militar (HGU). Ela e o meu sobrinho e afilhado Paulinho, deram à luz uma filhotinha, a Letícia. Nasceu com 1 Kg e 300gr. e 48 cm. Linda! Parecida com a maninha Lara e com a avó Mirian. Sou uma tia-avó muito coruja.! Observar a "criazinha humana" é comovente. Tão frágil, tão dependente! Preciso dizer aos meus leitores que o nascimento me comove: é a vida que insiste em se renovar. E não só a vida humana. Na primavera, então, os seres irrompem aos borbotões. Que bom! Aumenta nossa responsabilidade cotidiana de lutar para defender toda forma de vida. Parabéns ao Paulinho, Patrícia, Lara, avós, tios, tias, primos...Contem conosco.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UFSM em Silveira Martins

Dia 23 deste mês o Irineu e eu estivemos numa Audiência Pública em Silveira Martins. Chamada pela Câmara de Vereadores daquele município, para ouvir a população sobre a proposta de doação para a UFSM, do prédio histórico do antigo Colégio Bom Conselho. Só para lembrar, em Silveira Martins foi aprovado e está em funcionamento A UDESM (Unidade Descentralizada de Silveira Martins), um campus da UFSM, com quatro cursos para formação de tecnólogos de nível superior, ligados a necessidades e características da região da quarta colônia e região, visando um projeto de desenvolvimento que valorize e viabilize as pequenas propriedades, fomentando o desenvolvimento a partir da valorização e otimização dos recursos existentes, tais como a cultura, a paisagem, os saberes e fazeres existentes, etc.Os recursos são do Reúne e os cursos são: Gestão Ambiental, Processos Gerenciais, Agronegócio, Gestão de Turismo. Os cursos já estão funcionando, provisoriamente, no antigo Colégio Bom Conselho. A doação, pela Prefeitura do prédio à UFSM permitirá que a UFSM possa investir no mesmo e oferecer refertório, alojamento e laboratórios, bem como restaurar e manter o prédio, cuja arquitetura é muito bonita. A UDESM possui um belo terreno (2 hectares) dentro da cidade, numa localização alta e bonita. Nesse local será construído, no futuro, instalações que possibilitarão a ampliação de cursos e de vagas. O debate foi muito rico, com muitas manifestações por parte de pessoas da comunidade, de autorizades presentes (Prefeito, ex-prefeitos, professores da UFSM, vice-reitor e reitor eleito Felipe Muller, professora Eugênia, filha do ilustre ex-reitor Dr. Mariano da Rocha), entre outras.
A decisão da população e sugestão de diversas entidades municipais, encaminhadas à Câmara e à UFSM foram de que a doação seja efetivada, sem ônus para a UFSM e que se mantenha para a UDESM o terreno já desapropriado e doado A UDESM. O salão de eventos estava repleto e o debate foi de alto nível.
A proposta pedagógica dos cursos é muito interessante, unindo ensino e pesquisa, em forma de projetos, a partir de problematizações sobre a realidade, requerendo pesquisa sistemática. Um desafio enorme aos docentes, alunos e equipe coordenadora. Parabéns à comunidade de Silveira Martins e à comunidade acadêmica da UDESM

domingo, 25 de outubro de 2009

"...não quero feijão-arroz, quero pastel..."

“Com licença senhora, poderia me ouvir um instante? Olha, eu estou com fome, não que eu não tenha almoçado hoje, mas tenho muita vontade de comer um pastel com um refrigerante ou um suquinho. Não estou pedindo dinheiro, estou pedindo que a senhora me pague um pastel, ali ó, tem uma lancheria! Se a senhora quiser.... eu gostaria muito”! Com essas palavras fui abordada por um garoto de, aproximadamente, 9 anos. Fomos até a lancheria e lanchamos juntos. Não fui movida por compaixão, mas pela sinceridade, simpatia, capacidade de comunicação e dignidade na forma de se apresentar e de me abordar. Fiquei um breve tempo conversando e fazendo um lanche com um menino desconhecido. Foi um momento de aprendizado para mim. As crianças querem mais do que encher a barriga com feijão e arroz, não são animais de engorda. Querem lazer, prazer, comunicação, criatividade. Isso na educação é fundamental. Damos a eles o feijão com arroz, e mal temperado, às vezes intragável. Penso em como deve se comportar esse menino em sala de aula e penso em como ele é percebido pelos professores. Será que ele tem oportunidade de se expressar com tanta desenvoltura na sala de aula?Que experiências têm alunos como esse menino que podem ser aproveitadas na escola, nos diferentes momentos de aprendizagem? Que subjetividade é essa que se construiu nesse menino que o faz pensar que tem direito a comer pastel e outras coisas gostosas e prazerosas e não apenas as racionais imposições utilitárias? Não é o prazer que todo mundo procura? O menino, com muita dignidade, reivindicou esse momento de prazer. Anormal? Não, perfeitamente humano.

Escolas Conflagradas?

Tenho lido as matérias que são divulgadas na imprensa (jornais) sobre educação entre elas a série de reportagens denominadas de “Escolas Conflagradas” que Zero Hora tem divulgado.As matérias tratam da violência que ocorre nas instituições escolares, da perda da autoridade dos professores e educadores em geral e dos efeitos devastadores que isso vem produzindo, principalmente na vida dos professores, que recorrem a psicotrópicos para enfrentar a frustrante e “perigosa” atividade de ser professor. A matéria aponta causas como a droga, a falta de limites, a impunidade e sugere, sem afirmar explicitamente, a necessidade de maior rigor disciplinar e punitivo em relação aos alunos.

A primeira coisa que me chamou a atenção é a generalização: parece que em geral os professores ingerem medicamentos estimulantes e antidepressivos (que são drogas) e que o ambiente escolar é um caos. É preciso salientar que a própria matéria fornece dados elucidativos apontando que são 17% dos pesquisados que fazem uso de medicamentos. Um índice alto, mas 83% não fazem uso de medicamentos desse tipo. E será que a escola é a única causa? Por outro lado, é preciso dizer que existem nas escolas muitas práticas de solidariedade, de alegria, de celebração, de convivência afetiva. A escola não é uma ilha e nunca foi. É ilusão pretender que aquele ambiente esteja preservado em relação ao modo de vida e aos problemas da sociedade.

Creio que outro aspecto que chama a atenção nas matérias é a idéia que elas passam que os problemas apontados sejam, apenas, problemas de conduta dos alunos, deixando de questionar a própria instituição, como se nela nada precisasse ser modificado. Aí é que está, a meu ver, o grande nó da questão. A instituição escolar está em crise, assim como outras tantas instituições da Modernidade: a família, o Estado, a política, etc.

Pensar em resolver a complexidade dessa crise, com medidas disciplinares, certamente os resultados não serão duradouros e eficazes. É preciso, talvez, de imediato algumas medidas nesse sentido, mas é muito mais urgente que se repense todo o funcionamento da instituição escolar, que se repense a própria instituição. Instituição que mantém há séculos a mesma forma de funcionamento. A geração que nos chega às salas de aula não tem as mesmas características e formas de perceber a realidade que a nossa geração. Essa geração que chega às salas de aula, denominada por alguns pesquisadores de “geração celular-conectiva” tem outra forma de leitura de realidade (é imagética), outra forma de se comunicar, de se auto-apresentar, não quer ser representada, não legitima a hierarquia, tem uma linguagem própria, diferente da nossa geração. Para essa geração, que tem acesso amplo a informações, que se criou em outro ambiente familiar, com outras formas de aprender a linguagem, às vezes com pouca atenção, pouco afeto, pouca presença paterna ou materna. Enfim, a instituição escolar, com o caráter disciplinador e de confinamento, desejada por muitos, é rejeitada, por vezes odiada e a reação é a fuga, a agressão. São aspectos que precisam ser considerados.

Mas não poderia deixar de lembrar que no caso do Estado do RS, a própria SE e governadora tem contribuído para agravar a situação e depreciar a importância social dos educadores, prendendo, processando seus dirigentes, na sua legítima luta para melhorar a educação. Além de assoberbar o trabalho dos educadores com determinações de enturmamento, falta de condições de trabalho, redução de carga horária para estudo e formação continuada, ameaças ao plano de carreira, precarização nas formas de contratação, entre outros aspectos que provocam insegurança, frustração e desrespeito à comunidade escolar. Isso as matérias omitiram. Por que será?

Um espaço de conversação

O desejo de dialogar de forma aberta e democrática instigou-me a tentar produzir comunicação autônoma, através desse recurso denominado Blog. A grande imprensa, monopolizada como é, cria poucos espaços de participação e seleciona as versões que lhe convém, por isso poucas vozes e poucas versões podem se manifestar. A gente reclama, reclama ...Hoje a Internet nos possibilita espaços de comunicação. Então vamos tentar.

Tenho vontade de me manifestar sobre muitos assuntos, mas tenho certa dificuldade para me expressar escrevendo. Vou tentar. O objetivo do Blog é compartilhar opiniões, informações, experiências, histórias e emoções, principalmente em relação à educação. Sei que será um grande aprendizado: ler opiniões diversas das minhas, rebater idéias com respeito, ler as contribuições das pessoas que me visitarem no Blog, ter disciplina para escrever. Confesso que tenho algumas dificuldades com esse instrumento, o computador, que funciona como uma poderosa prótese que nos potencializa. Minha geração faz um enorme esforço para se apropriar desses recursos midiáticos. Somos a geração dos livros, da máquina de escrever, da linguagem racional, lógica-linear. Mas vamos aprendendo. Conto com a tolerância, paciência e generosidade dos que me visitarem.

Abraços Tereza.