sábado, 19 de novembro de 2011

CONTRA A ALEGRIA E A FAVOR DO CONFINAMENTO

Muita gente não consegue dormir com o "barulho" da música dos bares e dos clubes e se incomodam com mesas sobre as calçadas.

Contudo existe gente que teima em fazer os ruidos da alegria: curtem música, encontro com amigos, dança e ambientes com gente, insistem em curtir a vida noturna.
Resultado? Os ressentidos, demitidos da vida, neuróticos e outros adjetivos, preferem denunciar ao ministério público e mandar fechar bares, impedir jovens de se encontrarem nas ruas, recolher mesas postas nas calçadas, desocupar as ruas e forçar todo mundo a se recolher cedo.

Penso que tem muito preconceito contra a juventude, nessas demandas judiciais. Falo juventude porque é a maioria. Mas tenho ido a bares e as vezes levo minha mãe que tem 86 anos e ela curte.
Afinal, a noite é feita para dormir, dizem alguns, depois, é claro, de congestionar a cabeça com a violência, a mediocridade, o mau gosto, o moralismo, o denuncismo, as promessas messiânicas, os apelos consumistas e tantas outras barbaridades que abundam os canais de televisão.

E os cidadãos de bem que desejam dormir, conseguem, com satisfação que a justiça mande lacrar bares e clubes. Hoje eu ia dançar no Clube Caicheral, ainda bem que passei por lá e vi as faixas e cartazes oficiais de interdição.
Certamente os denunciantes vão tentar dormir, pois não devem se incomodar com o barulho das motos que circulam com os canos de descarga abertos e andam longas distâncias roncando motor, e tantos outros ruídos de carros, sem nenhum respeito e sem que ninguem os moleste.

Por que será que as pessoas se incomodam tanto com o movimento de gente nas ruas, à noite?
Perigo são as ruas desertas: 21 horas já tem pouca gente nas ruas, perigo para quem precisa se deslocar, atração aos batedores de carteira.

O dia que as pessoas encherem as calçadas de mesas, que em cada quadra houver música e serenata, não precisaremos implorar aos governantes que lotem as ruas de policiais.
Quando vamos compreender isso? Falo porque agora parece que virou moda: li no Sul 21, que a justiça ameaça fechar os bares da cidade baixa de Porto Alegre. Vai ficar como o centro, lugar perigoso, entregue aos bandidos, onde os imóveis perderam valor.

Parece que cresce o número de pessoas que desejam o confinamento e o controle sobre suas vidas.
Que vivam os bares, as ruas movimentadas, a música, a dança e, com moderação, a boa cerveja e o bom papo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ANDEI SUMIDA. RETORNANDO.

Quando ando muito atarefada eu me atrapalho toda e não consigo escrever.
Me comprometi com 3 tarefas que tem tomado quase todo meu tempo e minhas energias.
A primeira é com uma editora, contribuindo com a avaliação pedagógica de uma coleção de história composta de 4 volumes. Isso requer uma média de 4 leituras cada volume e mais pesquisa, elaborações teóricas, leituras e reuniões. Gosto desse trabalho, a equipe é muito simpática e inteligente, mas envolve tempo, dedicação, leitura, reflexão e desgaste físico.
Dói o corpo quando fico horas no computador. Interrompo para cozinhar, sair um pouco e costurar.
A segunda tarefa é justamente costurar. Desafiei-me, por prazer e por amor a fazer umas roupitas bonitas para minhas filhas. Escolher modelos, fazer os moldes, cortar, alinhavar, provar, ajustar e finalmente dar os acabamentos e...admirar. É muito bom transformar um pano numa peça bonita! Já fiz diversas peças.
A terceira tarefa é ajudar a minha mãe a adaptar-se à nova morada e à moça cuidadora, que é um amor de pessoa.
Agora estamos morando numa casa, como era o desejo da mãe, que tem quase 86 anos. Ela não conseguia se acostumar a morar no apartamento. Ela costumava falar que sentia-se "empuleirada, engaiolada". Então nos mudamos e estamos tentando também nos acostumar. Já fizemos horta e já estamos colhendo alface, chicória e couve.
Plantamos flores e estão lindas e a mãe gosta muito.

Temos o compromisso de cuidar de um gato, o Gringo, que herdamos de nossa filha Alice, que não pode mante-lo no apartamento. O gato ganhou o mundo e estamos muito apegados a ele.

Ah, na morada tem um pé de jaboticaba, que se abarrotou de frutos. Comemos até nos empanturrar e fizemos licor. Demos de presente baldes pros visinhos e todos os dias o chão amanhece preto de frutas que caem. Uma raridade, ainda mais considerando que essa árvore rara deu num quintal de uma casa na cidade.

Tudo isso fez nossas vidas tomarem outro ritmo e desligamos de muitas coisas para reconstruir outros modos de viver.
Ainda é preciso dar conta de tantas outras pessoas e tarefas que a gente tem com as filhas e o filho, com irmãos, sobrinhos e outros parentes e amigos, além de reuniões em algumas escolas, a dança de salão, o Boteco do Rosário, que é uma delícia, algum baile e alguma viagem. Quanta coisa!

Um dia desses fui ao INSS com minha filha Lúcia. Cada vez que a gente fica lá, com a senha, esperando ser chamada no painel eletrônico, fico observando e conversando com algumas pessoas.
Quanta gente fazendo perícia médica, pedindo aposentadoria, pensão, auxílio doença! Examinam papéis, juntam documentos...quantos rostos cansados, contrariados, envelhecidos, sofridos! Puxando assunto a gente ouve cada história, de arrepiar! Fico pensando: o que seria desse povo sem a Previdência e a Assistência Social? Conquistas dos brasileiros que não podemos perder.