quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Rixas matam mais que o crak ????????

Rixas matam mais que o crak. Essa é a manchete do Diário de Santa Maria.
Como interpretar essa manchete? Quem mediu esse indicador? Será que ele é relevante?
Mas o pior não é a manchete. O pior é o jornal gastar 4 páginas contando todas as mortes ocorridas nos últimos tempos. O relato inclui nome das vítimas, dos criminosos, forma de matar, incluindo os requintes de barbárie, do tipo: facada, martelada, queimado vivo, enterrado, etc. Um horror!
No que isso ajuda na vida e na formação das pessoas? Que importância construtiva tem esse tipo de informação?
É um lixo! Uma opção jornalística asquerosa.
Estão sem assunto? Será que não há ninguém que faça análises sobre questões ambientais, sobre a solidariedade das populações que resistem aos cataclismas ambientais, sobre o Haiti, sobre o Fórum da Economia Solidária, que aconteceu em Santa maria, e que teve debates muito significativos em assuntos que envolvem a vida de todos nós, tais como a segurança alimentar e o meio ambiente.
Ou será que a ninguém interessa os conteúdos dos temas que estão sendo debatidos no Fórum Social Mundial em Porto Alegre e região Metropolitana?
Pelo menos poderiam fornecer informações necessárias à população sobre a constante falta de água que tem ocorrido em Santa Maria, bem como se a Corsan está consertando as adutoras.Se não sabem como encher as páginas do jornal, saiam pelas ruas e falem com as pessoas, garanto que vão ter muita matéria.
O jornal tem se revelado muuuuuuuito pobre, em todos os sentidos. Lamentável!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Envelhecer é um desafio.


Em cada fase da vida a gente tem algum tipo de insegurança, tanto nos aspectos profissionais, quanto nos relacionamentos inter-pessoais. No entanto, para mim, nada se compara com a insegurança de envelhecer, não só porque é chato mesmo percebermos o declínio de nossa corporalidade. Não há como manter o mesmo vigor, a mesma força, já nem falo em beleza, porque essa é muito subjetiva. Mas o avançar da idade nos coloca limites sim: uma luta cotidiana para nos manter caminhando, trabalhando, pensando, produzindo...
A matemática é cruel com quem já passou dos sessenta anos. Coisas do tipo:
- você não é mais convidado para ser padrinho de criança, porque, é provável, a pobrezinha, não vai ter dindos por muito tempo;
- Você pensa em fazer um curso e logo reflete sobre a idade que vai ter quando concluí-lo. Será que vai valer a pena? Por quanto tempo vai aproveitar?
Administrar o provável tempo que resta é um problema: fazer opções, se possível, sem errar porque o tempo urge, é preciso aproveitá-lo bem. Agora, há tempo, ainda, para viajar e realizar algum projeto que antes não foi possível, por causa dos cuidados com a familia ou dos deveres com o trabalho.
Ainda há desejos de fazer muitas coisas que os jovens gostam: sair para um evento, para um festival, para danceterias, bares,participar de lutas diversas, etc. E aí vem a sensura explícita ou implícita. Explícita: "não é lugar para a idade de vocês" ou a implícita que se manifesta no esquecimento para os convites, nas escolhas dos lugares, as vezes sonsos, apropriados aos velhos.
E o sentimento de ridículo então? Entre tantos, demonstrar que ainda há sexualidade ativa...é difícil!
Eu, quase sempre, me sinto ridícula nas festas familiares, na hora das dançar, mas eu danço mesmo assim.
Opinar? Também é complicado. Percebe-se que perdemos a autoridade para falar e ser ouvidos, porque nossa época foi outra. Já criamos filhos, mas a experiência já é passado. Já fomos profissionais, mas agora estamos aposentados,...é a idade do fui, do fiz...Mas, que pena, a humanidade perde porque temos tanta potência de vida, tanta experiência e sabedoria!
Contar histórias? A gente gosta, mas percebemos que começamos a repeti-las e sempre tem alguem para "sutilmente" nos lembrar: "Ah não, pode parar, de novo não"!
E nós, idosos, ainda temos a temperatura alterada, principalmente as mulheres. Sempre com calor, a maquigem escorrendo, o rosto húmido. O que afasta os jovens de nos beijar, nos afagar.
E tem mais: não sei porque, quase sempre, destinam à nossa faixa etária a tarefa de cuidar dos mais idosos que nós. Deveria ser os mais jovens a fazer isso, já que alguns anos "perdidos" não vão retirar o tempo de vida, tão precioso para viajar, sair. Para nossa faixa etária, cinco ou seis anos são, talvez, os anos possíveis para ainda realizar algum sonho, pois temos pouco tempo para realizar essas atividades. Depois vem a doença e a "passagem".Pelo menos as tarefas de cuidados com familiares idosos, deveriam ser compartilhados.
Fora tudo isso nos desafiamos: como nos tornarmos agradáveis, criativos, alegres, bem humorados, engraçados, divertidos, bonitos, interessantes...? Esse é o desafio para que não reste, apenas, concorrer a raínha de algum grupo de terceira idade.
Vou me esforçar para, talvez, não passar pela solidão, que percebo todos os dias, os velhos são submetidos. É depressivo? É a vida como ela pode ser sentida. Mas, no meu caso, sou dura para constatar, mas esperneio, luto e tenho muito ainda para aprontar.
Bem, ajudada pelo meu querido Irineu, vai uma reflexão mais filosófica.
Somos enquadrados a viver nos esquemas da sociedade moderna, que disciplina a todos a ainda disciplina o viver dentro de esquemas pré-estabelecidos e estanques: infância, adolescência, maturidade (tempo produtivo) idoso (aposentado). Ou infância, escola, universidade, trabalho assalariado público, privado, aposentadoria.
Esta sociedade está indo pelos ares, tendencialmente se desmanchando no ar. Todos nós somos produtores de riquezas, através de nosso viver, desde crianças, até morrer.
A vida, desde a infancia, necessita de água, energia, moradia, alimento, comunicação, transporte, cooperação, afeto, acolhimento. E tudo isso acumula riqueza para o capital. O sobrevalor está saindo, principalmente, dos serviços básicos e cada vez menos das fábricas de mercadorias.
As crianças e os idosos sofrem muito mais a opressão das pessoas e do sistema: nos tratam como improdutivos.
Ora, improdutivo, parasita e vampiro é o Capital e as pessoas que assim se comportam e assumem esses enquadramentos.

Tereza, como tu reclamas!

Tereza, como tu reclamas! Reclamo sim, mas nem tanto. Deveria reclamar mais e depois, reclamando faço terapia, me stresso menos, frente a tanto abuso, desrespeito e incompetência, que a gente é submetido cotidianamente. Justifico. Ficamos dois dias sem telefone. Sabem por que? Porque a NET esteve no prédio onde moramos e ao "consertar" alguns problemas, enganou-se e ligou na nossa linha o telefone da vizinha, que é atendida pela GVT.
A GVT veio arrumou o da vizinha e o nosso ficou mudo. Ficamos dois dias atendendo chamados, que eram para a vizinha e tentando agendar com a NET uma visita técnica. Quanta musiquinha estridente tive que ouvir do telefone da NET.
Finalmente arrumaram. E o pior é que durante esses dois dias, estivemos sem água. Em casa, algumas horas, esperando a visita da NET e sem poder usar banheiro, fazer comida, fazer qualquer tipo de higiene.
Quanto à água, o racionamento continua. Ontem tomamos banho fora de casa, comemos fora e passamos o dia fora, depois de levar minha mãe de 84 anos na casa de outra irmã.
A Corsan pede paciência, pois com tanta chuva rebentaram duas adutoras. Claro, a gente entende. Precisavam de alguns dias de sol para consertá-las. Tivemos diversos dias de sol e o problema continua. Hoje veio um pouquinho, juntei nos baldes para por nos banheiros.
Aí lembrei-me do que a governadora Yeda divulgou amplamente: A Corsan é superavitária, isto é: dá lucro. Ou seja, gasta menos do que arrecada.
Quando estudei economia política, lá no curso de Ciências Contábeis, algumas décadas passadas, lembro-me de um princípio ético sobre as empresas públicas: O superavit não é ético porque significa que o Estado está arrecadando mais do que os serviços que deve prestar. Como as necessidades da população serão sempre infinitas, não é admissível que sobre dinheiro. Se sobrar é porque serviços estão deixando de ser prestados, com qualidade, porque a demanda é sempre crescente.
Essa era a concepção. Não é mais, certamente. Por que? Bem, não vou cansar ninguém com explicações sobre o Neoliberalismo e o seu Estado Mínimo. Todos já conhecem.
Na prática, os lucros da Corsan significam menos gente, menos equipamento, menos recursos para fazer, com eficiência, a água chegar a todos, em condições de potabilidade. Água, ainda temos, e agora com tanta chuva não há escassez. O que temos é problemas na sua distribuição, por causa das dificuldades técnicas da Corsan que está precarizada para dar lucro (superavit).
Claro que a gente aproveita e faz um exercício de reflexão sobre a importância de usar a água com respeito e parcimonia. Faz também a gente desenvolver, sempre mais, a solidariedade com aqueles que vivem em situação de escassez. Mas não se admite a escassez por causa do caixa que a Governadora fez e faz, para gastar em seu palácio e repassar a seus amigos, em forma de incentivo e isenções. Certamente não estou criticando os servidores que estão trabalhando na Corsan. Creio que fazem o que podem.Enquanto isso, acho que hoje vou matar o banho.Ah, e a gente não tem canais efetivos de reclamações. Claro, primeiro a gente tenta reclamar para as prestadoras de serviços, mas somos atendidos por gravações que mandam discar números. Não há possibilidades de dialogar, muito menos de expressar as merecidas xingadas, que, dá vontade e que são merecidas. Paciência, haja paciência!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Alegria e sensualidade

Não me lembro onde eu li que a tristeza despotencializa, paralisa as pessoas. Concordo e é por isso que eu e o Irineu, buscamos espaços e momentos de prazer e de alegria.Nós, que estivemos durante tantos anos, envolvidos na luta por uma educação de qualidade, na luta político-partidária e em alguns momentos nos movimentos populares, agora, já mais velhos,desarticulados de algumas antigas lutas, já aposentados,filhos criados e educados, ousamos tentar outros espaços, já com outra compreensão. Não desistimos de tentar nos engajar, onde possível, para construir espaços de liberdade, de democracia, de participação, de protagonismo.
Participar,escrever, ler, conversar, produzir comunicação, criar novas relações ...afetar e ser afetado, no cotidiano, sem a pretensão de ser modelo ou testemunho para quem quer que seja, nem para os filhos (que já são bem crescidinhos e que têm nos ensinado muito), tem que vir acompanhado de alegria, de cuidados com nossa vida, com o prazer de fazeres que ainda não tínhamos experimentado.
A satisfação de, tres vezes por semana, caminhar e fazer musculação, junto com outras pessoas de nossa idade e descobrir que lá a gente estabelece novas relações, novos encontros. O prazer de, duas vezes por semana, participar de um grupo que se encontra para aprender a dançar e com alguns sair para dançar.
Ontem à noite fomos no Skato bar, jantar e dançar.Gostamos muito da programação: jantar, dançar, encontrar conhecidos e apreciar a dança e o prazer dos outros.
A dança aproxima, é arte, alguns dançam para se exibirem.Alguns com razão, dançam bem, outros nem tanto...mas pensam que estão arrasando. Mostrar seus corpos dançantes, ágeis, leves, ...alguns desengonçados, mas todos sensuais.
Corpos mais ou menos juntos, concentrados na música ou no corpo do outro. Em alguns é notável o prazer de estarem abraçados, ao som da música, deslizarem pela sala, como se lá estivessem sós, um para o outro.
Algumas músicas românticas, chorosas, de dor de cotovelo, embalados pela voz meio rouca da cantora, eram mais apreciadas, a sala ficava repleta. Bonito, saudável. As pessoas, tenho certeza, enfrentam melhor a labuta e os dissabores da vida, após uma noitada de música, dança e sensualidade. Inclusive nós. Eu tinha tanta vergonha de dançar, ainda não me atrevo a faze-lo, se o ritmo for desconhecido.Descobrir esse prazer foi uma vitória para mim e creio que para o Irineu também. Ele dança muito bem. Adoro dançar com ele! A dança é, sim, revolucionária, me trouxe alegria, prazer que não imaginava. E o Irineu foi tão companheiro, ajudou a realizar esse meu pequeno sonho.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Covardia com o povo haitiano

Depois de acompanhar as notícias sobre a tragédia do Haiti,por mais de semana, a gente ouve desconfiada as afirmações e a manipulação de imagens feitas pela grande mídia.
Ouvi besteiras que evidenciam o preconceito com aquele povo. Vou citar algumas. "essa tragédia até vai ser boa pro Haiti, porque lhe dá visibilidade". "Eles atraem desgraças, talvez por suas práticas de macumba" Ou ainda: O povo do Haiti já era muito pobre, é um povo sem identidade - não são africanos, também não são franceses e, apesar de viverem próximos a Miami, também não são americanos" " É preciso reforços militares para enfrentar a violência e os saques" "eles não sabem se organizar"...
A lista poderia ir longe, mas creio que já chega para ilustrar os absurdos.Não acho necessário comentar essas frases. Já falam por si.
Quero crer que minhas impressões não sejam verdadeiras, mas creio que, deliberadamente, estão construindo uma idéia de caos sobre o povo do Haiti, deliberadamente a ajuda humanitária não está tendo prioridade.
Quando falam em saques "criminosos" a imprensa é imbecil ou canalha. Chamar de saque o direito fundamental de tentar comer e tomar água, depois de perder tudo, do pouco que tinham? De que saque estão falando?
Com tantos recursos tecnológicos, por que está sendo tão lenta a distribuição de ajuda humanitária (comida, água e socorro médico)? Desconfio que os representantes do Império (Estados Unidos), desejam e dificultam a chegada dos bens fundamentais de propósito, para levar a população ao desespero e irritá-la, e aí, sim, legitimamente, se indignar e cometer atos de "violência". É preciso justificar tantos militares e tantas armas hostensivamente chegando ao país.
Quem mandou os E.Unidos tomar conta dos aeroportos? Estão criando dificuldades com a chegada de ajuda humanitária. Estão dando espaço à chegada de mais soldados e armas.
Esse povo precisa de comida e não de armas. Eles não estão em conflito.
Quem e oque esses militares querem proteger? Certamente a propriedade privada. Aquele povo tão empobrecido vai precisar refazer suas casas, vai ter que botar sua tenda em algum lugar. Que lugares serão esses?
Não serão impedidos e reprimidos, para que não ocupem propriedades privadas? Certamente o aparato policial não é para garantir reconstrução da dignidade dos empobrecidos mas para garantir os bens, as propriedades dos ricos que por lá exploram e saqueiam. Ou para que os haitianos não reconstruam com autonomia seu país, afinal a história dos haitianos é uma história de resistência.
Resumindo: Os haitianos estão sofrendo, além das dores do terremoto, das perdas humanas, outra invasão. Isso é covardia.Estou indignada.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Onde estão as crianças?

Hoje dei-me conta que ha dias e dias não vejo crianças, não ouço vozes, risos e choro de criança. E como sinto falta! No prédio onde moro não há nenhum espaço para as crianças, como na maioria dos prédios, como nas ruas, por toda parte. Qual o espaço para as crianças?
Certamente vivem trancadas, sentadas na frente da televisão, comendo bolachas recheadas. Ou elas estão rareando mesmo.
E como nos faz falta conviver com crianças! Elas tem muito a contribuir com nossa alegria, elas tem muito a nos ensinar.
Ai, que saudades de meus filhos crianças, de meus sobrinhos. Que turma, que algazarra, que comilança! Quantas histórias, quanta diversidade juntas, quanto afeto!
Como era bom fazer bolo, bolinho de chuva, bolo formigueiro, refrigerante caseiro... E como comiam!
E como jogavam bola e nadavam no açude, e fugiam para o morro, escondido de nós. E as conversas, falando todos ao mesmo tempo, não sei como se entendiam.
Como gostavam de se juntar! Tinha de todos os tamanhos. Tenho saudades até do cheirinho de xixi, que as vezes escapava das fraldas ou de algum que se perdia e fazia xixi dormindo, durante aqueles sonos gostosos e profundos de quem estava acabado de tanto aprontar. Que saudade de criança! Acho que preciso ir pras vilas, onde moram os pobres. Lá, creio, vou encontrar crianças. Que bom!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Orgânicos?????

As coisas estão mesmo corrompidas e invertidas. Vi hoje, lá no BIG, o setor de verduras "Orgânicas", caríssimas. Aliás, todas as frutas e verduras estão muuuuuuito mais caras que na rede Super ou mesmo na Rede Vivo. Mas voltemos ao orgânicos. Dizia em alguns rótulos dos ORGÃNICOS', "SEM AGROTÓXICOS".Ou seja:para quem tiver dinheiro, existem alimentos que não tem veneno. Para a maioria dos mortais comuns, alimentos que NÃO SÃO ORGÃNICOS, que contém venenos. Significa que vão causar algum tipo de prejuízo ao organismo. Ora TODOS OS ALIMENTOS TEM A OBRIGAÇÃO DE SEREM ORGÃNICOS. Isso deveria ser rigorosamente fiscalizado: foi necessário algum tipo de veneno? Bem, de que tipo, quanto tempo deixará resíduos? Ou será que, de propósito, é preciso deixar um nixo de alimentos para quem tem dinheiro e DESEJA COMER DE FORMA DIFERENCIADA? Chegamos ao fundo do poço! Aquilo que deveria ser natural, direito de todos, virou excessão e um Mercado especial e caro. Precisamos protestar contra isso. Precisamos descobrir um modo de fazer isso, urgentemente.

Fofocas sem importância

Sei que sou muito trapalhona quando dou de me enpolgar e fazer discursos ( depois de umas cervejinhas). Uma vez fui dizer "nesse final de século" e falei: "nesse final de sexo". (numa palestra, e nesse dia sem cerveja).Imaginem que vergonha!
Coisas que acontecem, o que me consola é que não é só comigo. Ando observando, sem esforço algum, as besteiras que são ditas nos telejornais e nos programas de televisão. Lembro-me de algumas, poucas, porque não tenho boa memória.
Hoje, por exemplo, um repórter comentava os tremores de terra que andou acontecendo no Brasil, lá pelo nordeste. O jornalista encerrou a matéria dando algumas dicas de como se proteger de terremotos, entre elas ele soltou a seguinte afirmação: "para evitar que caiam objetos, esconda-se embaixo da mesa". Acho que ele quis dizer, "para proteger-se dos objetos que caem, esconda-se sob a mesa". Dicas são, quase sempre, desnecessárias, porque subestimam a inteligência das pessoas.
É também muito comum as pessoas dizerem que algo "vem DE ENCONTRO" a uma idéia ou necessidade, quando querem dizem que algo vai concordar com o que estão pleiteando...( de encontro, significa contra alguma coisa).
Mas o que gosto mesmo, é de ver as trapalhadas que as apresentadoras do jornal do Almoço, da RBS. Um dia desses uma delas afirmou: "Se não for bom, mal não vai fazer"...liquidando com o esforço de uma pobre nutricionista, que se esmerou com receitas de sucos adequados ao verão.Se tivesse ficado calada, teria contribuído e valorizado o esforço da nutricionista.
Ou então a contribuição que elas tentam dar aos comentários do Lasier Martins, após matéria explanando sobre as notícias de mensalão, corrupção e impunidade. Puro clichê, lugar comum, tipo "é por isso que é preciso saber votar"...
E quando falam do tempo, então? Por que será que tempo bom é sempre sol? "Vai ser possível aproveitar a praia". Que perspectiva é essa de análise do que é tempo bom? Ora, o tempo é bom quando chove onde há seca, quando faz sol quando está chovendo demais. Na vida das pessoas, o tempo é bom,se vai ajudar a melhorar a vida das pessoas: irrigar as plantas, abastecer as fontes de água, secar as inundações, fornecer sol para a germinação, a floração das plantas... é por aí. Os comentários sobre praia, por exemplo, são desnecessários e irritantes, principalmente para quem não tem nenhuma chance de, sequer, pensar em praias. Essas meninas e esses meninos, tem OBRIGAÇÃO de se capacitarem melhor. Não temos que poupá-los das criticas.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Sobre as pontes que caem

Temos sido bombardeados com notícias de tragédias, que parecem naturais. Perder familiares afogados, soterrados, prensados nas ferragens nos acidentes, não é natural e é, sim, doído e trágico.
Morte natural é morrer de doença, de velhice...Tento me colocar no lugar das pessoas que perdem familiares de forma trágica, ou mesmo imaginar a casa inundada e perder tudo, inclusive coisas que não há dinheiro que recupere, como fotografias e outras coisas pessoais, que guardamos e prezamos. Nosso povo anda sofrido. Devemos, sim, realizar gestos de solidariedade e, principalmente, não acostumar,não perder a sensibilidade.
A imprensa tem exagerado na dose, banalisado a dor, explorado o sofrimento. Não creio que isso ajuda, parece que vai tornando corriqueiro e natural, aquilo que é tragédia.
Mas o que precisamos é que se conheça melhor os acontecimentos. Divulga-se, repetidas vezes, a imagem de um determinado prefeito, chorando a morte do seu vice e não se divulga, quase nada, sobre as medidas, as responsabilidades, as providências que serão tomadas.
Sempre cruzei pontes, com tranquilidade, porque confiava nas tecnologias da engenharia, na competência dos encarregados de vistoriar, na certeza de que os órgãos responsáveis, realmente estavam fazendo seu serviço.
Acreditava, que nos orçamentos públicos, houvesse recursos previstos, para reformas e construções,aquilo que contabilmente chamamos de Reservas. Imaginava que haveria planilhas eletrônicas, com o mapeamento de pontes e com suas respectivas idades e características, situação, estado de conservação, etc. e com a previsão de reformas e reconstruções.
Todos nós somos fiscalizados no trânsito, pagamos taxas, multas, anuidades, pedágios, impostos...acreditando que essas mesmas autoridades que cobram, garantem nossa tranquilidade, pelo menos no que se refere a riscos tão grandes,como o de ruir uma ponte. Os buracos no asfalto a gente tem aguentado.
Ninguém nos conta direito o que os governos fizeram, deixaram de fazer ou farão. Ninguém nos esclareceu se alguma comporta de barragem estourou ou foi aberta. Vivi muitos anos lá perto da ponte do Jacuí. Vi muita enchente, muita inundação de lavouras. O que teve de diferente, dessa vez,que fez a ponte ruir? Qual era a situação dessa ponte? Quando foi vistoriada por técnicos competentes? Queremos saber, temos esse direito.
É certo que o rio está quase sem leito, e muito arrozeiro sabe das causas.
Claro que nos interessa saber da dor das vítimas e queremos todos manifestar nossa solidariedade, mas queremos muito mais, é que os órgãos competentes façam funcionar as estruturas estatais, para que não voltem acontecer tragédias.
Quanto aos cuidados com o rio, todos somos um pouco responsáveis e creio que urge outro tratamento em relação aos rios.
Quanto a construções nos morros, é outro assunto urgente. Olho pros morros de Santa Maria e vejo que já existem construções nos morros. Onde estão os encarregados de fiscalizar e de licenciar? E não são só casas de pobres, são mansões. Já não tem tragédias suficientes para demonstrar os perigos? Estou farta de notícias pobres e apelativas. Notícias que entristecem e que só deixam o medo e a incerteza.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Impossível não se irritar

Sei que, ao ler jornais, vou me irritar com certas versões, mas as vezes, coisas que, talvez, passem despercebidas por muitos, me parecem mais perigosas e irritantes, porque parecem naturais e estas são as que vão construindo paradigmas.O Diário do dia 5 me deixou muito irritada com duas situações.
Irritação número um: o jantar dos Destaques de 2009, que o Instituto São José ofereceu para autoridades. Considerando que o Instituto é uma escola confessional, da igreja católica, de formação de futuros padres, não deveria Puxar saco de nenhuma autoridade e muito menos formular elogios muuuuuuito questionáveis. Dar o título de reconhecimento a Otomar Vivian (casa Civil do Estado), pela "capacidade de Doação e diálogo"? O que será que os servidores estaduais acham disso? Certamente nunca dialogou com as categorias de trabalhadores do estado, pelo menos não com os professores, que eu sei. Nesses moldes foram homenageados O Pe. Lauro, Pedro Aguirre, Shirmer, etc. E quem entregou os títulos foi o bispo Dom Helio Rubert. Este certamente teria coisas mais relevantes e mais cristãs, para fazer. Irritante mesmo! Sem falar que é difícil imaginar sobre que fatos o Instituto se baseou para formular os títulos. A gente sabe que na Igreja hierárquica e oficial quase sempre teve namoro e conivência com o poder constituído. Mas esse jantar exagerou na dose. Lamentável! Creio que seria conveniente para o Instituto, para ficar bem na foto com todos os lados que compõem o poder, ser mais sóbrio e abandonar a tática de puxar o saco das autoridades, para manter a escola confessional funcionando.Diálogo sim, puxassaquismo não. Isso nada tem a ver com Jesus Cristo, certamente.
Irritação número dois: É um comentário sobre o visual, que a ex Big-Brother Grazi Massafera terá que adotar,na próxima novela das 19 horas, para a composição de seu personagem, que me pareceu incoveniente e sugere um baita preconceito: Vou apenas transcrever a frase escrita no jornal, ela diz tudo:
"Para abandonar o visual angelical, Grazi escureceu o cabelo e aparecerá com tatuagens enigmáticas e um figurino muito sensual". (ela fará o papel de má, de vilã). Atenção todas as morenas e todos os que usam tatuagens e todas as sensuais: podem significar características de pessoas más. Frases sem efeito? Penso que é assim que se constroem os paradigmas.

Matiné com pipoca

Cinema de tarde, numa quarta-feira, com a filha Alice,meu marido Irineu e minha mãe, de 84 anos, foi inédito e programa possível graças a estarmos aposentados. Que bom poder dispor de tempo livre e fazer coisas que não tínhamos tempo de fazer em outros tempos.
Fomos ver o filme LULA, O FILHO DO BRASIL. Compramos uns exagerados sacos de pipoca, doce e salgada e lá estávamos nós, faceiros, a mãe toda atenta e sempre comendo pipoca.
Gostei do filme, tirando pequenos clichês, na tentativa de acertar o modo de ser do Lula, o filme é emocionante. Não é um filme que pretendeu mostrar a competência do Lula, a sua trajetória partidária e de governante. Mostrou sua trajetória pessoal, seu êxodo, a dureza da sua vida, suas perdas, seu lado humano nas relações com a familia, com seus amores, com o sindicato. Um pouco de sua liderança sindical, sua prisão, mas sobretudo sua relação com a mãe e a influência desta no modo de ser e de agir do Lula. Nisso o filme pareceu-me muito fiel. Pelo que sei. Fomos contemporâneos do Lula na luta contra a ditadura, na fundação do PT e assinamos e pegamos assinaturas pela libertação do Lula. Me emocionei muito porque fiz parte dessa história.
A mãe também gostou. Conversamos sobre isso com ela e, apesar da dificuldade de ouvir tudo o que é falado no filme, ela está disposta e sair mais com a gente para esses programas de matiné. Assim chamávamos, na minha juventude, os cinemas à tarde. Bom mesmo, valeu e adorei a presença da Alice, que já conhecia o cinema do Royal Plaza. Nós ainda somos caipiras em Santa maria, vindos do interior. Mas estamos aprendendo. Vamos longe!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

De volta

Voltamos todos ao cotidiano, diferente um pouco, porque Santa Maria está com menos gente. A maioria já está de férias. Ainda estamos meio de ressaca, de festas, gastos, viagens. Muita roupa suja pra lavar, arrumações pós-festas e viagens, balanço nas finanças...e as notícias. Gente acidentada, soterrada, depoimentos tristes, tudo bem ampliado e exageradamente divulgado pela mídia.
Hoje no jornal da RBS eles noticiaram os afogados das praias do RS.Algumas histórias, além de tristes, se prestam para o Sr. Lazier Martins, apelar e "sentar o pau" nos políticos, fazendo insinuações, superdimensionando os fatos, misturando situações e criando um caldo de indignação. Primeiro relataram que tres irmãos sofreram afogamento na praia de Imbé, bem em frente a uma guarita, onde deveria estar um salva-vidas, que não estava lá. Morreu uma menina de 12 anos e seus outros irmãos estavam no hospital em estado grave. Todos menores. Depois ele reclamou do estado precário das guaritas.Lamentável, de verdade, a dor dos familiares, mas o afogamento não aconteceu por causa do estado das guaritas e sim porque não havia salva-vidas.Lazie aconselhou os pais a processarem as autoridades para exigir indenização. Mas não explicou quem é o responsável pela contratação de salva-vidas: Prefeitura ou Estado?
Fica outra pergunta: quem são os responsáveis pelos filhos menores? Onde estavam os pais dessas crianças? Creio que não dá para ir à praia e esperar que os outros cuidem de nossos filhos. Nem sempre, é certo, os pais podem controlar tudo,mas não dá para sair procurando culpados. É lamentável.
Sobre o estado das guaritas, um repórter, querendo enfatizar a relevância do assunto, confirmou e mostrou a precariedade das guaritas, com os postes de sustentação corroídos pelos cupins e largou essa pérola: "VIRTUALMENTE essas guaritas precisam de reformas". Imaginem, será que é virtualmente, ou será urgentemente, ou efetivamente, ou literalmente...? Sei lá, dizem de tudo!
Creio que, de fato, há muita negligência com a vida. Cuidar é fundamental, é prioridade. Toda atenção é sempre pouca frente aos perigos, mas não dá para deixar de viver! Fico triste porque nestes feriadões morrem tantos jovens. Precisamos todos colaborar mais, cuidar melhor de nossos jovens, crianças e idosos.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo

Eu, meu marido Irineu, meu filho Pedro e minha filha Silvana passamos o último dia do ano e o primeiro do novo ano no Rincão de Lourdes, Caçapava do sul, na beira do Picó (riacho). Que beleza! Sem nenhum barulho de carros,( só dos fogos na noite da virada),dormindo em barracas, sob um luar fantástico. A família Dalmaso, o ramo do meu marido,(eram 10 irmãos, alguns já falecidos), é muito grande. De algumas décadas para cá, deram de se reunir a cada início de ano. Os dalmasos e seus "enxertos", formados por tres gerações,tornam o encontro interessante por sua diversidade. Sempre tementos que nascem. Alguns começando a viver, outros despedindo-se da vida.
A cada ano a gente resgata a história dos mais velhos e se homenageia quem alcança os setenta anos. Claro que só os do mesmo sangue, e como diz um sobrinho do meu marido, "cunhadas e cunhados não são parentes".
Mas o que importa é que a gente canta muito, come muito, toma banho no picó, dá muita rizada e toma muuuuuuita cerveja.
No mais a gente foge das festas consumistas e sem sentido. Lá a gente busca estar junto com as pessoas que nos são caras, tenta resgatar o que realmente importa na vida: a simplicidade,o convívio com a natureza, a fraternidade, a partilha.
Com essa motivação, eu e o Irineu queríamos expressar nosso desejo de que em 2010 o mundo seja um lugar menos ameaçador à vida: que caiam todos os muros, que nos envergonham tanto, que mais terra e mais riquezas sejam partilhadas, que todos consigam morar em locais seguros, que se construam estradas longe das encostas, respeitando a natureza, que cessem os extermínios de índios. Que todos possam se alimentar sem excessos, sem veneno. Que todos sejam cuidados por pessoas que as amam. Que os familiares não esqueçam seus idosos. Que não falte amor e acolhimento a todas as crianças. Que as escolas sejam lugar de encontro comunitário e de liberdade para aprender o amor, a conversação, o diálogo verdadeiro, a pesquisa e a criatividade.
Que todos possam ser, pelo menos um pouco, mais felizes. Desejo felicidade verdadeira a todos os meus irmãos e irmãs, meus cunhados, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, amigos, filhos queridos, meus genros e nora. Que sejamos pacientes, amigos e muito alegres.