terça-feira, 25 de setembro de 2018

Posicionamentos sobre o processo eleitoral


Diversos amigos têm me provocado para que eu me posicione sobre o processo eleitoral.
Então, vamos lá. Inicialmente quero tecer algumas considerações e, por fim, respeitando as diversas opções de voto, sugerir os candidatos nos quais vou votar.
Primeiramente, vamos às considerações. Sem querer afirmar categoricamente nenhuma das hipóteses que levanto, desejo compartilhar algumas ideias para reflexão de quem me der a honra de lê-las, alertando que neste espaço limitado não posso fazer justificativas aprofundadas.

-O modelo de democracia representativa e delegativa que temos parece estar se esgotando frente às necessidades das multidões e à complexidade dos problemas e desafios contemporâneos. Talvez por isso sejam tantas as frustrações e decepções.

-A desesperança é alimentada, também, pela ideia recorrente que dependemos quase exclusivamente das eleições para participação cidadã e para realização de ações que melhorem a vida.

-Acredito que as grandes transformações nas instituições, nos modos de vida, nas formas de gestão dos bens da natureza e dos recursos naturais, nas relações sociais, econômicas e nas novas subjetividades, tenham muitos limites para serem realizadas apenas pela via eleitoral (e não acredito e nem defendo a via insurrecional armada). O processo eleitoral pode contribuir sim, abrindo espaço para que as multidões, através de sua rica diversidade, possam ir construindo, vivenciando e cooperando para modos de vida libertários e emancipatórios. Para isso, são fundamentais gestores públicos que garantam a democracia, que dialoguem em lugar de reprimir,que impulsionem iniciativas de empatia e de solidariedade. É preciso organização, cooperação e ações para além do processo eleitoral.

-Entendo que as candidaturas de qualquer partido tenham que apresentar programas e métodos de gestão em que o eleitor possa vislumbrar mais tranquilidade, paz, oportunidades, garantia de saúde, educação, mobilidade, enfim, dignidade de vida, e que isso seja para todos os seres humanos, em qualquer condição e com cuidados inclusive com os outros seres não humanos.

-Tenho acompanhado quase todos os programas de propaganda eleitoral, de todos os partidos, inclusive do PT, e devo dizer, com toda franqueza, que fico insatisfeita. São insuficientes, pouco esclarecedores e, diria, até pobres.

-Percebo também que há candidatos e eleitores que em suas manifestações defendem projetos de governança que não manifestam preocupação prioritária em contribuir para melhorias das condições de vida de todos, mas centralizam seus programas e propostas no combate a situações e modos de vida e de ser que vão na contramão da inclusão e do respeito. Fazem afirmações de repressão, de abandono e de desmonte que em vez de potencializar a vida, contribuem para o extermínio, a anulação do outro. Alguns alvos são claramente identificáveis: os indígenas, as pessoas homessexuais, os pobres, os negros e negras, as mulheres, os quilombolas, os dependentes químicos, entre outros.
Em algumas manifestações transparece que a motivação é a intolerância e o ódio. Isso é perigoso porque gera mais violência.



Em segundo lugar, todos os meus amigos conhecem minha história política e minha relação de fundadora do PT. Tenho feito muitas avaliações críticas sobre algumas ações de nossos governos e acho realmente que a alternância é saudável para a democracia e oportunidade de novos aprendizados e espero que muitas coisas melhorem com os próximos eleitos em relação à gestão da coisa pública, na relação com a sociedade, nas alianças políticas, que devem se pautar em critérios programáticos e não fisiológicos e que aperfeiçoem também as relações internas do partido. Creio que, com alguma exceção embasada nas opções que descrevi acima, temos como escolher bons candidatos, em diversos partidos.
Quanto a mim, votarei por coerência à minha história e porque as opções programáticas, de modo geral, são, ainda, as que mais se aproximam do que acredito. Votarei em Haddad e Manuela, no Miguel Rosseto e Ana Affonso, aqui no estado, no Paim e na Abigail como senadores. E para deputados federais e estaduais temos diversas opções, com companheiros de grande valor e de história de luta e de coerência. Acredito que precisamos aumentar a bancada de mulheres, com opções populares e libertárias.

Pessoalmente vou votar e peço votos para LUCIA CAMINE, 13613. Primeiro pela pessoa digna, corajosa, serena, respeitosa, com grande capacidade de ouvir e de dialogar. Segundo pela clareza e preparo como educadora. Comprometida e com larga experiência em educação pública e de qualidade em todos os níveis. Eu a conheci bem quando fui Coordenadora de educação e ela era Secretária de educação no governo de Olivio Dutra. Voto na Lúcia com certeza e tranquilidade de que é um voto coerente com minhas convicções.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

As consequências do golpe, as "medidas saneadoras" e as perguntas que nos cercam



Fui contadora e professora de economia, mas dou início a este balanço como cidadã comum, mulher, mãe, avó, assalariada e dona de casa.
Derrubaram a Presidente Dilma por causa das “pedaladas”, desculpa ridícula e mentirosa. O povo foi instigado a ir às ruas por causa do descontrole das contas públicas, porque estava incomodado com os aumentos dos combustíveis, da luz, do gás, porque algumas medidas haviam cortado gastos públicos e porque ela fez algumas alterações na legislação da seguridade social, na previdência e...? Por que mais?
Também diziam que a inflação estava subindo, a recessão aumentando, o crescimento econômico muito baixo, o desemprego crescendo e que eram necessárias medidas duras de ajuste fiscal e uma efetiva reforma trabalhista para atrair investidores e ofertar mais empregos. 




            Hoje é possível analisar como estamos vivendo nos governos do MDB. Meu salário não teve reajuste, recebo parcelado, tenho que controlar muito onde e em que gastar porque empobreci: os combustíveis, o gás, a luz, a água, os medicamentos, os alimentos, as roupas, tudo está mais caro, apesar de dizerem que a inflação baixou. Sim, inflação baixa com preços altos. Por quê? Porque estamos vivendo uma brutal recessão. Não se pode gastar.
       Mas eu ainda tenho a garantia do salário mensal. Muitos perderam os empregos, muitos desistiram de procurar.
Eu me pergunto: quais foram as medidas saneadoras do governo golpista? Das leituras da Carta Capital, do Le Monde Brasil, e das notícias oficiais, mesmo como cidadã comum, algumas a gente já pode apontar e analisar.
Dá para afirmar que as medidas saneadoras não sanearam nada e não trouxeram nada de bom para a população. Funcionaram ao contrário. A aprovação da Emenda Constitucional(EC) 95 (Teto de Gastos) fez e continuará fazendo por 20 anos, cortes orçamentários em políticas públicas essenciais, que são básicas para a proteção social, ou seja, impactam os salários indiretos e acontecem sobre o lado mais fraco da população (saúde, educação, seguridade social, habitação popular, saneamento, transporte, etc.). O governo não cortou nas despesas financeiras que em 2018 têm dotação de 53% do orçamento de União (o lado mais forte). Qual o resultado disso? Aumento do desemprego, fechamento de postos de trabalho (apesar da reforma trabalhista), queda no salário mínimo e, de modo geral, ampliaram-se as desigualdades.


O pequeno crescimento no PIB não tem refletido no aumento de oportunidades de empregos, talvez porque o crescimento tenha ocorrido no setor agroexportador, extremamente mecanizado que não aumenta a oferta de empregos, até desemprega na medida em que avança em tecnologias, seguindo uma tendência mundial em relação às modificações nas formas de trabalho contemporâneo.
             Muitas conquistas populares de combate à fome e à pobreza estão ameaçadas com a EC 95. Um dos programas ameaçados é o Programa Farmácia Popular que chegou a cobrir 80% dos municípios. Programa que atende o direito ao acesso a medicamentos. Já foram fechadas 314 farmácias populares.
         Outros cortes foram no combate à violência de gênero. O Programa de acolhimento às mulheres vítimas de violência, que previa a construção das Casas da Mulher, parou e algumas foram fechadas por falta de recursos.
 Institutos de Pesquisas como o INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos) calcula que a EC 95 que corta gastos primários, gastos em programas sociais, responsáveis pela proteção social ao cidadão, cairá de 20% do PIB para 12%. Isso significa aumento significativo da pobreza extrema. O governo não considerou alternativas como o combate à evasão fiscal que deixará de arrecadar 160,4 bilhões de dólares (quatro vezes o déficit federal de 2016), não revisou os incentivos fiscais, muitos sem comprovarem os efeitos positivos para o país e que giram em torno de 250 bilhões de reais anuais (5% do PIB). Sem falar na reforma fiscal, que deveria tributar lucros e dividendos e não o faz.
            Ademais, outras perguntas se fazem necessárias:
Por que dolarizar os preços dos combustíveis? Com a descoberta do Pré-Sal, e considerando a comprovada capacidade técnica da Petrobrás de realizar prospecção e refino, pois temos capacidade de refinar 90% dos combustíveis e gás que precisamos (segundo informações dos petroleiros), por que pagamos tão caro pelos combustíveis? 
A Petrobrás tem como objetivo em seu regimento atender às necessidades de abastecimento em combustíveis do povo brasileiro, sem deixar de realizar bons negócios. No entanto, as notícias que temos é que estamos importando os produtos refinados de fora do país enquanto temos 70% de nossas refinarias ociosas. É preciso isso? A quem interessa a dolarização dos preços dos combustíveis?

       De modo geral todas as medidas do atual governo pesam sobre os ombros da população. Inclusive as medidas de combate à violência. Estão morrendo mulheres, jovens e crianças, numa guerra sem fim.  Na verdade, as forças de segurança lá estão para proteger as propriedades, sem preocupação com as vidas que quase diariamente são ceifadas.
         Nosso povo é inteligente e trabalhador, mas precisa de moradia, alimentação, transporte barato, comunicação, educação de qualidade, saúde...para ser produtivo. Sem acessibilidade ninguém é produtivo.  Sair da crise é aumentar a produtividade da população, garantindo-lhe condições para a vida e para o trabalho.
Mas o golpe não foi feito para contemplar a maioria da população. O golpe não teve apenas um caráter econômico, teve inspiração racista, fascista, de intolerância. Instigou o ódio, adubou o machismo, a homofobia, a rejeição ao negro, ao índio, às mulheres, principalmente as mulheres negras. Entre outras formas de discriminação.
            O mesmo Congresso golpista aprova leis terríveis que atacam a vida. Refiro-me à liberação de venenos na agricultura, não mais tolerados no resto do mundo. O Brasil vai se afirmando como o país paraíso dos lucros, sem barreiras à expansão do Capital que ataca a saúde e a vida de forma geral.
            As medidas de ajuste fiscal são certamente recessivas, antidemocráticas e aprofundam cada vez mais a pobreza e a dependência. A água, a energia, as sementes, o conhecimento, o solo, são fundamentais para a manutenção da vida e da soberania e não podem servir aos propósitos dos lucros e da acumulação.
         Um governo popular tem que garantir as medidas de proteção à vida (alimentos, saúde, cuidado com os alimentos, com a defesa do meio ambiente).
Tem também que preservar da ganância do Mercado e do lucro aquilo que deve ser comum da humanidade: a energia, as águas, as sementes, os solos urbanos e rurais, os conhecimentos, o saneamento, etc.. As pessoas precisam morar, transitar, estudar, cuidar da saúde, ter segurança alimentar, livre dos venenos.
O processo eleitoral não dará conta dessa complexidade de problemas, só a luta popular e a resistência solidária poderão construir emancipação. Para sair do cansaço e desânimo temos que começar a investir emocionalmente nos outros, na amizade, na solidariedade, no amor. 

“Se não formos capazes de sentir empatia, o futuro não existe. São os outros que nos validam que nos conferem humanidade” (BIFO).

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sexta-feira, 27 de julho de 2018

Por que viajar? Impressões sobre Salvador (BA)



Há uns cinco ou seis anos, eu e meu companheiro Irineu começamos a planejar viagens. Antes priorizávamos a família: criar, cuidar e garantir condições para que nossos quatro filhos estudassem. Não sobrava dinheiro e nem tempo para viajar. As pequenas viagens que fazíamos eram a serviço, ou enquanto militantes e alguma saída de férias com a família em lugares próximos.
Viajávamos nas leituras e sonhávamos em poder conhecer mais a diversidade da riqueza cultural dos diferentes povos, dentro e fora do Brasil. A primeira viagem maior que fizemos foi há cinco anos, quando fomos ao Chile, Bolívia e Perú.
Ano passado fomos conhecer o Rio de Janeiro (presente de nossa filha Alice). Viagem inesquecível. Rio maravilha, de fato.
Todas as viagens tiveram, é claro, o encantamento com os lugares desconhecidos e com as culturas locais. Antes de chegarmos ao nosso destino, a gente se prepara, estudando um pouco a geografia dos lugares, o clima, a economia, a situação política, a diversidade cultural e histórica. Em todas as viagens, procuramos praticar um olhar mais investigativo,  curioso e aberto, buscando conhecer, um pouco pelo menos, a cultura viva da população, para além das informações turísticas convencionais dos guias. Obviamente que enfrentamos os limites das dificuldades de comunicação com os idiomas diferentes.




Salvador: história, cultura e sincretismo

Na viagem a Salvador, em maio deste ano, foi mais fácil esse diálogo com os sujeitos locais e com os eventos e lugares de visitação porque fomos carinhosamente acolhidos e acompanhados por um casal de amigos muito queridos, Beatriz e Antoninho. Hospedaram-nos e nos levaram aos lugares históricos e de manifestações populares, como por exemplo, na casa da Mãe Menininha de Gantoa.
Em Salvador, o centro histórico fala por si só. Lá a gente vê fartamente os casarios antigos, preservados, alguns com o desgaste do tempo. O Pelourinho e arredores são fartos em igrejas antigas e prédios históricos, lindos, bem preservados, cheios de pequenos comércios e de artesanato e obras de arte.
 Andamos por aquelas ruas e vielas, perguntando e ouvindo. Notamos que o baiano de Salvador conhece e valoriza sua cultura e sua história. Não rejeita sua negritude, se orgulha dela, vive sua cultura que é fruto de uma secular resistência. Lá os estranhos éramos nós; por causa da brancura da pele, por diversas vezes fui abordada em inglês e confundida com uma estrangeira.

Em um dos dias da viagem, fomos com nossos amigos numa missa, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário no Pelourinho. Uma igreja que desde os tempos da escravidão era o lugar em que os negros iam à missa, obrigatória, mas separada das igrejas dos senhores de escravos, a igreja de São Francisco, toda cravejada de ouro, na praça da Sé, que, conforme nos relataram, era a Igreja dos Senhores. Participamos dessa missa, em que se manifestava, de forma clara, o Sincretismo religioso: missa católica, mas com o som dos tambores, da dança afro, da linguagem e refrãos que se ouviu também no Candomblé. Sim, fomos ao terreiro da Mãe Menininha e lá encontramos o mesmo padre que rezou a missa no dia anterior. Na igreja, além da imagem de Maria, havia diversos santos negros, que eu nem conhecia. A força e o vigor com que rezavam e cantavam nos comoveu.
O terreiro do candomblé, as imagens dos orixás, que são amplamente conhecidos do povo baiano, se encontram na periferia, mas são frequentados por ricos e pobres no mesmo terreiro, como foi com Jorge Amado e Antônio Carlos Magalhães, dois assíduos frequentadores, segundo relato das pessoas. Um de esquerda (Jorge Amado) outro e direita.




Visitamos a casa de Jorge Amado e Zélia Gatai. Um lugar em que se respira a Bahia. A literatura, a culinária, o candomblé, tudo exposto em obras de arte, cenários onde moravam Jorge e Zélia, plenamente preservados e com recursos tecnológicos, interagiam com o público e contavam histórias, explicavam o candomblé e as obras de Jorge e Zélia.




Conversamos muito com os taxistas e motoristas de uber, bem como com os vendedores na praia. Passeamos pelas ruas, frequentamos os botecos (inclusive provamos da cachaça famosa do boteco Cravinho). Gente muito comunicativa.

As diferenças culturais

Uma pergunta que procede: Por que em Salvador e na Bahia há uma efervescência cultural fortíssima, diversificada e múltipla que se espraia por todo o Brasil, e em outras regiões brasileiras as culturas populares se limitam aos contornos geográficos da região?
Paulo Leminski, observando essas diferenças, escreve que este contraste deve-se ao fator humano que se estabeleceu no início da colonização brasileira. Do Rio de Janeiro até o nordeste e parte do norte, a presença do negro é majoritária na constituição popular. O negro que de dia era escravo, à noite, na senzala, cultuava seus deuses, os Orixás, suas danças, seus modos de vida. Obrigados a serem batizados e cultuar os santos e divindades católicas, criavam as paridades dos santos católicos com os deuses orixás. Sobreviveram e resistiram para além da imposição da Igreja Católica e da Casa Grande. É a própria antropofagia de Oswald de Andrade. Deglutir, digerir tudo e aproveitar o que faz bem e expelir o que não lhes era significativo.
Leminski continua: de São Paulo até o sul predomina a dominação escrava catequética em reduções indígenas. A vida nas reduções era extremamente vigiada pelos Jesuítas, na tentativa de apagar da memória indígena todas as suas tradições, ritos e celebrações.
Para o centro Sul também vieram as migrações europeias que sofriam e viviam forte controle da Igreja Católica, da ideologia do trabalho, em que o lazer, a festa, a celebração, a dança, não faziam parte do cotidiano a não ser esporadicamente. É possível concluir, simplificando um pouco, que a força e a diversidade cultural de uma população têm a ver com a diversidade da cultura popular, em que a música, o cinema, as artes em geral, encontram inspiração.


Viajar é inspirador e em Salvador foi muito mais pelos diálogos com nossos anfitriões que se estendiam noite adentro, regados a vinho e muito afeto.


sábado, 7 de abril de 2018

A prisão de Lula

    Hoje, 8 de abril, Lula se entregou à Polícia Federal.  Preso após  um processo capenga, recordista em celeridade e com provas muito frágeis e muito questionáveis. Lula percorreu o país em caravanas, olhando nos olhos do povo e reafirmando sua inocência. Foi acolhido por multidões que receberam o afeto sincero de Lula, sempre carinhoso com todos e muito carismático, principalmente com os mais pobres.

 O PT e os movimentos sociais representantes dos trabalhadores, das mulheres, dos sem-terra, da comunidade LGBT, dos negros, dos quilombolas, acreditam na inocência do Lula e reconhecem o quanto tiveram, pela primeira vez na história dos governos do Brasil, atenção especial dos governos Lula e Dilma e por isso multidões o acolheram nas caravanas.

Abraçaram a ideia de eleger Lula, que lidera as pesquisas de intenções de voto, e "salvar"  o Brasil do processo de entrega do país aos Mercados em busca de Lucros e da retirada de direitos e conquistas sociais, com as reformas de "saneamento" fiscal.

O PT e os partidos e movimentos apoiadores de Lula, assumiram que a condenação política de Lula foi, além de injusta, parte do golpe que retirou Dilma da Presidência da República.

A possibilidade de Lula ser candidato e se eleger, acirrou  a raiva das elites, temerosas de interromper as façanhas do governo golpista. Era preciso condenar e prender Lula para segurar a grande força de mobilização da liderança de Lula: desmoralizar e calar Lula, seu seguidores e qualquer proposta de interrupção das "reformas" do novo neoliberalismo, que estamos sentindo e acompanhando.

Como estou sentindo isso tudo? Apesar de minhas avaliações críticas em relação aos rumos do PT e do último governo Dilma, faço parte dessa história. Já era militante antes do PT, no seu nascimento e durante toda a maior parte de minha vida.
Dói muito, sinto uma grande tristeza.É como se uma parte de minha vida fosse também encarcerada. Dói pelo que Lula representa, pelo que ajudamos a construir, pelo que não conseguimos evitar e pelos equívocos, em nome da governabilidade.
Dói porque eu pessoalmente entendo que o PT vinha cometendo equívocos nos últimos anos.  Dói porque não consegui me convencer  da absoluta retidão do PT e do Lula, quando tínhamos como uma de nossas bandeiras a transparência e o respeito pela coisa pública. Não acredito nas razões que condenaram Lula.

Para mim a culpa dos governos do PT e suas alianças para governar, a nível nacional, não foi por aceitar alguns favores (embora não devesse) mas esteve em negligenciar, se omitir, talvez, em relação a práticas daqueles que eram governos muito antes do PT se constituir e pior, insistir nas alianças e assimilar práticas e modos de governar que não eram do programa original do PT.
Modo de governar da quadrilha que hoje governa o país (Temer e seus comparsas).

Opção que desconstituiu o Movimento de 2013, que lutava por novos rumos  para melhorar o transporte, a saúde e a educação. O PT não conseguiu decifrar os enigmas que se apresentavam e preferiu optar por desqualificar aquele movimento que acabou por ser capturado pelas elites.

Optou por não radicalizar a democracia e as reformas de base, no sentido de empoderamento das potências de base produtivas, de baixo para cima, na grande diversidade natural, cultural e social existente no país, o que Lula fez principalmente no seu primeiro mandato.

Abandonou, portanto, seu projeto e sua base de sustentação originária, fragilizou a participação dos movimentos e das ruas e governou a partir das cúpulas que se distanciaram de suas bases.
Por fim, na crise, não fez uma sincera e ampla autocrítica e muito menos debateu com as bases e apresentou à sociedade, programa alternativo ao que os golpistas estão implementando, para tirar o país da crise.

O que fez o PT? Optou por recorrer a Lula e saiu às ruas com o slogan "pelo direito de Lula ser candidato e na defesa da democracia". Personalizou a luta num salvador: Lula. Jogou Lula contra a fúria de uma elite violenta, preconceituosa, que odeia pobre, racista, escravagista e que nunca aceitou as modestas mas importantes conquistas dos mais pobres, que Lula representa.

Dói, sim, a possível injustiça feita contra Lula, mas dói muito mais a ausência de debate e construção de alternativas populares que sejam construídas com a população.
Dói ver um líder de dimensões mundiais como Lula, de representação dos povos empobrecidos, de representação das lutas sociais e das conquistas sociais, achincalhado, condenado como criminoso, levando consigo a desmoralização de todos que durante décadas lutaram por justiça, igualdade e liberdade.Estamos fragilizados. Parece que escapa de nossas mãos a força para dar continuidade à luta, tão necessária para acabar com a barbárie da violência, da fome, da pobreza, do atraso, das perda de garantias de vida digna para as multidões, que o atual governo tenta implementar.

Sinto-me estonteada. Com quase 70 anos, vejo desmoronar muitos sonhos, muitas conquistas sociais, humanas, éticas, que construímos durante nossas vidas, fruto de nossas opções, para as quais dedicamos nosso tempo e o melhor de nossas vidas.
Certamente não teremos tempo de vida para ver como reconstruir e recomeçar novas lutas, com novos sujeitos e com novas formas de viver, de agregar e de resistir.
O PT não me parece disposto a mudar algumas práticas nefastas que vinha praticando. Me refiro à grande parte das cúpulas dirigentes.
 Sinto minha parte de culpa e talvez eu não esteja conseguindo ver claramente o que está acontecendo e por isso não consigo me motivar para alguns chamamentos do partido.

Choro o luto, as perdas, que são de grande dimensão e que temos imensa responsabilidade.
Penso em como e porque fazer campanha eleitoral, embora reconheça ótimas pessoas que valem a pena serem eleitas.
Mas não acredito mais nesse modelo de democracia. Que democracia é essa? A democracia das oligarquias, das corporações, da propriedade Privada, das intervenções, das arbitrariedades, dos fisiologismos, da delegação de nossa potência humana.
A democracia do poder sobre nossas vidas.

Estou extenuada, mas a dor me deixa evidente que ainda arde uma chama que insiste em não se apagar. Quero ir à luta, mas como? Como fazer a luta?
Choro e tenho um grito engasgado. Vejo o ódio manifestado em diversas  vozes e me dói constatar a intolerância, o racismo, o preconceito que se escancara e é isso mesmo:" fala para que te conheça".
É preciso escuta, tentar entender o silêncio de milhões de pessoas que foram beneficiadas com os governos populares de Dilma e Lula e que estão estupefatos diante do que a mídia fala, bombardeando os corações das multidões do Brasil profundo.

Não será fácil mas tenho certeza de que vamos encontrar os caminhos.



quarta-feira, 8 de maio de 2013

O LAGO TITICACA

Na Bolívia procuramos uma agência de turismo para realizarmos alguns passeios em direção ao Lago Titicaca. Acertamos na agência. Pagamos o necessário para ter direito a viagens de ônibus, hospedagens e um guia especial. Mas pagamos barato. Tudo para ir à Ilha do Sol na parte Boliviana do Titicaca e nas Ilhas Flutuantes no lado Peruano do Titicaca.
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O guia era um boliviano que se criou às margens do Titicaca. Estudou Economia na UFSM e voltou à Bolívia. Falava diversas línguas e tinha um razoável conhecimento da América do Sul e muito conhecedor da Bolívia e do Perú. Sabia conversar em um bom português a história dos povos andinos, seus costumes e suas divindades.

Saimos da Bolívia em direção à cidade de Copacabana, e lá visitamos uma belíssima Igreja, que foi toda revestida de prata (de Potosi) e muito ouro. Foi muito saqueada mas ainda mantinha 50% de prata e ouro. Copacabana boliviana é um porto de embarque para as ilhas do Titicaca, entre elas uma das mais belas: a Ilha do Sol.  Viajamos pelo lago, belíssimo, até a ilha. Bem habitada, subimos os morros e contemplamos a belíssima paisagem. Vimos o sistema de cultivo de batatas e outras plantas nos patamares construídos nos montes, herança dos Incas, que herdaram de seus ancestrais os processos de construção de terraços e de irrigação na agricultura.Uma subida muito íngreme e sofremos por causa das alturas. Esse passeio foi dos mais difíceis, mas valeu a pena pela beleza e originalidade do que fomos conhecendo em relação aos moradores da ilha.


Fomos cruzando com as cholas, com as mulas carregadas, conversando sobre os modos de vida, até chegar ao templo do Deus Sol. Uma construção muito antiga, já em ruínas, mas ainda de pé e entramos nas suas cavernas e o guia ia explicando o sentido de cada sala.

Retornamos de lancha, olhando o lago e sua imensidão. O mais alto lago do mundo. A informação é que o lago tem, aproximadamente 176 Km de largura e 267 Km de extensão. Muito profundo.
De Copacabana (que deu origem à Copacabana brasileira, segundo o nosso guia) viajamos a Puno, no Perú. Posamos em Puno e no outro dia rumamos para as Ilhas flutuantes. Fomos observando as plantações de batatas, as criações de animais (gado, lhamas, burros) e constatando o papel das mulheres, que estão em todos os setores produtivos: nas plantações, na lida com os animais, sempre carregando fardos enormes nas costas, além dos filhos que levam sempre junto.


Muitas situações de pobreza e de descuido ambiental, aparentemente.
No caminho de La Paz até Copacabana, avistamos os assentamentos da reforma agrária, realizada por Evo Morales.  Casinhas muito simples, feitas de barro, mas no meio das plantações e da criação de animais.
Passamos por grupos que cantavam e dançavam. Muitas pessoas nas ruas, pois era feriado e eram dias de carnaval boliviano.

Voltando ao Perú: Em Puno observamos que os modos de vestir e o biotipo humano não diferem em nada em relação à Bolívia. O custo dos alimentos bem mais caro que na Bolívia.
Chegamos às Ilhas Flutuantes ainda de manhã. Retornamos à tarde.

Os moradores das Ilhas formam uma grande comunidade, têm prefeitura própria, que administra através de Conselhos. Cada pequena ilha tem um grupo de 4 ou 5 familias em torno de 20 a 30 pessoas por ilha, coordenado por um dos moradores, escolhido pela comunidade. Os líderes de cada pequena comunidade formam o Conselho de administração.

Na pequena ilha, eles moram, fazem hortas, artesanato, cuidam das roupas, recebem os turistas e criam os filhos. Possuem um sistema de captação de energia solar, com a qual aquecem água e geram energia para terem televisão em suas pequenas casas feitas de Totora, sobre a água, a uma profundidade de 40 ou mais metros. Andam nos barcos feitos da palha colhida na própria ilha, denominada de TOTORA.

Possuem lugares comuns da comunidade, como a escola de educação básica, nas próprias ilhas, mercados e outras repartições necessárias aos cuidados com saúde, segurança, etc.
Muito de sua renda vem do turismo e eles se especializam para agradar, atrair e conviver com os turistas, dos quais captam parte de sua renda.
Foi um convívio interessante. Andamos nos barcos de Totora: maravilhoso!
O que vimos é quase impensável na nossa cultura!


Foi o último passeio da viagem. Voltamos à Bolívia e iniciamos o processo de volta ao Brasil.
De La Paz à Santa Cruz de La Sierra, de avião. De Santa Cruz a Corumbá (Brasil) de ônibus. De Corumbá a Dourados no Mato Grosso do Sul e de Dourados a Santa Maria, de ônibus. Passamos pelo pantanal, bastante desmatado, mas ainda selvagem. Muitas fazendas de gado.
Mas ao pantanal, é preciso viagem com mais tempo para, de fato, poder conhecer. Só cruzamos de ônibus. Foi interessante. Cansamos um pouco mas chegamos bem.


quarta-feira, 1 de maio de 2013

O QUE VIMOS EM LA PAZ

Caminhamos muito em La Paz e também andamos de táxi e de ônibus. Fomos a Igrejas, Mercado Público, feiras de artesanato, restaurantes, bares e lojas. Caminhamos pelas ruas, de dia e de noite. Vimos os antigos ônibus ( da década de 1950) e que andam abundantemente pelas ruas, enfeitadíssimos, com flores e bandeiras.  Fotografamos, conversamos com populares, principalmente com mulheres. Isso exigiu muito cuidado e sensibilidade, por causa da diferença de idiomas, da diferença cultural e porque precisávamos cativar a confiança das pessoas para poder perguntar, comentar e também falar do Brasil.Pessoalmente percebi uma dissimulada desconfiança da população em relação aos turistas. Eles se preservam muito.



Pelos noticiários da televisão a gente se situava sobre os problemas, conquistas, lutas cotidianas da população. Vimos, por exemplo, manifestações de mulheres (cholas) falando e preparando mobilização sobre a violência contra as mulheres. Uma delas falou na televisão: "vergonha, mas as estatísticas mostram que mais da metade das agressões sofridas pelas mulheres acontecem dentro do lar e os agressores são homens fardados, isto é: militares. Na rua percebemos cartazes com os dizeres: "quem ama não maltrata". Slogan que existe inclusive no Brasil, o que nos fez pensar que há uma certa articulação internacional de luta das mulheres.


Vimos, também, uma manifestação da população, próxima ao  Palácio do Executivo. Era em solidariedade aos soldados bolivianos presos pelo governo chileno. Problemas com fronteira. Há uma certa tensão entre os dois países porque a Bolívia colocou na sua pauta de luta política, a recuperação de um território que lhe pertencia e que dava acesso ao mar e que foi tomado à força pelo Chile.

La Paz, por ser capital, é cosmopolita.
Jantamos em restaurante com comida italiana, preparado pelas cholas. Muitas falam inglês e entendem bem o Português.
Vimos lojas com roupas modernas, bem feitas, para turistas. A população boliviana usa muito suas roupas típicas, principalmente as mulheres.
Nos homens a gente percebe nos detalhes: dos adornos, das mantas e gorros.
Mesmo estando em fevereiro, vestíamos roupas de inverno. A temperatura variava de 5 a 15 graus e em alguns dias chegou a 23 graus.


Visitamos o Museu da Coca em La Paz. O museu conta a história da coca, inclusive o processo invasor e usurpador que o Ocidente praticou em relação a essa planta. Conta sobre todas as tentativas de criminalizá-la. Conseguiram deixar um rastro de preconceito e informações distorcidas sobre seu uso. Mesmo assim ela faz parte do cotidiano da população e as folhas são vendidas livremente nas feiras.
Tomamos café e licor de coca. Muito bom e não sentimos nada de diferente.

Compramos artesanato que é muito barato, muito colorido e fala da cultura indígena, de seus deuses: do solo, subsolo, do ar e da água. Fala das Lhamas, da totora, do lago Titicaca.
Fala do Deus Puma (da terra), da deusa Pachamama (cobra de dentro da terra), da águia, que é do céu. Fala do Deus Sol, da deusa Lua, são muitos, muitos e estão nos bordados, nas mantas. São parte da vida do povo boliviano, que resistiu e resiste ao Imperialismo.


Para os padrões elitizados La Paz é anárquica, descuidada, sem os padrões de higiene do denominado Primeiro Mundo, mas as coisas não são tão determinadas, tão "certinhas". Há vida, ousadia, criatividade, liberdade, possibilidades de manifestações de expressões da diversidade. Isso está determinado na legislação boliviana ao considerar legal e oficial toda a variedade de idiomas das nações indígenas. A Bolívia é Plurinacional, constitucionalmente falando e isso é percebido no cotidiano.

sábado, 27 de abril de 2013

VIAJANDO PARA BOLÍVIA E PERU

Dia 13 de fevereiro de 2013, voamos rumo a La Paz (Bolívia). Fizemos escala em Iquique e depois Arica, regiões áridas. Os aeroportos ficam à beira do Pacífico, só areia. De Iquique a Arica 30 minutos de viagem.
Em Arica descemos para acertar a entrada na Bolívia.
Chegamos as 13 horas no aeroporto de El Alto, a 20 Km de La Paz, a 4.000 m acima do nível do mar. Já no solo boliviano, sentimos imediatamente os efeitos das alturas ao começar a andar pelo aeroporto.
De imediato trocamos reais por dólares e em La Paz por Bolivianos. Com um real compra-se três bolivianos.Para os brasileiros o custo de vida da Bolívia é muito barato.

Ficamos surpreendidos ao entrar em La Paz. A sensação é de estranhamento. Desde Iquique a gente só vê areia, pouca vegetação verde. A região é desértica. A riqueza é o mineral (cobre, gás, etc.).
Na viagem alguém já nos informou que a Bolívia perdeu território muito rico, junto com a saída para o mar, para o Chile, numa invasão muito covarde, num momento de grande fragilidade por parte da Bolívia. Os bolivianos continuam lutando para recuperar uma saída para o mar, pois é o único país das américas que não tem acesso ao mar.

La Paz é um mar ondulado de casas baixas, de tijolos, sem reboco, e tão imensa que a gente perde de vista. As construções seguem as ondulações das terras, em escadas, sem nenhum planejamento. Se vê  poucas ruas bem traçadas, com sinaleiras e avenidas  organizadas. A maioria de suas ruas são meio anárquicas, misturando gente ônibus antigos, carros (poucos) e muita, muita gente pelas ruas.
La Paz é indígena, como toda Bolívia.

A população, os carros, andam tranquilamente, misturando-se perigosamente (mas não vimos nenhum acidente). Sabem se cuidar e se respeitar. Muitas tendas e pessoas nas ruas vendendo de tudo: comida, frutas, chás, roupas, artesanato, artigos religiosos..


As mulheres (cholas) usam roupas típicas (saias com armação, chales, chapéus, gorros) e não é para turista ver. É o cotidiano, quase todas usam essa indumentária que tornam todas com quadris largos, parecem todas meio gordas. Andam com imensas trochas de mercadorias nas costas, são carregadoras de cargas, e com os filhos presos às costas. São as mulheres que carregam pesos, vimos poucos homens carregando volumes.


Fomos aio Mercado das Bruxas, (ruas inteiras) onde vendem os artigos religiosos, mas outras coisas também, chás, xaropes, lenha, milho, vidrinhos, pacotinhos, estatuetas, objetos mil, que não compreendemos e os fetos de lhama, secos, com olhos, pelos e tudo. Meio sinistro. Soubemos que é para fazer ofertas religiosas à deusa  Pachamama. Algo impensável na nossa cultura.


Os bolivianos são educados, atenciosos, mas não adulam turista. Não sorriem facilmente para os turistas. Não gostam de serem fotografados. Fiz fotos, mas não ostensivas e em alguns locais para fotografar eu pedia licença.
Ficamos num hotel 3 estrelas, bem no centro de a Paz, a poucas quadras do Mercado Central e dos palácios do Governo. Nesses locais, La Paz é organizada, bonita, com ruas bem sinalizadas. A praça em frente ao palácio do Executivo está sempre cheia de gente, o palácio muito próximo, sem guardas ostensivos. É lugar de manifestações. Muita, muita pomba. O povo curte ser fotografado com as pombas. As Cholas vendem milho moído em pequenos saquinhos para as pessoas oferecerem às pombas e poderem se aproximar, tocá-las e serem fotografados com elas.

No alto da praça e do Palácio tremulam as bandeiras bolivianas. Falei AS porque são duas. Uma é a bandeira de origem espanhola, a outra indígena (plurinacional). Na Constituição e nas placas eles escreveram: República democrática plurinacional da Bolívia. E também consideram oficiais, além do espanho,l as línguas indígenas, em igualdade de direitos. E, de fato, são muitas as nações indígenas.
Estes são a Bolívia, e apesar de toda invasão cultural ocidental capitalista eles não abandonaram sua cultura. Isso a gente vê nas vestes, no modo de viver.

Assim que chegamos tivemos que comprar remédio e folhas de coca (que lá é legal) para enfrentar os efeitos das alturas. Compramos das Cholas que nos venderam junto uma pasta de menta que a gente enrolava nas folhas de coca e is mascando devagar. Não alucina ninguém. É muito bom e necessário. Quando a gente descuida vem a dor de cabeça, as palpitações no coração. Teve um dia que passei mal.