quarta-feira, 1 de maio de 2013

O QUE VIMOS EM LA PAZ

Caminhamos muito em La Paz e também andamos de táxi e de ônibus. Fomos a Igrejas, Mercado Público, feiras de artesanato, restaurantes, bares e lojas. Caminhamos pelas ruas, de dia e de noite. Vimos os antigos ônibus ( da década de 1950) e que andam abundantemente pelas ruas, enfeitadíssimos, com flores e bandeiras.  Fotografamos, conversamos com populares, principalmente com mulheres. Isso exigiu muito cuidado e sensibilidade, por causa da diferença de idiomas, da diferença cultural e porque precisávamos cativar a confiança das pessoas para poder perguntar, comentar e também falar do Brasil.Pessoalmente percebi uma dissimulada desconfiança da população em relação aos turistas. Eles se preservam muito.



Pelos noticiários da televisão a gente se situava sobre os problemas, conquistas, lutas cotidianas da população. Vimos, por exemplo, manifestações de mulheres (cholas) falando e preparando mobilização sobre a violência contra as mulheres. Uma delas falou na televisão: "vergonha, mas as estatísticas mostram que mais da metade das agressões sofridas pelas mulheres acontecem dentro do lar e os agressores são homens fardados, isto é: militares. Na rua percebemos cartazes com os dizeres: "quem ama não maltrata". Slogan que existe inclusive no Brasil, o que nos fez pensar que há uma certa articulação internacional de luta das mulheres.


Vimos, também, uma manifestação da população, próxima ao  Palácio do Executivo. Era em solidariedade aos soldados bolivianos presos pelo governo chileno. Problemas com fronteira. Há uma certa tensão entre os dois países porque a Bolívia colocou na sua pauta de luta política, a recuperação de um território que lhe pertencia e que dava acesso ao mar e que foi tomado à força pelo Chile.

La Paz, por ser capital, é cosmopolita.
Jantamos em restaurante com comida italiana, preparado pelas cholas. Muitas falam inglês e entendem bem o Português.
Vimos lojas com roupas modernas, bem feitas, para turistas. A população boliviana usa muito suas roupas típicas, principalmente as mulheres.
Nos homens a gente percebe nos detalhes: dos adornos, das mantas e gorros.
Mesmo estando em fevereiro, vestíamos roupas de inverno. A temperatura variava de 5 a 15 graus e em alguns dias chegou a 23 graus.


Visitamos o Museu da Coca em La Paz. O museu conta a história da coca, inclusive o processo invasor e usurpador que o Ocidente praticou em relação a essa planta. Conta sobre todas as tentativas de criminalizá-la. Conseguiram deixar um rastro de preconceito e informações distorcidas sobre seu uso. Mesmo assim ela faz parte do cotidiano da população e as folhas são vendidas livremente nas feiras.
Tomamos café e licor de coca. Muito bom e não sentimos nada de diferente.

Compramos artesanato que é muito barato, muito colorido e fala da cultura indígena, de seus deuses: do solo, subsolo, do ar e da água. Fala das Lhamas, da totora, do lago Titicaca.
Fala do Deus Puma (da terra), da deusa Pachamama (cobra de dentro da terra), da águia, que é do céu. Fala do Deus Sol, da deusa Lua, são muitos, muitos e estão nos bordados, nas mantas. São parte da vida do povo boliviano, que resistiu e resiste ao Imperialismo.


Para os padrões elitizados La Paz é anárquica, descuidada, sem os padrões de higiene do denominado Primeiro Mundo, mas as coisas não são tão determinadas, tão "certinhas". Há vida, ousadia, criatividade, liberdade, possibilidades de manifestações de expressões da diversidade. Isso está determinado na legislação boliviana ao considerar legal e oficial toda a variedade de idiomas das nações indígenas. A Bolívia é Plurinacional, constitucionalmente falando e isso é percebido no cotidiano.

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