segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Relato sobre o Natal em família

Natal, era para ser uma comemoração religiosa: o nascimento de Jesus Cristo, que é Deus e se fez um de nós, para, solidariamente, sofrer nossas dores, assumir nossos pecados, morrer para nos libertar. Pretendeu ensinar um modo de vida comunitária, de partilha, de não acumulação, de fraternidade, compaixão, paz e bondade. Isso é o que nos ensinaram: uma comemoração cristã.

Se esse Jesus existiu ou não, se era Deus ou não, fica a critério de cada um, acreditar ou não. O certo é que a partir desse possível acontecimento, o Mercado inventou o Natal dos presentes, das comilanças e beberranças, da obrigação de presentear e DE TER QUE FAZER RITUAIS, que estão mais para pagãos, do que para cristãos.
E todos acabamos sucumbindo a esse evento social-comercial, de alguma forma.

Quanto a mim, me esforcei para aproveitar o clima e juntar a Grande Familia, que a dois anos não se reunia. Somos em 8 irmãos, cada qual com seus filhos e filhas e alguns com netos e netas.
Graças à generosidade de um casal de amigos nossos ( João Damian e Sandra Feltrin), dois socialistas-cristãos, que nos emprestaram sua Chácara das Pedras, conseguimos reunir a familia.

O lugar é lindo, com alojamento para pernoite, salão de festas , tudo na beira de um lindo riacho, protegido por mata nativa. Muita grama, flores, pássaros...O Irineu, eu e as filhas Silvana e Alice fomos antes, para cuidar dos mantimentos e aprontar tudo para receber as 38 pessoas adultas, mais as 8 crianças, que se fizeram presentes.
Faltaram duas irmãs, que moram em Foz do Iguaçú, com suas respectivas familias, bem como nosso sobrinho Serginho. Se tivessem vindo, chegaríamos a 54 pessoas.

O objetivo, era todos conhecerem os novos rebentos que foram nascendo, nos últimos dois anos e também poderem conversar sobre suas vidas, trocar informações e reencontrar os afetos, lembrar as histórias vividas em comum.
Foi muito bom, embora não tenha sido possível conversar com todos, devido ao curto espaço de tempo, mas foi possível abraçar, presentear as crianças, pelo menos, conhecer os novos integrantes da família, ouvir as histórias de alguns, compartilhar alegrias e preocupações de outros.

Foi gratificante curtir as crianças, ver os homens (grandes e pequenos) jogar futebol juntos, constatar que todos estão com saúde, perceber o crescimento dos crianças...bom, claro que ninguém envelheceu... espero que não tenham notado meus quilinhos a mais, além de outros sinais da terceira idade... (acho que notaram, porque ninguém ousou dizer: oh, como tu estás bem!...como antigamente diziam, quando eu me arrumava...)

Creio que, dessa forma, resgastou-se um pouco o espírito natalino de fraternidade. Isso, para mim, foi o que me motivou a trabalhar tanto, junto com meus familiares, para organizar a festa familiar. Se todos aproveitaram, fica uma leve dúvida, mas eu estou realizada! Me sinto muito grata por João e sandra terem nos colocado à disposição toda aquela estrutura. Valeu amigos!

sábado, 11 de dezembro de 2010

WIKILEAKS: A quem incomoda?

Wikileaks é a organização mais comentada nos noticiários, principalmente na internet.
Ouvindo apenas as notícias da Grande Imprensa, geralmente afinada com as versões pró-Estados Unidos e seus aliados, cheguei a entender que era uma organização de Hackers que haviam praticado atos de espionagem, pirataria e que atuavam na ilegalidade.
Mas através da internet passei a ler textos de jornalistas que gozam de credibilidade e que me parecem mais autônomos em relação à divulgação das informações, percebi que essa organização gozava de respeito internacional e não atuava na ilegalidade.
Algumas perguntas me instigaram e passei a buscar informações em diversdas fontes.

Que organização é o WIKILEAK?

Trata-se de um meio de comunicação via internet, criado em 2007, sem fins lucrativos, registrada legalmente na Alemanha, mas operando a partir da Suécia. Possui 5 empregados, 800 colaboradores eventuais, centenas de voluntários em todo mundo: jornalistas, informáticos, advogados...Tem um orçamento de 300 milhões de euros anuais, fruto de doações confidenciais.

Qual o objetivo da organização?

Defender a comunicação livre, sem as tendenciosas interpretações e filtragens das notícias, e abraça a causa global de obter e divulgar informações secretas de governos, corporações e até de meios de comunicação que ocultam a verdade dos cidadãos.

Como tem sido a atuação da Organização?

Tem denunciado para todo o planeta, via internet, atos de corrupção, abusos, tortura e matanças em todo mundo, como exemplos, as lavagens de dinheiro ilegal, na Suíça, as atrocidades nas guerras promovidas pelos Estados Unidos, como os 70.000 documentos publicados em julho sobre as barbáries na guerra do Afeganistão ou os 400.000 sobre o Iraque, divulgados mais recentemente.

Como o WIKILEAKS obtém as informações?

Através de denúncias realizadas por soldados e agentes de segurança dos norte-americanos e verificadas por repórteres do Wikileaks em entrevistas com sobreviventes e arquivos fornecidos pelos denunciantes.

Quem é JULIAN ASSANGE?

É o diretor da organização. Tem 39 anos e desde a adolescência usa seus dotes matemáticos e informáticos em ativismo para causas políticas e de denúncias. Por isso incomoda muita gente graúda e vive na semiclandestinidade, deslocando-se de um país a outro, por razões óbvias.

A organização tem credibilidade?

O Wikileaks recebeu muitos premios internacionais pelo seu trabalho em favor da verdade, inclusive da Anistia Internacional.
De acordo com o sociólogo americano Manuel Castells:
" é uma organização de comunicação livre, assentada no trabalho voluntário de jornalistas e tecnólogos, como depositária e transmissora daqueles que querem revelar anonimamente os segredos de um mundo podre, enfrenta aqueles que não se envergonham das atrocidades que cometem, mas se alarmam com o fato de que suas maldades sejam conhecidas por aqueles que elegemos e pagamos".

WIKILEAKS MENTE?

Não vi nenhuma manifestação de governos ou autoridades desmentindo absolutamente nada do que foi revelado pela organização. Hillary Clinton condenou a publicação porque "coloca em risco a segurança de algumas pessoas", mas não comentou as denúncias de tortura e mortes reveladas pelos documentos.
Atacam o divulgador, o mensageiro, quando deveriam prestar contas dos atos de barbáries, mortes de inocentes (civis, incluindo crianças),sabotagens, traições, desrespeito aos direitos humanos.
Afinal, como pergunta Lula: "onde estão os que defendem a liberdade de imprensa?

Por que Assenge foi preso?

Óbvio que não é porque tenha praticado crimes sexuais, como forjaram na Suécia, para mante-lo preso. Mas não conseguem prender a organização. Inventaram uma situação, que disseram ser criminosa, exatamente porque não conseguiram encontrar nada de ilegal na organização.
A reação foi imediata: minifestantes apoiando Assenge no mundo inteiro. A organização dos "Anonimos" ou os" Sangue Frio" afirmam que vão continuar com a campanha pacífica pela liberdade de expressão e de Assenge e vão atacar os portais que "se submeterem às pressões dos Estados Unidos". Eles afirmam:
" que a internet seja para os jornalistas honestos e os cidadãos de qualquer país, independentemente do que pensam ou digam...o último bastião da liberdade neste mundo em acelerado desenvolvimento tecnológico node todos podemos nos unir e sermos fortes."

E concluo transcrevendo as sábias palavras de Castells:
"Tinha que acontecer. Há tempo os governos estão preocupados com sua perda de controle da informação no mundo da Internet. ...O ciberespaço, povoado de fontes autônomas de informações é uma ameaça decisiva sobre essa capacidade de silenciar sobre a qual a dominação sempre se fundou."

Quanto a mim, concluo que precisamos defender essa organização. O que está em jogo é a verdadeira oportunidade de autonomia sobre a capacidade que todos temos de nos informar e de fazermos midia independente e soberana.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

EXPLICANDO AUSÊNCIA

Fiquei dias ausentes, desculpem.
Nestes dias ando preocupada com o Natal e como diz minha cunhada Carla: "tensão pré-natal". É verdade.
E não é com presentes que estou preocupada. Minha preocupação é com os encontros familiares: resgatar e manter, nas famílias, o antigo costume que tínhamos de nos reunir, pelo menos, no dia de Natal e, no caso da família de meu marido, no final de ano.

Nesse sentido, estive viajando. Fomos ao interior de Caçapava do Sul, no Rincão de Lurdes, que fica à beira do riacho Picó, na antiga morada dos pais do meu marido Irineu. Casa velha, perto de 100 anos.
Lá varremos, aspiramos, concertamos, lavamos, arrumamos e deixamos tudo encaminhado para receber, nos últimos dias do ano, a enorme familia dos Dalmaso, apesar de alguns já terem deixado o plano terreste, segundo algumas convicções.

Quanto ao encontro familiar dos Copetti, conseguimos um lugar lindo para nos reunirmos no Natal, graças à genosidade de um casal de amigos: João e Sandra. Obrigada, queridos!
Estamos muito felizes porque poderemos estar, quase todos juntos no dia de Natal. Vamos comer, claro, mas vamos conversar, saber de cada um, cantar, brincar com as crianças . Vamos festejar os novos integrantes da familia, que é grande.

Mas esse envolvimento de preparativos não me tiraram a atenção em relação ao que está ocorrendo no mundo.
Entre tantas coisas que gostaria de comentar, o que me preocupou mais é a questão da favela do Alemão, no Rio de Janeiro.
Qualquer dia vou analisar isso. Hoje digo apenas que me preocupa o estado de ocupação da favela, da vulnerabilidade sobre a vida daquela população. Será que agora terão mais segurança? O que, de fato, aconteceu? Por que os bandidos praticaram ações tão provocativas? Queriam a ocupação das forças de repressão? Por que?

A população teve de abrir mão dos direitos individuais e deixar devassar suas casas, em nome da segurança. Estarão, agora, mais seguros?
Não terão, agora, um permanente controle sobre suas vidas? É um precedente perigos! E fica a pergunta: Onde, de fato, estão os chefes do narcotráfico? Aí tem!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Macondo Circus


Nesta Semana, estou comprometida com as atividades do Macondo Circus: um evento cultural, que surgiu a sete anos para divulgar Bandas de Rock, principalmente. Hoje, na sétima edição, ampliou muito as atividades musicais e culturais, constituindo-se numa semana em que, como diz no folder: " o palco onde as artes se encontram".

E não só as artes: plásticas, musicais, teatrais, grafiteiros, poesia, performance, cinema, etc., mas também diversas atividades de discussões.
Hoje, por exemplo, no SESC tem o que a coordenação chama de Cartografias da Cultura, que na verdade é uma discussão sobre "como viver juntos", com a presença de psicólogos, artistas, professores, ativistas sociais e público interessado.
Serão dias de oficinas e shows.

Minha colaboração é dar carona para os artistas que chegam de Buenos Aires, Recife, Porto Alegre e outros lugares. Pego na rodoviária, levo pro hotel, pros bares, pros eventos e vou conversando. O que me encanta é que esse povo vem, sem cachê, vem para se juntar a outros artistas, mostrar seu trabalho, trocar experiências e participar de todas as atividades.Isso torna o encontro mais rico. Com pouquíssimos recursos o festival vai acontecendo (a abertura foi ontem, muito legal) na base da colaboração, da coragem e comprometimento, de algumas pessoas, com a cultura e com a arte. São ativistas culturais e sociais.

Claro que tem os momentos no Macondo Bar, para uma cervejinha, música, dança, namoro...faz parte e é bom. Lá nós não temos ido, afinal somos um comportado casal na terceira idade.
Mas hoje nós vamos no Macondo Bar porque vai ter uma atividade que tem um nome pomposo: Mostra Internacional de Hipnose Audiovisiual, com artista de Recife. Até as 22 horas e aí tenho que dar carona pros artistas até o Hotel Morotin, lá fora. E encerro minhas atividades. Estou contente de poder colaborar.

sábado, 20 de novembro de 2010

De quem é a culpa?

Racismo, xenofobismo, fascismo...me escandalizam e me dão asco. Explico:
Dia 17 do corrente, no Jornal do Almoço da RBS de Santa Catarina, um jornalista comentava o elevado número de acidentes com mortes, ocorridas nas estradas brasileiras, no último feriadão. Forneceu os números e passou a palavra para um pseudo jornalista analisar a notícia.
Reproduzo aqui as infelizes frases do comentarista denominado LUIZ CARLOS PRATES.

De quem é a culpa dos trágicos acidentes? O comentarista energúmeno, entre outras barbaridades afirmou:

"O responsável é este governo espúrio que popularizou o crédito, oportunizando que qualquer miserável, que nunca leu um livro, mora apertado numa gaiola que chamam de apartamento, sem a menor qualidade de vida, casado, num tolera a mulher e ela não o suporta também, aí, para se distrair, pega o carro, bota a familia pra dentro, e sai a viajar. Carro velho, casal que não se tolera, a correr pelas estradas, sem as menores condições, para descarregar frustrações... dá nisso!"

É intolerável, a explícita manifestação de preconceito. Somado a isso, no mesmo dia, o jornal da Record divulga a carta homofóbica do reitor da Universidade MQuenzie, de São Paulo e a agressão (tentativa de homicídio) de alguns jovens, gratuitamente, contra um homosexual.

São manifestações de violência e de intolerância contra os seres humanos: ódio de classe, de opção sexual e de modo de vida. E esses incitadores à violência, ao pensamento segregador e fascista, não são gente sem instrução, sem informação, pobres. São comunicadores, educadores, gente que tem tudo, tem acesso às melhores escolas.

Isso parece estar crescendo e se escancarando, ultimamente. É preciso que educadores, autoridades, familias, se posicionem contra esse tipo de conduta.
O assalto à minha filha, que teve a mochila roubada por dois motoqueiros, me deixa menos preocupada e menos escandalizada, porque não mexe com a subjetividade e a formação de milhares de telespectadores, como pretendeu a RBS de Sta. Catarina. O que me consolou é que ouvi muitas manifestações de repúdio ao energúmeno Luiz Carlos Prates, que no mínimo, devia ser demitido da emissora, se realmente ela não compactua com esse tipo de pensamento.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Viver dá trabalho

Meu blog anda mais lento. Algumas coisas em compasso de espera, amadurecendo na minha cabeça, outras coisas não me envolvo e não gosto de comentar. Exemplo: Romarias, acidentes, doenças...
Mas a vida é feita disso também e todos somos afetados pelo modo de vida contemporâneo: a violência, por exemplo. Todos os dias alguém nos relata assaltos, sustos, medos...e a gente sente, de verdade, quando isso acontece com as pessoas que nos são próximas, com familiares. Aconteceu com uma filha nossa ( que foi assaltada). Mas ela está bem, é corajosa e está tomando as providências para cancelar cartões, readquirir docomentos, etc.

Estamos aí, enfrentando a vida: hoje o Irineu fez cirurgia de cataratas em um dos olhos, o outro já havia feito. Foi tudo bem. Os olhos são preciosos e não dá para descuidar. Vai um dinheirão: hospital, lente, anestesista, médicos...Mas creio que é um dinheiro bem aplicado. Estou contente porque correu tudo muito bem.

Também estamos ajudando na preparação de um grande seminário de educação e esta semana começamos a nos envolver no Macondo Circus. Vou ser uma das motoristas, a serviço dos músicos,o que muito me honra.

Vou ter pouco tempo pra escrever, mas na medida do possível vou comparecendo, dizendo que fico muito feliz quando alguém faz algum comentário. Aceito críticas e sugestões. Mesmo quando é algum anônimo, eu considero muito os comentários.

É isso, por hoje, vou levar o Irineu à clínica para o médico orientar os cuidados com a cirurgia: tem uma porção de colírios para serem ministrados. Cuidar do meu companheiro é fundamental e eu o faço com dedicação. Fui, abraços!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

REUNI EM SILVEIRA MARTINS

Tenho falado do Campus da UFSM em Silveira Martins neste blog e vou continuar falando, porque estou indignada com o que está acontecendo no referido Campus.

Lá foram aprovados cursos de tecnólogos pelo MEC e pelo Conselho Universitário, porque se tratavam de cursos compatíveis com as necessidades da região central e visando alavancar o desenvolvimento endógeno, a partir dos Sistemas Locais de Produção, com objetivo de geração de renda, para uma região que tem perdido renda e população. Houve muita pressão da comunidade da região para que esse Campus fosse aprovado.

Tenho ouvido e lido contestações ao REUNI, principalmente sob a alegação de que o governo estaria aproveitando estruturas físicas e recursos humanos existentes e com isso precarizando os cursos existentes nas universidades e que não investe dinheiro novo suficiente nos novos cursos do REUNI.
Pode ser que isso efetivamente aconteça e creio que, nesse caso, a comunidade universitária tem todo direito de pressionar.

No entanto o que acontece em Silveira não é isso.
Os cursos de Silveira estão correndo sério risco e a continuidade do Campus, a meu ver, também. Mas não porque o governo não tenha fornecido as condições exigidas.
Tenho informação fidedigna porque fiz parte do processo de discussão com a comunidade e de mobilização pela criação daquele Campus e venho acompanhando cada passo, cada acontecimento.

Na verdade houve um grande esforço inicial, coordenado por uma equipe, inclusive pelo professor Jorge Cunha, quando era pró-reitor de graduação, no sentido de garantir plenas condições de funcionamento e de projeto pedagógico pertinente aos objetivos.
Construído o Projeto Pedagógico, abriu-se concurso, com avaliações adequadas ao cumprimento do Projeto Pedagógico. Exigiu-se o melhor: doutourado.
Elaborou-se o projeto do prédio e instalações em área destinada para o Campus. O Edital de Licitação foi realizado e suspenso pelo atual reitor Felipe Muller.

Em resumo: O terreno está lá, a verba para construção do prédio foi destinada para outras finalidades, os professores (doutores) não estão cumprinco com o projeto pedagógico, faltam equipamentos para laboratório e a maior parte dos funcionários concursados para o Campus assumirão em Santa Maria.Os projetos de pesquisa, ensino e extensão previstos, não estão acontecendo. Muitos alunos já se evadem, em decorrência de expectativas frustradas.

Portanto, o governo Federal fez sua parte: liberou recursos para o prédio e equipamentos, professores e funcionários reivindicados, aprovou os projetos, etc.
Quem descaracterizou e desfigurou o Campus? A reitoria e a atual direção e coordenação pedagógica.
Ah, esqueci de dizer que não haverá vestibular em janeiro e nem em maio como estava previsto. Folga para os professores com dedicação exclusiva. Doutores que haviam se comprometido com a proposta pedagógica e que agora, acham-se no direito de não cumpri-la. Professores, que não se fazem presentes nos eventos do Campus da Universidade na comunidade, como ocorreu na seção solene da Camara de Vereadores, em comemoração aos 50 anos da UFSM. Professores e alunos que não lutam pela Unidade, ausentes e indiferentes.

E a comunidade? Parece-me que está sendo "enrolada" pela direção da Unidade. Lamentável! Por essas e outras que, talvez, o REUNI fique desmoralizado. Talvez, de fato, outros municípios da região lutassem e valorizassem mais essa, que deveria ter sido uma grande conquista!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PONTO DE CULTURA


Sábado, dia 6, estive em Caçapava do Sul-RS, num encontro de professores.
Fazia parte da programação do encontro um "relato de experiência". O referido relato foi uma agradável surpresa. Lá, na periferia de Caçapava do Sul está operando, a todo vapor, um Ponto de Cultura.

Caçapava tem, pelo menos, dois CTGs (Centro de Tradições Gaúchas). Um deles, fundado e freqüentado praticamente por uma comunidade negra: CTG Clareira da Mata. Aí está funcionando um Ponto de Cultura, aliás, transformou-se nisso.

A partir do desejo de mães, que reclamavam ser o CTG um lugar em que só os homens tinham atividades ( jogo de bochas e de cartas), algumas pessoas passaram a pensar em movimentar o CTG, ampliando-lhe as possibilidades. As mães falavam em atividades para toda a família e, de preferência, que a família pudesse compartilhar.
Foi aí que duas professoras negras (que segundo dizem não são do Movimento Negro mas são Negras em Movimento)ouviram falar nos Pontos de Cultura do MINC. Informaram-se, fizeram Projeto para o Ministério da Cultura, foi aprovado, vieram os recursos.

As professoras, que haviam feito pesquisa na comunidade sobre os desejos e necessidades, buscaram parcerias e iniciaram o trabalho. Inicialmente com danças gaúchas com jovens e crianças e Coral para as mães. Depois, sempre a partir da demanda, foram melhorando as atividades e ampliando: Biblioteca - ponto de Leitura - ; Encontro de Raízes Gaúchas; Artesanato - em couro, tecido, palha e madeira, inclusive redescobrindo o artesanato em couro crú, já conhecido por antigos moradores, denominado de Guasqueiro, muito procurado e aceito, inclusive pelos jovens.

Ampliaram para culinária gaúcha (Receitas no Ponto) e o mais procurado pelos jovens: comunicador de rádio. Nesse último, eles se preparam para produzir programas de rádio e encenar lendas da região, estilo das antigas novelas de rádio. Fora isso tem ainda música, teatro e outras atividades pontuais. Algumas oficinas os alunos só podem participar se apresentarem boas notas e freqüencia na escola. Questionável isso, mas eles acham válido.

Não é preciso nem dizer que algumas pessoas já produzem renda, a partir da ampliação da culinária e artesanato. Claro que junto vem aquele discurso de "retirar os jovens das ruas, dos perigos, do crack", etc. Falo discurso porque não sei se isso é, realmente, uma realidade da comunidade em questão.
Segundo as professoras, existem ainda muitas outras demandas da comunidade, mas não conseguem dar conta. São infinitas possibilidades! Nos encantou o entusiasmo!

Tomara que o próximo governo acerte na escolha do ministro ou ministra da Cultura e que se aperfeiçoe, ainda mais, esse processo de democratização dos recursos, para possibilitar muitas outras atividades populares de cultura.

Ao final do relato fiquei me perguntando: Por que só fora dos espaços institucionais da escola, é possível realizar atividades de interesse, livres de notas, de hierarquias, de conteúdos homogênesos, da fragmentação dos tempos? Por que as atividades que dão prazer, quase nunca, são possíveis na escola? Quantos Projetos e "experiências pedagógicas" são realizadas fora da escola ou no turno inverso ao das aulas? Já ouvi muitos relatos! É como se paralelo à escola as comunidades estivessem inventando outras formas prazerosas e criativas de realizar educação. Quando vamos ter coragem de "explodir ou implodir" a escola tradicional e transformar num espaço em que as gentes gostam de estar?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A LUTA CONTINUA...

A Constituição de 1988 foi um dos maiores acontecimentos da história do Brasil. Por que?

PRIMEIRO, porque foi precedida por um amplo processo de protagonismo e participação, que começou com a eleição da Assembléia Constituinte e com as mobilizações, de quase todos os segmentos da sociedade, para produzir sugestões de políticas públicas para os constituintes e não só produzir, mas mobilizar e fazer pressão nos constituintes.

SEGUNDO, porque o povo brasileiro saía de mais de duas décadas de ditadura. Havia, de um lado, setores ávidos por participação e por outro, ainda receio e aversão a qualquer processo democrático.

Claro que houve muita mobilização corporativista, como por exemplo, dos advogados, que tiveram suas prerrogativas muito ampliadas na Constituição de 88.

Antes da atual constituição, não havia Ministério Público, nem SUS (Sistema Único de Saúde), nem a obrigatoriedade de um percentual orçamentário para saúde e para educação, nas três esferas da administração pública, como conhecemos hoje. Além disso, o provimento de cargos públicos não era realizado mediante concurso público, mas por indicação de quem estava nos governos.
A obrigatoriedade do concurso público veio atender a um preceito constitucional da nova constituição. O Art. 37 determina que a Administração Pública, nas três esferas, deve se guiar pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

A Const. 88 também, determinou a função social da terra e a Reforma Agrária, como necessidade social. Antes da nova constituição não havia aposentadoria para as trabalhadoras rurais e para os trabalhadores rurais, a aposentadoria era de meio salário mínimo.

Fizemos grandes mobilizações, reuniões, assembléias, vigílias em Brasília. Eu e o Irineu participamos ativamente em três frentes: luta por conquistas referentes aos trabalhadores rurais, da agricultura familiar: aposentadoria integral de um salário mínimo para homens e mulheres, reforma agrária, seguro agrícola, crédito subsidiado.
Na luta pela saúde pública, gratuita, integral, de relevância social, com obrigatoriedade de valor mínimo orçado, nas três esferas. Na educação: pelo reconhecimento das carreiras, com planos de carreira, básico profissional, concursos públicos, recursos orçamentários, etc. Difícil relatar todas as dimensões das conquistas: foram muitas! E nós sentimos o prazer de ver nossas lutas e reivindicações contempladas na Nova Constituição. Conquistas que para as novas gerações, hoje, parecem tão naturais, como se sempre tivesse sido assim.

Na Lei obtivemos uma constituição, que muitos cientistas políticos e sociais, chegaram a dizer que era quase socialista, claro que preservando a propriedade privada, como intocável. Mas foi chamada de Constituição Cidadã. No entanto, era preciso atuar nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas Municipais, para regulamentação da Constituição Federal, de forma que, efetivamente, as conquistas se efetivassem.

Por isso nos jogamos na luta institucional, no processo eleitoral, disputando espaço com as elites.
Dizíamos que precisávamos ter um pé no Parlamento e outro no Movimento.
Creio que acabamos por enfraquecer o Movimento e apostar mais na luta institucional. Nesse processo de ocupar o Estado ( que é uma máquina que possui mecanismos corrompedores), muitos enlamearam as mãos. É um risco constante.

Continua sendo importante a luta pela implementação dos preceitos da constituição de 88 e mais do que nunca, continua sendo importante a luta de base. No entanto, com as alterações no processo produtivo, as lutas de base mudaram seu perfil. O Movimento Popular está em outros espaços, que ainda não conseguimos identificar com clareza e entender. Precisamos avançar e a luta continua: contra a corrupção, pela democratização do Estado, das riquezas, da comunicação. Luta por acesso e uso dos meios de produção, que se constituem, principalmente, no trabalho vivo: no conhecimento, na comunicação, na corporalidade: a VIDA, COMO UM TODO, FOI POSTA A PRODUZIR.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

"MULHER PODE"


Me comoveu a imagem de uma jovem mulher negra, sacudindo a bandeira de Dilma, na festa da eleição em Brasilia, respondendo a um repórter:"estou feliz, porque acredito que se a mulher pode fazer tripla jornada de trabalho, trabalhar fora de casa e ainda cozinhar, lavar, passar, administrar a casa, criar e cuidar dos filhos, dos idosos... pode também cuidar do Brasil" (Mais ou menos isso ela falou). Disse tudo.

O campo popular inovou na eleição de Dilma. Provou que fazer política, na democracia, não significa, sempre, seguir carreira política eleitoral. Dilma disse: "minha trajetória é de servidora pública, servidora do povo". É um caminho que não foi o da disputa, é legítimo e é uma alternativa viável. A eleição de Dilma é, também, a eleição da superação do preconceito. Dilma é muitas de nós. Faz-me sentir eleita junto com ela.

Ela tem a minha idade e a trajetória semelhante a de milhares de pessoas de minha geração.
Quero pedir licença aos meus leitores para contar um pouco dessa trajetória, parte dela.
Dilma e nós (eu e muitos) lutamos contra a ditadura e por transformações sociais, políticas e econômicas deste país. Cada um de um jeito. Ela, corajosamente, na clandestinidade, porque era proibido a manifestação direta. Eu (e muitos) buscamos o caminho da luta dentro das pastorais (estudantil, operária, da terra). A ditadura tolerava a Igreja, porque parte dela apoiou o Golpe Militar, por medo do comunismo, que a guerra fria havia demonizado.

A Igreja Progressista, resistiu a ditadura, abrigou militantes (Frei Beto e Frei Tito foram presos e torturados, junto com outros tantos).
Em Sta. Maria fundamos a Pastoral Universitária ( o MUSM: Movimento Universitário de Santa Maria). A sede era ali na Professor Braga, onde hoje funcionam algumas pastorais e o restaurante Scharong.
Fazíamos acampamentos, acolhida aos bixos da universidade, campanhas do agasalho e reflexões. Para cantar as músicas do Geraldo Vandré e Chico Buarque, nos escondíamos no porão da sede do MUSM.

Claro, todos fomos fichados no DOPS (órgão de espionagem e repressão da ditadura). Convivíamos com os "ratos" que passavam informações ao DOPS: eles tinham tudo documentado a nosso respeito: o que falávamos, nossos planejamentos...tudo. Era triste quando descobríamos que pessoas da nossa mais absoluta confiança, eram delatores! Alguns andam por aí até hoje. Alguns se arrependeram e choraram muito.

Isso teve efeitos na vida de cada um de nós. Eu fui indicada para dar aulas na UFSM, depois de formada (aquela época não havia concurso). Minhas notas em Estatística e Análise de Balanço me credenciavam para isso. A professora que me indicou só me informou depois: "não dá Tereza, tu tá fichada por causa do MUSM".
Depois fiz uma prova de seleção para o Banco do Brasil. Gabaritei. Meu nome não apareceu na lista, fui saber e de novo obtive essa informação: "não pode, tu pertences ao MUSM".

Casamos, fomos morar em Ibirubá, de lá reunimos um grupo (que eram do MUSM): um padre, um casal de engenheiros, duas professoras e nós e fomos morar em comunidade na Vila Jardim. Lá fomos trabalhar em educação popular, seguindo Paulo Freire. Quase dez anos de movimento comunitário e pastoral social. (seguindo a Conferência Episcopal de Puebla, que havia definido como linha pastoral a "opção preferencial pelos pobres").
Fundamos associação, lutamos por água, luz, canalização do esgoto, transporte coletivo, abertura de ruas, creches, alfabetização de adultos...ajudamos fundar os Direitos Humanos, em Porto Alegre. Participamos do Movimento Contra a Carestia (Mov. da Panela Vazia). Fugimos da polícia, claro que fomos fichados novamente.

Iniciava o período de distenção política e começavam os primeiros processos eleitorais. Só tinha Arena (partido da ditadura) e MDB, que era oposição. Em Porto Alegre o prefeito era indicado, era sempre o João Dib. Ah como incomodamos o Dib! Fazíamos teatro popular, seguindo Augusto Boal, para preparar nossas reivindicações. Ensaiávamos o que a gente ia dizer e responder ao prefeito. Armávamos as nossas defesas.

Ainda em Porto Alegre ajudamos na mobilização pela libertação do Lula da prisão e ajudamos a fundar o PT. Participamos da primeira lista de filiações. Enquanto isso íamos criando os filhos. A Lúcia havia nascido em Ibirubá, depois vieram a Silvana e o Pedro, ainda em Porto Alegre.
Tínhamos também nossa luta como educadores: na escola, por eleições diretas, por dinheiro para manter as escolas. Fizemos a primeira grande greve do período da Ditadura Militar. Foi barra, quase passamos fome. Resistimos e obtivemos muitas conquistas e aquelas greves foram potentes instrumentos de luta contra a ditadura.

Quase dez anos depois nos mudamos para o interior de Restinga Seca. Era o início das mobilizações para elaboração da Constituição de 1988. Isso foi outra luta popular fundamental. Fica pra outro dia. Em Restinga fomos presenteados com mais uma filha: a Alice.
Por tudo isso é que me sinto eleita junto com Dilma.
Outro dia vou escrever sobre as contradições da luta institucional e os embates que o movimento popular e sindical vão ter, provavelmente, com Dilma.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DIVERSOS

I - Hoje é aniversário do Lula. Data importante, comovente. Fico lembrando na mãe dele, lá em Garanhuns: mal sabia que aquele filho que nascia na pobreza e no abandono de todos os governos que o Brasil teve, seria o Presidente da República e faria um governo que, pela primeira vez, lembrava dos milhões de brasileiros, historicamente esquecidos. Lula é muitos. Parabéns Lula! Orgulho-me de ter participado de tua trajetória, da tua eleição.

II - O Jornal Brasil de Fato trás matéria, com todas as informações comprobatórias da presença do FHC e empresários internacionais em Foz do Iguaçú. Tema: eleição do Serra e Programa de Governo de caráter PRIVATIZADOR, sim. Inclusive referindo-se ao apoio de setores da igreja católica e das estratégias de campanha para garantir eleição de Serra. Mas não vão levar, se Deus quiser!

III - Então Serra é do bem? Para os moralistas anti-Lula de plantão, que não se dão conta do que está em jogo nesta eleição: É o candidato com mais processos (17). Entre eles lembram dos sanguessugas das ambulâncias? E agora ficou claro as questões do dossiê da quebra de sigilo dos tucanos (coisa do Serra e do seu PSDB) , do metrô de São Paulo (operação castelo de areia), das fraudes nas licitações...
E o aborto? Parou de falar? Será que é porque não quer que se lembre mais, que sua esposa fez, com seu consentimento? Não que se queira julgá-los, mas por que hipocritamente levantaram essa questão e a usaram eleitoralmente, se tinham o rabo preso? Por tudo isso eu acho que duas coisas são fundamentais:

Reafirmar os programas de governo, com ênfase no social e apurar rigorosamente todos os casos de corrupção e improbidade administrativa.

IV - Serra vai perder, porque quis se disfarçar de esquerda. Quais são as forças que apóiam Serra? é bom lembrar. É o que há de mais perigoso que existe na história deste país. Vou me referir ao Jornal Brasil de Fato que pesquisou o assunto, São eles: Os empresários (empreiteiras) corruptos de São Paulo, A TFP, o CCC (Comando de Caças aos Comunistas), a Opus Dei ( a direita da Igreja, na qual está o bispo de Guarulhos), o DEM que protagonizou a ditadura militar, os grandes escândalos de corrupção recentes, ainda os grandes latifundiários e grupos estrangeiros de olho no Pré-Sal. Juntam-se a estes os racistas, escravagistas e fascistas desse país.

V - Dilma foi aperfeiçoando seu programa na medida em que foi ouvindo os artistas, o pessoal ligado à cultura, os jovens, os ativistas sociais, os agricultores...e foi se imbuindo do calor popular. Agora ninguém segura essa Mulher. Dilma é a multidão e hoje é possível cantar:

"Dilma Lá, brilha uma estrela, Dilma Lá"...

sábado, 23 de outubro de 2010

PEDRO

Ontem nosso filho Pedro completou 30 anos. Preparamos com carinho uma janta especial, muito íntima, praticamente só com o pequeno núcleo familiar,mais o mano de coração (primo) Luciano, tia Mirian e Laura, a amada. Estávamos muito alegres. Os quatro já maduros, um tirando com a cara do outro e nós dois, corujas observando, satisfeitos de ver em cada um, um pouco de nossa própria história, mas principalmente, o quanto cada um fez e faz a sua trajetória, com autonomia e singularidade.
Como aprendemos com eles! Hoje eles têm muito a nos ensinar.

O Pedro continua estudante, terminando a residência, fazendo cirurgias, relatando para nós os desafios. Às vezes conversamos e fazemos as reflexões sobre as nossas relações com o ser humano, ele como médico, nós como educadores. Constatamos que, em ambos os casos, qualquer processo de homogeneidade revela-se ineficiente. A singularidade do ser humano requer observação, interesse, respeito, empatia.

Nos satisfaz muito constatar que o Pedro vem demonstrando, e eu diria até cultivando, a sensibilidade e a empatia com o ser humano. Ouvir, tocar, prestar atenção e até intuir, para poder acertar no diagnóstico e no tratamento. Cuidar, aliviar a dor e curar, se possível! Esse é o cotidiano do Pedro.

Esse filho, desde muito pequeno, gostava de arriscar palpites, ousava opinar e muitas vezes acertava. Demonstrou, desde cedo, um grau de conhecimento sobre as pessoas, que nos deixava muito admirados. Creio que o Pedro um dia vai ser, também, um bom educador.
Filho querido, essa sensibilidade humana faz toda a diferença, para tornar a vida e o mundo mais humanizado. Parabéns e que sejas muito feliz!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CECILIA

Para matar a saudade de minha sobrinha Cecília, uma fofa risonha de seis meses, só com a poesia do Chico B. mesmo:

Me escutes, Cecília?
Mas eu te chamava em silêncio
Na tua presença
Palavras são brutas
Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí.
Como tantos poetas
Tantos cantores
Tantas Cecílias
Com mil refletores
Eu, que não digo
Mas ardo de desejo
Te olho
Te guardo
Te sigo
Te vejo dormir

Sei que não é para criança, mas é poesia, bela, para nos suavisar, nos encantar. A Cecília é pura poesia.

SOFRIMENTO

Fico me perguntando: por que sofro tanto no atual processo eleitoral?
Sob o aspecto da vida particular das pessoas, parece que nada vai se alterar. Não se perde e não se ganha nada. Para mim, não há preocupações com vantagens ou desvantagens pessoais.

No entanto, sei que esse processo faz parte de minha história, da história de minha geração. Não tem como não sentir responsabilidade e apreensão com o que possa acontecer, em decorrência da escolha equivocada para Presidente.
Minha geração viveu uma dramática história, que, em alguns aspectos, reaparece no presente processo eleitoral.

As novas gerações: jovens e adolescentes não viveram, (porque eram crianças ou nem haviam nascido) os enfrentamentos ( e as utopias) que minha geração viveu.
Sou da geração que viu e viveu a extrema pobreza, a dependência, o colonialismo, o preconceito, o machismo, a ditadura militar, a repressão, o medo. Inspirados na utopia socialista ou na teologia da Libertação, nossa geração foi à luta: nas ruas, no enfrentamento à repressão, nas mobilizações gigantescas; viu a construção das Estatais, que criaram a infraestrutura para o país crescer e viu e sentiu o custo pago por toda a sociedade, a imensa dívida externa, a dependência ao FMI.

Veio o Neoliberalismo e vimos e protestamos contra a venda, a preços vis, do Patrimonio Nacional ( a Vale do Rio Doce, a Telefonia, as grandes ciderúrgicas, as distribuidoras de energia) etc.
Diga-se, de passagem, que os investimentos básicos de telefonia foi o Estado que fez e até hoje é o Estado que faz e onde ele não fez ou não faz, não tem telefone.

O neoliberalismo transferiu muita riqueza do povo ao Grande capital, a pobreza cresceu, o desemprego chegou a patamares dramáticos, a desigualdade aumentou. O neoliberalismo expropriou, axauriu, saqueou, traficou, corrompeu, favelizou, desmatou... A crise está aí, no mundo (vejam a crise nos E. Unidos e na Europa, com grandes convulsões sociais).
A América Latina tenta se levantar, e está conseguindo, soberanamente.

O governo Lula não foi o franciscano governo dos nossos sonhos socialistas. Foi o governo possível, de opção pelo social, nas brechas do capitalismo. Compondo com a diversidade da política e com seus grandes e pequenos vícios e desvios, infelizmente. Mas avançamos, reduzimos a fome, democratizamos a cultura, as instituições, o acesso à educação. Estamos crescento a 7%, o que para nossos dias é fantástico. Ainda é pouco, precisamos avançar, superar problemas, melhorar o controle sobre o Estado.

Não podemos recuar. E conhecemos quem foram as forças protagonistas de cada lado. É isso que está em jogo. Uma opção pelo lado errado, significa dependência, repressão à luta social, sofrimento e fome.
Não mudei de lado, como o Helio Bicudo e muitos outros mais chegados a minha vida. Ele, Bicudo, que defendia os presos pela ditadura, os torturados e perseguidos, agora apóia o candidato que trata os movimentos sociais a cassetete.

Não basta não privatrizar, pois os recursos, mesmo das estatais, precisam ser canalizados para o social. Governos pressionados pela luta social (como Lula e Dilma), pela primeira vez na história, começam a destinar, democraticamente, para o social ( não só aos ricos, aos grandes empresários), parcela significativa da riqueza nacional. Isso incomoda a elite, representada pelo Serra.
Há quem reclame que o pobre não é mais submisso, ficou cheio de argumentos, que os pobres agora têm carro e tumultuam o trânsito, que agora se vê negros e favelados na Universidade... Muitos se incomodam com isso, eu vibro com isso!

Faço críticas ao Lula porque quero mais, quero que distribua mais renda, tribute mais as fortunas e os altos salários. Quero mais em relação à democratização da riqueza, da cultura. Quero mais em relação à educação, à saúde, às questões ambientais. Mas creio que é com Dilma que vamos encontrar mais sensibilidade social e mais permeabilidade à pressão social. Se me enganar, deixo aqui o registro e vou me submeter às crítica e às cobranças e vou cobrar também.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ATRASO E ÓDIO SÃO AS ARMAS DE CAMPANHA DAS ELITES


ALVORADA TRISTE

Sete horas da manhã, liguei a televisão para ver se tudo corria bem com o resgate dos mineiros do Chile. Dei de cara com um pastor engravatado, vociferando sobre os "perigos de eleger alguém do mal, que vai trazer a morte e a convulsão social" e deixava claro que isso se referia à candidatura da Dilma (sem mencionar o nome da candidata). Um discurso ameaçador e fundamentalista. Dei-me conta do grau de atraso e retrocesso que isso significa.

O PODER E AS ELITES BRASILEIRAS

Após séculos de comando sobre o Brasil: sua gente e suas riquezas, as elites brasileiras (associadas às elites internacionais), estão tendo que enfrentar, democraticamente, o processo eleitoral. Não admitem serem governadas por "gente sem estirpe" e não admitem repartir nem as migalhas das riquezas brasileiras. Golpistas, racistas e escravagistas, fazem de tudo para excluir os candidatos que estão historicamente ligados às multidões da base da pirâmide social, que têm os rostos e os corpos marcados pela negritude, pelos traços indígenas, mestiços, caboclos, operários, desgastados e surrados pelo trabalho duro, pelo desemprego (sem terra, sem teto, sem saúde, sem escola...).

As tentativas sempre tiveram caráter racista, preconceituoso, e agora apelam para um perigoso moralismo religioso/fundamentalista. Inauguram um tipo de pregação que é de um atraso medieval, incitando o ódio e este recai, principalmente, sobre as mulheres pobres e a candidata que as representa: DILMA, que manifesta opção pelos pobres.
Da direita a gente não se admira, já fizeram toda sorte de táticas sórdidas. O triste é que algumas lideranças e intelectuais de esquerda, não se apercebam do que está acontecendo e ficam defendendo o voto em branco.

O TEMA DO ABORTO

Neste momento é o aborto a bandeira da elite (que pratica o aborto em clínicas de luxo)
Não creio que alguma mulher queira realizar aborto. É uma agressão ao corpo e à vida e não me acho no direito de julgar ninguém, sobre as circunstâncias que levam uma pessoa a buscar tal alternativa. (nem Jesus julgou).
Durante décadas participei das lutas das mulheres, me deparei e testemunhei situações de desamparo, de violência machista contra mulheres (de todas as idades e condições sociais), que levaram muitas ao desespero.

Criminalizar o aborto significa condenar à morte o feto e a mãe. É isso mesmo. Por que? Porque a criminalização impede que a mulher possa ser atendida do ponto de vista psicológico, médico, jurídico e social.
Ela sabe que não vai encontrar amparo e então submete seu corpo às agressões e aos riscos que a livram da gravidez indesejada, a gravidez da vergonha, do silêncio, do mêdo, do impasse para a sua vida. Ela sabe que em lugar do amparo ela vai enfrentar a polícia, o processo.

As Igrejas, do ponto de vista da fé, não deveriam exigir do Estado, a punição mas a contribuição deste, para amparar a mulher. Que ela pudesse encontrar na sociedade, nas Igrejas e no Estado ( que não é Deus e não é o Papa):
1º) Amparo psicológico, jurídico, atendimento médico, acompanhamento social, acolhimento.
2º) Na gravidez e depois dela, ajuda econômica (renda e creche) para criar seu filho.
Aí, talvez, ela não precisasse recorrer ao aborto.
Considerar pecado é do âmbito da fé e não do Estado. A criminalização não tem evitado a prática do aborto e só tem levado à morte milhares de mulheres e deixado milhares de crianças sem mãe. A descriminalização pode evitar milhares de abortos e salvar a vida de milhares de mulheres.

O QUE ESTÁ POR TRÁS DESSA CAMPANHA?

Sem dúvida, é a culpabilização da mulher, a sua condenação à morte, ao abandono, a repressão, castigo pela sua sexualidade, a condenação ao afeto e ao prazer.
E nessa discussão, que lugar tem a figura do "macho"? Falo inclusive dos machos das Igrejas.
E então Deus, Jesus, aparecem também com a face de justiceiros, de intolerantes e do medo.
Não é o que eu entendi do Evangelho de Jesus.

Tem também o preconceito sobre o imaginário feminino: ser mulher é ser submissa, recatada, mansa, sujeita ao sacrifício até à morte...Dilma não é isso, eu não sou isso, as mulheres não são isso. Como Dilma, como eu e como milhares, somos mães, ou não, somos amorosas, afetivas, sensíveis...mas somos fortes, briguentas quando necessário, administradoras, executivas, ambientalistas, ativistas sociais, agentes de saúde, educadoras, juristas...plenamente gente.
Eleger Dilma é afirmar a Libertação, a democracia verdadeira, é derrotar o moralismo arcaico, a opressão da falsa fé.
Cristo veio para que tenhamos Vida em Abundância, e neste momento, no processo eleitoral, Dilma se aproxima mais dessa máxima do Evangelho.

domingo, 10 de outubro de 2010

Que o ESPÍRITO DA SABEDORIA nos ilumine!


Atenção pessoal, não descuidem. Nesta eleição não estamos torcendo por dois times, nem assistindo a uma disputa de um concurso de beleza. Esses dias ouvi no ônibus o seguinte: "qualquer um dos dois são muito feios:O Serra tem um sorriso horrível, a Dilma é dentuça e gorda".Vejam o grau de despolitização!

E tem gente intelectualizada e se apresentando como muito progressista falando que"o Serra é mais experiente, governaria melhor". NÃO SE TRATA DE EXPERIÊNCIA. O importante é entender DE QUE LADO CADA CANDIDATO ESTÁ. O QUE E QUEM CADA UM VAI PRIORIZAR NO GOVERNO.

É preciso pensar: Como serão gerenciados os recursos do Pré-Sal? Será que deve ser privatizado? É bom que o Brasil volte a ser submisso ao G-8 e aos Estados Unidos, como no governo FHC? E os Movimentos Sociais Populares como serão tratados? E como será o tratamento e as relações com nossos visinhos das Américas? Certamente com Serra voltariam as privatizações (como aliás ele fez com o gerenciamento da saúde em São Paulo e com as rodovias também).
Certamente os governos progressistas da América do Sul seriam asfixiados por um governo neoliberal, alinhado com a política expansionista e belicista dos Estados Unidos.
Voltariam as ameaças da Alca e das bases militares americanas em nosso continente? Com o Serra é quase certo que sim.

Tem muito interesse em jogo. A nossa história sabe que o grande capital se mobiliza, em época de eleições. Alguém já esqueceu as intervenções da CIA em processos eleitorais da América Latina? Alguém já esqueceu Honduras?

Precisamos deixar as paixões e ressentimentos e ver que agora tem que ser Dilma. Sei que muitos queriam mais radicalidade, esperava mais do Lula, mas agora não dá para deixar a truculenta elite racista e escravagista (que durante 500 anos ficou com o poder) ganhar a Presidência.
Depois, uma vez a Dilma se elegendo, temos que ir pra luta, pressionar para que mais transformações sociais aconteçam. A meu ver essa é a compreensão que temos que ter agora. Que o Espírito da Sabedoria nos ilumine!

sábado, 9 de outubro de 2010

PROGRAMA ELEITORAL DO CANDIDATO SERRA


Para quem tem memória curta, é muito jovem ou desligado sobre os acontecimentos políticos e econômicos, as afirmações do candidato Serra podem parecer sinceras, verdadeiras e de "uma opção preferencial pelos pobres", quase evangélica. É, de fato, comovente, se não fossem falsas, com todo respeito a quem acredita nele.

Eu sempre acompanhei esses temas, não apenas porque sou professora de economia, mas também como militante social. Sofri a ditadura militar, senti o medo da repressão, fui barrada em concurso pelos efeitos de meu engajamento durante a ditadura, etc. e não posso ficar calada diante do rebaixamento e falsidade que venho assistido.

Fora o moralismo fundamentalista e calunioso que a candidatura Serra e seus adeptos fazem na Internet e nos programas, ajudados pela grande imprensa (que sempre esteve de mãos dadas com a repressão e a ditadura e naquela época não falava em liberdade de imprensa).

No programa de hoje Serra falou:
1- Defendo uma economia forte, mais democracia e respeito, "não mudo de opinião em véspera de eleição". Será?
Serra foi ministro do FHC durante 8 anos, como ministro da Fazenda. E, como explica Ciro Gomes: durante 500 anos, a dívida brasileira era de 38% do PIB, e serviu para construir a Petrobrás, a Eletrobras, as Universidades brasileiras, etc.. Em 8 anos de FHC-Serra a dívida pulou para 78% do PIB.

A carga tributária era de 27% do PIB quando FHC assumiu e ao entregar ao Lula o governo, essa carga foi entregue com 35% do PIB. Nesses 8 anos, o FHC/Serra sucatearam as universidades, afugentaram um terço dos nossos doutores, que foram embora, privatizaram e entregaram, a preços de bananas, as maiores estatais do Brasil (setor energético, a Vale do Rio Doce, etc.) torraram tudo por 100 bilhões de dólares e apesar disso a dívida só cresceu, a economia decresceu, a infraestrutura brasileira precarizou-se, com falta de energia, de investimentos, de empregos e de Redução do Estado, no que se refere aos cuidados com os benefícios sociais e distribuição de renda. O crescimento médio do Brasil, nos 8 anos de FHC foi de 2,31%. Hoje, com Lula/Dilma está em 7%.

Isso foi o Brasil de Serra no Ministério do Planejamento e depois vem falar numa economia forte?
Economia forte o Brasil mostrou no Governo Lula/Dilma: na maior crise capitalista da história do mundo, o Brasil não quebrou e hoje tem a moeda mais forte do planeta, um crescimento de 7% e com Dilma coordenando o PAC e a Casa Civil.
Serra tem amor pelo Brasil? É do bem? Do bem-bom para a editora Abril, edit. Globo e Folha de São Paulo, que foram favorecidos em milhões no governo paulista de Serra (veja os dados neste blog).

Mais democracia e respeito? Não é isso que os professores de São Paulo encontraram no seu governo. Na justa greve, contra o sucateamento e precarização, que estavam sendo vítimas, Serra os reprimiu brutalmente. Repressão,ausência de diálogo, aversão ao contraditório, prisões, processos, violência, sucateamento de escolas (a exemplo de sua colega IEDA aqui no RS).

Não muda de opinião em época de eleição?
Agora ele fala em Brasil de economia forte? O que foi que ele fez em São Paulo? Privatizou as hidroelétricas, as rodovias, criou pedágios por tudo. Praticou o arrocho salarial e seu partido cansou de afirmar que aumentar o salário mínimo acima da inflação, quebraria a Previdência. Agora promete aumentos e até 13º salário ao Bolsa Familia. O discurso não tem nada a ver, mesmo, com as práticas do PSDB, do qual faz parte e de seus apoiadores do DEM e de parte do Partido Verde.
Mas eu desafio que os seus apoiadores e os que estão encantados com seu discurso, pesquisem. Mas é claro que não vale pesquisar na SUA imprensa, na VEJA por exemplo, porque esta é a revista do Não Veja a verdade.
Outro dia eu falo de todas as minhas frustrações sobre o Governo Lula. É claro que eu queria mais, mas não dá para bobiar agora. Serra seria a volta do atraso do mais brutal processo NEOLIBERAL.

Universidade, campus de Silveira Martins


Faço parte da diretoria de uma associação regional que pensa o desenvolvimento sustentável da região central e entre seus objetivos mais imediatos está a defesa e consolidação do campus da UFSM em Silveira Martins. Esse campus surgiu a partir do REUNI, que tem entre suas características não apenas a expansão de vagas das universidades públicas brasileiras, mas também para alavancar o desenvolvimento econômico e social de regiões empobrecidas, a partir de potenciais existentes nas comunidades.

O Campus de Silveira elaborou uma proposta de cursos e de modelo pedagógico, que pretende integrar ensino, pesquisa e extensão, implementados a partir da Pedagogia de Projetos, com Seminários Integradores, para cursos de formação de Tecnólogos, visando valorizar e melhorar, (agregando valores e conhecimentos tecnológicos), as atividades de agronegócios já existentes nos municípios da região central e do potencial turístico existente nos municípios de abrangência da Unidade.

Para isso, foi destinado pelo governo Federal 2 milhões e meio de reais, para construção do prédio do campus, que teve área destinada pelo município. Os recursos foram liberados, o projeto pronto, anunciado. Os alunos estudariam meio ano no antigo Colégio Bom Conselho e depois se mudariam, já em 2010, para o prédio novo, que teria laboratórios, biblioteca, etc. O edital de licitação estava em andamento. Assumiu o reitor Felipe e o edital foi suspenso. Os recursos foram para outras prioridades e a Unidade teve de se acomodar no colegio Bom Conselho, que foi doado à Universidade pela Prefeitura de Silveira Martins.

A Associação, mencionada acima, convidou o Diretor da Unidade e o Coordenador Pedagógico para explicar porque a Unidade não faria vestibular em janeiro de 2011. A explicação foi de que a suspensão foi determinada pelo Reitor da UFSM devido a falta de acomodações para mais turmas no prédio. É preciso, antes, reformar e ampliar o Bom Conselho para incluir novas turmas. Claro, com limites, uma vez que os recursos são mais limitados e a área também.

Perguntamos se havia planos de buscar mais recursos e utilizar o Terreno que a Universidade recebeu do município para futuras ampliações. A resposta é de que não há proposta da Reitoria nesse sentido e que, efetivamente, foi colocado um limite às instalações da Unidade.
Conclusão: O Campus tinha uma boa proposta, tinha recursos para implantação de um Campus de qualidade e agora ve-se limitado. Quem são os responsáveis? Reitoria, principalmente. Depois que não digam que o Reúne é uma proposta de cursos de má qualidade. O Governo Federal precisa contar com a competência dos Reitores, dos Prefeitos e da comunidade universitária.

Outro problema é a concepção de formação dos professores, que só querem realizar "ensino" nos moldes tradicionais. Pesquisa e Extensão, não faz parte de suas práticas. É difícil, para a maioria docente, corporativista, dedicar-se de forma integral às funções para as quais foram concursados e se comprometeram ao fazerem concurso.

Mas a associação vai continuar acompanhando, reivindicando, ajudando também. Isso foi reafirmado ao Diretor e vai convidar o Reitor para conversar.
Outros problemas foram apontados: falta de local para os alunos se hospedarem, restaurante universitário e transporte inter-municipal entre os municípios da quarta colônia. Outra dificuldade mencionada foi a precariedade da estrada que chega a Silveira Martins, que estava sendo melhorada e teve as obras interrompidas (pelo governo Ieda) exatamente quando entra no município de Silveira, no pé e na subida da Serra. Está realmente em estado precário e oferece perigo para quem se desloca diariamente.
Esse campus vai exigir muita organização e luta por parte da comunidade. Nossa associação tem essa tarefa prioritária.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ainda sobre as eleições

Hoje estou vivendo sentimentos contraditórios. Não sei se vou conseguir expressar algo bem elaborado, em termos de análise, mas a gente não pode fugir da raia na hora das dificuldades.

Fiquei feliz com a vitória do Tarso, claro que no meu entendimento, não é a mesma coisa se fosse o Olívio, que tem a ver muito mais com as minhas concepções de política. Mas o Tarso realizou uma grande experiência no governo Lula e isso vai ser bom para o Rio Grande. Espero que se assessore bem.
O campo progressista elegeu uma grande bancada, apesar de terem ficaco fora, ou na suplência, pessoas de grande valor e terem se elegido criaturas que tem opções ideológicas com as quais não comungo, por serem pessoas que vão defender interesses de quem já tem demais. Mas, faz parte da democracia representativa.

Estou preocupada com a eleição a Presidente da República.
Tento refletir sobre as razões pelas quais parte do eleitorado migraram para a candidatura da Marina.
Claro que um percentual (em torno de 8%) que sempre esteve com ela desde o início, votou coerente com seu partido: os verdes e alguns com a sincera vontade de mudanças nas ações do governo, no que se refere à questão ambiental.

Preocupa-me os votos de fundo "moralista", fruto da boataria rebaixada, veiculada por setores das igrejas cristãs, de que a Dilma seria associada a idéias contra a vida e as liberdades religiosas: aborto, repressão às livres manifestações religiosas, associação da imagem dela com o terrorismo, comunismo, etc. Saiu muita boataria na internet e em panfletos anônimos jogados na rua.
Um absurdo!
Isso me lembra a ação da TFP (tradição, Familia e Propriedade), que se juntaram a setores conservadores da Igreja Católica, e em passeatas, denunciavam o perigo do comunismo, o que ajudou a estimular o Golpe Militar de 64.

Creio que Lula, a coordenação da campanha da Dilma e o PT cometeram alguns erros:

1- Subestimaram a força que a imprensa ainda tem. Foi ela que empurrou a Onda Verde, que fez a Marina crescer. A mesma imprensa que batia na Marina, quando ministra, por dificultar os licenciamentos ambientais para construção de grandes hidroelétricas. E foi assim que ela aprovou Belo Monte.
2- Erraram na tática do silêncio diante das absurdas acusações. Demoraram demais para dialogar com as Igrejas e esclarecer cada ponto, com honestidade, energia e clareza. E nisso ir pro confronto mesmo.
3- Aproveitaram mal os últimos programas de rádio e televisão, que foram mornos. Deveriam ter pontuado as diferenças em relação ao Serra, respondido devidamente à Marina a questão de um projeto estratégico para o Brasil e deixar claro as propostas do programa sobre as questões trabalhistas, previenciárias, fiscais, tributárias, e principalmente as questões ambientais. Dilma fez isso em relação aos programas sociais, à Segurança, aos projetos habitacionais, mas muitos pontos ficaram obscuros.
4- Sobre a política externa, as relações com a América latina, é preciso deixar claro as diferenças entre Dilma e o PSDB. Sobre a questão da corrupção, da mesma forma. Não é verdade que a corrupção foi inaugurada com o Mensalão, nem este foi inaugurado pelo PT.

O governo Lula não foi o de seguir com o neoliberalismo (privatista, de redução do tamanho do Estado e isso significa redução de gastos sociais) de submissão ao G8 e seus organismos, de Bases militares americanas nas Américas e inclusive no brasil, de implantação da ALCA, etc. Esse é o projeto que Serra iria dar seguimento, pois é o projeto do PSDB.

Na gestão do Estado, é óbvio que qualquer governo vai precisar fazer alianças, caso contrário não governa, e alianças é fazer concessões. Mas é preciso ir avançando e não retroceder. Com Serra, acredito, é retrocesso. Espero que a turma da Marina entenda isso.

sábado, 2 de outubro de 2010

NOSSO LAR


Hoje fomos ver o filme Nosso Lar, inspirado num romance de Chico Chavier (psicografado). Campeão de bilheteria. Fui ver de curiosa, porque não sou espírita e não acredito em reencarnação.
Filme bem feito, cheio de efeitos especiais.
Como não entendo muito de cinema, quero comentar sobre seu conteúdo.

O filme é muito fiel ao que eu já havia ouvido sobre o espiritismo. A crença em Deus, em outra vida, no lívre arbítrio sobre se as almas querem continuar se aperfeiçoando, ou não, e a possibilidade de reencarnação.

Ao morrer as pessoas passam para uma espécie de "purgatório" - parece-me influência da Igreja Católica- do qual vão sair, se assim o desejarem e suplicarem. Socorridas, já em estado lastimável de sofrimento (feridas, sujas, desvairadas, inquietas, sabendo que morreram, inconformadas), vão (são levadas em macas) para o outro lado (Nosso Lar) e lá são generosamente tratadas, numa espécie de hospital. O curioso é que se materializam, na forma humana e com o corpo e rosto que tinham no momento de sua morte terrena.
Podem encontrar os familiares, já mortos, e só encontram a possibilidade de saberem dos seus familiares da terra, fazendo esforço para se aperfeiçoarem, abandonando o egoismo, as vaidades: fazendo por merecer, e se TRABALHAREM.

Pareceu-me fazerem uma apologia ao trabalho e uma imitação de estruturas institucionais terrenas, tem ministérios, ministros e hierarquias. Tem gente que prega sermão. Há uma certa doutrinação.
Chamou-me atenção a abordagem platônica, que valoriza a alma, que a vida terrena é só passagem em função da chance de evoluir, a vida terrena, por si só, na pura imanência, não teria tanto sentido. Lá, após a morte, é que está a verdadeira vida. Isso é fé, não tem nada de racional.
Claro, fé não é racional.

Do outro lado, as pessoas vestem-se com roupas sempre claras, falam baixo, são meio piegas. Eu me pergunto: por que a imagem da evolução humana tem que ser o branco, evitando o preto, o colorido (vermelho, por exemplo)?
Sempre que se fala do céu é meio sem cor. As música também são clássicas. Não pode ter samba, rock, pagode, forró? Será que não combinam com a paz, o crescimento espiritual? Chatice não é?
Muita fantasia, tem uma influência da cultura ocidental cristã, platônica.
Mas é claro que agrada a idéia de ter outra vida, da gente continuar em outra dimensão. No meu caso preciso ser convencida.

Creio no amor ao próximo, na fraternidade, na solidariedade, no Evangelho de Jesus, mas não porque tenha certeza e pretenda conquistar as benesses gloriosas da outra vida. Creio que vale a pena por amor à vida e ao cosmo. Mas é um belo filme e teve um momento que o filme me envolveu e até chorei, o que não é muito difícil para mim. Tenho muita lágrima e não economizo. Choro mesmo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PRIORIDADE E HONESTIDADE DO SERRA COM DINHEIRO PÚBLICO


Durante toda a campanha, quem não ouviu o candidato Serra encher o peito, para falar da sua história de trabalho, competência e HONESTIDADE? Insinuou muitas vezes que a Dilma era a candidata do governo, acusado de ser muito corrupto e não saber gastar corretamente o dinheiro público. "Gasta muito e gasta mal". Repetiu isso muitas vezes.

Nenhum dos candidatos se atrevia, diretamente, fazer acusações frontais nos programas de televisão, para não cair na baixaria que o povo abomina. Bem, a Dilma não pode contar com a imprensa comercial, para fazer isso em relação ao Serra, já o Serra ficou numa posição confortável porque a referida imprensa fez "denúncias e acusações" tentando vincular os fatos ao governo e à candidata Dilma, para atingi-la eleitoralmente.

Pois bem, é claro que se ativarmos a memória, a gente vai lembrar, por exemplo, dos escândalos das ambulâncias. Lembram? De que época foi isso? Todo mundo sabe!
Mas será que algumas editoras não tinham "obrigação" de dar uma mãozinha ao Serra? Ao seu amigo e benfeitor governador de São Paulo, que foi tão generoso com algumas editoras!
Lendo o jornal Brasil de Fato, nº 395 de 23 a 29 de setembro de 2010, encontrei uma matéria do jornalista Altamiro Borges, que embasado no levantamento feito pelo blog NaMariaNews, que pesquisou os negócios do Serra no governo de São Paulo e tornou público um verdadeiro "Mensalão" tucano.
Fatos que foram denunciados ao Ministério Público daquele estado pelo Deputado Ivan Valente do PSOL.

Denunciaram as fortunas pagas pelo governo Serra ao Grupo Abril, Fundação Victor Civita, um barão da mídia, Jornal Folha de São Paulo, Jornal O Estado de São Paulo, Editora Globo.
Vamos à pesquisa feita nos Diários Oficiais do estado de São Paulo:

DO de 23/10/2007- F,Victor Civita - Rev. Nova Escola. 408.600,00;
DO de 29/3/2008 - Edit. Abril; Rev. Recreio - 2.142.000,00;
DO de 23/4/2008; Edit. Abril; Guia do Estudante; 2.437.9118,00;
DO de 12/8/2008; Edit. Abril ; Rev. Recreio; 1.840.335,00;
DO 22/10/2008; Edit. Abril; Guia do estudante; 4.363.425,00;
DO de 25/10/2008; Victor Civita; Rev. Nova Escola; 3.740.000,00;
DO 11/02/2008; Edit. Abril -Guia do estud. 2.498.838,00;
DO 17/04/2009; Edit. Abril; Rev. Recreio; 12.963.060,72;
DO 20/5/2009; Edit. Abril Rev. VEJA; 1.167.175,80;
DO 16/6/2009 - Guia do Estudante. Edit. Abrtil; 3.143.120,00;
Para o Grupo Civita Serra transferiu 34.704.472,52;

Atenção: Esses números acima são milhões de reais para editoras, só para o grupo Civita são trinta e quatro milhões de reais. (é a editora da revista VEJA). E olhem as assinaturas que o governador de São Paulo fez com os Jornalões "amigos" com dinheiro público.
Isso é gastar bem o dinheiro público?
É claro que não há nenhuma prioridade para as escolas e para a população em assinar revistas e jornais.
DO de 12/5/2009, Serra comprou 5.449 assinaturas da Folha de São Paulo;
DO 15/5/2009 Serra comprou 5.449 assinaturas do O Estado de São Paulo;
DO 21/5/2009 Serra comprou 5.449 assinaturasa revista Época da Globo;

Para justificar determinadas assinaturas, determinou que nas escolas de ensino médio as aulas fossem fundamentadas no encalhado Guia do estudante.

É por tudo isso que a gente não pode acreditar na neutralidade dessa imprensa.
Pessoalmente acho uma temeridade por parte de qualquer militante, de qualquer partido, afirmar que "no meu partido não tem corrupção". Já fiz isso e foi uma bobagem.
Honestidade é obrigação e SEMPRE haverá necessidade de averiguar, processar e punir quem cometer má versação dos recursos públicos, desvio de dinheiro, roubo, tráfico de influência, sonegação, em quelquer instância.

Isso não é programa de governo, é obrigação dos cidadãos e o Ministério Público, Polícia e Judiciário existem para isso. E com os peixes grandes também, doa em quem doer.
O fundamental neste momento é questionar a política social, a política externa, a relação com os movimentos sociais populares, a política fiscal, as políticas econômicas, habitacionais, trabalhistas, previdenciárias...O lugar e as prioridades que serão dadas aos pobres, aos índios, aos negros, às mulheres, à participação popular, à democracia e à liberdade.

DEBATE DOS CANDIDATOS


Acompanhei todo debate. Anotei tudo. A dinâmica adotada oportunisava que todos falassem nos 3 blocos (pois que o 4º bloco foi para despedida), mas os candidatos não tinham como falar de todos os temas abordados.

Resumindo: O candidato Serra respondeu sobre IMPOSTOS, DESASTRES AMBIENTAIS, SAÚDE.
A candidata Dilma respondeu sobre INFORMALIDADE, PARTIDOS, SEGURANÇA.
A candidata Marina respondeu sobre PREVIDÊNCIA, HIDROVIAS, FERROVIAS E HABITAÇÃO e o candidato Plínio respondeu sobre SANEAMENTO, METRÔ, FUNCIONALISMO PÚBLICO.

Claro que os outros candidatos também opinavam sobre o tema que perguntavam.
Vai aí uma síntese das principais respostas dos candidatos.

SERRA: Sobre os desastres ambientais falou que vai criar defesa civil nacional, remover população das áreas de risco. Sobre os impostos falou que vai retirar tributação sobre alimentos essenciais. Marina cobrou sua ineficiência no governo de São Paulo no que se refere às enchentes. Serra chega a irritar com as afirmações recorrentes sobre sua experiência e suposta honestidade, mas principalmente porque, segundo ele, criou quase tudo que existe na área social no Brasil e tudo ele diz que já fez, como governador ou ministro. "isso eu desenvolvi como governador", "isso fui eu que criei quando fui ministro". Bateu forte no governo Federal e na Dilma, sempre que pode.

Quanto à MARINA, é "cobra criada" como o Serra, experientes em eleições. Tem um discurso bem elaborado, políticamente correto. Fala de Planejamento Estratégico," olhando o Brasil de forma abrangente, sem fragmentar a realidade e sustentável do ponto de vista social, econômico e ambiental." Frase literal de Marina. Não explica o que isso significa e nem como pretende fazer isso. Reconhece que o programa Minha Casa e Minha Vida é bom, mas desconstitui sua implementação. Propos a flexibilização das leis trabalhistas para gerar mais emprego e afirma que é urgente a Reforma da Previdência e fala que vai criar um Regime de Capitalização, mas, como sempre, não diz como fará isso.
Também não poupou ataques ao governo Federal.

Quanto ao PLÍNIO, sai afirmando que os outros candidatos são todos iguais, porque são defensores das privatizações, das terceirizações, e só estão propondo "melhorias" que não vão resolver, de fato, nada na vida dos trabalhadores. Diz, literalmente, que os outros são representantes dos interesses capitalistas, dos ricos, etc.
Propõem tributar as grandes fortunas, acabar com o ICMS, aplicar 10% do PIB na saúde, fazer auditoria na Dívida Pública (não deixou claro se a externa ou a interna), reduzir a jornada de trabalho, sem reduzir salário, bem como ocupar moradias desocupadas (ocupação urbana), como proposta para reduzir o déficit de moradias no Brasil .Claro, ele já tinha dito outro dia, colocar limites na propiredade da Terra.
Realmente reformas estruturais, o problema é COMO fazer isso pela via eleitoral.

Quanto à Dilma, foi a mais cobrada, por ser governo. Algumas cobranças muito pertinentes. Dilma não se deteve a atacar os adversários, procurou reafirmar a continuidade dos programas sociais do governo Lula, implementar e potencializar o PAC 2, na questão de moradia, transporte e massificar dois programas que foram reconhecidos como bons, inclusive pelos outros candidatos: Minha Casa Minha Vida e a estratégia para a Segurança Pública. Sobre isso Dilma explicou no que consiste o Programa Polícia Pacificadora, a exemplo do que está sendo experimentado no Rio: combinar ações sociais, mobilizando a comunidade e ação repressiva eficiente contra a bandidagem, transformando os territórios de "guerra!" em territórios de "paz"
.
Dilma aproveitou para divulgar ações do governo. Quando perguntada sobre informalidade falou na geração de empregos dentro das formalidades legais, deixou de dizer que o micro-crédito possibilitou pequenos investimentos e geração de renda, talvez, uma alternativa aos que não querem ser empregados. Deixou de dizer também que está sendo possibilitado contribuição previdenciária para os informais, para que tenham benefícios da Previdência.

Dilma é muito concreta, tem boas propostas, mas carece de desenvoltura para explicar seu programa. Não apresentou um programa socialista, mas reafirmou respeito à democracia, ressaltando a necessidade de governar com a pluralidade, respeitando a diversidade brasileira, a liberdade de expressão e organização.

Eu, pessoalmente, creio que, no governo, se eleita for ( e eu deixei claro que vou votar nela) ela deveria dar alguns passos na direção de tributar as grandes fortunas, baixar os juros e auditar a tal dívida, de forma a não consumir fatia tão grande da arrecadação. Quanto às transformações propostas pelo Plínio, cabe à pressão popular, ir abrindo brechas no governo em direção à reformas mais estruturais, que realmente se fazem necessárias, para desconcentrar a renda e construir uma sociedade mais igualitária.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ELEIÇÕES E O PSOL


Estou de mau humor porque, mais uma vez, fui acordada com a música "ilarilarie da Xuxa" só que com a letra ridícula, de um certo candidato. Essa músiquinha chata, martela minha cabeça o dia inteiro porque passa aqui na Av. Liberdade, onde moro, umas duas vezes por dia. Um tormento! Se eu tivesse alguma intenção, por maior que fosse, de votar nesse sujeito, que rima a palavra "afoito com 00008", eu não votaria mais por causa que ele, todos os dias, me acorda com essa chatice.

Mas quero comentar o programa do Plínio de Arruda Sampaio, que concorre sabendo que JAMAIS será eleito com o programa que apresenta. Mas por que ele o apresenta? "Para debater o Brasil, para enfrentar o capitalism". Ótimo, é um bom objetivo, mas que é enganador. Senão vejamos: Ele promete que se eleito vai acabar com o latifúndio colocando, definitivamente, limite nas propriedades (que terão, no máximo, 500 hectares). Também promete estatizar toda a saúde, a educação, e os bancos. Já isso não sei se é tão ótimo assim.
De qualquer forma, ele NUNCA diz COMO pretende fazer isso. Houve tempo que falávamos assim no PT, nos Movimentos sociais, e de fato, no capitalismo sempre teremos disparidades sociais, corrupção ( o Estado é corruptor e é um braço do Capital), desigualdades, produtivismo predador, etc.

Pela via eleitoral NÃO é possível transformações estruturais. Grandes transformações, SEMPRE foram fruto de grandes rebeliões. Então, se possível, é isso que precisa ser feito. Mas enfrentar o Braço Armado do Capital, nos dias de hoje? Ninguém se atreve e na via eleitoral, o último presidente do Brasil, que quis tocar na propriedade privada da terra, foi deposto e tivemos uma ditadura de 30 anos.

Ora, o Lula sempre soube disso, então no Estado se faz melhorias mesmo. E o povo quer fazer enfrentamento, sofrer perseguições, morrer pela causa socialista? Não, o povo quer comer, amar, morar melhor, se divertir, o povo quer VIVER. Por isso, é preciso alavancar condições de mais vida, foi o que Lula fez, a Dilma vai continuar a fazer e é o possível pela via eleitoral.

Ademais o capitalismo se tornou um modo de vida, um modo de ser. A cada momento precisamos combater o capitalismo, construindo outros modos de viver, de nos relacionar, de morar, de comer, vestir, aprendendo a COOPERAR, a viver de forma mais simples, a respeitar a natureza, etc. Por isso que cai no vazio o programa do Plínio e do seu PSOL.

Isso não significa que tenhamnos que desistir de reiventar outras formas de vida, não capitalistas, não produtivistas, não exploradoras, segregadoras, acumuladoras, poluidoras. Existem, sim, resistências, auto-organização, sendo gestada, vivida em milhares de lugares.
Os governos podem, sim, fazer prioridades, fortalecer as iniciativas populares da economia solidária, de cooperação, de produção não poluidora, de escolas comunitárias, de cooperativas de habitação, de economia de água, de energia. Pode sim, tributar mais o capital, fortalecer as iniciativas auto-gestionárias, ajudando com recursos públicos.

Pode investir mais em saneamento, em habitação, na agricultura familiar sustentável (ecológica), em educação, em iniciativas produtivas que reduzam a subordinação e fomente a autonomia e a cooperação. Se, hoje, é o trabalho vivo que se impõe sobre a máquina (o trabalho morto), a potencialidade está no conhecimento, na cognição, na corporalidade. Essa corporalidade precisa comer, morar, se informar, ter acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação e se tornar produtiva, sem pedir a bênção aos patrões capitalistas. Por isso os programas sociais do governo Lula são mais revolucionários que o discurso sectário do PSOL e outros esquerdinhas ressentidos e arrogantes.

domingo, 26 de setembro de 2010

RECEITAS NOVAS

"Mãe não inventa". Frase do meu filho Pedro, frente ao perigo de não dar certo o almoço de um domingo qualquer. Gosto de inventar. Se ninguém arriscasse novas experiências a gastronomia seria muito pobre.

Cozinhar, fazer pães e doces, requer uma relação holística com os produtos da natureza. Precisa ter sensibilidade, observar as reações dos ingredientes, as texturas, etc. As receitas podem obter resultados bem diferentes de uma mão para outra, pois o modo de fazer altera, e muito, as texturas e os sabores. Até porque as medidas variam (tamanho das xícaras, das colheres...).

Neste final de semana eu e o Irineu experimentamos duas receitas que deram certo. Falo nós porque, quase sempre, preparamos os alimentos em regime de colaboração. Isso, inclusive, nos ajuda a manter diálogos interessantes e em meio aos fazeres na cozinha, rola algum carinho, algum aperitivo, chimarrão, e às vezes alguma impertinência mal-humorada de minha parte. Mas no geral, nosso astral para cozinhar é muito bom.

Vai aí uma receita que fizemos neste final de semana:
PÃO DE BATATA DOCE AROMATIZADO COM LARANJA
Ingredientes:
2 Kg. de farinha de trigo (sendo meio Kg. de farinha integral); Uma Xícara de açúcar, e meia colher rasa de sal. Duas colheres (sopa) cheias de fermento seco para pão. Meia xícara (chá) de azeite; Uma xícara (tipo caneca) de caldo de laranja e meia colher (sopa) de raspa da casca de laranja. Duas batatas doces médias cozidas e amassadas. Meia xícara de leite. Dois ovos batidos. Água morna, se necessário para dar consistência na massa.

Junte todos os ingredientes secos com o fermento, também seco, e misture. Junte em outra vasilha a batata, o azeite, o leite morno, os ovos batidos, o suco de laranja, a raspa de laranja. Misture tudo e junte aos ingredientes secos. Misture e se ainda estiver muito espesso junte um pouco de água morna, até que seja possível sovar a massa. (Isso é que depende de sensibilidade e experiência).
A massa precisa ser sovada até que comece a fazer bolhas. Aí deixe descansar em lugar sem vento para que cresça. Deverá dobrar de tamanho. A seguir faça os pães do tamanho que desejar, unte formas e coloque-os novamente para crescer, até que quase dobrem de tamanho. Tem quem goste dos pães menos crescidos. Crescer demais deixa os pães esfarelentos. A temperatura do forno é de, aproximadamente, 200 graus e cozinha em 35 minutos, talvez um pouco mais, a depender do tamanho dos pães. Se alguém experimentar, conte-me o resultado.

Fizemos e ficou uma delícia. Outro dia escrevo a outra receita de uma carne especial que preparamos. Espero que gostem. É muito bom comer um pão que fica amarelinho, macio, cheiroso e muito saboroso. Boa semana.

sábado, 25 de setembro de 2010

ELEIÇÕES

Falta uma semana para as eleições. Teremos de votar em seis cargos. Uma confusão. Confusão que a gente vê na campanha. Os canteiros das ruas abarrotados de propagandas. A gente precisa se concentrar quando está dirigindo, porque aquele colorido todo quase nos distrai. E os carros de som? Cada músida ridícul! Tem até música da Xuxa. E letras sem sentido, por exemplo: "não seja afoito, vote .3, 6, 5, 7 8...oito, para rimar com afoito. Ridículo!

Como distinguir tantas promessas? Todo mundo "veio de baixo" lutou e venceu. Alguns se colocam apelidos para parecerem populares. E tem propagandas de gente que defende a contravenção. Por exemplo: "galistas, eu tenho coragem de defender o direito dos galistas de poderem assistir seus galos a fazerem aquilo que é da sua biologia" Se eleito vou lutar pelos direitos dos galistas." Mais ou menos isso o candidato fala, vestindo uma camiseta com um galo de rinha. Loucura! Defende claramente algo proibido em lei: as brigas de galos de rinha.

Todos querem e defendem os direitos dos mais pobres, reconhecem que todos precisam de saúde, educação, moradia, etc. etc. Gente que dizia que as prefeituras iam quebrar se aumentasse o salário mínimo, agora virou defensora do crescimento do SM. Gente que criticava o Bolsa Familia, agora promete aumentar o valor do Bolsa Familia e ampliá-lo. Todos defendem os pobres, os pequenos agricultores, os programas sociais sempre criticados. Uma hipocrisia!

E tem propaganda que não diz nada. " O Rio Grande no Caminho Certo". Certo para quem? O que é estar no caminho certo?
"o que os outros dizem que vão fazer a Fulana já fez".Fez tudo, tudo, dá gosto, só a gente que não percebe.
Tem os candidatos da terceira idade, na luta contra o Krack, na defesa dos deficientes físicos, dos fumicultores...enfim gente tentando cativar setores da sociedade.

Tem os chavões que são ridículos:
"O RS é do Senhor Jesus Cristo", "Não durma no ponto", "acabar com a indústria da multa", "visão deusista da política", "quero lutar contra as leis ambientais que vai tirar terras dos agricultores", "educação de tempo integral" (para fazer o que?), "desenvolvimento sustentável" (sem dizer que entendimento têm disso), "saia do escuro, vote seguro"! "creio nas promessas de Deus", " O fuzileiro democrata. Adsumus" ( o que é isso?), Tolerância Zero"...e por aí vai.
Como escolher?

Mas enquanto as sociedades humanas não conseguirem um grau de humanização e organização capazes de garantir a cooperação, a responsabilidade, e a capacidade de se autogerirem ( se é que um dia isso vai acontecer), sem precisarem da representação e da delegação, vamos continuar voltando.

Tenho comigo alguns critérios para escolher candidatos, para votar em alguém:
Conhecer a história do indivíduo e dos compromissos que ele tem assumido, procurando identificar de que lado ele tem se colocado. Voto em quem tem compromisso e luta para melhorar a vida das pessoas. Em quem tem algum tipo de engajamento que contribui para que mais pessoas possam viver melhor. E falo daquelas pessoas que mais precisam de ajuda para alavancarem condições dignas de vida. Falo daqueles que historicamente sempre foram relegados e esquecidos.
Outros critérios são o respeito à diversidade, à cultura popular, aos movimentos sociais populares, ao diálogo, à participação protagonista das pessoas, às lutas das mulheres, da educação, dos sem terra e pequenos agricultores, dos jovens, do meio ambiente. Mas não só no discurso, no engajamento, antes de serem candidatos.

Com esses critérios escolhi meus candidatos, todos eles. Não são os únicos, mas a gente precisa escolher. Levei em conta a representação da juventude e das mulheres e o compromisso com a educação, que fez parte fundamental da minha vida.
Temos bons candidatos no RS, e sem menosprezar outros nomes de luta e de grande valor, vou socializar os meus escolhidos. Faço isso, porque seguidamente algumas pessoas me questionam.

Presidente: voto Dilma. Governador: voto Tarso. Senadores: Pain e Abgail, Dep. Estadual voto no jovem Mauricio Piccin, 13913, dep. Federal, na professora Emilia Fernandes 1311.

"A opinião pública somos nós"

" A opinião pública somos nós". Essa frase do Presidente lula gerou protestos e a grande imprensa comercial deu maldosas interpretações, tentando criar um clima de "ameaça à democracia".
Lula quis dizer que a cada dia fica no passado a pretensão da mídia comercial de ser porta-voz exclusiva da opinião pública.

Mas de que mídia comercial estamos nos referindo? Da Folha de São Paulo, do Jornal O Globo, da TV Globo, da TV Bandeirantes ,da Veja, etc.( historicamente vinculadas aos interesses da elite brasileira).
Essa mídia está furiosa, porque estão tendo que disputar com outros canais de opinião: as redes sociais da Internet, os blogueiros e todas as mais variadas formas de manifestações verdadeiramente livres.
Essa mídia comercial cria factóides, deformando e ocultando fatos e pré-julgando, utilizando-se da concessão pública, para alterar a tendência eleitoral de vitória de candidatos que são favoráveis à base da pirâmide social.

O governo Lula, pode não ter feito tudo o que desejávamos que fizesse por maior igualdade social, deixando a desejar, por exemplo, na minha opinião, nas questões ambientais, mas, sem dúvida, milhares de pessoas passaram a comer melhor, a ter luz, moradia, escola e até universidade. Sem falar na respeitabilidade que o Brasil conquistou na política externa e pela primeira vez na história, o Estado brasileiro não é inimigo do Movimento Social e não se ajoelha diante dos ditos países do primeiro mundo. Temos muuuuito mais soberania.

A elite brasileira, sempre golpista e racista não tolera isso.Como disse Leonardo Boff: "É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente, como Lula. Trata-se, como se deprende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo". Não há mais lugar para coronéis e de fazedores de cabeça do povo".

Quando penso que a TV Globo teve sua concessão pública por puro tráfico de influência, porque apoiou e colaborou com a Ditadura Militar que exilou, torturou, CENSUROU e matou brasileiros, com a conivência da grande mídia, fico irritada ao ver que hoje eles querem parecer os guardiões da moralidade e da democracia.
Foi a mesma elite que sempre se beneficiou e se beneficia ainda, com os recursos públicos: incentivos fiscais, isenções, financiamentos e dívidas de grandes empresários e grandes ruralistas latifundiários, que nunca são pagas. Estão aí as fortunas afanadas pelo empresário Nelson Tanuri, que abocanhou fortunas de bancos públicos e deixou falir estaleiros, demitindo milhares de trabalhadores.

São os grandes e médios sonegadores:empresas, profissionais liberais, servidores públicos, que fazem discursos moralistas. Muitos pegam dinheiro público, aplicam no exterior, demitem milhares de trabalhadores ou mantém trabalhadores sem legalizá-los, explorando-os barbaramente e até mantendo trabalho escravo.

É bom lembrar que até a Constituição de 88, quase não havia concurso público. Os cargos eram indicados. Isso ocorreu aqui na UFSM, em pleno período do Regime Militar. Eram indicações, puro tráfico de influência. Os Cargos de Confiança, foram implementados naquele período e era para empregar gente "da confiança", fiéis ao regime ditatorial, familiares e amigos.

A história do Capitalismo é feita de corrupção. O Capital tem seu braço armado e o usou contra o governo popular de João Goulart.
A história do Brasil, desde o início, foi de privilégios de um lado e de saques e extermínio de outro, os índios que o digam.
As terras (os latifúndios) foram concessões do Império e dos governos a amigos e parentes. O conflito está aí, porque a posse da terra foi fraudulenta, desde sempre nesse país. História de escravidão, de massacre. Canudos foi puro massacre.
Mais recentemente, vale lembrar os grandes escândalos: Adubo Papel, Pasta Cor de Rosa, Sinvan, a Vale do Rio Doce, cuja venda foi uma farsa, pois foi praticamente doada e nessa "venda" foram beneficiados parentes do governo da época.

Antes as CPIs eram abortadas, as sujeiras eram jogadas para baixo do tapete. Hoje são publicizadas, são apuradas., Cumpre-se o preceito constitucional da impessoalidade e publicidade. Avançamos sim.

Precisamos denunciar sim a corrupção e toda forma dela acontecer: a corrupção dos empresários, do Capital e da imprensa comercial e golpista.
Os ricos e a ridícula classe média intelectual, metida a besta, não admite que nenhum dinheiro público seja destinado aos "descamisados". E sente vergonha de votar nos candidatos que o povão "ignorante" vota. A ética e a transparência não podem ser bandeiras da elite porque sempre se beneficiaram dos privilégios, tráfico de influência e corrupção. Agora fazem discurso hipócrita. Infelizmente, por mais rigor que os governos tenham, sempre teremos corrupção. No entanto, pela primeira vez milhares de pessoas, estão se beneficiando com um pouquinho de dinheiro público e com esse pequeno impulso, conseguem um pouco mais de dignidade para viver.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ENCONTRO FAMILIAR


Aniversário de 15 anos é sempre motivo de festa. Significa, em princípio, que a pessoa deixou de ser criança e já pode dar passos mais ousados na sua vida e nos seus relacionamentos. Já pode sair à noite, namorar, etc. Bobagem, no fundo, porque a maturidade vai depender da pessoa, de seus aprendizados, de suas experiências, do diálogo que os familiares mantiverem com ela.

Bem, mas ontem à noite fomos numa pitzaria festejar com a familia do Hairton, meu irmão, os 15 anos do meu sobrinho Leonardo, filho do Hairton e da Mari e irmão da Laura. Estavam muito bonitos e alegres. Lá estavam poucas pessoas, mais chegadas da familia da Mari e da nossa.
Parabéns ao Leonardo e a seus familiares. Claro que a gente deseja uma vida criativa, alegre e cheia de bons encontros, de muitos amigos para o Leonardo e para sua familia.
Ele está um belo rapaz, ganhou diversas camisas do Inter, pois todos sabemos que é um ardoroso torcedor.

Pena que o Hairton não convidou os primos e primas, pois embora a diferença de idade, ele só ganha em aproximar os laços com a ala jovem e adulta da familia, pois a ala geriátrica tende a ir mermando.
Foi um belo e muito "saboroso" encontro. As pitzas doces estavam uma LOUCURA! O Leonardo e familia estiveram perfeitos como anfitriões. Parabéns!

domingo, 19 de setembro de 2010

VOLTANDO

Oi pessoal. Estive ausente porque o computador havia pifado. Agora o filho Pedro comprou um novinho. Uma beleza!
Nesse tempo muita coisa aconteceu que poderia ter escrito. Quero destacar alguns eventos. O Irineu e eu fomos a um evento do Palco Fora do Eixo, ouvimos música Popular Brasileira, de raíz. Dançamos umas duas horas. Só nós de "velhos". Como tocou samba e forró, conseguimos dançar. Nosso problema é com o roque. Aí a gente não dá conta! Curti muito ver a gurizada (alguns já meio coroas também) se divertindo. Conversavam, dançavam ( bebiam e fumavam também, mas faz parte). Eu tinha outra impressão da vida noturna de hoje. O que vimos foi bem legal, boa música, (cujo volume não era muito alto) bons papos. Foi lá na Gare. Era uma noite fria e linda, estava muito agradável.

Também estivemos num comício ( na mesma noite, antes do Palco Fora do Eixo).O candidato a Governador pelo RS,Tarso Genro, veio a Santa Maria, acompanhado de muitos candidatos da Frente Popular. Estranhei a falta de "tesão" que tínhamos no passado, no tempo em que fui candidata. Mas gostei da fala do Tarso, do que ele falou sobre a relação que pretende ter com os professores e movimentos sociais e também do que ele pensa que deva ser a Segurança Pública e o papel da Brigada Militar. Gostei. Acho que o Tarso amadureceu, aprendeu e mudou para melhor. Isso tudo foi na quarta-feira passada.

No sábado fomos a um baile de CTG, semana Farroupilha. Fomos trajados a rigor: pilchados. Dançamos muuuuuito. Afinal agora sabemos dançar música gaúcha. Esnobamos passos de chamamé, que aprendemos nas nossas aulas de dança de salão. Me senti bonita de prenda e o Irineu fica muito bem pilchado.
Hoje, domingo, fizemos um almoço caprichado, receita que aprendi lá na minha cunhada Carla (Abóbrinhas recheadas). Ficou uma delícia! Também, no molho foi meia jarra de vinho branco! O cheiro era maravilhoso! E nós adoramos a visita das filhas aos domingos. O Pedro está conosco durante a semana e no domingo fica com a namorada. As filhas e o Leonardo vieram e, como sempre, nos alegraram muito.

Na quinta-feira o Irineu fará cirurgia de Cataratas em um dos olhos, então terei de cuidar bem dele. Não sei se terei ânimo para escrever, mas não vou sumir.As vezes fico sem assunto, porque minha vida é feita de um cotidiano que não deixa de ser repetitivo, embora a gente sempre esteja fazendo boas leituras, saindo e descobrindo coisas novas para curtir aqui em Santa Maria. Afinal, deixamos a vida rural e passamos a viver a vida urbana, com seus prazeres e suas mazelas. Qualquer dia escrevo sobre isso. É uma experiência e tanto!
Boa semana para vocês que, com generosidade, espiam o meu blog.