quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ATRASO E ÓDIO SÃO AS ARMAS DE CAMPANHA DAS ELITES


ALVORADA TRISTE

Sete horas da manhã, liguei a televisão para ver se tudo corria bem com o resgate dos mineiros do Chile. Dei de cara com um pastor engravatado, vociferando sobre os "perigos de eleger alguém do mal, que vai trazer a morte e a convulsão social" e deixava claro que isso se referia à candidatura da Dilma (sem mencionar o nome da candidata). Um discurso ameaçador e fundamentalista. Dei-me conta do grau de atraso e retrocesso que isso significa.

O PODER E AS ELITES BRASILEIRAS

Após séculos de comando sobre o Brasil: sua gente e suas riquezas, as elites brasileiras (associadas às elites internacionais), estão tendo que enfrentar, democraticamente, o processo eleitoral. Não admitem serem governadas por "gente sem estirpe" e não admitem repartir nem as migalhas das riquezas brasileiras. Golpistas, racistas e escravagistas, fazem de tudo para excluir os candidatos que estão historicamente ligados às multidões da base da pirâmide social, que têm os rostos e os corpos marcados pela negritude, pelos traços indígenas, mestiços, caboclos, operários, desgastados e surrados pelo trabalho duro, pelo desemprego (sem terra, sem teto, sem saúde, sem escola...).

As tentativas sempre tiveram caráter racista, preconceituoso, e agora apelam para um perigoso moralismo religioso/fundamentalista. Inauguram um tipo de pregação que é de um atraso medieval, incitando o ódio e este recai, principalmente, sobre as mulheres pobres e a candidata que as representa: DILMA, que manifesta opção pelos pobres.
Da direita a gente não se admira, já fizeram toda sorte de táticas sórdidas. O triste é que algumas lideranças e intelectuais de esquerda, não se apercebam do que está acontecendo e ficam defendendo o voto em branco.

O TEMA DO ABORTO

Neste momento é o aborto a bandeira da elite (que pratica o aborto em clínicas de luxo)
Não creio que alguma mulher queira realizar aborto. É uma agressão ao corpo e à vida e não me acho no direito de julgar ninguém, sobre as circunstâncias que levam uma pessoa a buscar tal alternativa. (nem Jesus julgou).
Durante décadas participei das lutas das mulheres, me deparei e testemunhei situações de desamparo, de violência machista contra mulheres (de todas as idades e condições sociais), que levaram muitas ao desespero.

Criminalizar o aborto significa condenar à morte o feto e a mãe. É isso mesmo. Por que? Porque a criminalização impede que a mulher possa ser atendida do ponto de vista psicológico, médico, jurídico e social.
Ela sabe que não vai encontrar amparo e então submete seu corpo às agressões e aos riscos que a livram da gravidez indesejada, a gravidez da vergonha, do silêncio, do mêdo, do impasse para a sua vida. Ela sabe que em lugar do amparo ela vai enfrentar a polícia, o processo.

As Igrejas, do ponto de vista da fé, não deveriam exigir do Estado, a punição mas a contribuição deste, para amparar a mulher. Que ela pudesse encontrar na sociedade, nas Igrejas e no Estado ( que não é Deus e não é o Papa):
1º) Amparo psicológico, jurídico, atendimento médico, acompanhamento social, acolhimento.
2º) Na gravidez e depois dela, ajuda econômica (renda e creche) para criar seu filho.
Aí, talvez, ela não precisasse recorrer ao aborto.
Considerar pecado é do âmbito da fé e não do Estado. A criminalização não tem evitado a prática do aborto e só tem levado à morte milhares de mulheres e deixado milhares de crianças sem mãe. A descriminalização pode evitar milhares de abortos e salvar a vida de milhares de mulheres.

O QUE ESTÁ POR TRÁS DESSA CAMPANHA?

Sem dúvida, é a culpabilização da mulher, a sua condenação à morte, ao abandono, a repressão, castigo pela sua sexualidade, a condenação ao afeto e ao prazer.
E nessa discussão, que lugar tem a figura do "macho"? Falo inclusive dos machos das Igrejas.
E então Deus, Jesus, aparecem também com a face de justiceiros, de intolerantes e do medo.
Não é o que eu entendi do Evangelho de Jesus.

Tem também o preconceito sobre o imaginário feminino: ser mulher é ser submissa, recatada, mansa, sujeita ao sacrifício até à morte...Dilma não é isso, eu não sou isso, as mulheres não são isso. Como Dilma, como eu e como milhares, somos mães, ou não, somos amorosas, afetivas, sensíveis...mas somos fortes, briguentas quando necessário, administradoras, executivas, ambientalistas, ativistas sociais, agentes de saúde, educadoras, juristas...plenamente gente.
Eleger Dilma é afirmar a Libertação, a democracia verdadeira, é derrotar o moralismo arcaico, a opressão da falsa fé.
Cristo veio para que tenhamos Vida em Abundância, e neste momento, no processo eleitoral, Dilma se aproxima mais dessa máxima do Evangelho.

2 comentários:

  1. ta ai algo complicado!!fazer do tema aborto um terrorismo ja é demais!sou contra o aborto mas quem afinal é favorável?concordo com o texto há muito mais em questão.

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  2. Li uma notícia esses dias da Dilma praticamente sendo chantageada pelos crentes pra prometer não legalizar o aborto! Gente provalecida!

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