terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Aniversário de minha mãe

Dia 13 de dezembro de 1925, nascia Maria Lúcia Bonelli Lovatto, no interior de Cachoeira do Sul (Estiva). Hoje completa 86 anos.
Filha de descendentes diretos de imigrantes italianos. Sua mãe, Vitória Bonelli nasceu em um dos navios que trouxeram imigrantes da Itália, em plena travessia do Oceano Atlântico.
Seus pais, sem terras próprias, chegaram a tornar-se empresários de arroz, plantando em terras arrendadas. Foram bem sucedidos, plantando nas margens do rio Jacuí. Viveram períodos de fartura. Produziam com o que havia de mais moderno, na época. Chegaram a ter dezenas de empregados.

De acordo com os relatos de minha mãe, meu avô Joanin Lovatto mandou vir um bom professor de Santa Maria para dar aulas às filhas ( o filho estudava em S.Maria) e aos empregados. Foi assim que elas e os empregados se alfabetizaram a aprenderam conteúdos históricos e geográficos, bem como alguns cálculos matemáticos, aplicáveis às necessidades da vida.

Com a crise de 1929, que afetou o Brasil durante décadas, a empresa do "nono" quebrou.
Minha mãe, já casada com meu pai Delmiro Copetti, também sem terras ou patrimônio, teve oito filhos e ambos trabalharam muito. Juntaram um razoável patrimônio que também foi dilapidado por outra crise: o galopante procresso inflacionário que durou décadas e que se tornou nosso conhecido, fantasma que continua a nos assustar.

Mas, apesar das dificuldades, criaram os oito filhos e todos estudaram, se formaram e estão bem. Claro, que os mais velhos, trabalhando e estudando e ajudando a sustentar os mais novos.
No entanto, é preciso ressaltar os méritos de nossa mãe, que nos empurrou para a vida, nos ensinou a trabalhar e nos forçou a estudar.

Neste dia, quero homenageá-la, lembrando a força e a potência de vida desta mulher silenciosa, de poucas palavras, de poucos sorrisos, tímida, mas que fez um grande trabalho.
Tinha muita sabedoria.
Criou os filhos numa época difícil e é pertinente lembrar que foi com muito poucos recursos e conforto.
Não havia água encanada (tinha que puxar água de poço), lavar roupa na fonte, porque,obviamente, não havia máquina de lavar roupas, nem geladeira, nem fogão a gás.
Nem era possível sair às compras pois lá, no meio rural, não tinha mercado, mercearia, açougue, padaria. Pão ela os fez a vida toda, em forno de tijolo e barro. A carne era de galinhas, porcos, cabritos, criados na propriedade. Frutas, verduras, legumes., feijão, milho, etc. também eram produzidos nas roças caseiras, fruto do trabalho, principalmente da mãe, com a ajuda dos filhos mais velhos, que iam crescendo e ajudando.
O leite, o queijo também eram produzidos em casa.

As roupas, os acolchoados, ela fazia, todas, inclusive as bombachas do pai.
E é bom lembrar, não havia fraldas descartáveis, e nem posto de saúde, SAMÚ, etc. Ela tinha um livro: O Conselheiro Médico do Lar, que orientava sobre os sintomas das doenças e viroses e tinha os conselhos sobre o que fazer: chás, compressas, pomadas, charopes, hidroterapia.

Nos criamos num lugar denominado São Gabriel, hoje município de Ametista do Sul.
Nosso pai serrou as táboas e fez a nossa casa. Ele montou um engenho de serra e depois serrou a madeira para as casas da maioria dos moradores do lugar, naquela época. Isso, aproximadamente lá pelos anos 1955.
Foi a primeira casa com assoalho.
Lembro-me da admiração de uma visinha quando a mãe mostrou-lhe os talheres inoxidáveis que o pai havia trazido de São Paulo, onde viajava para vender madeira.

Nossa casa era toda de madeira, com áreas de ripinhas, bem pintadinha, bem bonita, com jardim e roseiras. Minha mãe era muito caprichosa. Lembro dos vestidinhos que ela nos fazia, bem bonitos e das camisas e calças de meus irmãos. Sempre bem limpos e bonitos.

Houve um tempo em que não havia escola e a mãe alfabetizou e ensinou os primeiros cálculos para os quatro irmãos mais velhos, inclusive para mim.
Também foi nossa catequista. Ela sempre gostou de ler e tinha uma letra muito bonita.
Também nos ensinou a cozinhar, lavar, passar, cuidar da casa, bordar e até um pouco de costura.

Quando a crise começou a apertar, ela foi a primeira a ir abrindo mão de nossa presença e de nossa ajuda para que ganhássemos o mundo em busca do estudo. Não nos deram tudo não, tivemos de trabalhar muito, mas nos viramos e estudamos.
Obrigada mãe, teus cuidados e tua confiança em nós nos fez crescer.

Como ela está durando tanto?
Bom isso é até cômico: me criei achando que a mãe era bem doente, ela se cuidava muito e quando começou a ser possível, ela buscou médicos e todos os recursos disponíveis para se renovar e "se curar" das hipotéticas doenças. Mora comigo a mais de 20 anos e descobri que ela não tem doença nenhuma e vai longe, ainda lúcida.
Sempre que posso tento conversar com ela e aos poucos ela me conta coisas que desconheço.
É uma matriarca forte e uma vencedora, embora não se dê conta disso.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O PIB mede a produção e circulação de riquezas no Brasil?

Hoje de manhã, fiquei em uma fila esperando abrir um cartório em S.Maria e fiquei escutando as conversas.
Chamou-me a atenção um rapaz conversando com um senhor sobre suas atividades econômicas. Pelo que entendi, ambos moradores do Bairro S.Marta, periferia de S.Maria.

O homem falava dos bem sucedidos negócios que lhe haviam rendido uns bons trocados. Falou de compra e revenda de carros, motos e sucatas. Mas o sujeito é muito versátil em matéria de negócios, pois comentou que vendeu muito bem o estoque de salame que havia produzido em sua própria casa. Comprou porcos e transformou em salame.

Depois me distraí um pouco e perdi o fio da conversa. Quando voltei a prestar atenção ele já falava de peixes, entendia tudo de criação, cuidados, etc. e também com peixes ele fazia negócios. O outro, que o escutava, deu seus palpites, demonstrando, também, muita experiência em bons negócios, todos informais, é claro.

Ambos nem cogitavam falar de emprego, empresa regular, etc.
Comentamos o Irineu e eu: O PIB efetivamente, não mede a riqueza que é produzida e que circula, de fato, por este Brasil afora.
Todo o dinheiro de aposentadorias, bolsa familia e outros recursos de políticas sociais, permite que o povo faça sua própria economia e tem que ser informal sim, pois quem é que pode conseguir dar conta da burocracia para se registrar, requerer o SIMPLES e pagar pouco imposto? Não requerer significa estar completamente inviabilizado.

Qualquer negócio, não enquadrado no SIMPLES e regularizado, vai cair no absurdo de, por exemplo, 9% de alíquota sobre faturamento bruto (não é lucro bruto, do qual são descontadas as despesas), a cada trimestre, fora IR (Imposto de Renda), PIS e COFINS, obrigações trabalhistas, previdenciárias, etc.

Por isso o povo faz tudo informal mesmo, compra vende, fabrica, biscateia e ganha dinheiro, muitissimas vezes mais que qualquer emprego de salário mínimo, com a tal carteira.
O crescimento medido pelo PIB, no Brasil, está em torno de 4%, medido sobre os registros legais. O crescimento informal está em torno de 15%. Eu acredito que isso é o que ameniza a crise.

Se a carga tributária e a burocracia não fossem tão elevadas, e se a avidez fiscal não fosse tanta, muitos poderiam contribuir com a previdência e com um imposto geral, pequeno, que creio, é relevante para que os governos garantam saúde, educação, obras, etc.

É preciso ter arrecadação, mas é preciso ser proporcional ao potencial econômico e distruibuída entre todos. Todos contribuindo, reduz para todos e não cai a arrecadação.

O povo brasileiro se vira e faz acontecer, apesar da crise, apesar dos governos. É muita criatividade! Me divirto ouvindo as conversas dos nossos "Pedros Malasartes" brasileiros, que vão dando um jeito de driblar a pobreza, de viver melhor e de se divertir.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

8 de dezembro, dia santo.

É dia santo, para mim por duas razões: pelo orgulho e admiração pela MULHER Maria, mãe de um grande homem: Jesus.
Mas é um dia abençoado porque foi em 8 de dezembro de l925, que um casal, filho de imigrantes italianos,pobres, Albino Copetti e Élide Dreon Copetti tiveram um filho que se tornou uma bela pessoa: Delmiro Copetti, meu pai e de mais 7 irmãos, todos também belas pessoas.

Nosso pai faria hoje 86 anos, idade que fará minha mãe, dia 13 deste mes. Ele já morreu faz mais de 20 anos. Ela mora comigo e goza de perfeita saúde.

Meu pai era alegre, falante, ótimo contador de histórias, teatral até. Era um belo homem, tinha uma voz potente e uma oratória muito persuasiva e empolgante. Convencia e cativava.
Tinha ouvido musical, tocava gaitinha de boca, dançava bem as músicas que aprendeu em sua época: valsa, bolero e até tango.
Gostava de política, tinha espírito revolucionário. Foi brizolista, do antigo PTB, mais tarde veio para o PT.

Mas o principal, para nós, é que era acolhedor, afetivo e gostava de aventuras. Nos dava liberdade e confiava em nós. Dava importância para o que nós queríamos e dizíamos.
Era uma pessoa de temperamento forte, briguento até, não levava desaforo pra casa e era bom de briga, forte e rápido, numa época que era preciso, mas jamais tirava proveito da fragilidade de alguém. Era justo, generoso e bom. Não deixava ninguém que o procurava de mãos vazias, emprestava dinheiro, sem juros, em época de muita inflação. Ficou cada dia mais pobre, obviamente.

Trabalhava muito, mas sabia se divertir. Tinha amigos, enturmava-se, ajudava a comunidade.
Foi um exemplo para mim. Sinto saudades e um amor eterno por aquele homem maravilhoso: meu pai.
Falar dele, para mim, o faz ressuscitar e queria compartilhar porque creio que o que torna o mundo melhor é saber que continuam pelo mundo muitos Delmiros bons, justos e generosos. Obrigada meu pai!

Talvez por ter vivido tão intensamente, ele gastou todas as energias e foi embora com 64 anos, pouco mais velho que eu.

Já minha mãe, trabalhou muitíssimo, mas não ria tanto, fez poucos amigos, também tinha preocupações sociais, é verdade, mas centrou a vida nos filhos e cuidava-se.
O pai era forte, nunca ia a médicos, se orgulhava da saúde e quando foi, já foi com câncer, um após o outro, até falecer.

A mãe, desde que me recordo da vida, queixava-se de pouca saúde: estômago, visícula, coração, parkinson, dores musculares, pés, etc. E haja médico, chegou a ter 7 ou 8 especialistas a cuidá-la.
Cuidou-se, não bebia, nem fumava, fazia exercícios e coisa e tal e chorou muito. Chorar é, até hoje a sua terapia.
Pouco se divertiu, pouco riu e nunca, pelo menos para mim, se disse feliz, apesar de ter tido a alegria de 8 filhos todos formados, nenhum doente ou drogado, ou criminoso ou aleijado. Teve 31 netos, tem 5 bisnetos. Todos os netos formados e todos absolutamente bem encaminhados.
Isso é razão de alegria? Para mim sim.

Essa mulher trabalhou muito, é certo. Tem todo conforto e cuidado, é certo. Mas me pergunto: O que a faz viver tanto? E vai longe, se depender de mim.
Procuro cuidá-la bem, mas não consigo dar a ela mais alegria porque sei que as alegrias dela são a presença dos filhos, que nem sempre podem estar mais presentes e porque não consigo ser, sempre, uma pessoa carinhosa e amável, sei que, ao querer cuidá-la, eu a incomodo. Não é fácil lidar com idosos, sabemos pouco deles, mas eu, honestamente, me esforço, me policio e me frustro muito quando fraquejo.

Dia 13 completará 86 anos, farei um bolo e esperarei que venham ve-la: é tudo e só o que ela pede. Aprendi muito com ela, mas faço minha seleção. Uma das coisas que ela me fez compreender é que não basta viver, é preciso ampliar a vida, ampliar o convívio para além da espera pelos filhos. É preciso ampliar nossa capacidade de buscar as pessoas e de não perde-las. É preciso seduzir as pessoas para que gostem da gente, é preciso acolher.

sábado, 19 de novembro de 2011

CONTRA A ALEGRIA E A FAVOR DO CONFINAMENTO

Muita gente não consegue dormir com o "barulho" da música dos bares e dos clubes e se incomodam com mesas sobre as calçadas.

Contudo existe gente que teima em fazer os ruidos da alegria: curtem música, encontro com amigos, dança e ambientes com gente, insistem em curtir a vida noturna.
Resultado? Os ressentidos, demitidos da vida, neuróticos e outros adjetivos, preferem denunciar ao ministério público e mandar fechar bares, impedir jovens de se encontrarem nas ruas, recolher mesas postas nas calçadas, desocupar as ruas e forçar todo mundo a se recolher cedo.

Penso que tem muito preconceito contra a juventude, nessas demandas judiciais. Falo juventude porque é a maioria. Mas tenho ido a bares e as vezes levo minha mãe que tem 86 anos e ela curte.
Afinal, a noite é feita para dormir, dizem alguns, depois, é claro, de congestionar a cabeça com a violência, a mediocridade, o mau gosto, o moralismo, o denuncismo, as promessas messiânicas, os apelos consumistas e tantas outras barbaridades que abundam os canais de televisão.

E os cidadãos de bem que desejam dormir, conseguem, com satisfação que a justiça mande lacrar bares e clubes. Hoje eu ia dançar no Clube Caicheral, ainda bem que passei por lá e vi as faixas e cartazes oficiais de interdição.
Certamente os denunciantes vão tentar dormir, pois não devem se incomodar com o barulho das motos que circulam com os canos de descarga abertos e andam longas distâncias roncando motor, e tantos outros ruídos de carros, sem nenhum respeito e sem que ninguem os moleste.

Por que será que as pessoas se incomodam tanto com o movimento de gente nas ruas, à noite?
Perigo são as ruas desertas: 21 horas já tem pouca gente nas ruas, perigo para quem precisa se deslocar, atração aos batedores de carteira.

O dia que as pessoas encherem as calçadas de mesas, que em cada quadra houver música e serenata, não precisaremos implorar aos governantes que lotem as ruas de policiais.
Quando vamos compreender isso? Falo porque agora parece que virou moda: li no Sul 21, que a justiça ameaça fechar os bares da cidade baixa de Porto Alegre. Vai ficar como o centro, lugar perigoso, entregue aos bandidos, onde os imóveis perderam valor.

Parece que cresce o número de pessoas que desejam o confinamento e o controle sobre suas vidas.
Que vivam os bares, as ruas movimentadas, a música, a dança e, com moderação, a boa cerveja e o bom papo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ANDEI SUMIDA. RETORNANDO.

Quando ando muito atarefada eu me atrapalho toda e não consigo escrever.
Me comprometi com 3 tarefas que tem tomado quase todo meu tempo e minhas energias.
A primeira é com uma editora, contribuindo com a avaliação pedagógica de uma coleção de história composta de 4 volumes. Isso requer uma média de 4 leituras cada volume e mais pesquisa, elaborações teóricas, leituras e reuniões. Gosto desse trabalho, a equipe é muito simpática e inteligente, mas envolve tempo, dedicação, leitura, reflexão e desgaste físico.
Dói o corpo quando fico horas no computador. Interrompo para cozinhar, sair um pouco e costurar.
A segunda tarefa é justamente costurar. Desafiei-me, por prazer e por amor a fazer umas roupitas bonitas para minhas filhas. Escolher modelos, fazer os moldes, cortar, alinhavar, provar, ajustar e finalmente dar os acabamentos e...admirar. É muito bom transformar um pano numa peça bonita! Já fiz diversas peças.
A terceira tarefa é ajudar a minha mãe a adaptar-se à nova morada e à moça cuidadora, que é um amor de pessoa.
Agora estamos morando numa casa, como era o desejo da mãe, que tem quase 86 anos. Ela não conseguia se acostumar a morar no apartamento. Ela costumava falar que sentia-se "empuleirada, engaiolada". Então nos mudamos e estamos tentando também nos acostumar. Já fizemos horta e já estamos colhendo alface, chicória e couve.
Plantamos flores e estão lindas e a mãe gosta muito.

Temos o compromisso de cuidar de um gato, o Gringo, que herdamos de nossa filha Alice, que não pode mante-lo no apartamento. O gato ganhou o mundo e estamos muito apegados a ele.

Ah, na morada tem um pé de jaboticaba, que se abarrotou de frutos. Comemos até nos empanturrar e fizemos licor. Demos de presente baldes pros visinhos e todos os dias o chão amanhece preto de frutas que caem. Uma raridade, ainda mais considerando que essa árvore rara deu num quintal de uma casa na cidade.

Tudo isso fez nossas vidas tomarem outro ritmo e desligamos de muitas coisas para reconstruir outros modos de viver.
Ainda é preciso dar conta de tantas outras pessoas e tarefas que a gente tem com as filhas e o filho, com irmãos, sobrinhos e outros parentes e amigos, além de reuniões em algumas escolas, a dança de salão, o Boteco do Rosário, que é uma delícia, algum baile e alguma viagem. Quanta coisa!

Um dia desses fui ao INSS com minha filha Lúcia. Cada vez que a gente fica lá, com a senha, esperando ser chamada no painel eletrônico, fico observando e conversando com algumas pessoas.
Quanta gente fazendo perícia médica, pedindo aposentadoria, pensão, auxílio doença! Examinam papéis, juntam documentos...quantos rostos cansados, contrariados, envelhecidos, sofridos! Puxando assunto a gente ouve cada história, de arrepiar! Fico pensando: o que seria desse povo sem a Previdência e a Assistência Social? Conquistas dos brasileiros que não podemos perder.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Pobre Líbia!

Temos ouvido falar da Líbia. Primeiro sobre a reação da população contrária à ditadura de Muammar Gaddafi, aproveitando a onda de movimentos na região contra as ditaduras, principalmente o bem sucedido movimento que derrubou o ditador egípcio.

Muito embora tenhamos que reconhecer que a ditadura significa alguém arrogar-se o direito de deter todo o poder, sem se submeter à vontade popular pelo voto, tem muita coisa assustadora nessa guerra e na intervenção da OTAN. Como no nosso conceito de democracia a ditadura é inconcebível, nem nos perguntamos muito sobre como vive o povo Líbio e tendemos a apoiar as forças de oposição a Gaddafi.

Depois soubemos que as forças da OTAN/EUA, Inglaterra e França, apoiados pela ONU invadem a Líbia, matam soldados e civis e sem preocupação de apresentar nenhum acordo de paz. Aí a gente começa a fazer perguntas.

Primeira pergunta: Os rebeldes líbios não teriam oportunizado um excelente pretexto para justificar uma invasão armada, pelo Ocidente, na Líbia?

Segunda pergunta: Que interesses EUA, França, Inglaterra, Itália, teriam nessa invasão?

Terceira pergunta: A guerra na Líbia tem alguma coisa a ver com a crise econômica do Ocidente (EUA e Europa)?

Na verdade os EUA e seus aliados costumam invadir e provocar guerras, fora de seus territórios, para resolver os seus problemas. É um negócio que gera muito lucro para a indústria bélica, na reconstrução dos países arrasados e no domínio sobre a exploração do petróleo e seus derivados.

Para legitimar as invasões é sempre pertinente algum pretexto: armas de destruição em massa, que Sadan teria no Iraque, caça ao Bin Ladem no Afganistão, defesa da democracia, etc. Hoje sabemos da farsa desses argumentos. O resultado disso? Bem, no Iraque sabe-se que tudo piorou para aquele povo, mesmo após os enormes sacrifícios: milhares de mortos, destruição de de moradias e prédios, milhares de refugiados de guerra, contaminação ambiental, doenças degenerativas, entre outras.

Sabe-se que Gaddafi não se submetia servilmente ao Ocidente, não quis fazer parte do Diálogo Meditarrâneo, junto com países como a Jordânia, Israel e outros, que, na verdade, formam uma aliança para explorar a África, proteger Israel. Isso significa também que grande parte de recursos de petróleo e gás ficam fora dos planejamentos de exploração ocidentais.

Gaddafi recusou-se a privatizar seus poços de petróleo. Os países da OTAN temem também que a abertura a empresas estrangeiras, proporcionada por Gaddafi, possibilite a entrada da China nos negócios da Líbia, o que ameaçaria a segurança dos interesses econômicos do Ocidente e isso apesar de ser uma economia majoritariamente estatal.
E mais, Gaddafi ousou ter autonomia financeira, não tomou empréstimos e não se submeteu ao FMI, o povo tem índices de qualidade e expectativas de vida altos, equivalentes aso chamado primeiro mundo, apoiou o Fundo Monetário Africano, tem altos investimentos na África, retirando dinheiro dos bancos americanos e aplicando-os em investimentos naquele continente.Tudo isso é muito difícil de ser digerido pelos EUA e seus aliados.

A Líbia derrotada será submetida à pobreza e humilhação. Vai ter que privatizar seus recursos naturais, abrir sua política econômica e fiscal, indenizar os prejuízos de guerra (a altíssimos preços) e pagar caro a reconstrução, desempregar milhares, inclusive de africanos.
Os prejuízos já se apresentam: existem cerca de 200 mil cidadãos do Niger, que trabalhavam na Líbia, desempregados.
Serão milhões de desempregados em toda região e de refugiados a espalharem-se pelo continente e fora dele.

Há um plano de ação proposto pela União Africana para o imediato cessar-fogo, que os rebeldes e a OTAN recusaram-se a examinar, porque não há interesse sincero na paz.

O plano propõe: Imediato cessar-fogo, intervenção humanitária por força externa ao conflito, governo de transição constituído de representantes dos dois lados em luta, cronograma para que formem partidos políticos, eleições, processo legal para investigar, identificar e punir os crimes de guerra.

Por que não se fala e se investe nesse plano? Porque a guerra é plano para extorção e dominação do povo Líbio, para dobrá-lo, faze-lo privatizar o petróleo e submeter todo o país ao sacrifício. É triste a indiferança do mundo.Cadê os Direitos Humanos? Os pacifistas e religiosos, tão militantes quando se trata de questões moralistas? É assustador que ninguém tenha considerado crime de guerra o que foi feito com o Iraque e Afganistão e o que continua acontecendo com os Palestinos. Quem será responsabilizado por tantas mortes e destruição?

Hoje é uma noite muito fria e fico pensando o que um dia foi um slogan:" o frio gela, a indiferença mata".

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ASSESSORIA PEDAGÓGICA

Dia vinte deste mes, eu e o Irineu estivemos em Rosário do Sul, num trabalho de assessoria pedagógica a duas escolas estaduais.
De manhã, um uma das escolas, abordamos a questão do Ensino Médio, sob a ótica da legislação, das sugestões do MEC para possíveis alterações curriculares e das perspectivas do atual governo do Estado, ainda em discussão.

Obviamente que contextualizamos a temática em relação às transformações no processo produtivo e às demandas sociais e do trabalho.
Foi muito debatido, com boa participação dos professores.

Partindo dos Arts. 35 e 36 da atual LDB, que trata dos objetivos e finalidades do Ensino Médio, na Educação Básica, lembramos que as funções propedêuticas ( base para a continuidade dos estudos), de preparação para o trabalho, de formação para a cidadania e de conhecimentos tecnológicos, não podem ser estudadas de forma estanques e fragmentárias, pois estão interligadas e devem ser trabalhadas levando em conta os aspectos fundamentais do mundo hoje que é a cooperação e a comunicação, com todas as abrangências que as TCI( Tecnologias da Informação e Comunicação) proporcionam, na atualidade.

Como dar conta dessas dimensões? É possível a escola preparar para as demandas do trabalho? Para que tipo de trabalho é necessário preparar?
Impossível não constatar a crise da instituição escolar e não identificar a inadequação da mesma às necessidades e anseios dos sujeitos da realidade contemporânea.

As escolas estão muito empenhadas em construírem cursos técnicos, mas sabem os desafios que isso significa para o atual processo de produção e de trabalho, tão flexíveis, principalmente considerando o sucateamento físico das escolas e a defasagem tecnológica das mesmas, bem como a precária situação salarial dos profissionais da educação básica.

À tarde, em outra escola, o tema foi sobre Avaliação Emancipatória. Debatemos a temática tratando de algumas questões fundamentais. Partimos das seguintes perguntas e sobre ela construimos o debate:
1- Nossa educação é emancipatória?
2- Para que modelo de sociedade a instituição escolar que conhemos foi concebida?
3- Que avaliação foi concebida para a escola tradicional, que ainda temos?
4- Que mudanças ocorreram e estão ocorrendo e que demandam mudanças na escola?
5- Que características teria uma educação emancipatória?
6- Que características teria uma avaliação emancipatória?
Levamos escrito um bom material sobre essas questões e, é claro, as questões são polêmicas e significaram gatilhos para continuar estudando e debatendo.

Fio um dia exaustivo, mas gratificante, pois a gente constatou, mais uma vez, que apesar das hitóricas realidades adversas, os educadores resistem, fazem acontecer e realizam atividades emancipatórias com a comunidade escolar.
Agosto e setembro temos outros desafios, por isso continuaremos estudando e registrando as boas experiências que testemunhamos.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EDUCAÇÃO

Tenho estado ausente do meu blog. Realmente para uma professora aposentada ando muito ocupada. Gosto que seja assim.

Gosto de cuidar da casa, modificar, para melhorar, o lugar das coisas (livros, roupas, objetos), fazer pão e experimentar sabores variados, caprichar no almoço, principalmente se sei que algum dos meus filhos estiver presente, pois tenho prazer em recebê-los com alguma comidinha gostosa.
Gosto de cuidar das roupas da casa e costurar. Esta última tarefa tenho abandonado um pouco, pois não há tempo para tudo isso e ainda fazer as leituras que preciso fazer.

Também é preciso sobrar tempo pra dançar, caminhar, ir no Boteco do Rosário, visitar algumas pessoas, cuidar da minha mãe e ajudar, modestamente, nossa filha caçula nos trabalhos do mestrado. Ajudar problematizando, fazendo leituras para debater com ela. Claro que quem ganha mais com isso somos nós. Digo nós porque tudo isso que estou falando acontece quase sempre a dois: eu e o Irineu.

Ando com a agenda cheia, amanhã vamos a São Francisco de Assis debater com aquela comunidade sobre EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Eu fui convidada, porque sou mais conhecida, mas o Irineu vai compartilhar comigo essas tarefas, preparamos juntos. Na segunda estaremos numa escola de S.Maria com o mesmo tema, na quarta-feira em Rosário do Sul em duas escolas,refletindo com os professores sobre o Ensino Médio e sobre Avaliação. Esses dois temas são bem mais complexos.

Amanhã vamos dizer coisas do tipo:
- desenvolvimento não é a mesma coisa que crescimento econômico. Que o crescimento do PIB não significa a garantia da redução da pobreza e nem do crescimento do emprego, na atualidade.

- que se no passado buscava-se o crescimento econômico através dos distritos industriais, acreditando que o desenvolvimento vinha com a vinda de indústrias, hoje isso não se sustenta mais e, a bem da verdade, regiões inteiras nunca foram contempladas com o desenvolvimento através do moldelo industrial.
O modelo de crescimento através de incentivos e até guerras fiscais para trazer indústrias aos municípios não tem se mostrado sustentável de forma nenhuma. Grandes empresas ganham incentivos fiscais, isenções de impostos, terreno, dinheiro público e sem mais nem menos vão embora, deixando devastação ambiental, desemprego, quebrando as pequenas redes de apoio construídas em função da fábrica. Isso aconteceu recentemente em Parobé, com a saída da Azaléia, que lá se instalou com dinheiro e incentivos públicos.

Vamos afirmar que o desenvolvimento sustentável dependerá das capacidades de estabelecer relações de cooperação nos territórios produtivos, a partir dos APL (arronjos produtivos loais), e a sustentabilidade virá da mobilização social, de cada município ou região, por meio de políticas públicas locais, distribuição de renda, identidade territorial, níveis de urbanidade, de conhecimentos tácitos (invenção, política de formação) infraestrutura de aprendizagens, e de comunicação, participação constituinte e democrática da população e dos empreendedores e de todos com os órgãos governamentais e institucionais.

Vamos dizer que a redução das desigualdades, é condição para crescimento sustentável, através da acessibilidade sobre os bens fundamentais à vida e também sobre os bens avançados, tais como telefonia, internet, crédito, transporte, conhecimentos.

Vamos falar das características da produção hoje, na sociedade pós-industrial e da inadequação dos atuais currículos escolares para o processo produtivo contemporâneo.
Serão debates complexos, mas entendemos que são imprescindíveis.

Sairemos bem de madrugada, pois teremos que estar em São Francisco as oito e trinta da manhã. Amigos, filhos, irmãos, sobrinhos que espiam meu blog, torçam por esse trabalho, ele faz parte de nosso modo atual de ser militante, é trabalho voluntário, esforço de estudar, conversar e compartilhar o que certamente não inventamos, pois é o resultado da contribuição de muita gente que pensa, troca experiências, troca informações. É rede social, da qual fazemos parte.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

ELEIÇÕES NO CPERS

Os professores do Estado do Rio Grande do Sul deverão escolher seus novos dirigentes sindicais, dia 28 do corrente mes. Eleições para a Diretoria Geral do CPERS no Estado e na Região.

Parece mais fácil nossa luta, quando se tem um Governo Estadual proveniente das lutas populares e comprometido com elas. O governo Tarso comprometeu-se, historicamente, e durante a campanha eleitoral, a dialogar com a categoria, a implementar o salário básico (piso nacional) para a categoria, com Plano de Carreira.

Passados alguns meses, a conversa sobre o Piso já é de que isso será feito, ATÉ O FINAL DE SEU GOVERNO. Ora, esse filme nós já vimos antes: no último dia do governo aprovam-se Leis concedendo conquistas que no governo seguinte são imediatamente retiradas. Não podemos confiar, é preciso LUTA.

Outro aspecto preocupante é a conversa da MERITOCRACIA, que, na prática, desconsidera o Plano de Carreira, já que os critérios de melhoria salarial são individuais, competitivos, não contemplam os aposentados e tem uma série de possibilidades de corrupção dentro do sistema escolar.
Precisaríamos melhorar nosso Plano de Carreira, mas de forma nenhuma perdê-lo.
O piso proposto pelo governo Federal, de 1.200,00 é para 40 horas. Para nós significa, que com nosso Plano de Carreira, teríamos o dobro para 40 horas. Não é demais, absolutamente. Ainda assim teríamos um salário modestíssimo.

Temos ainda necessidade de grandes mudanças no sistema educacional, tal como formação continuada, garantia de Previdência Pública, pensão por morte para os homens, quando as esposas morrem, qualificação dos ambientes escolares, e muitas outras necessidades para efetivamente poder exigir melhor desempenho dos professores.

Necessitamos de MUITA mobilização. Por isso mesmo, não podemos eleger uma diretoria conservadora (de direita) ou governista (que não mobiliza a luta em relação ao seu próprio governo). Com essa análise me parece claro que, para a Diretoria Central, precisamos votar na chapa 1, encabeçada pela Rejane, que é menos governista e na região, para mudar a inércia da atual direção, precisamos também da chapa 1, encabeçada pelo Jeferson.
Nessas opções, não há nada de pessoal, mas de composição e de concepção. É claro que TODAS me parecem muito corporativistas, mas isso é preciso avançar de modo geral, na nossa categoria.

Vou de chapa 1, e com todo respeito quero sugerir aos meus colegas professores os votos nessas chapas, para continuar lutando e garantir aquilo que para nós é, hoje, fundamental: o Plano de carreira e o Piso Nacional como básico da carreira. Boa luta para todos nós.

domingo, 12 de junho de 2011

FORMAÇÃO DE PROFESSORES


Por que a preocupação com a formação de professores?

Certamente é por causa da necessidade de superação de uma perceptível crise e inadequação da escola, percebida nos constantes conflitos e fugas dos sujeitos do ambiente escolar.

Os paradigmas que sustentam e formatam a escola foram estabelecidos para um tipo de produção e de sociedade: a Sociedade Industrial.

Subordinação hierárquica e fragmentação dos conhecimentos foram e são processos para atender à produção em série, à linha de montagem, à Missão Civilizatória – capitalista, ocidental-cristã, eurocêntrica, antropecêntrica, racional , produtivista e cientificista e, é claro, positivista. A lógica era e ainda é: transmitir, submeter, reproduzir, perpetuar, submeter, disciplinar.

Na Sociedade Industrial,o conhecimento, o saber, os gestos humanos, foram cristalizados na máquina e, portanto, reproduzidos na dependência do ser humano à máquina: o trabalho Morto.

Na escola, o saber “acumulado” pela humanidade, transmitido na forma de verdades prontas e pré-estabelecidas, pré-concebidas, também se constituíram e se constituem em conhecimento Morto.

Hoje o processo produtivo modificou-se radicalmente. Hoje a Máquina depende da inteligência e conhecimento humano: é o domínio do trabalho Vivo. Até o Mercado Capitalista reconhece isso e passa a demandar sujeitos inventivos. No entanto, a escola não se transformou e continua com sua formatação e com seus processos de transmissão e assimilação.( não cognitivos, mas recognitivos). No máximo, reconhece a necessidade de maior “criatividade,” e promove treinamentos para isso.

Antes, e ainda hoje, formação de professores significava adotar técnicas e dinâmicas que facilitassem a assimilação, tentando superar o monólogo, melhorar as capacidades de memorização, assimilação e a criatividade, sem abandonar a “Missão Civilizatória” antes mencionada.

A formação de professores transitou por muitos teóricos e linhas psicológicas, entre os teóricos estiveram Piaget, Wallon, Vigostski, entre outros, sem, no entanto, alterar os paradigmas tradicionais da RECOGNIÇÃO (Kastrup, 2007).

Aos que compreendiam a necessidade de uma escola que contribuísse para processos de transformação da sociedade, a formação de professores era concebida a partir de processos que contribuíam para a “conscientização crítica”. Nesse sentido autores como Paulo Freire foram muito importantes.

No entanto, percebe-se que a formação de professores continua no sentido de manter a educação na sua função de assimilação, apesar da falácia da “construção do conhecimento” e de criatividade crítica, buscando galgar níveis cada vez mais altos de escolarização, mas sempre mantendo o processo de Recognição.

Arriscamos afirmar que os velhos paradigmas estão tão sedimentados, ao ponto de formarem uma dura couraça, impedindo o surgimento de novos entendimentos e novas práticas que permitam, de acordo com Kastrup(2007), a manifestação da potência cognitiva e inventiva. A autora considera que o dinamismo principal da cognição é a criação, a invenção, a constituição de problemas, pois a invenção consiste num movimento de problematização das formas cognitivas constituídas.

Acreditamos que é fundamental reinventarmos a vida. Invenção de si e do mundo. Necessitamos de uma educação para a invenção e não para a recognição. No mundo afloraram e afloram múltiplas lutas, em todo mundo, por novos modos de vida e isso requer novos processos em educação.

Rompe-se, cada vez mais, com os modos de vida impostos pela sociedade industrial e aparecem, desde a metade do século XX, novos sujeitos protagonistas e novas subjetividades. São os negros, os índios, as mulheres, os jovens, os gays e lésbicas, os movimentos contra as guerras, os verdes, entre outros, que pressionam e tentam romper com a tradicional subordinação à sociedade fragmentária, hierárquica e disciplinadora. Estes, com as novas tecnologias de Informação e Comunicação, põem a boca no mundo e produzem um grito constante por novos modos de vida: de produzir, distribuir, comunicar, afetar e ser afetado, e, portanto, de novas subjetividades, individuais e sociais.

Frente a toda essa complexidade e hibridização da sociedade atual, há uma urgente demanda por transformações nos processos de aprendizagens, na escola e fora dela.

Frente a isso, na formação de professores, para uma educação inventiva, não bastam os discursos de consciência crítica. Fazem-se necessários processos de sensibilização, de perturbação do senso comum, da objetividade, da racionalidade. Processos de quebra, de rachadura nas práticas e concepções da recognição, da “missão civilizatória” antes referida. Processos de individuação, que ajudem na produção de novas subjetividades, fundamentais para a invenção de si e do mundo.(este texto é fruto de reflexões e leituras em conjunto de Tereza, Irineu e da mestranda em educação Alice Dalmaso).

terça-feira, 7 de junho de 2011

HAJA PACIÊNCIA!!!!!

Já aposentada, com mais de sessenta anos, percebo que minhas pernas, minhas costas, meus braços, já não suportam o mesmo peso de alguns anos atrás. Pensava que a idade ia me dar mais paciência, pelo menos. Não, não é assim. Quanto mais velhos ficamos, mais nos exigem que comprovemos coisas, principalmente, a cada seis meses, no máximo, precisamos provar que estamos vivos.
E a "pior idade" é a dos sexagenários, que precisam cuidar dos octogenários.
Hoje fui retirar a aposentadoria da minha mãe (85 anos). Ela já não quer sair de casa. Fica ofegante para ir do prédio até a garagem, que fica a meia quadra.
Então seguidamente, eu preciso me ocupar em marcar consultas, levá-la aos médicos, aos laboratórios, comprar remédios, retirar aposentadoria, etc. e tudo isso requer aturar gente de má vontade, burocracia, incompetência, entre outros problemas. E ela, coitadinha, que não entende e não quer sair com esse frio.

Hoje fui a quatro farmácias para comprar um remédio. E não tem bancos para a gente sentar e esperar. Só aí eu arrumei uma baita dor no meu ciático.
Mas antes passei no Banco ( a Caixa Federal), para retirar a aposentadoria. Fiz a operação no caixa eletrônico e veio o aviso. SENHA VENCIDA. Com as devidas informações, subo e desço escadas e finalmente falo com a gerente que me informa que minha mãe precisa ir, pessoalmente, lá na Caixa e que será necessário atualizar o CPF que está PENDENTE. Mas pendente por que com 85 anos? Saí sem a aposentadoria e vou ter que resolver isso outro dia. Hoje chove e já estou cansada e é preciso um dia sem chuva pra levar a mãe até o Banco.

Enfim, comprei um remédio e marquei uma consulta. Esta semana estará toda ocupada com consultas, etc.
Reclamo do Estado dificultar tanto a vida dos idosos. Quanto mais velhos, mais controle e exigências. Não é justo!

Para me irritar ainda mais, pisei num cocô e ainda fui abordada por um senhor que estacionou abruptamente na minha frente, me apontou o dedo e me disse" A senhora precisa acreditar em Jesus"! Ia mandá-lo pro quinto dos infernos e aí percebi que só teria passagem se concordasse com ele e disse enfática:" Sim, eu creio em Jesus". O homem abriu um sorriso e me deu passagem. Haja paciência!Mas acabei rindo muito do homem.
Bem, vou parar porque hoje até estar frente o computador me faz aumentar a dor no meu ciático, que incomoda mais em dias de chuva. Tchau.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

EXPERIÊNCIAS DE VIDA

Hoje faz uma semana que fiz a minha 9ª cirurgia: foi tudo bem. Quanto mais velha fico, mais se acentua em mim o estranhamento em relação a diversos procedimentos adotados na nossa sociedade, especialmente em relação às rotinas hospitalares.

Se por um lado, a tecnologia nos proporciona cirurgias por vídeo, sem aqueles rombos devastadores no corpo e com pouco sangue e pouca dor, por outro continua tratando as pessoas como "pacientes".
Ninguém protesta porque é bom ser acolhido, ser cuidado, ter pessoas se ocupando da gente.

Fui fazer uma pequena cirurgia preventiva (retirar a vesícula que continha um pólipo que poderia vir a se transformar em coisa maligna, com o tempo). Fui de ônibus, com uma pequena mochila, gozando de perfeita saúde, física e mental (essa é sempre duvidosa).
Mesmo assim, tive que baixar e aguardar num quarto. Quando a hora se aproximava, tive que retirar toda a roupa e vestir uma camisola grossa, de algodão, aberta atrás (para mostrar a bunda com facilidade).

É a indumentária da humilhação! A gente fica despotencializado vestindo SÓ aquilo, cuidando pra não mostrar o trazeiro para os outros habitantes do quarto (semi-privativo) e para toda a equipe da enfermagem.
Daí fui ao bloco cirúrgico de maca, deitada de costas, sem travesseiro, já pronta para o "matadouro". Poderia ter ido caminhando, pois não estava enferma, ainda.

Fui muito bem tratada, é claro, não posso me queixar. O médico muito carinhoso (meu irmão) e competente.
Toda a linguagem do pessoal é no diminutivo, tipo: remedinho, bracinho, perninha, fica sentadinha, deitadinha, etc.
E não explicam nada. Eu pergunto, mas as respostas são do tipo: "é assim mesmo, é o procedimento", etc.

Me invoquei com a falta de lembrança minha sobre a anestesia. Vi quando colocaram o soro e pensei em fazer uma pergunta sobre o oxigênio que aproximaram da minha boca e apaguei repentinamente, não me deu aquele soninho breve antes de apagar. Pensei em fazer uma pergunta e quando acordei eu já estava na sala de recuperação com outras pessoas, em outro ambiente. Ou seja: fiquei totalmente entregue aos cuidados de pessoas, a maioria, que não me conhece.
É preciso confiar na responsabilidade e profissionalismo de uma equipe de gente que precisa trabalhar coordenadamente. Ninguém pode falhar. Se alguém falhar, um medicamento pode ser trocado e pode ser o fim.
Por tudo isso eu fico perplexa e grata por estar aqui escrevendo essas impressões, sã e salva, graças à responsabilidade de cada uma daquelas pessoas.

Estou pronta para agitar: já fui refletir com a turma do DCE que prepara as eleições da UNE, e adorei a marcha das VADIAS. Se houver qui eu vou.
Uma reação criativa das mulheres contra o machismo. Ora, ter homens (políticos) que acham que a culpa dos estupros contra as mulheres (e meninas) é das mulheres que usam roupas decotadas, é o cúmulo. NADA justifica a violência e o desrespeito e cada um usa o que quiser. Os homens não andam muito à vontade sem camisa e de tanga?

Alguns, acho, gostariam que usássemos burca. Imaginem aparecer o tornozelo sob a burca: algum tarado poderia ficar excitado e justificar o estupro. Ora, como diz Paulo Freire," quem não resolveu minimamente suas questões afetivas e sua sexualidade, não pode conviver com pessoas".
Adorei a reação da mulherada e estou achando muito bom o movimento da juventude em diversos lugares do mundo: dos jovens na Espanha, contra as medidas neoliberais que retiram conquistas sociais da população. No Oriente também foram os jovens que puxaram as diversas lutas contra as ditaduras. O importante a assinalar que não é uma luta para tomar o poder, sob comando de partidos ou sindicatos. São manifestações pela qualidade de vida, por liberdade, contra preconceitos, etc. e que são chamadas principalmente através das redes sociais (internet) e celulares. Sinais dos tempos!
Parece a prolongação do Mov. de 1968, contra as guerras, contra o racismo, contra o machismo, pela defesa do meio ambiente, pela liberdade no trabalho, etc.

Claro que ao mesmo tempo a gente vê manifestações muito conservadoras. É uma luta e viva a democracia das multidões!

domingo, 29 de maio de 2011

CIRURGIA PREVENTIVA

Amanhã vou me submeter a uma cirurgia na vesícula. Não que esteja me incomodando, mas tenho um pólipo que pode vir a complicar mais adiante, então vou sacar a vesícula para evitar problemas futuros.
Espero que tudo corra bem. Fico sempre um pouco apreensiva com cirurgia, pois risco sempre há e desconforto, certamente: anestesia, ficar em jejum, ambiente de hospital, etc. Mas confio no meu médico e vou tranquila.

Teria muitos assuntos para escrever: o congresso do MOBREC sobre educação que iniciou hoje, o Seminário sobre Desenvolvimento Regional em Cacequi. Sobre o seminário do Mobrec estive analisando trabalhos que vão fazer parte de oficinas e bem que gostaria de estar presente.
No caso de Cacequi, gostaria de contar tudo o que ouvi, as pessoas que encontrei e tudo o que aprendi. Eu fui contribuir com uma reflexão sobre Educação para o desenvolvimento region al sustentável. Mas o que vale ressaltar é a iniciativa da Câmara de vereadores, que superando as diferenças partidárias, se uniu e se organizou para realizar um seminário com um conteúdo tão pertinente. Estão de parabéns. Outro dia pretendo escrever sobre isso.

Também pretendo escrever sobre a marcha da Liberdade que aconteceu em São Paulo, evento muito significativo que merece análise.
Merece comentar também a questão do Código Florestal e do abusivo desmatamento recente e das mortes no campo de agricultores que denunciavam as ações devastadoras de madeireiras. Temos tantas coisas acontecendo!
Quando me recuperar da cirurgia, que acho será breve, pois hoje é uma cirurgia relativamente simples, volto a escrever. Preciso melhorar para ajudar minha irmã a fazer mudança, para organizar nossa própria mudança.

Até breve e desejem-me boa recuperação.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO? A GLOBO TEM A SOLUÇÃO

Na maior pantomima a TV Globo, no Jornal Nacional, anunciou que a bordo do avião do JN, o jornalismo global, acompanhado de um "especialista", iria a quatro regiões do Brasil visitar a melhor e a pior escola do Ensino Fundamental, de algum município sorteado no Jornal Nacional, para verificar porque essas escolas seriam as piores ou as melhores.

A escolha da pior ou da melhor seguiu o critério da nota, na avaliação do Ministério da Educação. ( IDEB). O primeiro município sorteado, na região sul, foi Novo Hamburgo.
Duas escolas municipais: uma, a de melhor nota, apresentava um ambiente escolar bem equipado, escola bem cuidada. Os jornalistas mostraram atividades pedagógicas diversificadas, aulas em que cada aluno operava num computador, instalações bem montadas, jogos e atividades lúdicas.
Segundo o especialista em educação, o bom desempenho dessa escola deve-se à participação dos pais e à boa disciplina dos alunos.

O especialista não explicou como é essa participação dos pais e nem o que ele entendia por disciplina, numa escola que tinha condições de oferecer estímulos e desafios interessantes aos alunos e nem fez menção às condições sócio-econômicas dessas famílias e, portanto, desses alunos, como se todos os alunos chegassem à escola com as mesmas condições de aprendizagem e, por outro lado, encontrassem as mesmas condições pedagógicas necessárias à aprendizagem.

A Glogo não entrevistou nenhuma autoridade educacional do município para explicar, por exemplo, porque a escola de melhor desempenho tinha condições tão excelentes para acolher os alunos e a outra, de pior desempenho, tinha instalações tão precárias, chegando a faltar até os vidros de algumas janelas.
A reportagem mencionou o fato de que o salário das professoras entrevistadas era praticamente igual. Por que, então o desempenho era tão diferente? Não estaria justamente nas condições de trabalho (recursos pedagógicos) e instalações adequadas? Ou seria a necessidade de uma proposta pedagógica adequada aos sujeitos concretos que chegam à escola? Essa reflexão não foi feita.

Será que a diferença estava na disciplina e na família, como foi apontado pelo "especialista"? Por que uma escola tinha excelentes condições de funcionamento e a outra, do mesmo município, tinha condições tão precárias? Quem, efetivamente, mantinha e pagava pelos ótimos recursos pedagógicos e administrativos da escola "rica"?

Em nenhum momento houve nenhum tipo de análise sobre a situação familiar e sócio-econômica dos alunos da escola de desemprenho precário: será que os pais desses alunos têm condições de sair de seu trabalho para participar da escola? Que tipo de família têm esses alunos? Em que condições vivem? Tem eles condições de estudarem em casa?
Alguns não são até forçados a terem de ajudar os pais a ganhar a vida?

Nas outras regiões observações simplistas também ocorreram, quando, por exemplo, uma escola interiorana, de instalações muito modestas, apresentou um alto desempenho, o "especialista" concluiu que a palavra chave do sucesso era "comprometimento" dos professores e da direção.
Em todas as regiões visitadas, o "especialista" conclui que três fatores são decisivos para melhorar a educação: DISCIPLINA, COMPROMETIMENTO DOS PROFESSORES e FAMILIA.
Ora, até pode ser importante, mas é muita simplificação.

Em nenhum momento ele levanta a hipótese, mesmo que remota, de que a escola estaria defasada em relação às mudanças que ocorreram no mundo. Mudanças em relação à infância e juventude, às novas tecnologias de informação e comunicação, à situação de precarização dos trabalhadores em educação, entre outras.

O formato da instituição escolar pouco tem se alterado: escola que prioriza a informação (que os alunos tem muito mais acesso que a algumas décadas atrás), uma escola que prima pelo monólogo, pela exigência de silêncio dos alunos, que exige memorização. Coloca os alunos um atrás do outro, numa clara demonstração de uma disposição individualista, quando toda a sociedade caminha para a comunicação grupal, em rede.

Hierarquia, subordinação, disciplina, controle, confinamento, repetição, monólogo unilateral, falta de diálogo. Esse é o formato da maioria das escolas. Esse formato tem se mostrado falido.

A Globo escolhe cada especialista! Poderia ser um pouco mais crítico, entrevistar a comunidade e gente que pensa a educação e que é sujeito do processo. Mas não, eles se acham os especialistas em tudo. Que arrogância! A meu ver foi um desserviço.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DE SANTA MARIA...

Que eu me lembre, nunca antes na história de Santa Maria, e quem sabe até da região Centro do Rio Grande do Sul, a gente tinha um lugar tão agradável como o Boteco do Rosário, ainda mais agora que não está mais poluído pelos fumantes. Bar climatizado, boa comida, boas bebidas, servido por gente muito querida.

O bar já é privilegiado por sua constituição. O cheff da cozinha, os sócios, as garçonetes, as cozinheiras, são gente muito afinada entre si, gostam de gente, acolhem as pessoas. Gente que tem bagagem cultural, gente que tem sensibilidade social. Isso faz toda diferença!
Quando a gente entre já se depara com obras de arte: obras de artistas plásticos e exposição de fotos sobre a cidade , como a exposição das fotos Esquinas, do Paulo Fernandes).

O Boteco é um local que acolhe a diversidade cultural, é espaço para as pessoas se manifestarem. Vou explicar: semana retrasada, estive lá e presenciei um grupo de psicólogos e gente que gosta de literatura, fazendo leituras de poesias e textos de literatura. Aberto à participação de quem se atrevesse. Adorei!
Semana seguinte, foram os poetas de Santa maria que se fizeram presentes. Uma beleza! Ah e todas as terças-feiras tem o cine clube. É lá que o Macondo Coletivo se reúne.

Seguidamente tem samba de raíz, tem outros estilos de músicos se apresentando. Lá há espaço para quem quiser mostrar sua músiuca, sua poesia, seu teatro.

Ontem foi a noite do riso. Gargalhei tanto que nem me lembro quando havia sentido tanto prazer em rir. Ri muito e me deliciei com as intervenções de "palhaços", artistas de teatro. O bar estava repleto de artistas e não pouparam criatividade! E a diversidade de público também é notória. Jovens, meia idade, idosos( nós) e até um bebê de seis meses. Público educado, acostumado a apreciar a boa literatura, a boa música, a boa poesia e o bom teatro.
Voltei pra casa leve.
Fazer rir não é fácil e é mágico!

Se os sócios do Boteco do Rosário estão ganhando dinheiro eu não sei (acho que estão remando), mas o Boteco é um sucesso, porque se tornou o local das manifestações culturais de boa qualidade.

Sei que amanhã tem outro grupo que vai tocar (não sei o estilo). Sei que vai ter uma noite para o Jazz e sei que tem uma longa programação para as próximas semanas.

É lá, também, que todos os dias estudantes e professores vão saborear uma comidinha deliciosa e suave, ao som de uma sempre boa música. O tempero do Pablo é uma delícia e não faz mal pra ninguém. E é possível almoçar e dar uma estudadinha, quando necessário, porque o Boteco tem um clima muito agradável. E à noite, segue tendo lanches do Pablo, para energizar o agito cultural, que sempre acontece.

domingo, 1 de maio de 2011

CONFERÊNCIA SOBRE CULTURA NO RS, EM SANTA MARIA.

Nas discussões sobre CULTURA, todos os pronunciamentos que ouvi no sábado passado, na abertura da Conferência, sublinhavam a importância da Cultura na "Sociedade do Conhecimento" e reconheciam e alguns protestavam com razão, os parcos recursos orçamentários para serem aplicados em Cultura, revelando que no RS o percentual é simplesmente ridículo: 0,07% do orçamento do Estado para 2011. Orçamento deixado durante o governo Yeda.

Mas nas entrelinhas das falas, para quem acompanha a discussão sobre o Ministério da Cultura, coordenado pela ministra Ana de Holanda, duas abordagens apareciam:

Uma abordagem, de MERCADO, protagonizada pela visão capitalista da Cultura como geradora de lucro, inspirada na "Indústria criativa" do modelo inglês. Nesta visão tradicional a Cultura é vista como parte da nova economia: da informação e do conhecimento e, como tal é uma parte componente da política industrial, submetida aos ditames do desenvolvimento econômico que visa Lucro.
Que características têm a visão tradicional?
Primeiro: Prioridade para a proteção da propriedade intelectual, fortalecendo as políticas de combate à pirataria.
Segundo: Política de financiamento voltada ao fortalecimento de setores econômicos tradicionais, que são os intermediários, os que historicamenbte sempre lucraram com a produção cultural, de qualquer natureza.
Terceiro: Fortalecimento dos "clusters", concentrados geográficamente. Os chamados eixos tradicionais, que no caso do Brasil são Rio e São Paulo, principalmente.
Ou seja, fortalecimento de uma visão que valoriza, prioritariamente, a dimensão econômica da cultura.
Essa visão da chamada Indústria Criativa, na verdade, reduz o espaço de inovação e de man ifestações culturais singulares e populares. Não propicia a diversidade e despreza as questões sociais, mantendo barreiras à socialização dos conhecimentos e dos bens culturais, acentuando as disparidades econômicas regionais, concentrando informações e riquezas, bem ao modo capitalista de produção.

A outra visão de incentivo à Cultura, que poderíamos denominar de "ECONOMIA SOCIAL DA CULTURA", iniciada pelo Ministro Gil, no Governo Lula, concebia as tecnologias da Informação e Comunicação, como fundamentais para oportunizar mudanças positivas na organização e na produção econômica da Cultura.

No Ministério da Cultura do Gov. Lula, vimos o uma política cultural para todos os atores da cadeia produtiva (criadores, intermediários e consumidores).
O Brasil se destacou por adotar medidas que fortaleciam os criadores, por meio dos editais que apoiavam a produção independente. Criadores e consumidores passaram a ter mais acesso e oportunidades de criação e fruição.

Em relação ao Direito Autoral, a política cultural de Gil, não via apenas a proteção à propriedade, ao Patrimonio, mas também como um instrumento de acesso à cultura. O acesso massivo, a custo próximo a zero, a vastas quantidades de produtos culturais oportunizou, de fato, a apropriação social de riqueza.

Proliferaram-se grupos musicais e Pontos de Cultura e se descentralizaram do eterno eixo Rio-São Paulo.
Foi um enorme avanço, que, parece estar sendo ameaçado pela política tradicional da Ministra Ana de Holanda. PARECE. O representante do MINC afirmou dar continuidade e APERFEIÇOAR as políticas culturais do gov. Lula, que eram mais democráticas e mais populares.

Eu pessoalmente, entendo a Cultura como geradora de simbologia, de significados, que inova os modos de vida.
Cultura como geradora de riquezas humanas, sociais, econômicas.
A questão cultural está no centro da produção de riquezas, na sociedade pós-industrial. É pela cultura que se produz bens imateriais (intangíveis), que são modos de estar juntos, modos de viver: produção de novas subjetividades.

O saber fazer precisa ser grupal, COMUM, compartilhado, por isso a comunicação é importante e por isso deveria ter Internet banda larga gratuita para todos.
Quanto mais intercâmbio, mais subjetividades, mais conhecimentos, mais significados vão sendo agregados, mais ricos são os processos.

Qualque tipo de desenvolvimento só pode acontecer, hoje, ampliando o acesso das pessoas às tecnologias de comunicação, colocando as pessoas em comunicação, compartilhando e enriquecendo fazeres e modos de vida. É o empoderamento, a acessibilidade da população que vai gerar riqueza material, conhecimentos novos, convivência com maior qualidade humana.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

POLÊMICAS NA EDUCAÇÃO

POLÊMICA Nº 1 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Tem gerado polêmica a obrigatoriedade legal dos pais enviarem seus filhos com algum tipo de deficiência física ou mental para a escola e estes serem matriculados em turmas regulares (classes comuns) e não em escolas ou classes especiais. Isso tem gerado também preocupação e insatisfação a pais, professores e direções de escolas, não por terem má vontade, mas pelas dificuldades concretas que isso poderia acarretar. Ou não?

Algumas perguntas me parecem pertinentes quando se trata deste tema:

- O que torna uma escola Inclusiva?
- De quem estamos falando quando abordamos a escola inclusiva?
- Que sentimentos, emoções e reflexões nos ocorrem ao falar de inclusão?
-Os alunos com algum tipo de deficiência ou com necessidades educativas especiais, podem aprender nas classes comuns? (inclusão).
- A escola deverá oferecer atendimento especial?
- As escolas estão preparadas para receber esses alunos?

Para entender e tentar responder a essas perguntas é necessário ter alguns entendimentos:

PRIMEIRO: FUNDAMENTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS

A- Constituição Federal- Art. 205, inc. I: igualdede de condições para o acesso e permanência na escola: Inc. II: liberdade de para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; Inc. II: pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas....Inc. VI: Gestão Democrática.
Art. 208, inc. III: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

(esses fundamentos já nos indicam o direito ao acesso àqueles que, de alguma forma, são diferentes).

B- LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira), Lei 9394, de 20/12/1996:
Art. 58 - Entende-se por educação especial, para efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular e ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Parág. 1º. Haverá, quando necessário, serviço de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculariedades da clientela de educação especial.
Os art. 59 e 60 também tratam das condições para a educação especial.

C- Convenção da Guatemala, de 28/5/99;
O Brasil é signatário. Essa convenção teve o objetivo de atender reivindicações e demandas que foram objeto de Cartas, Acordos e Declarações em diversos momentos da história, na ONU, na OEA, na OIT (Org. Internacional do Trabalho), na Declaração de Caracas, da Organização Pan-Americana da Saúde, entre outras.
A Convenção da Guatemala, definiu o entendimento sobre a Deficiência, abordou a necessidade de ações concretas e Políticas Públicas para superar toda forma de discriminação ou restrição, baseada na deficiência e o comprometimento dos signatários para desenvolverem ações, com o objetivo de prevenir e eliminar todas as formas de exclusão, discriminação e proporcionar a plena integração dos mencionados sujeitos à sociedade.
Para isso apontou a necessidades de medidas de caráter legal, educacional, trabalhistas, de investimentos em bens, serviços, educação, trabalho, programas e atividades de transporte, lazer, habitação e de acessibilidade de forma geral, para garantir a plena inclusão dos mencionados seres humanos aos direitos de cidadania.

A partir desse compromisso, no que se refere à educação, o Conselho Nacional de Educação (CNE) os Conselhos Estaduais de Educação (CEE) em nosso país passaram a debater, ouvir e legislar, bem como fornecerem orientações e recursos para que efetivamente acontecesse a inclusão.
A Lei 7.853 passou a tornar obrigatório a todas as escolas, aceitarem matrículas de alunos com deficiência e transformou em crime a recusa a esse direito.
Em decorrência dessa Lei, em 2002 já haviam mais de 386 mil crianças e jovens matriculados nas salas de aula regulares.

Entre os Pareceres mais elucidativos, no Rio Grande do Sul, está o de nº 251/2010, do CEED. Alguns trechos desse parecer merecem ser citados:

" ...o que caracteriza uma escola inclusiva é o fato de ela se adaptar às necessidades de seus alunos e não esperar que os seus alunos se adaptem a um modelo previamente fixado. Assim, é preciso organizar a escola tendo a aprendizagem como centro das atividades escolares e o sucesso dos alunos, cada um de acordo com as suas possibilidades, como objetivo principal.
...Como parte importante da escolarização e a sociabilização da criança, necessário se faz que ela conviva com crianças de sua idade e se desenvolva no nível de suas possibilidades. Mesmo que a apreensão dos conteúdos do currículo aconteça de forma diversa da dos alunos da mesma idade, deverá desenvolver atividades relacionadas aos conteúdos trabalhados por seus colegas. ...realizar atividades próprias da sua idade, ainda que necessite de apoios importantes, disponibilizados DE DIFERENTES FORMAS, PROMOVE A AUTONOMIA E FAVORECE O SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO.

C- GESTÃO ADMINISTRATIVA:
A partir da legislação, algumas perguntas são colocadas para as equipes diretivas das escolas. Noêmia Lopes de Joinville, SC, formula algumas: ( Revista Nova escola, edição 008).

l. Como ter certeza de que um aluno com deficiência está apto a frequentar a escola?
Essa questão, aos olhos da Lei, não existe. Todos têm esse direito. É dever do Estado oferecer matrícula, garanti-la e garantir pessoas para cuidar desses alunos, bem como todos as condições e equipamentos necessários.

2. As turmas que têm alunos com deficiência devem ser menores?
Sim, grupos menores favorecem a aprendizagem, pois possibilitam que os professores conheçam as necessidades de cada um, dentro de suas especificiades.

3. Quem tem deficiência aprende mesmo?

Sim, sempre há avanços. Num ritmo diferente, com desafios diferentes, mas todos podem melhorar suas capacidades de linguagem, de oralidade de entendimento de sinais gráficos, de convivência, etc.

4. Em que turma o aluno com deficiência deve ser matriculado?
Junto com colegas da mesma idade ou quase a mesma, de forma a facilitar a comunicação e a identificação e/ou pertencimento.

5. Alunos com deficiência atrapalham a qualidade de ensino em uma turma?
Não, ao contrário, pois ao buscar alternativas em relação ao atendimento das diferenças e não enfatizar a homogeneidade e a competição, todos acabam sendo beneficiados.

Os Pareceres determinam também as formas de avaliação e promoção de alunos com algum tipo de deficiência ou de diferenças, com necessidades educativas especiais.

COMENTÁRIOS
O que torna uma escola inclusiva, a meu ver, é a capacidade e o esforço da escola em acolher qualquer aluno, nas suas especificidades e singularidades e oferecer-lhes todos os recursos materiais, pedagógicos e afetivos para que efetivamente ele cresça como ser humano, em todas as dimensões e se sinta bem no ambiente escolar, conviva bem e aprenda.
Não falo só dos alunos com características diferentes, que se fazem visíveis enquanto necessidades educativas especiais, falo de TODOS.

Muitos alunos considerados NORMAIS não tem conseguido aprender e/ou integrar-se aos seus pares e é alto o índice dos que abandonam a escola.
Uma escola inclusiva é aquela que é capaz de oferecer alternativas pedagógicas diversificadas e criativas para atender às diferentes necessidades apresentadas pela diversidade de pessoas e de situações que estão em sala de aula.
A educação, ao buscar ofertar oportunidades para os alunos com maiores dificuldadess, acaba por beneficiar toda a turma. Ademais todos ganham com a inclusão, pois aprender a conviver com a diversidade, a compartilhar, a cooperar, a respeitar, vai acrescentar virtudes e potenciais de convivência que serão muito ricos pela vida afora.

Muitos pais temem a presença de alunos "diferentes" (com deficiência, estrangeiros, indígenas, etc.) em sala de aula. Esses pais podem ter certeza de que isso não é problema é privilégio, é mais oportunidade de crescimento humano. É humanizador.
Claro que vai exigir uma gestão participativa: currículo e planos de estudos devem ser realizados com o protagonismo dos sujeitos, com os alunos, principalmente. Isso requer capacidade e organização da gestão que torne o DIÁLOGO uma prática rotineira, franca e persistente.

Será necessário buscar e reivindicar recursos para adaptar os espaços físicos, equipar a escola com salas temáticas, equipamentos adequados, livros em Braile, materiais didáticos, Sala de Recursos, para que os alunos tenham atendimento especializado em turno inverso e principalmente professores que se preparam, que querem a inclusão, bem como algum especialista em BRAILE e em LIBRAS. Professores que tenham garantia da formação continuada em serviço, com tempo para se reunirem, trocarem experiências, prepararem seus materiais e seus planos de estudos, com apoiadores em sala de aula, com estímulo para realizarem cursos e congressos.
As turmas e cargas horárias precisam ser reduzidas.

A legislação garante esse apoio e recursos. É preciso exigir das mantenedoras (dos governos) em qualquer esfera. Vale a pena. É emocionante as conquistas que algumas escolas vêm obtendo em termos de aprendizagem de alunos que outrora nem iam à escola. Graças à generosidade e cidadania de professores e direções sensíveis.

terça-feira, 19 de abril de 2011

PLENÁRIA COM PROFESSORES DE ROSÁRIO DO SUL

Ontem, segunda-feira eu, o Irineu e minha filha Alice fomos a Rosário do Sul falar, escutar e refletir com professores de duas escolas, uma escola estadual pela manhã e uma escola municipal à tarde.
O Irineu e a Alice foram presenças de apoio durante a viagem e durante os encontros.
Mas antes de falar sobre isso, quero lembrar que no domingo foi aniversário da Alice e fizemos um bom churrasco aqui no apartamento, com todos os filhos, e alguns amigos. Fico muito feliz quando reúno a família, mas eu estava preocupada com o compromisso da segunda.

Desculpe Alice, sei que eu não disfarcei minha ansiedade. Tu sabes o quanto és alegria na minha vida, mas sabes também que quando se trata de aceitar convite para refletir sobre os "problemas" que se apresentam nas escolas, fico tensa, porque me preocupo com o desejo que as pessoas tem de ouvirem alguma fórmula que dê conta da complexidade que é a educação escolar.

Alice, amei que estavas comigo! Sei que é a primeira vez que presencias esse tipo de trabalho que faço frequentemente.
Gostei muito de ouvir os relatos sobre as tentativas que as escolas estão fazendo: alterando Regimento e construindo propostas pedagógicas para a Inclusão, implantando ensino técnico, tentando melhorar a EJA, entre outras coisas.

Percebi professores que ousam, se desafiam, acreditam, tentam e obtém resultados animadores.
Ouvi relatos de professores que se alegram em contar a luta para alfabetizar alunos com NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS (surdos, cegos, deficiência mental, etc.) e a alegria que sentem quando conseguem.

Debatemos a questão da diversidade e do que é a Inclusão. Refletimos sobre as vantagens da escola compreender a importância educativa do convívio com as diferenças, do quanto as múltiplas e diferentes tentativas de ofertar diversidade de possibilidades para a aprendizagem acontecer, podem beneficiar TODOS os sujeitos do processo educacional, pois não é pequeno o número de crianças e jovens tidos como "normais", mas que não apresentam evidências de boa aprendizagem e é grande o índice de reprovação e de evasão nas escolas.

Nas duas escolas conversamos sobre a inadequação da estrutura da escola e de seus currículos, face às mudanças que estão ocorrendo no mundo em relação às tecnologias, à comunicação e informação, ao processo produtivo, às crianças que, certamente, não são as mesmas de algumas décadas atrás.
A pergunta que tantamos debater foi: Será a Instituição Escolar um campo de possibilidades de humanização e emancipação humana"? Que acham? É um bom desafio!

Foram horas intensas, cansei, meus pés doíam, mas eu sempre volto desses encontros convicta de que apesar da crise que a instituição escolar parece estar vivendo, a coragem e protagonismo dos professores e a rebeldia e teimosia dos alunos, fazem acontecer muita coisa boa nas escolas.

Na próxima postagem vou falar um pouco sobre os desafios que estão postos a todas as escolas com a obrigatoriedade legal de aceitarem alunos nas turmas regulares e ditas "normais" de alunos "portadores de necessidades educativas especiais" ou dizendo de outra forma: alunos com algum tipo de diferença em relação aos outros aparentemente normais.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tristeza e perplexidade

Fiquei imensamente triste com as tragédias no Japão, com a gravíssima situação das usinas nucleares de Fukushima, de saber que milhares de corpos se deterioram nas redondezas das usinas sem que possam ser retirados, chorados e sepultados, por causa do altíssimo risco de contaminação fatal. De saber que milhares ainda vão morrer contaminados, afetados por câncer em decorrência da inevitável contaminação.

Fiquei comovida com o necessário heroísmo dos técnicos que trabalham para desativar os reatores, já condenados a morte, já com sinais de enfermidade.
Mas quase tudo por conta da força da natureza, dos terremotos que o Japão tem sempre que enfrentar.
Mas minha tristeza é grande também pelas estúpidas mortes na Líbia e em outras guerras de baixa e de alta intensidade, estas sim, possíveis de ser evitadas. Acontecem pelo fracasso do diálogo. São mortes movidas pela ganância, pelo lucro e pelo poder.

No entanto a tristeza e as lágrimas são inevitáveis diante da estupidez do assassino na escola do Rio de Janeiro. Isso é inexplicável, é loucura pura. Não há explicação! É um tipo de loucura que arrasta consigo além das vidas, de crianças, a maioria meninas e, por si só já é medonho. Mas a tristeza aumenta porque significa um enorme retrocesso, pois vai gerar mais medo, mais grades, mais repressão, menos liberdade, menos confiança no ser humano.

É de uma estupidez tão grande e deixa-nos a pergunta: esse aluno ali esteve, anos a fio, comportado, enquadrado e eu me pergunto: o que faltou no nosso fazer de educadores, que não conseguiu chegar ao coração deste ser humano? Quantos passam por nós e viram assassinos, ou suicidas, como já aconteceu em Restinga Seca, onde fui educadora a maior parte de minha vida.
Fica uma dor imensa e uma enorme frustração enquanto educadora.
Que fazemos por e com essas pessoas? Anos na escola e saem desconhecidas, ficam invisíveis, quietas e loucas no seu canto, no seu silêncio. Silêncio tão apreciado pela maioria dos professores.

Ouvi nos depoimentos sobre esse rapaz: "ele era tão calmo, tão bem comportado".
Prefiro os maus comportados. Esses se revelam.
Coloco-me no lugar dos pais, meu Deus, que dor! Certamente não há consolo, é uma dor para toda a vida. Sinto-me solidária e hoje quero fazer silêncio no meu coração e sintonizar minhas energias na solidariedade a todos os que perderam seus filhos, colegas e amigos.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

DE TUDO UM POUCO

Olá gente, desculpem meu afastamento do Blog. Andei ocupadíssima. Viajei, dei palestra em outros municípios, mas principalmente andei trabalhando dia e noite na parte pedagógica de livros didáticos para uma editora, com os prazos estouradíssimos. Nossa, que sufoco!

Depois viajei novamente, fui ver meus sobrinhos Vini e Cecília e também meu irmão e cunhada. Foi gostoso, descansei a cabeça, aqueci meu coração com as crianças. Criança pra mim, é tudo de bom!
Me desafiei em aprender a fazer golas, para fazer Blasers, que estão na moda e vestem muito bem. Fiquei horas tirando molde, cortando chitão e montando (para treinar). Acho que já me defendo bem. Já fiz dois ( pra valer), mas ainda tenho algumas dificuldades. E quando invento de aprender alguma coisa, enquanto não consigo eu não desisto. Só o computador me assusta um pouco, tem coisas que não aprendo mesmo.

Ainda estou comprometida com alguns compromissos referentes a formação de professores fora de S.Maria. Haja estudar! Claro que falo muito de minha longa experiência, conto histórias e ouço muitas também. Continuo muito atenta sobre tudo que se relaciona à educação.

Tenho caminhado todos os dias pela cidade. Eu e o Irineu fazemos roteiros percorrendo ruas e becos e vamos observando como as pessoas tratam dos espaços próximos de suas casas. Nossa, o que mais se vê é lixo, muito lixo e cachorros! E a gente precisa caminhar olhando para o chão para não pisar nas bostas desses animais e é preciso andar afastada das cercas para não ser mordida. Mas ainda são seres que vivem livres, porque as pessoas vivem cercadas, com aquelas plaquinhas de aviso de cercas elétricas e câmeras de vigilância. Acho isso tão triste!

Crianças não se vê, devem estar confinadas em escolinhas, dentro dos prédios, presas na frente da televisão. Felizes são os cães e gatos que andam pelas ruas. E eu cuido muito quando ando de carro para não atropelar nenhum desses seres que nos são tão simpáticos, apesar dos cocôs que a gente tem que desviar.
Mas o lixo é algo terrível, as bocas de lobo invariavelmente estão sempre cobertas de lixo, sacolas plásticas, principalmente. Entulhos na frente das casas, licho e mais lixo. E as pessoas falam em cidadania, em cobrar seus direitos, mas poderiam cuidar pelo menos da frente de suas casas.

Falando em lixo,é um absurdo não ter em S.Maria a coleta seletiva e um sistemático trabalho de formação e de organização de cada bairro, no sentido de cuidados com o meio ambiente. As pessoas só sabem reclamar e esperar, transferir responsabilidades. Agir solidariamente é muito raro. Santa Maria é imunda, é uma lixeira.

No mais ando envolvida com burocracias da Prefeitura para requerer um alvará. É inacreditável o tempo que tenho gasto nisso devido ao desencontro de informações entre os setores da Prefeitura. Precisa muuuuuuuita paciência! E não se pode reclamar. Um dia desses eu reclamei e a funcionária me apontopu na direção de um cartáz que mencionava um artigo do Código penal informando que desacatar funcionário público é crime dá até seis anos de cadeia e/ou multa. Uma ameaça! Mas quem pune a incompetência e o desrespeito com o contribuinte?

E agora, para completar, minha mãe idosa está doente, e se ela já era meio teimosa, fica triplamente difícil de lidar com ela. Eu precisaria fazer um curso de como lidar com idosos. Sei que tem Estatuto e tudo, mas tenho tido muitas dificuldades, apesar do meu esforço.

Gente, voltei ao grupo de dança de salão e isso é muuuuuuito bom! É exercício com prazer. Na vida precisamos de prazer!
Desculpem a bagunça deste texto, mas é assim que estou vivendo agora.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Alarmismo proposital: provocar medo da inflação

Já deixei de ver novela e BBB da Globo, mas como eu me odeio, eu ainda vejo o Jornal Nacional.
Cada vez mais me convenço que o povo brasileiro, se assistir assiduamente o JN, vai ficar, ainda mais, mal informado.

Hoje o casal Bonner e seus editoriais, se superaram. Anunciaram o inusitado crescimento do PIB brasileiro, o terceiro maior do mundo. Motivo de alegria? Para a Globo, motivo de preocupações.
Passaram a palavra aos seus "preparados analistas" econômicos. Foi um festival de bobagens, ao fazerem afirmações sem nenhum fundamento em qualquer manualzinho inicial de economia.

Primeiro realçaram que o PIB cresceu, principalmente, no comércio. Isto é: o povo acreditou e se sentiu seguro e comprou, viajou, pagou escolas, comprou imóveis, automóveis, etc. Certo, até aí, mas não mencionaram os milhões de brasileiros, que com o Bolsa Familia, os PRONAFs e micro-créditos, puderam comprar alimentos e eletrodomésticos. Isso foi fundamental para aquecer todo circuito produtivo da economia interna.
Os ricos gastam fora do país. São os médios que gastam aqui e aquecem a economia.

Depois falaram que o governo vai cortar gastos, mas investe dinheiro no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Segundo eles um ato anula o outro e decorre daí um grande perigo do crescimento da inflação. Aí reside a maior bobagem.
Quando ocorre inflação? Quando os gastos são superiores à produção, pois a demanda maior que a produção, puxa os preços para cima. É preciso "esquentar" a moeda. Ora, os gastos em demasia, por conta de créditos, devem ser acompanhados de produção, para que a moeda não se desvalorize. Como aquecer o setor produtivo?

Injetando recursos na infraestrutura necessária à produção (Obras do PAC). Ou seja: esse é o papel do BNDES . É coerente o que a Presidente fez: mantem o poder mínimo de compra da base da pirâmide, reajustando o Bolsa-Familia e investindo recursos na infraestrutura produtiva.
Além disso, ela cumpre parte do que falou na campanha, que foi gerar oportunidades de trabalho, fazendo a economia crescer e cuidar de reduzir a extrema pobreza.

Existem aspectos do governo que ainda é cedo para julgar. Não estou gostando, por exemplo, da linha de atuação da ministra da cultura. Saudades do Gil! Mas isso é outro assunto, que ainda preciso de maiores informações.

Também ainda não dá para avaliar a retração dos concursos. Creio que é preciso frear o crescimento da máquina pública, aproveitando melhor o pessoal existente e pagando melhor. Isso ainda veremos. Em todo caso, alguns setores de servidores públicos devem se mobilizar. A luta para valorizar o trabalho continua fundamental.

Hoje me pareceu que os comentários foram, propositadamente, desqualificados. A TV Globo parece querer criar um clima de crise econômica, intencionando pautar as ações do Governo, numa tentativa de voltar aos princípios ortodoxos do mais tradicional neoliberalismo. Isso não é bom.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Notícia maravilhosa


Cada vez que eu descobria que estava grávida eu sentia uma enorme emoção, todas as quatro vezes. Eu ficava sensível, chorava facilmente: mistura de alegria com susto, diante da grandeza da alegria e da responsabilidade.
Curtimos muito nossos filhos e pensei que emoções daquela dimensão eu não mais sentiria.
Mas enganei-me. Hoje senti a mesma emoção, quando minha primeira filha, a Lúcia, anunciou que está grávida. Sinto-me grávida com ela.
Sei que o filho é dela (deles) mas também sei que os filhos não são só dos pais.
Estarei presente, respeitando os limites necessários.
Sei que minha filha está um pouco preocupada, mas filho é uma dádiva e só nos enriquece, nos humaniza. Estamos muito felizes, de verdade!