segunda-feira, 31 de maio de 2010

O DEVIR SHOPPING NAS NOSSAS VIDAS


Hoje o Diário de Santa Maria noticiou, com fotografias e tudo o mais, um casamento, no civil e no religioso, realizado no Shopping Monet, de Santa Maria.
Isso tem um significado: pode ser um sinal da crise dos lugares especiais.

A sociedade Moderna construiu identidades e lugares especiais para cada fase e cada evento da vida em sociedade. Lugar de batizar, fazer primeira comunhão, crisma, casar e realizar missa de sétimo dia: a Igreja.
Lugar de educar, lugar de velar, de enterrar, de aprisionar, etc.

As pessoas casavam-se nas suas igrejas, porque era costume haver uma relação de convivência comunitária com as pessoas, ao redor dos ritos religiosos: missa ou culto dominical, festas celebrativas, velórios, etc. Em algumas comunidades do interior, ainda é ao redor da Igreja que as pessoas se reunem para jogar, rezar, conversar, divertir-se.

Mas, com o processo de urbanização e mesmo com os novos modos de vida, temos constatado que, muitas vezes, ao invés das famílias saírem para reunirem-se em comunidades ou visitarem amigos e parentes, elas saem para irem ao Shopping. Lá é o local de ver exposições de arte, comprar os mantimentos para a casa, CDs, roupas, tomar lanches, café, cerveja, ir ao cinema, etc.

Ora, se o Shopping substitui a comunidade e se torna o local, em que as pessoas se sentem bem, então cria-se uma relação afetiva, familiar com esse espaço. Nada mais natural que eventos de grande significação possam ser realizados ali, em meio às lojas, lancherias, vitrines, mercado...
O Mercado, que não é bobo, trata de criar relações sociais afetivas (e mercantilizadas) com as pessoas.

Afinal, é tão prático, ao mesmo tempo que acontece o casamento, as pessoas aproveitam para olhar vitrines, quem sabe fazer alguma compra e é um lugar de muito mais visibilidade: casar aí, garante mais gente contemplando o evento.

Se tem algum fundamento a minha análise (e eu não tenho nenhuma pesquisa acadêmica para provar nada nesse sentido), é possível que venhamos a ter oportunidade de assistir batizados, primeira comunhão, crisma e, quem sabe, velório e missa de sétimo dia.
Para muitas Igrejas, isso não seria tão absurdo. Afinal já se vê tanto mercado nas manifestações de fé: verdadeiros shopings da fé.

E a Igreja está tão integrada ao sistema de marketing: basta lembrar as homenagens e premios que o bispo de Santa Maria deu a empresas de comunicação, segundo o já mencionado jornal Diário. Eu chamo isso de prática de puxassaquismo mesmo.

Mas que os noivos tiveram visibilidade, isso tiveram. Que sejam felizes. A familia que inicia, já inicia no shopping, para ir se ambientando. Quem sabe verão seus filhos aprender a andar e correr dentro dos espaços do Shopping.

domingo, 30 de maio de 2010

Resgatando o FILÓ


Ontem eu, o Irineu e minha mãe, fomos A Silveira Martins, na casa dos amigos Dilmar e Marilú.
Eles moram num lugar, que é uma clareira no meio de uma mata nativa, logo depois da Vila Catani. Mato, grama, cascata, casa com lareira, forno à lenha, ouvindo o barulho da água de uma pequena cascata.
Lindo! Ah, e tem a Gaia, uma jovem cadela Labradora, carinhosa, brincalhona!
Fomos fazer filó.

O filó era um costume dos antigos imigrantes italianos. Estes, juntavam-se, à noite, para realizar serviços juntos. Descascar e debulhar milho, por exemplo. Iam trabalhando, conversando, interrompiam para tomar café e comer cuca, bolachas e/ou pão caseiro.
Pois foi para fazer pão em forno a lenha, que nós resgatamos o filó.

Eu e o Irineu entramos com os receitas e a prática de fazer pão.
A Marilú e o Dilmar compartilham a casa, o forno e oferecem o almoço. Repartimos os ingredientes e depois repartimos os pães.
Ontem fizemos aproximadamente 30 pães, em tres fornadas.
O Dilmar e o Irineu que cuidam do cozimento dos pães. Não é fácil acertar a quantia de lenha e controlar o calor do forno, aquecido a brasas, para que o pão não queime ou fique crú.
A mãe fazia crochê ou dormia na sala da lareira, em companhia da Gaia.

Levei a máquina de costura e enquanto os pães cresciam e/ou cozinhavam eu ia consertando alguma roupa.
Almoçamos uma deliciosa feijoada, acompanhada de couve e laranja e, é claro, uma gostosíssima farofa.
Tomamos café e de sobremesa um doce de abóbora.
Encerramos o dia com um café colonial, com pão quentinho, é claro.
Ah, esqueci de dizer que nossos pães são muito nutritivos, cheios de nutrientes e fibras.
Os pães de ontem, foram de mandioca, cenoura e baicon. Sempre juntando farinha integral, leite de soja, farinha de linhaça. Aromatizados com erva doce(no de mandioca), casca ralada de laranja, no pão de cenoura. Ficaram uma delícia!
E tem os assuntos que permeiam o trabalho. E as "inocentes" fofocas. A vida sem fofoca não tem graça.
E os debates informais sobre educação, política, culinária, moda, familia, etc.
A gente termina o filó, com a sensação de que fez terapia. Que canseira boa! As vinte e uma horas já estávamos dormindo.

Bem, e o melhor é que o fazer pão significa ofertar aos filhos um alimento nutritivo e cheio de boas energias. Hoje, pela manhã, domingo, fomos ao apartamento, e enquanto a Lúcia, Leonardo, Silvana e Alice dormiam, deixamos sobre a mesa uma sacola cheia de pães e saimos de fininho.
Penso que todo mundo devia fazer filó, para compartilhar conhecimentos e realizar novas aprendizagens.
Faz parte do que acreditamos: criar comunidade, criar laços e compartilhar.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

MICOS E OUTRAS BOBAGENS


CAVALGADA
25 cavaleiros percorrerão 186 Kms. no lombo de cavalos e a trotezito no mais. Vão percorrer os 9 distritos de S.Maria para homenagear um tal de Cel.José Alves Valença, que lá pelos idos de mil oitocentos e alguma coisa, foi presidente da Câmara de Vereadores de S.Maria. Quem vai fazer a homenagem? Os cavalos, são os pobres do bichos, que nem tem culpa de haver legislativo, e nem sabem quem foi o tal Cel. que vão trotar 186 Km! Ai, ai, devia ser proibido. Onde está a Sociedade Protetora dos Animais?

Objetivo alegado: unir os distritos. Mas há desunião entre os distritos?
Ah, talvez seja para propagar os valores do tradicionalismo, o que é muuuuuuito questionável.
Bem, são resquícios de 1800, ou da gloriosa Revolução Farroupilha, feita pelos fazendeiros, donos das charqueadas e latifúndios, sustentadas pelos escravos, que, diga-se, a bem da verdade, viviam em péssimas condições de existência.

EM CARREATA E DE FUSCA
Foi assim que uma romântica noivinha, adepta do fusca, seguidora do ex-presidente topetudo, Itamar Franco, defensor dos fuscas, quis chegar à Catedral, do Bairro Tancredo Neves ao centro de S.Maria, para se casar. Que mico, e que mau gosto. De carreata e de fusca?

LEI CONTRA O BULLING

Finalmente a Lei vai definir o que é Bulling. Que bom, ninguém sabia! Agora sim, estaremos esclarecidos. Foi preciso que os nobres edis definam e declarem que Bulling é tudo o que for feito, contra colegas que possa humilhar, agredir, isolar ou intimidar.

Quem ainda não sabia? O que vai mudar? Isso é relevante? No que isso vai resultar, se os praticantes de Bulling são crianças e adolescentes? Isso é um problema de educação, de humanização, de formação humana e requer atitudes formativas e não legislações que criminalizam.
No caso das drogas, adiantou criminalizar? É preciso pensar no processo civilizatório que vivemos hoje. Em que modelo de sociedade os jovens se espelham?

Desde sempre existiu o que hoje chamam de bulling. Faz parte do processo de aprendizado da gurizada. Quem já não ouviu apelidos e gozações? Não dá para criminalizar tudo. Claro que a comunidade escolar precisa se reunir, dialogar com a gurizada, tomar medidas, etc., mas não é o caso de legislar sobre isso.Esses deputados não tem mesmo o que fazer!

PARTIDO DA BOA POLÍTICA

É, no mínimo hipócrita, a Ana Amélia Lemos fazer propaganda do PP dizendo "o partido da Boa Política". Boa pra quem?
Para não esquecer, esse partido fez parte dos que mantiveram uma ditadura truculenta durante 30 anos. Esse partido é, hoje, na melhor das hipóteses igual aos outros. O PP foi PDS, que era Arena, originalmente. Como o DEM. Querem ser os portadores da ética? Que ética tiveram durante a ditadura que torturou, matou, individou o país.? Corrupção e fraude nem podiam ser apuradas, como hoje é feito. A ditadura nem permitia denúncias, nem CPIS, nem divulgação. E eles eram o poder. É bom reavivar a memória. HIPÓCRITAS!

MEC-EXAME NACIONAL PARA PROFESSORES

Nem é bom entrar no debate da meritocracia, que, na educação, é um absurdo. Só me pergunto o que o MEC quer saber com esses exames. Será que avalia conhecimentos? Mas ser educador é só transmitir conhecimentos? O sujeito pode ir muito bem em provas de conhecimentos e no PROCESSO de educador, ser péssimo. Será que prova avalia mesmo? Vale lembrar o cidadão analfabeto que passou num concurso público! Chutou e passou.

Outras medidas são necessárias, por exemplo, investimentos em formação continuada, sistematicamente e remuneração adequada, bem como condições de trabalho.
O que precisa mesmo é avaliar a formação de professores feita pelas universidades. Avaliadas, fiscalizadas e algumas fechadas. São elas que "preparam" os docentes, que realizam provas, atestadoras de sua capacidade para o exercício da profissão.

domingo, 23 de maio de 2010

RECEITA GOSTOSA

Olá queridos leitores. Desculpem-me por andar meio ausente.
Passam tantas coisas pela minha cabeça. Tenho vontade de compartilhar tantas coisas, mas penso que não interessa aos outros e não o faço.
Tenho escrito sobre tantos assuntos: dia do trabalhador, violência, educação, MST, Mulheres, etc. mas não tenho tido retorno, ou seja, poucos comentam. Também tenho abordado assuntos do cotidiano.
Acho que meu modo de escrever é sem graça mesmo, e como disse um leitor: "é chato".
Por isso hoje vou compartilhar com vocês uma receita de pudim, muito gostosa (pelo menos eu acho) que o cheff e amigo Mateus me ensinou. Bem que eu gostaria de oferecer a vocês o pudim de verdade, mas como não é possível, vai o pudim virtual.

Aí vai: PUDIM DE PÃO DORMIDO COM GENGIBRE
Ingredientes: 3 pães cacetinho ( ou 3 fatias de pão sovado mesmo, sem a casca), l lata ou caixinha de leite condensado, 1 colher (sopa rasa) de gengibre ralado, l xícara média de leite, l medida igual a do leite condensado de leite ou leite de coco, 4 ovos.
Modo de preparar:
Espedace o pão em migalhas e coloque de molho no leite (1 xícara). Bata os ovos com o leite condensado, o leite ou leite de coco, acrescente o pão que estava de molho, misture muito bem e acrescente o gengibre.
Pegue a forma de pudim, coloque 2 colheres de açucar e caramele em fogo brando, espalhando sobre o interior da forma. Coloque a mistura e ponha ferver em banho maria, durante uns 40 a 45 minutos, de fervura efetiva. Controle a água para que não segue e não entre na forma. Os 40 minutos são de fervura mesmo, se tiver que acrescentar mais água e interromper a fervura, deixe um pouco mais.
Desinforme sobre um prato redondo ainda morno, para não esburrachar.
O gengibre é que vai dar o sabor exótico (eu gosto porque tira aquele gosto de leite de mamadeira dos pudins de leite).
Bom apetite. Bom domingo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

cuidar, cuidar e cuidar

Parece fácil, mas não é. Os bebês, diferentes dos outros animais, nascem muito dependentes. Precisam aprender quase tudo, para sobreviverem. Precisam de cuidados constantes.
Mamar é o que sabem. Sugar e, qualquer mal-estar, eles manifestam com a boca, como se quisessem, sempre, sugar.

E as mães, mesmo sabendo disso, caem na tentação e dão mais e mais mamá.
E quando o bebê nasce com refluxo, a reação a cada mamada é o desconforto. Aí é preciso ter paciência: segurá-lo e cuidá-lo para que o leite não volte e cuidar para não cair em tentação de dar demais leitinho do peito.

Mas os cuidados dão prazer, valem a pena. Por tudo isso se justifica e se entende como fundamental, a licença maternidade. Ela é extremamente importante e é para dar garantia de cuidados ao bebê, que ela existe. Não é férias, não é privilégio para a mãe. E não basta isso, é preciso ajudar a mãe. O pai precisa participar, e as tias e as avós, também são bem-vindas, sem interferir, muito, nas orientações dos pediatras.

Foi para tentar ajudar, mas principalmente para curtir a Cecília, que estivemos em Santo Ângelo, no último final de samena.
Minha sensibilidade aflorou,minhas lembranças de mãe de quatro filhos também. Foi maravilhoso cuidar da minha sobrinha Cecília! É uma menina linda, saudável, embora com esse probleminha do refluxo, que, realmente exige cuidados.
A mãe Carla e o pai Adriano, são incansáveis, amorosos e sensíveis. Gostei de ve-los cuidando da cria. Bonito mesmo!

Pensando no que escrevi antes, sobre a violência, fico considerando que absurdo tanto desrespeito à vida. Penso que foi preciso tanto cuidado para criar cada ser humano. Que direito têm, alguns, de agredir dessa forma, os filhos que parimos, cuidamos e presenteamos ao mundo?

O que o mundo faz com nossos filhos? O que nossos filhos fazem com o mundo?
Parece difícil criar os bebês, eu digo que é a parte mais fácil e mais gratificante. Quando crescem, tudo fica mais dificil! Certamente desejamos que nossos filhos, contribuam para que o mundo seja um lugar bom, para todos viverem.

BRUTALIDADE IMPERDOÁVEL

Tenho lido textos de pessoas indignadas com o Bulling, deputados fazendo projetos de lei sobre o tema, outros legislando para proibir as pulseiras do sexo, entre outras coisas. Nada contra, embora entenda, que não se modifica tais coisas com leis.
Mas não tenho lido quase nada sobre alguns episódios que aconteceram dias atráz e que, parece, causaram pouca indignação e nem surpresa. Será que estamos nos acostumando com a barbárie?

Vamos aos fatos:

A Globo fez uma reportagem sobre os moradores de rua, em São Paulo. Dois dias depois um grupo de motoqueiros, durante a noite, atiraram para matar em seis moradores de rua, que dormiam sob um viaduto. Um sobreviveu, não sei até quando. Pergunta: a quem interessa a morte dessas pessoas? Por que matá-las? Porque sujam a rua? Medo que roubem para comer? Qual é a ameaça? E ficou por isso, não se soube mais nada, a não ser que "a polícia não tem pista dos assassinos". Será que não?

No outro dia, outra notícia terrível. A polícia faz sinal para um motoboy parar, a moto estava sem placa. O motoqueiro, de 19 ou 20 anos, não lembro bem, pára a uns 100 ms. da abordagem, em frente a casa onde mora, com a mãe. A polícia vai até lá, e embora o rapaz e a mãe tentem explicar, espancam-no até a morte, sob os gritos da mãe, na sua frente, sem nenhuma chance. O rapaz errou? Talvez, mas então multe, recolha a moto, há penas para isso. Não, a "segurança policial", julgou, condenou e executou, ali mesmo, sob o olhar aterrorizado da mãe, e com a omissão de todos que, certamente, presenciaram.
Entrevistada, a mãe falou:" a quem eu poderia recorrer, se quem deveria nos proteger estava matando meu filho"?
Me ocorreu pensar, que talvez por isso, algumas pessoas se sentem mais protegidas pelos bandidos. Quem sabe a mãe devesse ter algum bandido para chamar, já que a polícia era o bandido naquele momento?

E tem mais: o dinheiro merece cuidados, a pessoa humana não. Falo do aposentado, portador de um marcapasso, que não conseguia entrar no Banco, para fazer suas transações bancárias, porque o detector de metal, lhe barrava entrada.
Ao explicar, como sempre fazia, ao guarda ( um sujeito imbecil, embrutecido ou aterrorizado, portador de síndrome de pânico, quem sabe, ou louco mesmo) , discutem, o guarda teima e, por fim, dá um tiro na cabeça do cidadão. Morreu e a familia doou os órgãos, generosamente.

Será que o sujeito ficou assustado, imaginou que o Banco seria assaltado pelo cidadão, portador de marcapasso? Que orientação o paranóico guarda recebeu? Que formação teve? Detalhe: a vítima era negra. Tem algo a ver? Não sei, mas que tem gente racista, isso tem!

Sei que ninguém gosta de ler coisas ruins, mas escrevo porque preciso socializar minha inconformidade com esses acontecimentos. Que os bandidos matem, continua abominável, mas são bandidos, mas o Estado (através de seus brutamontes) mata, bate, tortura...

Sei de um conhecido, gente boa, aqui de Sta. Maria, que, por esses dias, foi espancado porque estava pixando (grafitando). É uma infração? Por que a Brigada se invoca com um grafiteiro? Pessoalmente acho que tem tanta poluição, inclusive a visual, que as pixações (a arte dos grafiteiros) são bonitas. MAS VOLTANDO À VIOLÊNCIA, A BRIGADA NÃO TEM QUE BATER EM NINGUÉM. QUEM ESTÁ DANDO ESSE TIPO DE ORIENTAÇÃO? E depois a sociedade se espanta, com o crescimento da violência, nas práticas do Bulling na escola? Será que não há mesmo nenhuma relação?

Há quem entenda que tem que bater mesmo, isso é que é triste! O Estado e seus brutamontes me inspiram medo, insegurança.
Como educadora eu me pergunto: O que ensinar aos alunos e filhos sobre as "autoridades" que deveriam garantir o respeito e a vida das pessoas? Devemos alertar, talvez, sobre a periculosidade daqueles que deveriam garantir a segurança pública?

sábado, 8 de maio de 2010

"À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS"

Um dia fui contadora e encarregada de efetuar os pagamentos para os empregados da empresa em que eu trabalhava. Década de 70. Faz tempo e eu tenho saudades.

Dia 30 de cada mês. Sempre tinha alguém a me perguntar: _ Já veio a grana? A que horas sai?
Eu respondia: _ Estou fazendo os envelopes, antes das 6, sai.

E saia. A gente entregava ao empregado um envelope. Do lado de fora estavam os cálculos: valor bruto, mais as horas extras, menos o INPS, menos os adiantamentos, mais o Salário Familia e o valor líquido. Mais ou menos isso e dentro o pagamento, em cédulas. Uns envelopes mais pesados, outros mais leves, conforme o salário e os adiantamentos.

Alguns, com remuneração mais elevada, podiam optar se queriam o pagamento em espécie, ou se preferiam que o dinheiro fosse depositado em sua conta bancária. Estes, recebiam apenas o envelope com os cálculos. O Dinheiro estava disponível no banco e o empregado sabia, que para retirá-lo, deveria ir até o Banco, em dia útil, no horário de expediente, fazer um cheque para sacá-lo, diretamente no caixa.

Hoje tem os caixas eletrônicos e pode-se sacar valores, inclusive nos finais de semana e após o horário de expediente. Que beleza! A gente é obrigado a ter conta bancária, pagar taxas compulsórias e não há opção. Tem que ser assim. É mais seguro e cômodo.
Será mesmo?

Não foi o que aconteceu hoje. Fui ao Banrisul, retirar a aposentadoria da minha mãe. 520,00.
Havia filas de gente "tentando " sacar. Olhares perplexos, caras contrariadas, cochichos discretos mas irritados.
Pensei: _ que gente mal humorada!
Postei-me frente a máquina, certa de que sairia com a aposentadoria. Fiz isso na Caixa Federal e tudo deu certo, por que no Banrisul não daria?
Teclei ENTER, passei o cartão, digitei a senha, cliquei o numero 6, para sacar qualquer valor, mais senha e o aviso: valor solicitado indisponível. Tentei diversas vezes em mais meia dúzia de máquinas, NADA. Tecla de novo, tudo de novo, tecla, tecla, tecla...
Outras pessoas faziam o mesmo. Por que os valores não estavam disponíveis? Havia saldo, tinha olhado o valor. Tentei valores menores, NADA. Acima de 100,00, ninguém retirava. Ninguém para explicar, nem um avisinho que seja.

Por que não se pode retirar o que lhe é de direito? E se a pessoa precisa muuuuuuito desse dinheiro? Quem decidiu que 100,00 é suficiente?
A quem recorrer?
Por um instante me invadiu uma fúria! Olhei ao redor e se encontrasse ali uma marreta, um machado, uma foice, uma barra de ferro, uma cadeira...Ah, eu até poderia ir presa, mas eu ia desfechar golpes e fazer em pedaços a máquina eletrônica. Quem sabe outros me acompanhavam! Resmunguei, suspirei fundo e sai. Paciência! Sei que me irrito à toa.

Pouco antes havia passado numa farmácia: medicamento para minha mãe.
Dei o nome, a vendedora abaixou-se, olhou na parte de baixo da prateleira, não achou, voltou ao computador, bem ali: tecla, tecla, tecla, tecla...ah, agora sim, abaixou-se novamente, no mesmo lugar de antes e achou. Que bom! Ela já havia me advertido que achava que não tinha mais. Ufa, que alívio!
Voltou-se para mim e falou: _ A senhora não que aproveitar nossa promoção e levar paracetamol? Pensei: que promoção! Não, afirmei. _ Tem certeza, está com bom preço.
Pensei: _ comprar só porque está na promoção? Repeti: _ Não estou precisando, obrigada.
Ela me olhou e disse: _ Feliz Dia das mães!
Pensei:
sabe ela se sou mãe! Sorri e disse: _ para você também!
Por que será que me senti desconfortável?

domingo, 2 de maio de 2010

Primeiro de maio


DIA DO TRABALHADOR e NÃO dia do Trabalho.
O Primeiro de Maio, qualquer livrinho de história relata, foi a data- símbolo das lutas e conquistas dos trabalhadores, contra a opressão, exploração e dominação do Trabalho: escravo, subordinado, explorado...

A imprensa fala, de maneira geral, no dia do Trabalho. Não é por acaso, é ideológico, é o fetiche, o domínio da ideologia do Trabalho, como centralidade da vida.

O trabalho é meio de suprir necessidades, pode ser forma de realização, mas não pode significar o centro da existência humana, é uma das dimensões. Essa idéia de que a referencia da pessoa é o trabalho, é uma construção das Instituições da Modernidade, ajudada pelas religiões. Nos protestantes (ingleses) isso é muito forte e na Igreja Católica também.
No editorial do Diário de Santa Maria, li o seguinte:
"as efemérides trabalhistas perdem seu viés ideológico para ganhar uma feição mais pragmática". E mais:
"o importante é dar flexibilidade à legislação, como instrumento para a ampliação do mercado de trabalho e para a própria valorização das vagas existentes e das que são abertas pelo desenvolvimento do país..." e blá blá blá...que verborréia ideológica o editorial faz!
O que eles querem insinuar com "ideológico"? As lutas por salários justos, jornadas e condições de trabalho mais humanas, os enfrentamentos contra o sofrimento, a exploração, a mais-valia brutal sobre o trabalho, é o que eles chamam de ideológicas?

Quais serão as investidas ideológicas do Capital?
E o que eles querem dizer com "flexibilização"? Não será a retirada de históricas e sofridas conquistas dos trabalhadores? Querem poder explorar mais, praticar o trabalho escravo, sem obrigações trabalhistas? Isso não é ideológico? Talvez seja esse discurso, que procura liquidar com as conquistas dos trabalhadores, o endeusamento do mercado, etc. isso é metralhado, via imprensa, todos os dias.
E teminam afirmando que "o trabalho.. .é a maneira que a humanidade encontrou para sobreviver com dignidade e para fazer as civilizações avançarem"...Mas que pobreza!

As civilizações vão avançar quando superarem a escravidão e a subordinação do domínio da ideologia do trabalho. Tem tanta riqueza para distribuir, tem tanta vida cultural para curtir, tem tantos afetos, tanta natureza, tanta arte, tanta vida para viver! E construídas por nós, os humanos viventes e não o Mercado e não o Capital, porra!

Ah e tem acontecimentos que me fazem retornar no tempo que a história conta: acontecimentos pré-Modernos: o que significa a MARCHA DE JESUS CONTRA O CRAK, no dia dos Trabalhadores? Parece o prÉ-Moderno com o pós-moderno (o Crack)!

Bem, o Dia dos Trabalhadores está muito desfigurado: algumas Centrais Sindicais, fazem muuuuuuita festa, distribuem premios, etc... o que temos para festejar, hoje? O que ameaça os trabalhadores, hoje? Quais são as lutas e como realizá-las? Essas são perguntas que me ocorrem neste dia: o dia dos TRABALHADORES.

CHEIROS E SONS


Feriado de primeiro de maio. Pelos cheiros, percebi que a grande maioria das familias do prédio onde moro, ficou em casa.
Durante todo o dia, mesmo sem a gente sair do apartamento, ele manifestava vida ativa e coisa boa da vida: o prazer dos alimentos. E pelo cheiro, muita coisa deliciosa!Cheiro de café, de bolo: baunilha, canela; cheiro de chá de frutas, de churrasco, de pipoca, etc.
Também contribuí com os cheiros: café de cafeteira italiana (que cheiro bom) e bolo de maçã com canela!
Claro que não são só esses cheiros, tem alguns que prefiro não comentar. O odor que mais me incomoda é aquele que sinto de madrugada (e não tem nada a ver com as pessoas, não fiquem pensando bobagens), falo do cheiro de combustíveis fósseis, que entra pela minha janela. Arg...espirro só de pensar!
E quanto aos sons?
É muito bom o som dos seres vivos: o canto dos galos, de madrugada (temos galos na visinhança), literalmente me acordo com o cantar dessas aves, e gosto de ficar ouvindo. Depois os cachorros (apesar de que esses gostam de uivar à noite, e destes não curto muito, prefiro os galos).

Também tem algum som de criança, da minha visinha Antonella (que todos já ouviram falar, pois já é uma personagem pública). Ouço o chorinho, que é raro, mas ela já dá uns gritinhos. Adoro!

Mas esses sons são tão frágeis! Na verdade nossos ouvidos ouvem, de dia e de noite, um som quase permanente: o som dos MOTORES. Os motores estão dominando o mundo. O som dos alarmes, que são acionados e desacionados a todo instante. São os motores de aparelhos eletrodomésticos, de lava-jatos, de furadeiras elétricas e de veículos de todos os tipos e tamanhos. Os piores são os ônibus e as MOTOS. Essas são as menores e as mais barulhentas.
Os sons agradáveis e sutis, já não ouvimos. Somos meio surdos e vamos ficar cada vez mais surdos. O dia inteiro tem motores funcionando. O som dos motores estão ocupando quase todos os espaços sonoros do mundo. Isso me incomoda.

Talvez por isso, aqueles que podem, trabalham na cidade e moram no interior: Arroio Grande, Silveira Martins, Itaara, etc. e nós saimos do interior e viemos procurar curtir as coisas boas da cidade. A urbanização é boa, mas precisaríamos organizá-la melhor: dar mais voz à vida.

Está acontecendo a feira do Livro (coisa boa da cidade) e não pude visitá-la ainda. Minha mãe está com pneumonia, dificuldade para se locomover. Exigindo cuidados especiais. Por conta disso tem filhos que vieram visitá-la, finalmente. Tenho me ocupado muito com isso. Mas esta semana vou.
Hoje, outro Grenal e meu time tá mal! Vou ter de conviver com um gremista em casa: muito educado, mas fico irritada com aquela cara de compaixão que ele faz para nós, os familiares colorados. Mas ele não consegue esconder o prazer de nos ver sofrer! Ai, ai...hoje vai ser f......