segunda-feira, 31 de maio de 2010

O DEVIR SHOPPING NAS NOSSAS VIDAS


Hoje o Diário de Santa Maria noticiou, com fotografias e tudo o mais, um casamento, no civil e no religioso, realizado no Shopping Monet, de Santa Maria.
Isso tem um significado: pode ser um sinal da crise dos lugares especiais.

A sociedade Moderna construiu identidades e lugares especiais para cada fase e cada evento da vida em sociedade. Lugar de batizar, fazer primeira comunhão, crisma, casar e realizar missa de sétimo dia: a Igreja.
Lugar de educar, lugar de velar, de enterrar, de aprisionar, etc.

As pessoas casavam-se nas suas igrejas, porque era costume haver uma relação de convivência comunitária com as pessoas, ao redor dos ritos religiosos: missa ou culto dominical, festas celebrativas, velórios, etc. Em algumas comunidades do interior, ainda é ao redor da Igreja que as pessoas se reunem para jogar, rezar, conversar, divertir-se.

Mas, com o processo de urbanização e mesmo com os novos modos de vida, temos constatado que, muitas vezes, ao invés das famílias saírem para reunirem-se em comunidades ou visitarem amigos e parentes, elas saem para irem ao Shopping. Lá é o local de ver exposições de arte, comprar os mantimentos para a casa, CDs, roupas, tomar lanches, café, cerveja, ir ao cinema, etc.

Ora, se o Shopping substitui a comunidade e se torna o local, em que as pessoas se sentem bem, então cria-se uma relação afetiva, familiar com esse espaço. Nada mais natural que eventos de grande significação possam ser realizados ali, em meio às lojas, lancherias, vitrines, mercado...
O Mercado, que não é bobo, trata de criar relações sociais afetivas (e mercantilizadas) com as pessoas.

Afinal, é tão prático, ao mesmo tempo que acontece o casamento, as pessoas aproveitam para olhar vitrines, quem sabe fazer alguma compra e é um lugar de muito mais visibilidade: casar aí, garante mais gente contemplando o evento.

Se tem algum fundamento a minha análise (e eu não tenho nenhuma pesquisa acadêmica para provar nada nesse sentido), é possível que venhamos a ter oportunidade de assistir batizados, primeira comunhão, crisma e, quem sabe, velório e missa de sétimo dia.
Para muitas Igrejas, isso não seria tão absurdo. Afinal já se vê tanto mercado nas manifestações de fé: verdadeiros shopings da fé.

E a Igreja está tão integrada ao sistema de marketing: basta lembrar as homenagens e premios que o bispo de Santa Maria deu a empresas de comunicação, segundo o já mencionado jornal Diário. Eu chamo isso de prática de puxassaquismo mesmo.

Mas que os noivos tiveram visibilidade, isso tiveram. Que sejam felizes. A familia que inicia, já inicia no shopping, para ir se ambientando. Quem sabe verão seus filhos aprender a andar e correr dentro dos espaços do Shopping.

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