domingo, 29 de maio de 2011

CIRURGIA PREVENTIVA

Amanhã vou me submeter a uma cirurgia na vesícula. Não que esteja me incomodando, mas tenho um pólipo que pode vir a complicar mais adiante, então vou sacar a vesícula para evitar problemas futuros.
Espero que tudo corra bem. Fico sempre um pouco apreensiva com cirurgia, pois risco sempre há e desconforto, certamente: anestesia, ficar em jejum, ambiente de hospital, etc. Mas confio no meu médico e vou tranquila.

Teria muitos assuntos para escrever: o congresso do MOBREC sobre educação que iniciou hoje, o Seminário sobre Desenvolvimento Regional em Cacequi. Sobre o seminário do Mobrec estive analisando trabalhos que vão fazer parte de oficinas e bem que gostaria de estar presente.
No caso de Cacequi, gostaria de contar tudo o que ouvi, as pessoas que encontrei e tudo o que aprendi. Eu fui contribuir com uma reflexão sobre Educação para o desenvolvimento region al sustentável. Mas o que vale ressaltar é a iniciativa da Câmara de vereadores, que superando as diferenças partidárias, se uniu e se organizou para realizar um seminário com um conteúdo tão pertinente. Estão de parabéns. Outro dia pretendo escrever sobre isso.

Também pretendo escrever sobre a marcha da Liberdade que aconteceu em São Paulo, evento muito significativo que merece análise.
Merece comentar também a questão do Código Florestal e do abusivo desmatamento recente e das mortes no campo de agricultores que denunciavam as ações devastadoras de madeireiras. Temos tantas coisas acontecendo!
Quando me recuperar da cirurgia, que acho será breve, pois hoje é uma cirurgia relativamente simples, volto a escrever. Preciso melhorar para ajudar minha irmã a fazer mudança, para organizar nossa própria mudança.

Até breve e desejem-me boa recuperação.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO? A GLOBO TEM A SOLUÇÃO

Na maior pantomima a TV Globo, no Jornal Nacional, anunciou que a bordo do avião do JN, o jornalismo global, acompanhado de um "especialista", iria a quatro regiões do Brasil visitar a melhor e a pior escola do Ensino Fundamental, de algum município sorteado no Jornal Nacional, para verificar porque essas escolas seriam as piores ou as melhores.

A escolha da pior ou da melhor seguiu o critério da nota, na avaliação do Ministério da Educação. ( IDEB). O primeiro município sorteado, na região sul, foi Novo Hamburgo.
Duas escolas municipais: uma, a de melhor nota, apresentava um ambiente escolar bem equipado, escola bem cuidada. Os jornalistas mostraram atividades pedagógicas diversificadas, aulas em que cada aluno operava num computador, instalações bem montadas, jogos e atividades lúdicas.
Segundo o especialista em educação, o bom desempenho dessa escola deve-se à participação dos pais e à boa disciplina dos alunos.

O especialista não explicou como é essa participação dos pais e nem o que ele entendia por disciplina, numa escola que tinha condições de oferecer estímulos e desafios interessantes aos alunos e nem fez menção às condições sócio-econômicas dessas famílias e, portanto, desses alunos, como se todos os alunos chegassem à escola com as mesmas condições de aprendizagem e, por outro lado, encontrassem as mesmas condições pedagógicas necessárias à aprendizagem.

A Glogo não entrevistou nenhuma autoridade educacional do município para explicar, por exemplo, porque a escola de melhor desempenho tinha condições tão excelentes para acolher os alunos e a outra, de pior desempenho, tinha instalações tão precárias, chegando a faltar até os vidros de algumas janelas.
A reportagem mencionou o fato de que o salário das professoras entrevistadas era praticamente igual. Por que, então o desempenho era tão diferente? Não estaria justamente nas condições de trabalho (recursos pedagógicos) e instalações adequadas? Ou seria a necessidade de uma proposta pedagógica adequada aos sujeitos concretos que chegam à escola? Essa reflexão não foi feita.

Será que a diferença estava na disciplina e na família, como foi apontado pelo "especialista"? Por que uma escola tinha excelentes condições de funcionamento e a outra, do mesmo município, tinha condições tão precárias? Quem, efetivamente, mantinha e pagava pelos ótimos recursos pedagógicos e administrativos da escola "rica"?

Em nenhum momento houve nenhum tipo de análise sobre a situação familiar e sócio-econômica dos alunos da escola de desemprenho precário: será que os pais desses alunos têm condições de sair de seu trabalho para participar da escola? Que tipo de família têm esses alunos? Em que condições vivem? Tem eles condições de estudarem em casa?
Alguns não são até forçados a terem de ajudar os pais a ganhar a vida?

Nas outras regiões observações simplistas também ocorreram, quando, por exemplo, uma escola interiorana, de instalações muito modestas, apresentou um alto desempenho, o "especialista" concluiu que a palavra chave do sucesso era "comprometimento" dos professores e da direção.
Em todas as regiões visitadas, o "especialista" conclui que três fatores são decisivos para melhorar a educação: DISCIPLINA, COMPROMETIMENTO DOS PROFESSORES e FAMILIA.
Ora, até pode ser importante, mas é muita simplificação.

Em nenhum momento ele levanta a hipótese, mesmo que remota, de que a escola estaria defasada em relação às mudanças que ocorreram no mundo. Mudanças em relação à infância e juventude, às novas tecnologias de informação e comunicação, à situação de precarização dos trabalhadores em educação, entre outras.

O formato da instituição escolar pouco tem se alterado: escola que prioriza a informação (que os alunos tem muito mais acesso que a algumas décadas atrás), uma escola que prima pelo monólogo, pela exigência de silêncio dos alunos, que exige memorização. Coloca os alunos um atrás do outro, numa clara demonstração de uma disposição individualista, quando toda a sociedade caminha para a comunicação grupal, em rede.

Hierarquia, subordinação, disciplina, controle, confinamento, repetição, monólogo unilateral, falta de diálogo. Esse é o formato da maioria das escolas. Esse formato tem se mostrado falido.

A Globo escolhe cada especialista! Poderia ser um pouco mais crítico, entrevistar a comunidade e gente que pensa a educação e que é sujeito do processo. Mas não, eles se acham os especialistas em tudo. Que arrogância! A meu ver foi um desserviço.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DE SANTA MARIA...

Que eu me lembre, nunca antes na história de Santa Maria, e quem sabe até da região Centro do Rio Grande do Sul, a gente tinha um lugar tão agradável como o Boteco do Rosário, ainda mais agora que não está mais poluído pelos fumantes. Bar climatizado, boa comida, boas bebidas, servido por gente muito querida.

O bar já é privilegiado por sua constituição. O cheff da cozinha, os sócios, as garçonetes, as cozinheiras, são gente muito afinada entre si, gostam de gente, acolhem as pessoas. Gente que tem bagagem cultural, gente que tem sensibilidade social. Isso faz toda diferença!
Quando a gente entre já se depara com obras de arte: obras de artistas plásticos e exposição de fotos sobre a cidade , como a exposição das fotos Esquinas, do Paulo Fernandes).

O Boteco é um local que acolhe a diversidade cultural, é espaço para as pessoas se manifestarem. Vou explicar: semana retrasada, estive lá e presenciei um grupo de psicólogos e gente que gosta de literatura, fazendo leituras de poesias e textos de literatura. Aberto à participação de quem se atrevesse. Adorei!
Semana seguinte, foram os poetas de Santa maria que se fizeram presentes. Uma beleza! Ah e todas as terças-feiras tem o cine clube. É lá que o Macondo Coletivo se reúne.

Seguidamente tem samba de raíz, tem outros estilos de músicos se apresentando. Lá há espaço para quem quiser mostrar sua músiuca, sua poesia, seu teatro.

Ontem foi a noite do riso. Gargalhei tanto que nem me lembro quando havia sentido tanto prazer em rir. Ri muito e me deliciei com as intervenções de "palhaços", artistas de teatro. O bar estava repleto de artistas e não pouparam criatividade! E a diversidade de público também é notória. Jovens, meia idade, idosos( nós) e até um bebê de seis meses. Público educado, acostumado a apreciar a boa literatura, a boa música, a boa poesia e o bom teatro.
Voltei pra casa leve.
Fazer rir não é fácil e é mágico!

Se os sócios do Boteco do Rosário estão ganhando dinheiro eu não sei (acho que estão remando), mas o Boteco é um sucesso, porque se tornou o local das manifestações culturais de boa qualidade.

Sei que amanhã tem outro grupo que vai tocar (não sei o estilo). Sei que vai ter uma noite para o Jazz e sei que tem uma longa programação para as próximas semanas.

É lá, também, que todos os dias estudantes e professores vão saborear uma comidinha deliciosa e suave, ao som de uma sempre boa música. O tempero do Pablo é uma delícia e não faz mal pra ninguém. E é possível almoçar e dar uma estudadinha, quando necessário, porque o Boteco tem um clima muito agradável. E à noite, segue tendo lanches do Pablo, para energizar o agito cultural, que sempre acontece.

domingo, 1 de maio de 2011

CONFERÊNCIA SOBRE CULTURA NO RS, EM SANTA MARIA.

Nas discussões sobre CULTURA, todos os pronunciamentos que ouvi no sábado passado, na abertura da Conferência, sublinhavam a importância da Cultura na "Sociedade do Conhecimento" e reconheciam e alguns protestavam com razão, os parcos recursos orçamentários para serem aplicados em Cultura, revelando que no RS o percentual é simplesmente ridículo: 0,07% do orçamento do Estado para 2011. Orçamento deixado durante o governo Yeda.

Mas nas entrelinhas das falas, para quem acompanha a discussão sobre o Ministério da Cultura, coordenado pela ministra Ana de Holanda, duas abordagens apareciam:

Uma abordagem, de MERCADO, protagonizada pela visão capitalista da Cultura como geradora de lucro, inspirada na "Indústria criativa" do modelo inglês. Nesta visão tradicional a Cultura é vista como parte da nova economia: da informação e do conhecimento e, como tal é uma parte componente da política industrial, submetida aos ditames do desenvolvimento econômico que visa Lucro.
Que características têm a visão tradicional?
Primeiro: Prioridade para a proteção da propriedade intelectual, fortalecendo as políticas de combate à pirataria.
Segundo: Política de financiamento voltada ao fortalecimento de setores econômicos tradicionais, que são os intermediários, os que historicamenbte sempre lucraram com a produção cultural, de qualquer natureza.
Terceiro: Fortalecimento dos "clusters", concentrados geográficamente. Os chamados eixos tradicionais, que no caso do Brasil são Rio e São Paulo, principalmente.
Ou seja, fortalecimento de uma visão que valoriza, prioritariamente, a dimensão econômica da cultura.
Essa visão da chamada Indústria Criativa, na verdade, reduz o espaço de inovação e de man ifestações culturais singulares e populares. Não propicia a diversidade e despreza as questões sociais, mantendo barreiras à socialização dos conhecimentos e dos bens culturais, acentuando as disparidades econômicas regionais, concentrando informações e riquezas, bem ao modo capitalista de produção.

A outra visão de incentivo à Cultura, que poderíamos denominar de "ECONOMIA SOCIAL DA CULTURA", iniciada pelo Ministro Gil, no Governo Lula, concebia as tecnologias da Informação e Comunicação, como fundamentais para oportunizar mudanças positivas na organização e na produção econômica da Cultura.

No Ministério da Cultura do Gov. Lula, vimos o uma política cultural para todos os atores da cadeia produtiva (criadores, intermediários e consumidores).
O Brasil se destacou por adotar medidas que fortaleciam os criadores, por meio dos editais que apoiavam a produção independente. Criadores e consumidores passaram a ter mais acesso e oportunidades de criação e fruição.

Em relação ao Direito Autoral, a política cultural de Gil, não via apenas a proteção à propriedade, ao Patrimonio, mas também como um instrumento de acesso à cultura. O acesso massivo, a custo próximo a zero, a vastas quantidades de produtos culturais oportunizou, de fato, a apropriação social de riqueza.

Proliferaram-se grupos musicais e Pontos de Cultura e se descentralizaram do eterno eixo Rio-São Paulo.
Foi um enorme avanço, que, parece estar sendo ameaçado pela política tradicional da Ministra Ana de Holanda. PARECE. O representante do MINC afirmou dar continuidade e APERFEIÇOAR as políticas culturais do gov. Lula, que eram mais democráticas e mais populares.

Eu pessoalmente, entendo a Cultura como geradora de simbologia, de significados, que inova os modos de vida.
Cultura como geradora de riquezas humanas, sociais, econômicas.
A questão cultural está no centro da produção de riquezas, na sociedade pós-industrial. É pela cultura que se produz bens imateriais (intangíveis), que são modos de estar juntos, modos de viver: produção de novas subjetividades.

O saber fazer precisa ser grupal, COMUM, compartilhado, por isso a comunicação é importante e por isso deveria ter Internet banda larga gratuita para todos.
Quanto mais intercâmbio, mais subjetividades, mais conhecimentos, mais significados vão sendo agregados, mais ricos são os processos.

Qualque tipo de desenvolvimento só pode acontecer, hoje, ampliando o acesso das pessoas às tecnologias de comunicação, colocando as pessoas em comunicação, compartilhando e enriquecendo fazeres e modos de vida. É o empoderamento, a acessibilidade da população que vai gerar riqueza material, conhecimentos novos, convivência com maior qualidade humana.