domingo, 1 de maio de 2011

CONFERÊNCIA SOBRE CULTURA NO RS, EM SANTA MARIA.

Nas discussões sobre CULTURA, todos os pronunciamentos que ouvi no sábado passado, na abertura da Conferência, sublinhavam a importância da Cultura na "Sociedade do Conhecimento" e reconheciam e alguns protestavam com razão, os parcos recursos orçamentários para serem aplicados em Cultura, revelando que no RS o percentual é simplesmente ridículo: 0,07% do orçamento do Estado para 2011. Orçamento deixado durante o governo Yeda.

Mas nas entrelinhas das falas, para quem acompanha a discussão sobre o Ministério da Cultura, coordenado pela ministra Ana de Holanda, duas abordagens apareciam:

Uma abordagem, de MERCADO, protagonizada pela visão capitalista da Cultura como geradora de lucro, inspirada na "Indústria criativa" do modelo inglês. Nesta visão tradicional a Cultura é vista como parte da nova economia: da informação e do conhecimento e, como tal é uma parte componente da política industrial, submetida aos ditames do desenvolvimento econômico que visa Lucro.
Que características têm a visão tradicional?
Primeiro: Prioridade para a proteção da propriedade intelectual, fortalecendo as políticas de combate à pirataria.
Segundo: Política de financiamento voltada ao fortalecimento de setores econômicos tradicionais, que são os intermediários, os que historicamenbte sempre lucraram com a produção cultural, de qualquer natureza.
Terceiro: Fortalecimento dos "clusters", concentrados geográficamente. Os chamados eixos tradicionais, que no caso do Brasil são Rio e São Paulo, principalmente.
Ou seja, fortalecimento de uma visão que valoriza, prioritariamente, a dimensão econômica da cultura.
Essa visão da chamada Indústria Criativa, na verdade, reduz o espaço de inovação e de man ifestações culturais singulares e populares. Não propicia a diversidade e despreza as questões sociais, mantendo barreiras à socialização dos conhecimentos e dos bens culturais, acentuando as disparidades econômicas regionais, concentrando informações e riquezas, bem ao modo capitalista de produção.

A outra visão de incentivo à Cultura, que poderíamos denominar de "ECONOMIA SOCIAL DA CULTURA", iniciada pelo Ministro Gil, no Governo Lula, concebia as tecnologias da Informação e Comunicação, como fundamentais para oportunizar mudanças positivas na organização e na produção econômica da Cultura.

No Ministério da Cultura do Gov. Lula, vimos o uma política cultural para todos os atores da cadeia produtiva (criadores, intermediários e consumidores).
O Brasil se destacou por adotar medidas que fortaleciam os criadores, por meio dos editais que apoiavam a produção independente. Criadores e consumidores passaram a ter mais acesso e oportunidades de criação e fruição.

Em relação ao Direito Autoral, a política cultural de Gil, não via apenas a proteção à propriedade, ao Patrimonio, mas também como um instrumento de acesso à cultura. O acesso massivo, a custo próximo a zero, a vastas quantidades de produtos culturais oportunizou, de fato, a apropriação social de riqueza.

Proliferaram-se grupos musicais e Pontos de Cultura e se descentralizaram do eterno eixo Rio-São Paulo.
Foi um enorme avanço, que, parece estar sendo ameaçado pela política tradicional da Ministra Ana de Holanda. PARECE. O representante do MINC afirmou dar continuidade e APERFEIÇOAR as políticas culturais do gov. Lula, que eram mais democráticas e mais populares.

Eu pessoalmente, entendo a Cultura como geradora de simbologia, de significados, que inova os modos de vida.
Cultura como geradora de riquezas humanas, sociais, econômicas.
A questão cultural está no centro da produção de riquezas, na sociedade pós-industrial. É pela cultura que se produz bens imateriais (intangíveis), que são modos de estar juntos, modos de viver: produção de novas subjetividades.

O saber fazer precisa ser grupal, COMUM, compartilhado, por isso a comunicação é importante e por isso deveria ter Internet banda larga gratuita para todos.
Quanto mais intercâmbio, mais subjetividades, mais conhecimentos, mais significados vão sendo agregados, mais ricos são os processos.

Qualque tipo de desenvolvimento só pode acontecer, hoje, ampliando o acesso das pessoas às tecnologias de comunicação, colocando as pessoas em comunicação, compartilhando e enriquecendo fazeres e modos de vida. É o empoderamento, a acessibilidade da população que vai gerar riqueza material, conhecimentos novos, convivência com maior qualidade humana.

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