segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ANDEI SUMIDA. RETORNANDO.

Quando ando muito atarefada eu me atrapalho toda e não consigo escrever.
Me comprometi com 3 tarefas que tem tomado quase todo meu tempo e minhas energias.
A primeira é com uma editora, contribuindo com a avaliação pedagógica de uma coleção de história composta de 4 volumes. Isso requer uma média de 4 leituras cada volume e mais pesquisa, elaborações teóricas, leituras e reuniões. Gosto desse trabalho, a equipe é muito simpática e inteligente, mas envolve tempo, dedicação, leitura, reflexão e desgaste físico.
Dói o corpo quando fico horas no computador. Interrompo para cozinhar, sair um pouco e costurar.
A segunda tarefa é justamente costurar. Desafiei-me, por prazer e por amor a fazer umas roupitas bonitas para minhas filhas. Escolher modelos, fazer os moldes, cortar, alinhavar, provar, ajustar e finalmente dar os acabamentos e...admirar. É muito bom transformar um pano numa peça bonita! Já fiz diversas peças.
A terceira tarefa é ajudar a minha mãe a adaptar-se à nova morada e à moça cuidadora, que é um amor de pessoa.
Agora estamos morando numa casa, como era o desejo da mãe, que tem quase 86 anos. Ela não conseguia se acostumar a morar no apartamento. Ela costumava falar que sentia-se "empuleirada, engaiolada". Então nos mudamos e estamos tentando também nos acostumar. Já fizemos horta e já estamos colhendo alface, chicória e couve.
Plantamos flores e estão lindas e a mãe gosta muito.

Temos o compromisso de cuidar de um gato, o Gringo, que herdamos de nossa filha Alice, que não pode mante-lo no apartamento. O gato ganhou o mundo e estamos muito apegados a ele.

Ah, na morada tem um pé de jaboticaba, que se abarrotou de frutos. Comemos até nos empanturrar e fizemos licor. Demos de presente baldes pros visinhos e todos os dias o chão amanhece preto de frutas que caem. Uma raridade, ainda mais considerando que essa árvore rara deu num quintal de uma casa na cidade.

Tudo isso fez nossas vidas tomarem outro ritmo e desligamos de muitas coisas para reconstruir outros modos de viver.
Ainda é preciso dar conta de tantas outras pessoas e tarefas que a gente tem com as filhas e o filho, com irmãos, sobrinhos e outros parentes e amigos, além de reuniões em algumas escolas, a dança de salão, o Boteco do Rosário, que é uma delícia, algum baile e alguma viagem. Quanta coisa!

Um dia desses fui ao INSS com minha filha Lúcia. Cada vez que a gente fica lá, com a senha, esperando ser chamada no painel eletrônico, fico observando e conversando com algumas pessoas.
Quanta gente fazendo perícia médica, pedindo aposentadoria, pensão, auxílio doença! Examinam papéis, juntam documentos...quantos rostos cansados, contrariados, envelhecidos, sofridos! Puxando assunto a gente ouve cada história, de arrepiar! Fico pensando: o que seria desse povo sem a Previdência e a Assistência Social? Conquistas dos brasileiros que não podemos perder.

2 comentários:

  1. Que bom ler um relato assim! Simples, claro, conhecido( já que fala de um dia-a-dia comum).E quando digo comum não é pela falta de conteúdo,pelo contrário; e sim pelo formato que vivem todas as mulheres assim como eu e tu Tereza que vivemos e crescemos num tempo período onde as pessoas não conheciam apartamentos, morávamos em casas com as janelas na beira da calçada,quem morava na cidade, sem grades,sem trancas, onde nossas mães colocavam as roupas de cama( cobertas e travesseiros) para apanharem o Sol da manhã.Por isso temos este viver tão igual onde dá-nos prazer trabalhar em alguma atividade mas cozinhar,limpar e costurar é sem dúvidas um prazer que só a nós (mulheres da era de 50), sabemos como é. Também gosto de pegar um pano (tecido) e transformá-lo em uma peça de roupa para minhas filhas e assim como tu, gosto de admirar meu trabalho.Lamento que meu tempo ande tão curto para estas tarefas prazeirosas!!Grande abraço professora Tereza...ainda temos que nos encontrar para uma boa conversa pois cada vez mais me convenço que a nossa visão de mundo é quase a mesma!!

    ResponderExcluir
  2. Querida, ótimas palavras, tão bonitas! Saudades mesmo e vontade de fazer tantas coisas ainda e vontade de conversar contigo. Saudades. Abraços

    ResponderExcluir