quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

8 de dezembro, dia santo.

É dia santo, para mim por duas razões: pelo orgulho e admiração pela MULHER Maria, mãe de um grande homem: Jesus.
Mas é um dia abençoado porque foi em 8 de dezembro de l925, que um casal, filho de imigrantes italianos,pobres, Albino Copetti e Élide Dreon Copetti tiveram um filho que se tornou uma bela pessoa: Delmiro Copetti, meu pai e de mais 7 irmãos, todos também belas pessoas.

Nosso pai faria hoje 86 anos, idade que fará minha mãe, dia 13 deste mes. Ele já morreu faz mais de 20 anos. Ela mora comigo e goza de perfeita saúde.

Meu pai era alegre, falante, ótimo contador de histórias, teatral até. Era um belo homem, tinha uma voz potente e uma oratória muito persuasiva e empolgante. Convencia e cativava.
Tinha ouvido musical, tocava gaitinha de boca, dançava bem as músicas que aprendeu em sua época: valsa, bolero e até tango.
Gostava de política, tinha espírito revolucionário. Foi brizolista, do antigo PTB, mais tarde veio para o PT.

Mas o principal, para nós, é que era acolhedor, afetivo e gostava de aventuras. Nos dava liberdade e confiava em nós. Dava importância para o que nós queríamos e dizíamos.
Era uma pessoa de temperamento forte, briguento até, não levava desaforo pra casa e era bom de briga, forte e rápido, numa época que era preciso, mas jamais tirava proveito da fragilidade de alguém. Era justo, generoso e bom. Não deixava ninguém que o procurava de mãos vazias, emprestava dinheiro, sem juros, em época de muita inflação. Ficou cada dia mais pobre, obviamente.

Trabalhava muito, mas sabia se divertir. Tinha amigos, enturmava-se, ajudava a comunidade.
Foi um exemplo para mim. Sinto saudades e um amor eterno por aquele homem maravilhoso: meu pai.
Falar dele, para mim, o faz ressuscitar e queria compartilhar porque creio que o que torna o mundo melhor é saber que continuam pelo mundo muitos Delmiros bons, justos e generosos. Obrigada meu pai!

Talvez por ter vivido tão intensamente, ele gastou todas as energias e foi embora com 64 anos, pouco mais velho que eu.

Já minha mãe, trabalhou muitíssimo, mas não ria tanto, fez poucos amigos, também tinha preocupações sociais, é verdade, mas centrou a vida nos filhos e cuidava-se.
O pai era forte, nunca ia a médicos, se orgulhava da saúde e quando foi, já foi com câncer, um após o outro, até falecer.

A mãe, desde que me recordo da vida, queixava-se de pouca saúde: estômago, visícula, coração, parkinson, dores musculares, pés, etc. E haja médico, chegou a ter 7 ou 8 especialistas a cuidá-la.
Cuidou-se, não bebia, nem fumava, fazia exercícios e coisa e tal e chorou muito. Chorar é, até hoje a sua terapia.
Pouco se divertiu, pouco riu e nunca, pelo menos para mim, se disse feliz, apesar de ter tido a alegria de 8 filhos todos formados, nenhum doente ou drogado, ou criminoso ou aleijado. Teve 31 netos, tem 5 bisnetos. Todos os netos formados e todos absolutamente bem encaminhados.
Isso é razão de alegria? Para mim sim.

Essa mulher trabalhou muito, é certo. Tem todo conforto e cuidado, é certo. Mas me pergunto: O que a faz viver tanto? E vai longe, se depender de mim.
Procuro cuidá-la bem, mas não consigo dar a ela mais alegria porque sei que as alegrias dela são a presença dos filhos, que nem sempre podem estar mais presentes e porque não consigo ser, sempre, uma pessoa carinhosa e amável, sei que, ao querer cuidá-la, eu a incomodo. Não é fácil lidar com idosos, sabemos pouco deles, mas eu, honestamente, me esforço, me policio e me frustro muito quando fraquejo.

Dia 13 completará 86 anos, farei um bolo e esperarei que venham ve-la: é tudo e só o que ela pede. Aprendi muito com ela, mas faço minha seleção. Uma das coisas que ela me fez compreender é que não basta viver, é preciso ampliar a vida, ampliar o convívio para além da espera pelos filhos. É preciso ampliar nossa capacidade de buscar as pessoas e de não perde-las. É preciso seduzir as pessoas para que gostem da gente, é preciso acolher.

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