domingo, 25 de outubro de 2009

"...não quero feijão-arroz, quero pastel..."

“Com licença senhora, poderia me ouvir um instante? Olha, eu estou com fome, não que eu não tenha almoçado hoje, mas tenho muita vontade de comer um pastel com um refrigerante ou um suquinho. Não estou pedindo dinheiro, estou pedindo que a senhora me pague um pastel, ali ó, tem uma lancheria! Se a senhora quiser.... eu gostaria muito”! Com essas palavras fui abordada por um garoto de, aproximadamente, 9 anos. Fomos até a lancheria e lanchamos juntos. Não fui movida por compaixão, mas pela sinceridade, simpatia, capacidade de comunicação e dignidade na forma de se apresentar e de me abordar. Fiquei um breve tempo conversando e fazendo um lanche com um menino desconhecido. Foi um momento de aprendizado para mim. As crianças querem mais do que encher a barriga com feijão e arroz, não são animais de engorda. Querem lazer, prazer, comunicação, criatividade. Isso na educação é fundamental. Damos a eles o feijão com arroz, e mal temperado, às vezes intragável. Penso em como deve se comportar esse menino em sala de aula e penso em como ele é percebido pelos professores. Será que ele tem oportunidade de se expressar com tanta desenvoltura na sala de aula?Que experiências têm alunos como esse menino que podem ser aproveitadas na escola, nos diferentes momentos de aprendizagem? Que subjetividade é essa que se construiu nesse menino que o faz pensar que tem direito a comer pastel e outras coisas gostosas e prazerosas e não apenas as racionais imposições utilitárias? Não é o prazer que todo mundo procura? O menino, com muita dignidade, reivindicou esse momento de prazer. Anormal? Não, perfeitamente humano.

6 comentários:

  1. Tereza, é isso, parar, olhar e estar ali, e escutar outra coisa daquilo que nosso corpo está acostumado a fazer.
    Parabéns pelo blog. Produção de outros sentidos.
    abraço. luciane

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  2. gostei muito do q esta sendo abordado no blog,acompanho atento na questam pedagogica, q muito me entereça como o novo educador que serei para meu filho,abraço,parabens pelo blog

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  3. Olá Luciane e Brasiliano, obrigada por me darem a honra de lerem meus comentários,isso me insentiva. Abraços Tereza

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  4. Daí tereca...
    Legal teu blog...
    Sobre o texto, dignidade humana não se aprende nem se adquire na escola...
    Bjão.
    PS.: Pelo menos não numa escola tradicional.

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  5. Oi mamis...curti teu blog. Não desiste,hein? Vou fazer o meu inspirado no teu e no da Sil.hehehe
    Quanto ao texto, só queria colocar que, ainda bem que essa criança de nove anos ainda não foi domesticada totalmente pela escola, e busca uma forma de viver que não seja a imposta por classe, ou cor. Cada vez me dou conta do deserviço que praticamos com estas crianças, que naturalmente reagem a isso tudo.

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  6. Bom texto, Tereza. Não muito longo, bom de ler...Parabéns. é isso aí...

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