terça-feira, 10 de novembro de 2009

SOBRE O ATO DE FALAR E ESCREVER

Confesso, tenho dificuldades para transformar o "verbo" em "texto". Assim como a maioria dos professores eu falo muito e escrevo pouco. Nas escolas, muitas práticas significativas são realizadas e deixam de ser compartilhadas porque não são registradas.
Mesmo quando os professores participam de congressos e seminários, pode-se constatar que pouquíssimos fazem anotações. Observei, nos meus 30 anos de magistério que, de modo gera, os professores não gostam de falar em público. Quando falam, então? Na sala de aula. Aí é o seu espaço e aí eles teem dificuldades de deixar que outros falem.
Há uma queixa geral dos professores sobre a desatenção e excesso de barulho (conversas) em sala de aula, por parte dos alunos. Há professores que exigem silêncio e não dão chance ao diálogo.
Há momentos que o silêncio é reflexão, é a voz que ainda não se transformou em fala, porque silêncio e diálogo parecem estar relacionados.
Mas assusta-me o silêncio da omissão, da submissão, o silêncio que sufoca, que consente porque sufoca a vontade de gritar.
É absurdo pensar o ser humano sem a palavra, sem que possa expressar seus desejos, sem que possa intervir e dialogar.
É grande o número de estudantes que ingressam na escola falantes, alegres, curiosos, comunicativos, perguntadores e ao longo de anos de escolarização, vão perdendo a alegria, não gostam de ler, nem de escrever e muito menos de falar em público. A maioria se expressa com dificuldades. A escola é capaz de realizar essa façanha! Não haverá, aí, um tipo de violência institucionalizada? A de não permitir a liberdade de falar?
Mas o que é uma prática pedagógica que promove o diálogo?
Certamente o professor terá de coordenar esse processo para realimentar curiosidades, instigar pesquisas e argumentações, debater e resolver problematizações, etc. e isso só poderá acontecer se o diálogo constituir-se como negação do silêncio imposto, respeito às diversidades, desejo de conhecer, ouvir e aprender, apreço pelos saberes dos educandos, incentivo à oralidade, à manifestações de emoções, de opiniões, de afetos.

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