terça-feira, 4 de janeiro de 2011

RINCÃO DE LURDES

Rincão de Lurdes e o rio Picó em Caçapava do Sul. Se o Picó falasse iria dizer que foi "perturbado" com a cantoria, os banhos de rio, o consumo de água, das dezenas de Dalmasos (em torno de 50 pessoas), acampadas na antiga casa em que os 10 irmãos foram criados, filhos de Aquiles e Lúcia Dalmaso.

Tinha, no mínimo, três gerações acampadas, colorindo o gramado e as sombras das árvores de barracas coloridas e circulando pela velha casa. Casa até bem equipada, com tudo o que é preciso para oferecer tudo o que pode ser gostoso. Fogão de chapa, geladeiras, freezer, forno de tijolos, churrasqueira, varanda com amplas mesas, bancos, espetos, bacias, gamelas, panelões de ferro. E quanta coisa boa se faz! Todo mundo se movimenta, lavando, descascando, cortando, espetando, amassando...todo mundo sabe receitas ótimas.

E come-se e bebe-se, e rola os grupinhos de conversas e brincadeiras. E alguns botam as histórias em dia. E fazem-se as rodas de cantoria. Gaita, violão, percussão...tem tudo!
Dos dez irmãos, quatro já não estão mais neste mundo. Claro que o pessoal lembra, cai alguma lágrima, rola alguma história.
Tem os mais idosos, que são mais poupados do serviço, mas estão por perto orientando e também rindo, brincando.

É o encontro que celebra a vida, resgata a história, chora os que se foram. Mas este ano o choro foi em forma de canto e de riso.
A familia é tão grande, tem tantos jovens e a cada ano a gente descobre um pouco mais sobre alguns, que nos anos anteriores não estavam ou não se conseguiu observar e conversar. São, sempre, dias de descoberta.
E descobre-se, também, os que já estão a trinta, quarenta anos, na familia, mas sem se revelar. É necessário décadas de encontros para que algumas coisas sejam reveladas e esclarecidas.

Bons momentos acontecem nesses 4 ou 5 dias que a gente passa juntos.
E no dia primeiro do ano, chegam os que só ficam nesse dia. A data começa com um grande foguetório, depois rola música até o amanhecer. Dorme-se pouco. O sono é ambalado pelo som dos sapos da lagoa e a gente desperta, muito cedo, com a histeria dos galos e pássaros. Depois vem o café coletivo, o preparo do churrasco, das saladas, as falas e agradecimentos, o almoço, as deliciosas sobremesas e os bate-papos até tarde.

É para lavar a alma e lembrar o ano todo.
Obrigada a todos pela alegria e pela energia que recebi. Sinto-me recompensada pelas limpezas, trabalho e desconforto da barraca. Valeu! Não pudemos assistir as posses de Dilma e Tarso, a despedida de Lula, eu as vi depois no twitter. Li diversos comentários e isso já é assunto para outro momento.

3 comentários:

  1. Comove-me perceberas pessoas sairem de suas casas, comodidades e viajarem para se encontrar durante dois ou tres dias num lugar para iniciar o ano novo juntos. Este fqato de se desacomodarem, por o pé na estrada já é significativo. Claro que o lugar e o encontro é mais significativo ainda. Este lugar o Rincão, é a casa onde nós nascemos e vivemos mas fica abondonado todo o ano e cada ano se reconstroe se enche de vida apartir de n´´os tentando reconstituir com muito mais força o que este lugar foi no passado, ha uns trinta anos.Justamente nos últimos e primeiros dias de cada ano, nós vamos lá buscar forças naquele local especial e com aquelas pessoas que a cada ano se achegam. Me comove e me move tudo isto.

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  2. Atenção, o comentário acima foi do Irineu, e não meu, ele enganou-se na hora de postar.

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  3. Sim Tereza, eu me enganei. Obrigado.

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