
Estou de mau humor porque, mais uma vez, fui acordada com a música "ilarilarie da Xuxa" só que com a letra ridícula, de um certo candidato. Essa músiquinha chata, martela minha cabeça o dia inteiro porque passa aqui na Av. Liberdade, onde moro, umas duas vezes por dia. Um tormento! Se eu tivesse alguma intenção, por maior que fosse, de votar nesse sujeito, que rima a palavra "afoito com 00008", eu não votaria mais por causa que ele, todos os dias, me acorda com essa chatice.
Mas quero comentar o programa do Plínio de Arruda Sampaio, que concorre sabendo que JAMAIS será eleito com o programa que apresenta. Mas por que ele o apresenta? "Para debater o Brasil, para enfrentar o capitalism". Ótimo, é um bom objetivo, mas que é enganador. Senão vejamos: Ele promete que se eleito vai acabar com o latifúndio colocando, definitivamente, limite nas propriedades (que terão, no máximo, 500 hectares). Também promete estatizar toda a saúde, a educação, e os bancos. Já isso não sei se é tão ótimo assim.
De qualquer forma, ele NUNCA diz COMO pretende fazer isso. Houve tempo que falávamos assim no PT, nos Movimentos sociais, e de fato, no capitalismo sempre teremos disparidades sociais, corrupção ( o Estado é corruptor e é um braço do Capital), desigualdades, produtivismo predador, etc.
Pela via eleitoral NÃO é possível transformações estruturais. Grandes transformações, SEMPRE foram fruto de grandes rebeliões. Então, se possível, é isso que precisa ser feito. Mas enfrentar o Braço Armado do Capital, nos dias de hoje? Ninguém se atreve e na via eleitoral, o último presidente do Brasil, que quis tocar na propriedade privada da terra, foi deposto e tivemos uma ditadura de 30 anos.
Ora, o Lula sempre soube disso, então no Estado se faz melhorias mesmo. E o povo quer fazer enfrentamento, sofrer perseguições, morrer pela causa socialista? Não, o povo quer comer, amar, morar melhor, se divertir, o povo quer VIVER. Por isso, é preciso alavancar condições de mais vida, foi o que Lula fez, a Dilma vai continuar a fazer e é o possível pela via eleitoral.
Ademais o capitalismo se tornou um modo de vida, um modo de ser. A cada momento precisamos combater o capitalismo, construindo outros modos de viver, de nos relacionar, de morar, de comer, vestir, aprendendo a COOPERAR, a viver de forma mais simples, a respeitar a natureza, etc. Por isso que cai no vazio o programa do Plínio e do seu PSOL.
Isso não significa que tenhamnos que desistir de reiventar outras formas de vida, não capitalistas, não produtivistas, não exploradoras, segregadoras, acumuladoras, poluidoras. Existem, sim, resistências, auto-organização, sendo gestada, vivida em milhares de lugares.
Os governos podem, sim, fazer prioridades, fortalecer as iniciativas populares da economia solidária, de cooperação, de produção não poluidora, de escolas comunitárias, de cooperativas de habitação, de economia de água, de energia. Pode sim, tributar mais o capital, fortalecer as iniciativas auto-gestionárias, ajudando com recursos públicos.
Pode investir mais em saneamento, em habitação, na agricultura familiar sustentável (ecológica), em educação, em iniciativas produtivas que reduzam a subordinação e fomente a autonomia e a cooperação. Se, hoje, é o trabalho vivo que se impõe sobre a máquina (o trabalho morto), a potencialidade está no conhecimento, na cognição, na corporalidade. Essa corporalidade precisa comer, morar, se informar, ter acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação e se tornar produtiva, sem pedir a bênção aos patrões capitalistas. Por isso os programas sociais do governo Lula são mais revolucionários que o discurso sectário do PSOL e outros esquerdinhas ressentidos e arrogantes.