quarta-feira, 24 de abril de 2013

SOBRE O CHILE

Conversando com professores e populares, aprendemos muitas coisas sobre o Chile.
A economia chilena baseia-se na exploração do cobre, do turismo, da produção de frutas e de vinho.
A concentração das terras é muito grande e os setores públicos produtivos foram praticamente todos privatizados. A pobreza é grande. Apesar da grande produção de vinho, a população bebe, em média, uma gota de vinho diária, por pessoa. Os chilenos gostam  de uma bebida denominada PISCO: destilada, forte, parecida com a nossa graspa.

Descobrimos que 70% dos turistas chilenos são brasileiros. Mesmo assim muitos não falam e têm dificuldade de entender o português. Muitos falam inglês.
No país inteiro as universidades foram privatizadas e mesmo as públicas, como a Universidade do Chile, precisam ser pagas. Isso tem  motivado grandes mobilizações de estudantes e de professores.

Em relação ao trânsito, em Santiago é bem organizado, com semáforos em cada esquina. As vias são largas e bem conservadas.Há metrô para toda parte de Santiago, e de boa qualidade. Andamos muito de metrô.

Santiago tem muitos prédios antigos, de belíssima arquitetura. Muitos edifícios cujas paredes são forradas de gramíneas coloridas, parecem árvores gigantes. Muitas plantações em sacadas e terraços.
Os morros, dentro de Santiago são muito arborizados, transformados em espaços turísticos, em parques, em mirantes, santuários, museus, grutas, locais de rezas. Entre eles destaca-se o Morro Santa Lúcia, antigo mosteiro, bem no centro e o Bairro Bela Vista, com mercado de artesanato de ótima qualidade, parque de diversões para populares, ótima gastronomia, danceterias, oficinas que transformam em jóias a pedra LAPISLAZULI, uma pedra azul que só existe no Chile e no Afganistão.
Uma noite fomos dançar a Kumbia e a Salsa. As danceterias funcionam todas as noites e os prédios são todos grafitados. Fomos muito bem recebidos, nos comunicamos com casais que nos ensinaram dançar a salsa. Conversamos com professores da Universidade do Chile, trocamos  informações sobre filmes e livros.
 Um desses professores foi  aluno de Maturana, autor conhecido e lido por nós. Perguntaram muito sobre o Brasil. Têm uma grande admiração sobre o Lula.
Em decorrência do sinistro na Kiss, em Santa Maria, soubemos que nas boates houve adaptações para melhorar saídas e sinalizá-las. Isso nos informaram na boate em que estivemos.

Diariamente as calçadas enchem-se de gente que almoça, janta na rua e fica ocupando as ruas, conversando e tomando suas bebidas.Nesse bairro fica a casa de moradia que foi do poeta Pablo Neruda, hoje um museu, ponto turístico obrigatório.

Visitamos as feiras populares e nelas encontramos os índios MAPUCHES que fazem um belíssimo artesanato. São muito organizados e críticos do sistema político e econômico do Chile.  Ouvimos relato de sua luta principal: serem reconhecidos como uma nação. Eles usam o slogan: "Nem chilenos, nem argentinos: mapuches"! Na sua luta, enfrentam a violência policial e dizem:"não somos terroristas! Queremos liberdade, queremos nosso território e nossa cultura".

Em Santiago quase não se vê negros e de acordo com o prof. Ivan, não houve tráfico de escravos negros. Os europeus, que chegaram ao Chile, escravizaram os indígenas, principalmente o povo Mapuche.

Na rua Londres, a rua em que fica o nosso Hostel, visitamos o museu da tortura. Hoje uma fundação. A casa foi o local de interrogatório e tortura em Santiago  Visitamos suas salas macabras. Conversamos com os atendentes que iam nos mostrando e contando. O local é aproveitado para abrigar reuniões de mobilizações populares. Na calçada em frente à casa, há muitas lajotas com os nomes de torturados e desaparecidos gravados, de modo que os transeuntes podem ler os nomes, preservando a memória histórica. Impossível não notar. O que me chamou a atenção é que a maioria tinha menos de 30 anos.
Conversando fomos obtendo informações sobre a realidade atual do Chile, sobre as lutas atuais, principalmente a dos estudantes, pelo ensino público e gratuito. Respondemos, também, muitas perguntas sobre o Brasil, principalmente sobre o ensino público.

Ficamos dez dias no Chile, viajando, perguntando e por isso temos muito a falar sobre ele. Sobre o norte do Chile. O Chile sem gelo, pois nossa viajem foi no forte do verão. Meses que não chovia e tudo estava verde. Segredo? Tudo irrigado via canais que herdaram dos indígenas. Estes deixaram um enorme legado ao atual Chile.





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