segunda-feira, 8 de março de 2010

A feminização do Trabalho

"Na sociedade pós-moderna a mulher se torna modelo para as formas de produção" (Negri)

Durante séculos os trabalhos relativos aos cuidados com a reprodução e manutenção da vida eram atribuições das mulheres. Cuidar de crianças, de idosos, dos doentes, dos portadores de deficiência: tarefas de mulher; Cozinhar, lavar, passar, costurar, limpar, ensinar, educar, lidar na horta e com animais domésticos: tarefas de mulher. Tarefas não remuneradas, desvalorizadas, invisíveis econômica e socialmente.

As mãos femininas, o corpo da mulher,foram treinados para servir, fazer as tarefas cotidianas, repetitivas, cansativas, em duplas ou triplas jornadas. Corpo para reproduzir, cuidar, acolher, nutrir. Corpo, historicamente, usado, explorado, manipulado, muitas vezes golpeado e morto.

Mas a mulher agigantou-se, conquistou legalmente acesso a todas as profissões.Ressalto, que falar legalmente, não significa ter superado as desigualdades, a violência e a exploração.
O que quero destacar neste texto, é que todos os fazeres que eram destinados à mulher, que envolvem cuidados, afetos, linguagem, enfim, que criam relações sociais e que foram historicamente desprezados, são hoje capturados pelo Mercado, pelo Capital e fazem parte do processo de valorização da Produção, da nova natureza do trabalho, cada vez mais conectado à produção de conhecimento, à dimensão linguistica e comunicacional, portanto, social, intelectual e afetivo.

O Mercado invade o setor de serviços: educação, saúde,cuidados com a infância e com idosos, intretenimento, cultura, cuidados com a vida em geral.
O verbo trabalhar conjuga-se mais no feminino que no masculino, segundo Negri.
O mencionado filósofo italiano, afirma que a sociedade mais rica, é a que consegue explorar, mais intensamente, os processos de reprodução social da vida,responsáveis por aumentarem a inteligência e potencializarem as capacidades de comunicação.

A matéria-prima que cria modos de vida, agregando valor aos serviços e às mercadorias, é a produção de subjetividades.
E quem estaria no centro da produção social da vida e, portanto, na produção de subjetividades, senão as mulheres?
Quem, majoritariamente, educa para valores da vida relacional e afetiva, senão as mulheres?
Quem organiza os serviços da vida social? No geral são as mulheres.
O trabalho se feminizou, não porque as mulheres estão massivamente presentes, mas porque " os próprios homens para produzir têm, de algum modo, que se feminizar" (Negri).
Diversos autores concordam que na sociedade pós-moderna (e pós-fordista) o trabalho produtivo dos serviços, ganham relevância e tornam-se cada vez mais "mulher". Finalmente as mulheres são maioria no modo de ser do processo produtivo: sensibilidade, comunicação, afeto, emoção e acolhimento: componentes imateriais, femininos, presentes no processo produtivo.

4 comentários:

  1. Tereza,boa descrição do que tendencialmente rsta acontecendo na produçaao de riquezas e da centralidade das qualidade e competências atribuidas às mulheres historicamente, que hoje fazem parte, de grande parte dos trabalhos e fazeres humanos.Minha pergunta é: Como e porque aconteceu isto? Quem protagonizou isto? Porque o capital teve que migrar e correr. atraz desta força viva antes secundarizada e improdutiva? Importante saber, para não andarmos em círculo e poder darmos os próximos passos rumo a libertação

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  2. Pois é Irineu, ninguém se interessou pelos nossos textos. Difícil tua pergunta. E depois, esse tema do trabalho e da mulher, parece que não chama a atenção de ninguém. Sei que quase ninguém lê esse blog feio e mal feito, mas escrevo mesmo assim, nem que seja para treinar e desabafar. É uma terapia e me faz bem. Sei que escrevo mal. Paciência! Vou pesquisar sobre tua pergunta que é muito procedente e dasafiadora. Beijos, te amo.

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  3. Boa pergunta Irineu, mas creio que ninguém se animou a responder, é difícil. Mas tem a hipótese de que ninguém lê esse blog, ele é chato mesmo.

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  4. Obrigada pela sinceridade, mas pelo visto esse anônimo leu.Será que devo continuar?

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