quarta-feira, 24 de março de 2010
O pensamento dói
Pensar, estudar, tentar conhecer e entender, dói muito. Dói a cabeça, as costas, o pescoço...são nódulos de tensões,provocados pelas crises de compreensão, de dúvidas, de caos, nas nossas supostas certezas.
Hoje sinto o meu corpo um monumento de dor.
E quanto mais eu penso, mais me dói a cabeça. Passei a noite pensando e dormia e sonhava com os mesmos pensamentos: a complexidade e a incompreensão da doença e da dor humana.
Lembrei-me do que Franco Berardi fala da empatia, de nosso corpo erótico, capaz de sentir, de colocar-se no lugar do outro e sentir alegria, dor e prazer porque o outro sente alegria, dor e prazer. Ele fala que corremos o risco de nos deserotizar e, portanto, de perder a capacidade de sentir o que o outro sente e então, de sentir compaixão, de agir solidariamente.
A enfermidade de minha cunhada, que tem a minha idade, tem me feito sofrer, pensando nos planos que ela tinha, nas alegrias que ela ainda queria viver, na sua luta para se manter viva. E me faz crescer um desejo enorme de lhe dar parte de minha própria vitalidade.
A dor, que compartilho com ela, não é só uma dor espiritual, ela é sentida no meu corpo.
Somos seres sensíveis, capazes de empatia. Os nossos neurônios espelhos nos permitem entender e sentir, mesmo sem ter vivido diretamente algumas experiências.
Não sei se só os humanos são assim, mas isso é fundamental para viver intensamente e solidariamente.
Dor é vida, pensar, amar, estudar, conhecer, descobrir, viver dói, dói muito.
Espero, desejo e tenho fé que a medicina racional e pragmática, incapaz de curar determinadas enfermidades, possa compreender melhor o ser humano em toda sua complexidade e seu potencial. Tenho fé que minha cunhada resista e responda a outras terapias que lhe deem capacidade de cura.
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Diante da incerteza da vida, do aleatório, e do acaso, eu tenho esperanças que ela viva mais que o esperado.
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