quinta-feira, 1 de abril de 2010

Rincão de Lurdes


A familia do Irineu era muito grande: 10 irmãos. A casa onde se criaram ainda está lá no Rincão de Lurdes, em Caçapava do Sul. É lá que irmãos e irmâs,(que ainda estão vivos), cunhados e cunhadas, sobrinhada e os filhos dos sobrinhos (as) se reúnem, pelo menos, uma vez por ano.
Ontem os três irmãos (Irineu, Deoclécio e Remi) e eu fomos a Silveira Martins, pegamos geladeira, mesas, bancos, balcão, armário de cozinha, máquina de cortar grama e levamos ao Rincão, arrumamos tudo por lá. Ficou muito bom.

No caminho, o Remi telefonou para um vizinho da antiga casa e pediu, que preparasse algo para comermos, quando chegássemos, em torno do meio dia.
Chegamos um pouco passado das 12 horas e encontramos o vizinho, sorridente, com a comida pronta: mandioca, milho verde, arroz e carne de porco. Uma delícia!
Eta vizinho prestativo! Tomamos vinho de colônia com o almoço, na companhia do vizinho.
Nos encantamos com a forma com que ele concebe a vida. Vive da venda dos produtos da roça e da criação de animais: galinhas, pato, ovelha, porco, ovos, carne de gado, etc.É um minifundiário. E não cobra tudo o que faz não! Não cobrou nada pelo almoço que nos ofereceu. Largou todo o serviço dele e foi lá, na antiga casa dos
meus parentes, fazer o almoço.

Um dia desses foi a Caçapava (com a caminhonete dele), pegou as sobrinhas do Irineu, que são portadoras de deficiência, levou lá fora para passear e depois colheu milho, mandioca e outras coisitas e deu pra elas.
Diz ele:" me lembro sempre delas e penso: podiam ser minhas filhas, era amigo do pai delas" (que já faleceu: o tio Valdir).
Ele e o meu cunhado Remi, vivem trocando serviços. É ele que corta a grama da antiga morada.

Fizemos as arrumações, colhemos mandioca e milho, curtimos as sombras das árvores, próximas à casa, o silêncio e o barulho das águas do rio Picó, ( que fica próximo à morada), ouvimos os passarinhos e voltamos.
Hoje de manhã, haja descascar mandioca e milho! Que canseira boa, a que levamos ontem!

Fez-me bem, ouvir o seu Ibanês falar do seu modo de vida: simples, solidário, gosta da vida que leva, sábio em relação às suas plantações e suas criações. Anda às voltas com o problema dos carrapatos no gado.Sente os problemas ambientais, está bem informado.
Adorou a máquina de cortar grama, à gazolina. Examinou e mostrou-se logo entendido de motores, inclusive o motor da máquina. Botou gazolina, prestou atenção às instruções do Irineu e fez a máquina funcionar, saiu cortando a grama e se ria, gostando da eficiência e potência da máquina. Pensei: "nossa, quantas coisas esse homem precisa entender, para fazer tudo o que ele faz".

Fizemos muitos planos, de ir mais ao Rincão de Lurdes e aprender mais com o seu Ibanês e com o tio Remi, que cuida daquilo lá. Mas a gente percebeu, que é preciso reservar um dinheirinho, para repor tantas coisas que estão tão acabadas. Vou cantar os filhos para nos ajudarem. É bom pra todo mundo, ter um lugar assim para ir, pensar, ler, dormir, comer e conversar. Isso é vida boa, isso é vida rica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário